Impactos do trabalho na vida dos profissionais da enfermagem de urgência e emergência de uma cidade do litoral do Piauí
- Detalhes
-
O presente estudo procurou identificar quais os impactos produzidos sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem.
Resumo
O presente estudo procurou identificar quais os impactos produzidos sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem para o exercício de suas profissões, para trabalhar na área de urgência e emergência municipal no estado do Piauí, na região Nordeste; Avaliar suas condições de trabalho, observando as consequências sofridas por esses elementos, além de descobrir quais são as estratégias de enfrentamento utilizadas por eles, em situações difíceis. Para tanto foram considerados os conceitos principais de uma pesquisa qualitativa, através da observação direta do campo de estudo, relacionada com a análise de dados, conteúdos de questionários e entrevistas individuais com trinta funcionários da população geral do referido hospital. Observa-se que a situação desses profissionais é cada vez mais agravante e que medidas podem ser tomadas para evitar.
PALAVRAS-CHAVES: Saúde mental. Trabalho. Enfermagem. Emergência.
Abstract
Thepresent study sought to identify the impacts on mental health nursing professionals to exercise their professions, to work in the area of emergency and municipal emergency in the state of Piauí, in the Northeast; Assess their working conditions, observing the consequences suffered by those elements, plus find out what are the coping strategies used by them in difficult situations. For both were considered the main concepts of qualitative research through direct observation of the field of study related to data analysis, content of questionnaires and individual interviews with thirty employees of the general population of that hospital. It is observed that the situation of these professionals is increasingly aggravating and what steps can be taken to avoid.
KEYWORDS: Mental Health. Work. Nursing. Emergency.
1 Introdução
Pensar na saúde dos profissionais de enfermagem de urgência e emergência é refletir sobre a relação entre a qualidade de vida destes autores e suas implicações, uma vez que uma equipe de enfermagem tem um contato direto com pacientes de diversas enfermidades, vulneráveis a riscos de infecções ambientais em seu local de trabalho, além de suas descargas emocionais ao se depararem com situações causadas pelas más condições do trabalho na intuição, tanto pública como privada (RIBEIRO; CHRISTINE; ESPINDULA, 2010).
Nessa perspectiva, o profissional de enfermagem convive em seu cotidiano com uma série de dificuldade, sendo obrigado a trabalhar na maioria das vezes, em um ambiente desfavorável, condição atribuída ao fato de serem os primeiros afetados pela indignação dos usuários em relação ao atendimento, sofrendo ameaças e agressões, devido a sua aproximação com os pacientes.
O objetivo deste artigo é investigar quais os impactos na saúde mental dos profissionais da enfermagem pelo exercício da profissão ao atuarem na área de urgência e emergência de um município do estão do Piauí, avaliar suas condições de trabalho, observar quais as consequências sofridas por estes elementos, além de averiguar quais as estratégias de enfrentamento utilizadas por eles, frente as situações de sofrimento psíquico.
Espera-se por meio desta investigação, poder levantar dados suficientes que permitem compreender os principais motivos considerados pelo trabalhador como os responsáveis pelo sofrimento psíquico e sua permanência no contexto do trabalho e mesmo sua abrangência na vida em geral.
Junto à problemática existe a grande demanda de pacientes que se apresentam de forma inversamente proporcional ao reduzido número de funcionários por setor, influenciando negativamente na vida e no trabalho dos profissionais do setor de urgência e emergência, independente da complexidade do cuidado.
Apresenta-se como um recorte de realidade social de profissionais de enfermagem inseridos no contexto hospitalar de um município do litoral do Piauí. O interesse em estudar este tema surgiu da observação da realidade social do município durante o transporte de pacientes graves que requeriam cuidados de urgência e emergência para um hospital público, que no caso é referência para outras localidades circunvizinhas e que também recebe pacientes de outros estados como Ceará e Maranhão, por exemplo. Observou-se que no pronto socorro, o pessoal de enfermagem assume uma posição de extrema responsabilidade: a de cuidar de pacientes gravíssimos.
A sobrecarga de trabalho, o excesso de carga horária, a falta de descanso, e ainda baixa remuneração acabam favorecendo o adoecimento, com prejuízos na esfera física, mental e social do profissional; embora esses impactos aconteçam em todos os setores hospitalares, é no pronto socorro, porta de entrada de urgência e emergência, onde há maior probabilidade de ocorrer esse adoecimento, devido ao trabalho estressante vivenciado pela equipe de enfermagem.
Diante das condições de trabalho na enfermagem, algumas são as consequências relacionadas ao exercício da profissão. O absenteísmo, por exemplo, é um grande obstáculo para a coordenação de uma equipe de enfermagem, no sentido de querer dar assistência e manter uma qualidade de trabalho suficiente, uma vez que ultrapassa os limites do profissional no exercício de suas funções, aumentando seu esforço físico (Reis, 1986), fazendo com que esses seres humanos trabalhem como verdadeiras máquinas sem parar, aliado a essa percepção, é entendido que muitos desses profissionais são mulheres casadas, o que sugere uma dupla jornada de trabalho.
Como se não bastasse além do pequeno número de profissionais para atender uma grande demanda, em caso de falta de algum profissional, a convocação de outro para substituí-lo nem sempre é possível, o que obriga o seguimento da assistência de forma mais desfalcada ainda.
Tais fatos tornaram-se motivo de nossa investigação e ao mesmo tempo, despertou o questionamento que aqui pretendemos desenvolver: Quais os impactos produzidos pelo trabalho na vida de profissionais de enfermagem em urgência e emergência?
O presente artigo é de suma relevância para a sociedade porque coloca em pauta o impacto produzido pelo trabalho no exercício de profissionais de enfermagem de urgência e emergência em um contexto em que a qualidade no setor da saúde ainda é insipiente. Tal fato permite a compreensão do tipo de trabalho, focalizando assim a realidade laboral destes servidores que no caso contribuem para o bem da população de modo de modo geral.
2 Referencial teórico
2.1 Evolução histórico do trabalho
Para os antepassados a palavra trabalho tinha um significado diferente do que se pensa atualmente. Seria uma obrigação de todo cidadão que constituísse uma família ter um trabalho, mesmo para seu próprio sustento, mas o tempo mudou o pensamento das pessoas, agora além da obrigação temos que estar preocupados também com a satisfação que este trabalho pode nos oferecer, se ele realmente corresponde nossas expectativas.
Na área da psicologia a definição para palavra trabalho também não poderia ser diferente, por existir varias ramificações, motivo pelo qual surgiram varias construções a respeito da palavra em questão. Criou-se então a psicologia do trabalho, que trata de estudar todo um processo de desenvolvimento do comportamento desse trabalhador, incluindo seus prazeres e sofrimento que o exercício de suas funções pode trazer porem este estudo precisa ser revisto periodicamente, no sentido de se investigar novos conceitos.
