Numa época em que o marasmo parece estar
tomando conta de quase tudo. Em que os Psicanalistas parecem ter
esquecido que a subversão ainda é uma das marcas indeléveis da
Psicanálise, vem a lume este livro que traz em seu bojo um
verdadeiro exercício de reflexão e coragem. Coragem em denunciar
tanto o marasmo vigente quanto a abissal distinção que existe
entre as Ciências e as Profissões (Psiquiatria e Psicologia) e a
prática ética denominada Psicanálise. Coragem em delatar tanto a
acomodação quanto o posicionamento de muitos Psicanalistas perante
questões que lhes são mais do que pertinentes, ou pelo menos
deveriam ser. Coragem para propor algo novo. Um viés por onde se
poderia desfazer a confusão reinante entre os dois domínios da
Ciência e a prática ética denominada Psicanálise. Coragem para
repudiar com a veemência necessária a passiva aceitação diante de
uma real tentativa de empurrar ‘goela abaixo’ dos Psicanalistas um
projeto de lei que além de tentar regulamentar a Psicanálise a
coloca num patamar no mínimo suspeito designando-a como uma
profissão. Coragem para denunciar a quase omissão. Aquela que se
apresenta na forma da não participação e do não claro
posicionamento de muitos em prol do enaltecimento e da permanência
da Diferença, assim como, da vigência, do rigor e do vigor, tanto
do significante Psicanálise quanto do Movimento Psicanalítico.
É um livro que traz alguma polêmica? “- Sim, ele traz.
E porque não deveria?”
Diante de um quadro em que a invenção freudiana
tem ficado reduzida a esparsas e tímida queima de fogos de
artifício. Em que (e na utilização de uma metáfora bélica) a
Psicanálise parece já não mais contar com atiradores de elite mas
sim com alguns recrutas em atabalhoada retirada. Ou ainda (numa
metáfora, agora, futebolística) que a posição vigente de muitos
que se dizem psicanalistas restringe-se tão somente ao ‘jogar para
uma pequena torcida’, há que se revitalizar a discussão; há que se
propor à interlocução; há que se escrever sobre e colocar em
circulação a experiência; há que se ‘oxigenar’ a Teoria. Um
exemplo disso nos é oferecido nesse livro. Ele nos dá a
oportunidade de compartilhar algumas articulações em torno da
grande Diferença que existe entre a prática ética denominada
Psicanálise e aquelas que se autodenominam como Ciência e
Profissão, ou seja, a Psiquiatria e a Psicologia. Aborda também um
assunto que diz respeito a cada ser humano: O Nome Próprio.