Afetividade em sala de aula, sua importância no processo de ensino aprendizagem na percepção do professor
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Esta pesquisa tem como objetivo propor ações para se estabelecer vínculos afetivos entre alunos e rede de ensino nível I
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo: propor ações para se estabelecer vínculos afetivos entre alunos e rede de ensino nível I, pois a afetividade quando bem desenvolvida estimula o interesse e aprendizagem em todos os aspectos. O tema foi escolhido a partir de análises de resultados referentes ao crescente índice de crianças que são encaminhadas para Atendimento Educacional Especializado apresentando: defasagem escolar e dificuldades na aprendizagem, devido à falta de empatia, sensibilidade e interesse em entender o contexto desses alunos, desenvolvendo cada vez mais baixa autoestima. O presente trabalho defende a ideia de que todo profissional da educação pode ajudar e melhorar a aprendizagem do aluno com intervenções bem planejadas e orientadas de acordo com teorias sócio interacionistas e psicanalíticas nos seus aspectos da afetividade, com ênfase na autoestima. Para a efetivação deste trabalho, a abordagem de pesquisa é a quantitativa, incluindo quinze teóricos relevantes ao tema, sendo realizada entrevistas com educadores de rede particular, analisando a formação do profissional e as estratégias utilizadas no processo ensino aprendizagem da fase pré escolar até o ensino fundamental I. Esta pesquisa tem como intuito salientar que o desenvolvimento do pensamento e das estruturas do saber estão completamente ligados ao afeto, e que se houver ações bem planejadas, formação teórica e sensibilidades por parte de todos os envolvidos, consequentemente os alunos terão uma boa autoestima, motivação e capacidade maior para a aprendizagem.
Abstrat
This research has as objective: to propose actions to establish affectionate bonds between students and net of teaching level I, because the affectivity when well developed stimulates the interest and learning in all of the aspects. The theme was chosen starting from analyses of results regarding the crescent index of children that you/they are directed for Specialized Education Service presenting: school discrepancy and difficulties in the learning, due to the empathy lack, sensibility and interest in understanding those students’ context, developing low autoestima more and more. The present work defends the idea that all professional of the education it can help and to improve the student’s learning well with interventions drifted and guided in agreement with theories partner interacionistas and psychoanalytic in their aspects of the affectivity, with emphasis in the autoestima. For the efetivação of this work, the research approach is the quantitative, including fifteen theoretical relevant to the theme, being accomplished interviews with educators of private net, analyzing the professional’s formation and the strategies used in the process teach learning of the phase school pré to the teaching fundamental I. This research has as intention to point out that the development of the thought and of the structures of the knowledge they are completely linked to the affection, and that if there are actions well drifted, theoretical formation and sensibilities on the part of all involved them, consequently the students will have a good autoestima, motivation and larger capacity for the learning.
Word-key: Affection; Autoestima; Discrepancy school; Difficulties in the process teach learning.
1. Introdução
Este trabalho tem por finalidade pesquisar e analisar e sobre a relação professor/aluno de modo que este identifique as possíveis falhas do fracasso no processo ensino aprendizagem, a fim de propor novas práticas pedagógicas sendo estas aplicadas de uma maneira diversificada e dinâmica com o propósito de atingir a todos os alunos.
Quando a criança inicia a sua fase 1º fase escolar, ela está deixando o ambiente familiar da sua casa a fim de descobrir outras formas de relacionamento; por isso, é imprescindível que ela se sinta segura, bem acolhida e incentivada para que esta possa desenvolver-se de forma saudável e sem traumas.
A educação não pode ser interpretada como um depósito de informação há diversas formas de transmissão de conhecimento, mas o ato de educar só acontece com ações bem planejadas, formação teórica, empatia, desenvolvendo então a afetividade em sala de aula.
ALMEIDA, (1995, p.51) afirma que:
“A afetividade e a inteligência constituem um par inseparável na evolução psíquica, pois ambas têm funções bem definidas, e quando integradas, permitem a criança atingir níveis de evolução cada vez mais elevados”.