Pode-se observar que durante todas as transformações adquiridas com o passar dos tempos em relação á concepção do que seja trabalho encontramos teorias voltadas para a psicologia social do trabalho, a psicologia clinica e também a psicodinâmica do trabalho, assim como investigações focadas na construção de um significado para este tema. Inclusive o trabalho passou por varias institucionalizações como: vocação, emprego, ocupação, ate ser reconhecida como institucionalização de carreira, influenciada por uma ética romântica e individualista em que o trabalho deixa de ser apenas uma ocupação ou função exercida dentro de uma empresa, agora vista como projeto de vida (BENDASSOLI, 2009).
Tem-se o conhecimento de que, no decorrer da sua própria historia, o homem tem enfrentado uma permanente batalha para alcançar sua sobrevivência, compreender e exercer autoridade sobre o ambiente em que vive, e dominar aquele que talvez seja a maior de suas provocações: compreender suas habilidades para poder consistir-se realmente enquanto ser.
Desse modo, varias foram as ciências escolas de pensamento que deram sua cota de participação para vencer essa provocação. A Ciência Econômica, por exemplo, á luz da escassez e racionalidade no uso dos recursos tem uma boa posição diante desta luta.
A história econômica é um registro da tentativa do homem compreender e dominar a natureza utilizando-se de meios da sua criação para seu próprio beneficia (CHACON; FRANCO JUNIOR, 1989).
É uma definição que especifica a luta da humanidade diante da terra, ou seja, essa luta não é em desfavor da natureza, mas contra a sua não sabedoria em não retirar a melhor vantagem de seus recursos disponíveis.
Nesse âmbito, há de se dizer que o trabalho considerado sob o plano da atividade, pode ser levado como um autentica fio condutor no decorrer da historia para a compreensão da controvertida e emocionante trajetória da humanidade na procura de si mesma.
O trabalho foi a principal ferramenta utilizada pelo homem em toda a trajetória da humanidade no sentido de querer conhecer a si próprio e dominar a natureza, qualidade exclusiva que lhe foi confiada por deus, além de ter a capacidade de criar, prover e poder se relacionar na sociedade e além de adquirir seu próprio sustento, trocar conhecimentos (LUCAS, 2014). Em suas considerações Stork e Echevarria (2001) defendem que o trabalho é a fonte de riqueza mais importante na vida do homem, em sua origem é o brotar inédito da inteligência. Inteligência esta que não foi lhe dada por complexo, mas em forma de capacidade para que espontaneamente a desenvolvesse conforme seus objetivos e opções.
A procura de si mesmo e a realização de seus objetivos, proporcionaram no decorrer da historia uma sequencia de etapas e revoluções que determinariam o crescimento de toda a historiada humanidade. A primeira etapa foi a dos povos catadores.
A procura de sua própria identidade e o interesse pelo seu sustento são páginas da trajetória histórica do trabalho do homem trazendo bastantes transformações que de certa forma contribuíram para o desenvolvimento da humanidade, destacando-se a fase da coleta (MAGALHÃES FILHO, 1977).
Nesse ponto, sabe-se que as atividades se restringiam basicamente á coleta de frutos obtidos pela caça e pesca cuja organização social se limitava na criação de grupos nômades na procura de melhores áreas de coleta e asilo. Esta etapa de coletas aconteceu com o aparecimento do homem na terra e só mudou quando a forma de trabalho alcançou certo desenvolvimento socioeconômico há aproximadamente oito mil anos (LUCAS, 2014).
Sabe-se também que, com a descoberta do fogo, de algumas técnicas agrícolas, ferramentas de trabalho e a domesticação de certos animais, a humanidade passou a ter a oportunidade de fixar-se em um local para a produção do seu próprio alimento, ou seja, de nômade passou a ser sedentária.
A estabilidade do homem durante muitos anos na mesma cidade serviu para que aumentasse sua capacidade e produtividade, proporcional ao tempo de trabalho (MAGALHÃES FILHO, 1977).
Revolução Agrícola foi a denominação desse salto qualitativo da humanidade, determinando o aparecimento da propriedade, da divisão do trabalho e promoção das bases para a divisão das classes sociais. A agricultura foi uma das atividades humanas que teve papel muito importante para civilização humana, devido à inter-relação social, e uma mudança na maneira de obter seu próprio sustento (MAGALHÃES FILHO, 1977).
Do enunciado pelo autor, há de se relatar que o surgimento da sociabilidade não foi desenvolvido de modo isolado, individualizado. Pela sua situação de ser social, o homem passou a ver em seu semelhante ele mesmo, para informar ao outro seus desejos e conquistas. Fazer parte da sociedade é essencial para que o homem possa conquistar seus objetivos e compartilhar os mesmos costumes, as mesmas experiências, alcançando uma vida satisfatória (MONDIN, 1980).
Historicamente, esta sociabilidade e a consequente propagação de usos, tradições, técnicas e objetivos, não só possibilitou um incentivo significativo ao desenvolvimento pessoal da humanidade como possibilitou uma radical mudança econômica e social.
As formas de apropriação e organização da sociedade, em relação ao desenvolvimento dando importância a família; a evolução humana; a comunicação; transporte; uso de técnicas agrícolas, fizeram com que surgisse o comercio, movimentado pela moeda, proporcionado uma transformação na maneira de aquisição de bens, trazendo assim grande progresso, sendo necessário o surgimento das cidades e estados.
O comercio conseguiu fazer varia mudanças, tanto no progresso quanto na própria identidade humana, o homem passou a ser tratado como individuo principalmente os judeus e os gregos (LUCAS, 2014).
Consequentemente através das atividades laborais, com exclusividade para o comercio, o homem conseguiu progresso, identidade e liberdade da ideia de domínio sobre a natureza para viver a realidade, correndo o risco de conquista-la através do seu trabalho, mas também podemos ser destruído por ela (MAGALHÃES FILHO, 1977).
Aliado a isso, deve ser revelado que, com a decadência do Império Romano e o seu procedimento de autoritarismo, as atividades comerciais uniram-se e a comunidade voltou-se para si própria, recebendo importância os maiores latifúndios que passaram á produção de suas próprias subsistências. Isto é, houve uma transformação na autoridade geopolítica e foi criado o feudalismo, onde o proprietário do latifúndio recebeu o controle da condição social e econômica referente àqueles subordinados a ele.
Nesse sentido, podemos afirmar que a mão-de-obra escrava foi muito importante para economia comercial e agrícola, assim como os servos tiveram sua participação no feudalismo, no que se refere ao trabalho, onde pode se observar uma maior exploração dos senhores feudais em relação aos servos do que as civilizações agrícolas, época do aparecimento dos artesãos que eram vistos de forma marginalizada, eles desempenhavam trabalhos sem o uso de grandes técnicas, apenas manualmente. Enfim, estes trabalhadores se uniram para se oporem aos senhores feudais (LUCAS, 2014).
A partir do século XV, o comercio europeu teve grande alta através de sua expansão comercial e marítima, descoberta de outros países, uma verdadeira transformação econômica, acontecendo uma troca, deixando de lado a escravidão e o colonialismo, para se sustentar no capitalismo, onde o mercado de consume era o grande alvo (LUCAS, 2014).
Fazendo um recorte na evolução historia em relação ao trabalho, pode-se observar que a revolução industrial teve uma grande contribuição para o desenvolvimento da sociedade e de certa forma conquistou muitos ganhos materiais também, mas em compensação até hoje, não trouxe grandes benefícios ao bem estar do trabalhador (LUCAS, 2014).
2.2 Enfermagem e trabalho
Como toda profissão a enfermagem também tem direito a proteção a recuperação da saúde física e mental de seus profissionais. A enfermagem do trabalho é, pois a parte da saúde publica responsável em assegurar a saúde de seus membros e também supervisionar a condições de trabalho como meio de amenizar os riscos.
A enfermagem do trabalho segue praticamente a mesma linha de saúde publica, pois além de trabalharem em conjunto, utilizam os mesmos métodos e técnicas em prol da saúde do trabalhador, como: promoção e manutenção de saúde, recuperação de lesões, tratamento de doenças ocupacionais e reabilitação do profissional para o trabalho (CARVALHO, 2001).
De acordo com o autor acima, o conceito de enfermagem do trabalho é bastante abrangente, podendo ser considerado um forte aliado a saúde deste tipo de trabalhador.
A equipe de enfermagem do trabalho é formada pelo enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem. Esta equipe é de relevância para a sociedade de modo geral, e especialmente dentro de uma empresa ou outro tipo de instituição, pois o andamento do serviço está intimamente ligado a ela. Assim, assistindo trabalhadores, promovendo e zelando pela sua saúde, bem como, prevenindo doenças ocupacionais e acidentes de trabalho; os componentes desta assumem papel fundamental naqueles setores.
Convém esclarecer que nocividade do trabalho esta bastante relacionada aos diferentes tipos de riscos presentes no processo de trabalho. Os riscos ocupacionais do trabalho variam conforme o tipo de bem ou serviço realizado, podendo ser classificado em: mecânicos, químicos, biológicos, ergonômicos, físicos e psicossociais (CARVALHO, 2011).
As substancias, produtos ou compostos que quando ingeridas, absorvidas por meio da pele ou inalados em forma de poeira, podem produzir efeitos tóxicos á saúde do homem, são responsáveis pelos riscos químicos.
Os efeitos clínicos resultantes da exposição do profissional de enfermagem aos riscos químicos são relativos á toxicologia das substancias químicas que serão manuseadas. A título de informação, pneumoconioses é uma doença pulmonar causada pela inalação de poeiras, enquanto que saturnismo, doença causada através do contato com compostos do elemento químicos do benzeno (RIBEIRO, 2011).
Os riscos físicos também produzem efeitos devastadores na saúde do trabalhador, inclusive no da enfermagem, representados por ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, infra e ultrassom, umidade e luminosidade, os riscos físicos podem contribuir para a perda auditiva, fadiga visual, catarata, leucemia e outros tipos de cânceres, etc.
Os profissionais da enfermagem, principalmente os de urgência e emergência estão expostos a vários tipos de riscos considerados prejudiciais a saúde, como riscos biológicos, mecânicos, ergonômicos e o psicossocial, no que diz respeito às relações e organizações do trabalho muitas vezes apresentam-se desfavoráveis ao trabalhador, produzindo além de sobrecarga física, sobrecarga psíquica. Essas situações resultam em estresse, fadiga e sofrimento mental.
Os riscos considerados acima acabam por dar origem à fadiga, lombalgia e a doenças osteomusculares, como a lesão por esforço repetitivo, etc.
A palavra risco é definida como a possibilidade de perder ou dano e a possibilidade de tal perda ou dano ocorra (COVELLO; MERKHOFER, 1993; BMA, 1987).
Por sua vez, perigo é conceituado como: uma condição ou o conjunto de circunstâncias que tem o potencial de causar um efeito adverso (BMA, 1987).
Sabe-se que o trabalhador de enfermagem não está imune do risco de adoecer em decorrência de suas atividades laborais, do técnico ou auxiliar de enfermagem. Assim neste tópico procuraremos explorar os agravos e patologias mais ligadas a essas profissões como: dermatites de contato, lombalgias, Lesões por Esforço Repetitivos (LER), além das veias varicoses bem conhecidas desde os tempos mais remotos, continuam sendo na atualidade um problema de saúde, principalmente entre trabalhadores do sexo feminino (CARVALHO, 2004).
Os enfermeiros e técnicos de enfermagem por exercerem um trabalho que exige larga permanência na posição ereta são acometidos pelas veias varicoses. Vale acrescentar, que tal problema tende a acontecer entre trabalhadores durante o período gestacional.
Quando expostos a uma diversidade de cargas físicas e emocionais, os trabalhadores podem desenvolver o que chamamos de “estresse”, definido por sintomas que afetam a mente do individuo e se manifestam no corpo através de dor de cabeça, cansaço, tristeza, queda de cabelo, irritabilidade, mau humor, insônia, diarreia ou prisão de ventre, angustia e baixa produtividade no trabalho. O estresse está presente na vida de todo o ser humano, e que muitas vezes, até funciona como um mecanismo de defesa. Contudo, o estresse pode tornar-se patológico e ocasionam sérios danos a saúde do individuo.
Ao expor as patologias percebe-se que todos os fatores que podem gerar estresse e foram apresentados no parágrafo anterior, permeiam o cenário de trabalho dos profissionais que fazem parte da equipe de enfermagem.
Nas ultimas décadas, pesquisas permitem afirmar que a associação entre estresse e trabalho acaba sendo responsáveis pela interrupção das atividades habituais, devido aos problemas de saúde em funcionários, técnicos administrativos.
O sofrimento psíquico na gestão do trabalho pode manifestar-se através da somatização, psiquiatrização, medicalização, licença médica, internação hospitalar, aposentadoria por invalidez e outros problemas sérios (RIBEIRO, 2012).
Ainda o mesmo autor, os profissionais de saúde em especial os de enfermagem podem sofrer estresse ocasionado pelo trabalho ao executarem suas funções em sistema de escala de revezamento e em geral com sobrecarga de trabalho. A problemática no trabalho em saúde acontece em hospitais, uma vez que esta instituição é tipicamente insalubre (RIBEIRO, 2012).
Segundo dados do ISMA (Internacional Sbers Manugerunt Association), 18 % dos problemas de saúde dos profissionais da comunidade europeia estão associados a doenças nervosas e depressão. No Brasil 70% dos trabalhadores sofre de estresse, sendo 30% já comprometidos com outros transtornos mentais (RIBEIRO, 2012).
Segundo o caderno de atenção básica sobre saúde do trabalhador (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001, p.31), o trabalho tem sido reconhecido como um importante fator do adoecimento, de desencadeamento e de recente aumento de sofrimento psíquico. O sofrimento psíquico, muitas vezes invisível pode desenvolver-se de forma silenciosa, porem pode ter inicio súbito.
Alguns sinais e sintomas de distúrbios psíquicos como: modificação do humor, fadiga, irritabilidade, cansaço por esgotamento, isolamento, distúrbio do sono, ansiedade, pesadelo com o trabalho, intolerância, descontrole emocional, agressividade, tristeza, alcoolismo, absenteísmo; podem vir acompanhados de sintomas físicos como: dor de cabeça, dor no corpo, mal estar generalizado, tontura, náuseas, taquicardia, entre outros.
De posse de todos os delineamentos, podemos afirmar que o profissional de enfermagem poderá ser afetado por problemas de ordem psíquica, também em decorrência da denuncia de seu trabalho.
2.3 Os impactos do trabalho na vida dos profissionais de enfermagem de urgência e emergência.
Esses fenômenos afetam grande parte dos trabalhadores de instituições publicas e privadas não só de uma cidade do litoral Piauiense, mas a todas as instituições distribuídas em todos os pais.
Diante desta questão surgiu na década de 1950 a psicopatologia do trabalho que de certa forma trouxe benefícios até hoje para as ciências sociais, porem, teve uma evolução lenta no sentido de se desenvolver e conquistar um lugar diferenciado. Tudo isto aconteceu devido á falta de maturidade tanto da psicologia e da psiquiatria, quanto também da psicanalise que mesmo não podendo se articular através de sua teoria (por se tratar de um método focado nas vivencias de relaçoe4s, mas precisamente entre duas ou três pessoas), tem suas exceções, como no caso da psicanalise de grupos e também da psicologia social.
Enfim, a psicopatologia do trabalho que surgiu em meados do século XX, que não despertou muito inicialmente, mas posteriormente com a junção da sociologia a antropologia e a participação da psicologia vieram a somar resultados positivos para o trabalho, devido ás condições de desenvolvimentos trabalhistas como também através dos incentivos de seus gestores e a importante participação do estado.
Tem-se o conhecimento de que, nas últimas décadas, a metodologia brasileira de atenção ás urgências tem conseguido progressos diante da especificação de conceitos e abrangência de novas tecnologias como objetivo do atendimento em rede. Desse modo, é esperado que a população que sofre por agravos agudos seja atendida em qualquer nível de atenção do sistema de saúde, de forma que tanto o atendimento básico quanto as atenções especializadas deverão estar atentas para o atendimento e encaminhamento de pacientes para os demais campos do sistema quando esgotarem-se as possibilidades de um determinado serviço.
O trabalho de urgência desempenhado pelos profissionais da enfermagem esta sendo realizadas na maioria do país, com atendimento vinte e quatro horas, disponível tanto em hospitais tanto em hospitais públicos como privados e ainda nos prontos socorros públicos com grande responsabilidade em cuidar de casos de grande complexidade e também casos de baixa complexidade, cabendo ressaltar que neste ultimo caso, traz consequência negativas para vida desses profissionais, uma vez que aumenta a quantidade de atendimento aos usuários, interferindo de certa forma no processo de trabalho, no sentido de ocorrer uma sobrecarga de trabalho maior, além de deixar alguns usuários insatisfeitos, pois para isso será necessário se fazer uma classificação de risco, havendo assim uma burocratização do serviço (GARLET, 2009).
O fato da grande procura por este serviço, superlotar essas instituições, trazendo adoecimento para os profissionais, ocasionando um déficit na equipe de enfermagem além de aumentar o consumo de todo material de expediente (VASCONCELLOS, ABREU; MAIA, 2014).
Aliado a isso, os profissionais também atendem a casos de altíssima gravidade que ultrapassam a capacidade solucionadora da prestação de serviços e têm dificuldades para indicar os pacientes para outros estabelecimentos hospitalares. De forma, as salas de exame, destinadas à estadia temporária dos pacientes são transformadas em salas de internação, embora não possuem as devidas capacidades de infraestrutura e de pessoal para atenções continuas, expondo os pacientes a sérios riscos.
Na realidade, e de acordo com que é demostrado a todo o momento por intermédio da mídia, o ambiente de trabalho dos profissionais que atuam no sistema brasileiro de atenção às urgências e emergências encontram-se sujeitos a impactos resultantes da força e disposição que esse trabalho requer.
Nesse sentido, Garlet (2009) pronunciam que o trabalho em saúde caracteriza-se pelo encontro entre pessoas que trazem um sofrimento ou necessidade de saúde e outras que dispõem de conhecimentos específicos ou instrumento que podem solucionar o problema apresentado. Onde são mobilizados sentimentos, emoções e identificações de ambas as partes que podem dificultar ou facilitar a aplicação dos conhecimentos dos profissionais na percepção das necessidades ou interpretação das demandas trazidas pelo usuário. Assim, o cuidado, é o produto final do trabalho na saúde, ou seja, é a própria realização da atividade, sendo consumido pelo usuário no mesmo momento em que é produzido.
Nesse encontro demostrado pelos autores que muitos impactos do trabalho podem ocorrer na vida dos profissionais de saúde. De acordo com o que noticia Spagnuolo, Baldo e Guerrini (2014), no Brasil, as preocupações em relação aos trabalhadores de saúde no que se refere ás medidas profiláticas e o acompanhamento clinico-laboratorial devido da exposição ao risco de acidentes de trabalho só se deu a partir da epidemia de infecção pelo HIV/AIDS, no início da década de 1990 e de forma ainda muito incipiente.
Os mesmos autores revelam que nessa década surgiram condutas indicadas para prevenir o risco de exposição aos patógenes de transmissão sanguínea de profissionais de saúde pelo vírus HIV e pelos vírus da hepatite B e C no ambiente de trabalho. Sabe-se que ocorre este tipo de acidente, deve ser tratado como emergência médica, uma vez que para se atingir maior eficácia com as intervenções, é necessário que as mesmas sejam iniciadas logo após a ocorrência.
A partir deste ponto, é válida a lembrança do que dispõe a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, referente aos Planos de Benefícios da Previdência Social, quando define acidente de trabalho em seu artigo 19:
Art. 19. Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, ou ainda, pelo serviço de trabalhos de segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, que cause a morte ou redução da capacidade do trabalho, permanentemente ou temporária. São considerados também como acidentes de trabalho os acidentes de trajeto, as doenças profissionais e as doenças do trabalho.
Os trabalhadores lotados em instituições públicas, onde se incluem os enfermeiros e técnicos de enfermagem, estão sempre expostos a graves riscos ocupacionais e ambientais que fazem parte da saúde pública, estando sempre ligados a trabalhos de pesquisas. (OLIVEIRA; ALVES; MIRANDA, 2014).
Observa-se que, poucos são os trabalhos que tratam do tema. Entretanto, recorrendo aos únicos enfoques referentes ao assunto, há de se evidenciar que os riscos que os profissionais de enfermagem no setor de urgência e emergência estão mais vulneráveis são: violência ocupacional, estresse, problemas referentes à saúde ocupacional e doença mental.
A equipe de enfermagem está exposta a dois tipos de pressões psicológicas, uma está relacionada a cobrança por parte dos colegas de trabalho devido a grande quantidade de usuários para que estes profissionais atendam e a outra devido a indignação destes usuários por não receberem um atendimento necessário para uma boa assistência hospitalar (VASCONCELOS; ABREU; MAIA, 2014).
Diante das reclamações dos pacientes e de seus familiares insatisfeitos em relação ao atendimento dos profissionais, uma vez que estes estão expostos aos primeiros contatos desta relação, sofrem violências físicas ou verbais pela ausência do numero insuficiente de trabalhadores daquela instituição (VASCONCELOS; ABREU; MAIA, 2014).
Em termos conclusivos, esses autores afirmam que a agressão oral é a mais frequente forma de violência ocupacional sofrida pelos profissionais de enfermagem de urgência e emergência e pode causar-lhes determinado impacto, bem como não há uma mensuração oficial sobre o seu momento de ocorrência.
A agressão verbal é um dos impactos do trabalho na vida do profissional de enfermagem de urgência e emergência que o levam a crer que o ambiente de trabalho em que estão inseridos possui situações de vulnerabilidade que podem afetar a saúde mental dos mesmos. Boller (2014) revela que através de seus estudos pôde identificar aspectos desencadeantes de estresse como fadiga, irritabilidade, além de outros sintomas causadores deste desconforto mental, bem como evidenciar alternativas gerenciais e politicas para diminuir a intensidade dos sintomas de estresse. Em termos preliminares, a autora assegura que vivenciando o dia-a-dia da enfermagem, os funcionários, atuantes em Instituições Hospitalares, são portadores de estresse, necessitando, portanto, de investigação das causas e fatores desencadeantes, assim como necessitando de orientação sobre o modo de conviver da forma mais saudável com o mesmo, bem como sobre mecanismo de prevenção e estratégias de enfrentamento, incluindo ações que possam melhorar a organização do trabalho.
Além disso, a autora aponta que os trabalhadores da saúde estressados sofrem de várias consequências em seu trabalho, pois diminuem a capacidade de produção, executam suas atividades com menor precisão, adoecem frequentemente, faltam ao trabalho, trabalham tensos e cansados, podem desenvolver ansiedade e depressão, com atenção dispersa, desmotivados e se sentem com baixa realização pessoal. Os sintomas vão destes ligeiros incômodos até a morte, pois podem sentir deste as dores de cabeça até os ataques cardíacos, da ingestão ao colapso da fadiga, da alta pressão arterial e o colapso dos órgãos, da dermatite ás ulceras hemorrágicas. A autora aponta ainda que o estresse possa ocorrer com todos os tipos de profissionais, a exemplo dos profissionais de enfermagem de urgência e emergência, pelo fato de trabalharem em um ambiente que exige muito dinamismo a todo instante.
O profissional estressado precisa passar por um processo de avaliação, diagnóstico e tratamento adequado, podendo ser trabalhado a motivação e a relação interpessoal, para que este profissional reabilitado possa desempenhar uma boa atividade laboral, porém este resultado vai depender da estrutura psíquica de cada individuo (BOLLER, 2014).
Não especificadamente em relação aos impactos do trabalho na vida dos profissionais de enfermagem de urgência e emergência, mas em relação ao trabalhador hospitalar em geral, os riscos a que os profissionais de enfermagem estão expostos estão expostos são combatidos sem que haja um serviço especificado para este fim, mas sim, devido ás vivências do cotidiano, das práticas adquiridas após vários anos de trabalho, sendo necessária uma conscientização deste processo por parte dos profissionais, no sentido de se conhecer passo a passo deste, que sejam criadas condições de desenvolvimento de trabalhos alternativos á dimensão da situação humana (OLIVEIRA; MUROFUSE, 2014).
Para se obtiver um bom trabalho desenvolvimento pela equipe de enfermagem, no setor de urgência e emergência, se faz necessário ter um ritmo de trabalho controlado e organizado no sentido de ser prever uma demanda esperada pela experiência adquirida através da pratica do cotidiano, motivando o profissional para que passe a usufruir de boa saúde física e mental, controlando também a quantidade prescrição medica, evitando a angústia e a insegurança dos profissionais, fazendo que o mesmo reflita sobre seu trabalho (DAL PAI; LAUTERT; KRUG, 2014).
Portanto, há de se constatar que os serviços dos profissionais de enfermagem de urgência e emergência encontram-se sujeitos a determinados fatores impactantes em suas vidas profissionais.
2.4 Contribuições da psicologia á saúde mental do trabalhador
Uma das contribuições relevantes iniciadas por Dejours sobre o trabalho, aqui focada no trabalho dos profissionais da enfermagem de urgência e emergência, foi o interesse em saber quais as estratégias utilizadas pelos trabalhadores para que estes resistam aos ataques ao seu funcionamento psíquico, em razão do trabalho realizado no exercício de suas funções e como eles conseguem vivenciar este trabalho se mantendo equilibrados.
De acordo com a teoria da psicodinâmica de Christophe Dejours, a evolução dos estudos sobre saúde-doença, psicopatologia do trabalho, conhecida hoje como saúde mental através de algumas pesquisas, mostram que o sofrimento psíquico é motivo de grande relevância para a ciência, entre elas, a psicodinâmica do trabalho, que se devem graças ás ciências sociais, á filosofia do conhecimento, ás experiências das clinicas do trabalho e á psicanalise, em relação aos impactos sofridos pelo trabalhador numa dinâmica intra-psiquica e intersubjetiva.
O sofrimento psíquico do trabalhador é um mediador entre doença e saúde dentro da psicopatologia do trabalho, mas com uma restrição á psicanalise. Entre o homem e a instituição de trabalho, existe um espaço para que o mesmo tenha a liberdade de criar ideias que possam satisfazer suas necessidades, limitadas pela instituição, causando um bloqueio entre eles, onde começa o domínio e a luta contra o sofrimento psíquico.
Essa luta contra o sofrimento ao se tornar oculto, tanto coletivamente quanto individualmente, nos faz pensar esse sofrimento como motivo de bastante preocupação para a psicologia nos estudos de Dejours (1987).
Os fenômenos da relação do profissional com o trabalho também são considerados de grande interesse para a psicanalise por se tratar de um estudo focado a uma coletividade, uma vez que a motivação e o desejo são assuntos de grande importância, tanto para parte administrativa quanto para os profissionais do setor de recursos humanos. Dejours ao analisar as relações entre motivação e desejo observou-se certa ligação destes elementos com a organização do trabalho.
Quando não é mais possível uma boa relação entre funcionário-instituição, existe um descontrole psíquico, pois a energia que poderia produzir trabalho, agora fica bloqueada no próprio corpo, trazendo varias consequenciais para o profissional, como: desprazer e tensão, além de algumas perturbações psíquicas de angústia e agressividade.
O enfrentamento aos fenômenos colocados diante dos profissionais da enfermagem faz com que os mesmos se exponham a uma situação vulnerável, onde acabam criando um jogo de faz de conta mesmo sabendo que a gestão não oferece condições necessárias frente a situações adversas no intuito de sobreviverem aos caos.
A psicanalise tem contribuído de forma relevante para psicodinâmica do trabalho quando se pretende investigar a saúde mental em relação aos impactos sofridos pelos profissionais da enfermagem de urgência e emergência e suas estratégias de defesa para tais situações ao lidar com os fenômenos presentes em suas vidas nos exercícios de suas funções, principalmente quando se trabalha o aparelho psíquico, além da escuta centrada no conteúdo latente e o manifesto (MENDES; ARAUJO, 2011).
Quando se trata de sofrimento psíquico, a equipe de enfermagem é influenciada de certa forma pelos seus pacientes pelas situações de sofrimento e dor que eles apresentam, chegando a despertar nos profissionais vários sentimentos como: piedade, compaixão, amor culpa, ansiedade e ate mesmo ódio (MARTINS, 2003).
Algumas consequências se apresentam aos profissionais de enfermagem ao lidar com toda sorte de sofrimento psíquico chegando a levar o profissional a um elevado nível de estresse; para isto Freud estudou uma ferramenta de grande valor pra o enfrentamento desde fenômeno, conhecido como mecanismos de defesa, que atuam inconsciente ao se deparar com tais situações com o objetivo de proteger o ego, contra algumas emoções desagradáveis, uma forma de destorcer a realidade (WEITEN, 2002).
Freud em relação á psicanalise afirma ser a instituição uma continuidade do consultório, tendo como objetivos responder a diversidade de demandas sociais, aonde os sintomas vem substituir a ausência desta demanda por parte do sujeito (FREUD, 1980b).
A teoria holística – dinâmica de Abraham Maslow nos ajuda a entender sobre as necessidades do homem tender para uma motivação constante como um todo, sempre com o objetivo de ser a saudável psicologicamente, ou seja, a auto-realização, que só é adquirida depois de alcançar suas necessidades de nível, incluindo a fome, segurança, amor e estima.
O comportamento humano além de poder ser inconsciente é muito complexo e abrangente, pois vai depender de muitas causas como: domínio, amor, autoestima, desejo, companheirismo, pode e etc. quando esta necessidade é conquistada, automaticamente a pessoa outra necessidade (MASLOW, 1970).
De acordo com teoria humanista de Carl Rogers, conhecida como teoria centrada no cliente, observa-se uma contribuição de grande importância para este estudo, em relação ao trabalho na perspectiva das abordagens. Podemos observar este cuidado no atendimento humanizado do profissional em relação a este cliente, no sentido e aumentar a autoestima, fazer reconhecer a atenção deste profissional não só como usuário, mas também como ser humano, respeitando sua subjetividade, sua importância.
Esta abordagem esta direcionada exclusivamente a saúde mental do cliente, pois segundo Rogers, ao contrario de outros estudiosos, atenção do profissional tinha uma atenção ao seu pensamento, uma vez que de acordo com suas investigações a base para todo personalidade do individual seria o bem estar, a saúde do cliente.
Com tal concepção, seu estudo deste ganhou grande relevância para orientação do profissional da enfermagem de urgência e emergência, pois visa obter uma interação entre o profissional e o usuário, uma vez que esta interligação de certa forma poderá levar a descoberta uma autoestimadeste paciente, somada á autoconfiança e também ao ganho de experiências emocionais.
Para comprovação destes conhecimentos Rogers apresentou fundamentos importantes que levam a crer que seus estudos estariam bem direcionados ao que se propusera demostrar: uma delas seria o reconhecimento da importância da pessoa como o que é realmente, e também fazer com que o cliente entenda que está sendo compreendido, além do profissional expressar um afeto pelo simples fato de sua existência, sem a tentativa da cobrança de um comportamento indesejado, este fundamento seria a consideração positiva incondicional. Além de se colocar no lugar do cliente, fazendo parte de seu mundo e se sentido como cliente para que o mesmo manifeste uma satisfação em estar sendo compreendido e não julgado pelos seus comportamentos (empatia), e por ultimo a liberdade do mesmo poder refletir sobre suas experiências de vida e poder tomar decisões a cerca de suas conclusões (congruência).
Com tudo, este estudo será proveitoso também para o profissional de saúde no sentido de se obter maturidade através de suas vivencias, tanto que o mesmo não poderá fingir que esta agindo com sinceridade e respeito para com o usuário, pois para Rogers não existe uma técnica especifica, mas sim uma aproximação de suas perspectivas.
Para este estudioso, esta forma de conhecimento são condições fundamentais que devem ser utilizadas como ferramentas de obtenção de um bom relacionamento interpessoal da condição humana.
Diante da abordagem metodológica de cunho qualitativa, por isso, interpretar seus fenômenos e analisar seus significados e procedimentos conhecidos como bases deste processo sem necessidade do uso de métodos ou técnicas estatísticas (TARTUCE, 2008).
2.5 A Terapia Cognitiva Comportamental – TCC
- Modelo Cognitivo
A terapia cognitiva tem uma forma diferente de trabalhar com o paciente, pois trata de estudar as hipóteses de como as pessoas percebem os acontecimentos e assim passam a ser influenciadas por eles. Desta maneira, vão poder fazer sua interpretação de forma que esta poderá influenciar no seu pensamento e comportamento diante de uma determinada situação, considerados comportamentos automáticos, pensamentos repentinos, diferentes de pensamentos adquiridos do seu próprio raciocínio, porém, passará a dar crença a eles e aceitá-los como verdadeiros (BECK, 1964).
Com este modelo, o paciente diante de seus comportamentos frequentes em relação as suas vivências no cotidiano, consegue aprender a identificar tais pensamentos, principalmente quando passa a observar suas transformações de afeto através de expressões sentimentais, ou seja, quando ele de repente parou de sorrir e agora passa a expressar gestos de tristeza. Além de aprender a lhe dar com tais problemas no sentido de tentar modificá-los.
Após esta identificação de pensamentos, passará para outra fase deste modelo num processo de aprendizagem quando fará sua própria avaliação e consegue perceber erros em suas interpretações e ligeiramente fazer a correção destes atos, consequentemente melhora seu comportamento, isto se dá através de um reflexo que o direcionará a lógica das coisas, mudando também suas emoções.
Diante desta hipótese, estes pensamentos automáticos surgem de fenômenos mais duradouros conhecidos como cognitivos relacionados às crenças do individuo que pode ter inicio na infância e que se desenvolvem por toda fase de sua vida como crenças sobre si mesmas e também sobre outras pessoas e o meio externo.
Neste sentido, o individuo passa a ter uma ideia central a respeito de tal fenômeno a ponto de considerar apenas o seu próprio raciocínio, embora esteja contrário do que diz a realidade, porém, para ele esta crença permanece, ou seja, são verdades totalmente absolutas. Desta forma o paciente passa a aceitar apenas ideias que reforcem suas crenças.
Consideradas por serem o nível principal das crenças, as centrais, passam a influenciar outras classes de crenças, as intermediárias, se destacando assim como as mais relevantes. As crenças centrais são generalizadas, utilizadas para todas as variações de situações, ou seja, o paciente não tem consciência de sua utilização.
As crenças intermediárias seguem este modelo, mas com uma diferença, o primeiro leva o paciente a desacreditar na sua capacidade enquanto que no último existe uma esperança basta apenas que aconteça o esforço do próprio paciente para que o mesmo obtenha a superação da situação.
Essas crenças acima citadas levam o paciente a aterem pensamentos automáticos o que para sua surpresa é algo curioso, onde o terapeuta vai fazer com que o mesmo aprenda sobre seu problema e passe a observar o mesmo e fazer a mudança sobre eles.
2.6 Proposta de Intervenção (TCC)
A Terapia Implosiva
Esta terapia está relacionada ao tratamento da Psicopatologia por meio da teoria dos dois fatores do aprendizado de evitação de Mowrer (Levis, 1985, 1989; Stampfl e Levis, 1967ª, 1975), fundamentada no princípio da extinção experimental direta. Este estudo, diz respeito a estímulos causados no sentido de evitar outros que produzam um sofrimento manifesto devido ao sintoma causado por experiências vividas no passado, provocador de ansiedade. O seu objetivo maior é combater o comportamento que estimula a evitação de uma situação prestes a ser vivenciada pelo paciente que lhe cause sofrimento Psicológico, liberando o mesmo a reviver esta experiência, resultando numa resposta afetiva benéfica ao paciente causando-lhe um efeito de extinção do sintoma e sem sofrimentos físicos como as dores.
Outra técnica bastante utilizada no combate aos estímulos causadores de sofrimentos Psicológicos é a técnica da imaginação, onde o terapeuta provoca estímulos que faz o paciente lembrar-se de experiências passadas reduzindo o comportamento sintomático, substituídas por mudanças significativas num período previsto de no máximo vinte sessões. Esta técnica pode ser utilizada também no tratamento de outros sofrimentos Psicológicos como a fobia, toc, depressão, ansiedade penetrante, histeria, hipocondria, psicopatia, alucinações, delírios e outros comportamentos psicóticos.
Por esta técnica causar bastante nível de respostas emocionais foi então questionado a possibilidade de causar prejuízos ao paciente (Levis, 1974; Morganstern, 1973). Este questionamento de originou de duas fontes, uma teoria de Freud sobre a afirmativa que quando um paciente com baixa força do Ego poderá tornar-se um psicótico quando expostos a grandes estímulos emocionais ou estressantes. A segunda diz respeito às ansiedades e temores do terapeuta ao provocar fortes respostas emocionais, porém, a hipótese de Freud foi logo descartada, sendo submetido a prova por Boudewyns e Levis (1975).
Após esta técnica ser levado a prova por diversas vezes não foram constatados em nem um caso resultados negativos (Levis e Carrera, 1967). Embora seja bastante eficiente, esta técnica não é considerada de fácil utilização por ser desgastante ao terapeuta tendo que participar das duas experiências, produção e experimentação do sofrimento do paciente. O termo “Inundação” está relacionado ao início dos sintomas (Levis e Hare, 1977), enquanto que “Implosão diz respeito à psicopatologia grave”.
Tabela 01. Dados dos profissionais entrevistados na pesquisa
Os participantes desse estudo foram 30 (trinta) profissionais de enfermagem de um pronto socorro municipal, dentre eles enfermeiros e técnicos de enfermagem do Pronto socorro Municipal de Parnaíba.
Na primeira fase refere-se a um processo de formação estrutural de decifração direcionada para a entrevista, da analise do discurso e da narrativa, como da psicanalise de forma não sistemática, flexível devido o material utilizado em relação á fala do sujeito.
Foram utilizados dois questionários: um sócio demográfico a fim de caracterizar a amostra (idade, sexo, grau de escolaridade, estado civil, tempo de experiência, local de trabalho e dias de trabalho semanais) e o outro laboral semiestruturado.
Tabela 02. Resultado demonstrativo do Questionário Laboral
Já a outra fase está relacionada à desconsideração dos estímulos do entrevistador e de cada entrevista anterior, mas ao mesmo tempo se utilizando dos conhecimentos práticos e teóricos exteriores amadurecimentos pela primeira fase, o que Lacan chama de transversalidade temática.
O interesse de analisar os entendimentos formalizados socialmente em relação à problemática do trabalho. Os dados do questionário foram analisados através dos dados obtidos por meio do roteiro de entrevista e analisados através de Análise de Conteúdo proposto por Bardin (2011).
O uso deste recurso de cunho qualitativo, semiestruturado é essencial a utilização da entrevista, como um método de investigação cientifica para obtenção de um material verbal rico em informações subjetivas e complexas que vão contribuir para formação de opiniões que serão registradas e transcritas integralmente, onde nela será inclusa hesitações, risos, silêncio e também os estímulos do entrevistados. Aproveitar a fala dos entrevistados de forma espontânea.
3 Discussão dos dados obtidos
Após analisar o material coletado pude perceber a existência de alguns profissionais de enfermagem que ao serem admitidos por uma instituição quer seja pública ou privada criam várias expectativas em relação ao seu trabalho, principalmente no que diz respeito às condições do trabalho, em relação as normas e o tipo de gestão que a organiza.
Tais expectativas refere-se à necessidade dos profissionais que se submetem às situações organizacionais que vão de forma frustrante, causando resistência a realização de certas atividades, uma constante na vida deste trabalhador, ao tratar o impacto em seu dia-a-dia, de uma excitação mental que vai além de seus limites, problemas que evoluem sem solução e se gravando cada vez mais, até se tornarem um sofrimento psíquico, percebido a perspectiva ser descarregada de alguma forma.
Por meio das respostas obtidas por meio de entrevistas que estes profissionais recorrem aos próprios colegas de trabalho no intuito de aliviar suas tensões procurando ouvir os companheiros na busca de uma solução, assim destacamos os vínculos afetivos de amizade como esfera para onde se escoa a libido reprimida e como resposta ao conflito mencionado entre desejo, realização profissional etc., e as condições reais e materiais de trabalho, além do mínimo para manutenção da própria integridade física de si e dos pacientes.
Como este desejo não encontra uma satisfação viabilizada por nenhum meio acessível no plano institucional, alguns profissionais procuram transformar esta frustração na satisfação focada em si mesma, ao desempenharem suas funções, em forma de atendimento humanizado, desde o acolhimento, de respeito ao próximo, valores reconhecimentos como os verdadeiros valores profissionais da enfermagem e que no fim das contas justificam aqueles que trabalham por prazer da profissão; porém deparamos com uma parcela considerável de outros trabalhadores que não conseguem inverter tal situação e o trabalho referido se torna em desanimado, onde o estresse no local de trabalho, quanto em casa, nas ruas e em outros locais, criando um verdadeiro conflito entre desejo e a organização do trabalho.
A redução de funcionários provoca uma ação imediata de sobrecarga de trabalho e superlotação de usuários dos serviços, dobrando o trabalho destes funcionários. Os baixos salários foram mencionados no sentido de levar aos profissionais ao acumulo de cargos públicos e/ou privados em busca de maior remuneração, dificultando cada vez mais a adaptação destes profissionais às organizações de trabalho, pois uma vez não estando satisfeitos com o trabalho que exercem, esta situação acaba por influenciar negativamente no tratamento dado aos pacientes, acontecendo inevitavelmente, pela pressão da demanda, de forma indevida e desumanizada até para os que adotam estes valores como eixos centrais ao seu próprio trabalho.
O trabalho destes profissionais os leva a um desconforto, causando um sofrimento considerado grave, uma vez que este conflito que se alimenta de si mesma, tirando sua liberdade de criação, que seria uma possível saída para aliviar este acúmulo de impactos no aparelho psíquico e uma transformação deste sofrimento em satisfação e prazer mesmo sofrendo problemas psíquicos, onde o trabalhador conseguiria exercer suas funções normalmente como se estivesse trabalhando com condições necessárias para um adequado ambiente laboral.
Na tentativa de recorrer aos valores ou aos colegas de trabalho, este sofrimento se agrava e o profissional se torna agressivo por não conseguir amenizar a situação e passa a produzir sintoma ali onde o próprio trabalho deveria servir como apaziguador dos conflitos entre trabalhador e organização do trabalho (Dejours, 1992).
4 Considerações finais
Acredito que este estudo poderá contribuir de maneira relevante para alavancar o processo de trabalho na área de enfermagem de urgência e emergência no sentido de elaborar questões e discussões que irão possibilitar na construção de novos entendimentos sobre alguns fenômenos individuais, uma vez que cada profissional de uma equipe de enfermagem apresenta comportamentos diferenciados numa mesma instituição.
Os impactos sofridos por estes profissionais têm representações diversificadas e acometem a vida de trabalhadores da área de saúde em todo país. Portanto é uma questão que deve ser revista e analisada todas as vezes que nos deparamos com situações que remetem à qualidade do trabalho como ponto de encontro: o desejo do trabalhador e a instituição de seu desejo no plano organizacional.
5 Referências
BECK, A. T. (1964).Thinking and depression: II. Theory and Therapy. Archives of General Psychiatry,10, 561-571.
BENDASSOLI, PF, (2009). (Coleção: debates em administração). Coordenadores: Isabella F. Gouveia de Vasconcelos, Flávio Carvalho de Vasconcelos, André Ofenhejm Mascarenhas. São Paulo: Cengage Learning.
BOLLER, Erika. (2014). Estresse no setor de emergência: possibilidades e limites de novas estratégias gerenciais. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/RevistaGaúchade Enfermagem/article/viewfile/4481/2420
CARVALHO, Geraldo Mota de. (2001) Enfermagem do trabalho. São Paulo: EPU.
CHACON, P.P.; JUNIOR, H.F. (1989) História econômica geral. São Paulo: Atlas.
DAL PAI, Daiane; LAUTERT, Liana; KRUG, Jefferson Silva. (2014). Psicodinâmica e saúde mental do trabalhador de enfermagem: ritmo acelerado e intensificação do fazer. Disponível em: <http://revista,portalcofen.gov.br/index.phb/enfermagem/article /viewfile/72/59.
GARLET, Estela Regina et al. (2009). Organização do trabalho de uma equipe de saúde no atendimento ao usuário em situação de urgência e emergência [Versão Eletrônica]. Revista Texto Contexto Enfermagem. V.18, p.266-272.
LUCAS, Paulo. (2014) A evolução histórica do trabalho. Curitiba-PR: Focus Consulting Engenharia Ltda.
MAGALHÃES FILHO, F.B.B. (1977). Historia econômica. 4. ed. São Paulo: Sugestões Literárias.
MONDIN, B. (1980). O homem, quem é ele? 10. ed. São Paulo: Paulus.
OLIVEIRA, Joana D’arc de Souza; ALVES, Maria do Socorro da Costa Feitosa; MIRANDA, Francisco Arnoldo Nunes de Miranda. (2014) Riscos ocupacionais no contexto hospitalar: desafio para a saúde do trabalhador. Disponível em: http://imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/DCD190OUT1978.PGF.
RIBEIRO, Maria Celeste Soares. (2012) Enfermagem e trabalho: Fundamentos para a atenção à saúde dos trabalhadores. 2 ed.; São Paulo: Martinari.
SPAGNUOLO, Regina Stella; BALDO, Renata Cristina; Guerrini, Ivan Amaral. (2014) Análise epidemiológica dos acidentes com material biológico registrados no Centro de Referência em Saúde do trabalhador. Londrina-PR. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.phb?script=sci_arttex&pid=S1415-790X2008000200013.
STORK, R.. Y.; ECHEVARRIA, J.A. (2001) Fundamentos de antropologia. 5. Ed. Pamplona: Eunsa.
TARTUCE, Terezinha de Jesus Afonso. (2008) Normas e técnicas para trabalhos acadêmicos. Fortaleza-CE: Unice.
VASCONCELOS, Ilmeire Ramos Rosenhach de; ABREU, Ângela Maria Mendes; MAIA, Eveline de Lima. (2014). Violência ocupacional sofrida pelos profissionais de enfermagem do serviço de pronto atendimento hospitalar. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n3/24.pdf.
Autores
Carlos Gomes da Silva: Graduado em psicologia, Universidade Federal do Piauí – UFPI, especialista em terapia cognitiva comportamental, Faculdade de Ciências Médicas da Bahia E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. Parnaíba, PI.
Lorena Nascimento da Silva: Graduada em enfermagem, Faculdade Mauricio de Nassau E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.