O afeto quando bem desenvolvido é capaz de romper barreiras, quebrar paradigmas e superar obstáculos através do maior e mais importante estimulador: o amor, pois é ele que nos move e nos envolve.
O tema justifica-se pelo crescente índice de alunos com defasagem e dificuldades de aprendizagem gerando assim o fracasso escolar. Tais problemas são derivados de aulas mal planejadas, rotinas repetitivas e maçantes devido a desmotivação, falta de compromisso e envolvimento por parte do professor que por vezes utiliza recursos e metodologias já ultrapassadas e rotineiras em sala de aula. Percebe-se também que o professor desmotivado não obtém êxito em seus planejamentos e metas, consequentemente não transfere o conhecimento com entusiasmo e com o preparo esperado, causando uma pré disposição para o fracasso escolar; Outros ainda confundem a palavra autoridade com autoritarismo e se tornam verdadeiros generais em sala de aula não levando em consideração a individualidade, autonomia e opinião do educando, negando por sua vez a liberdade, o direito de a criança opinar e expressar suas dúvidas e sentimentos.
FREIRE, (1996, p. 59) declara:
“O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que “ele se ponha em seu lugar” ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgredi os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência”.
A escola deve ter como principal objetivo formar seres pensantes com capacidade de entender e intervir no mundo, e não formar sujeitos passivos, sem ânimo e sem conhecimento crítico para interagir com as mudanças impostas pela sociedade. Daí a importância de respeitar o aluno como ser único desenvolvendo o bom relacionamento entre aluno e professor, trabalhando diferentes métodos com a classe heterogênea a fim de que esses atinjam a todos.
De acordo com WHITE, (2008)
“Os professores devem induzir os alunos a pensar, e a entender claramente a verdade por si mesmos. Não basta ao mestre explicar, ou ao aluno crer; cumpre suscitar o espírito da pesquisa, e o aluno ser atraído a enunciar a verdade em sua própria linguagem, tornando assim evidente que lhe vê a força e faz a aplicação. Por trabalhosos esforços, as verdades vitais devem assim ser gravadas no espírito. Talvez esse seja um processo lento; é, porém, mais valioso do que passar correndo sobre assuntos importantes, sem a devida consideração”.
A maior proposta aqui então é mudar o foco de atuação do professor que atualmente é um mero facilitador do processo de transmissão do conhecimento para um interventor, um problematiza dor, movido de entusiasmo e amor pela arte de ensinar.
Conforme CHALITA, (2001, p. 84)
“Os entusiastas quebram os paradigmas, estão prontos para qualquer batalha. Não têm medo de se lançar; não cruzam os braços nem desistem diante dos obstáculos. Não reclamam da sorte nem se deixam levar por aprazeres efêmeros e vazios que nada trazem de proveitoso.Têm uma dimensão maior de vida, têm estofo, têm sonhos! Têm inspiração! ”
A pesquisa sobre esse tema é relevante porque é uma forma de apresentar que se a criança tem uma boa relação afetiva com o professor, esta pode desenvolver as suas habilidades, seus sentimentos, suas emoções, afeto e valores necessários para uma vida que favoreça seu crescimento intelectual e cognitivo; Não é a quantidade de conteúdo, nem a habilidade de memorização, avaliações, cobranças que determinará um bom desempenho escolar; É preciso que o conteúdo faça sentido para a criança na qual a mesma relacione com fatores necessários e existenciais para a sua vida.
Quantas pessoas perdem oportunidades porque não descobriram a chama do aprender e exercitar aquilo que lhe foi transferido, e consequentemente preferem viver a vida de outras, preocupando-se com a vida alheia deixando para trás o essencial: um olhar construtivo acerca do que nos rodeia.
Em sua pesquisa científica FARIA, (2010, p. 20) relata que:
“Se a criança mantém bom relacionamento desde pequeno, ela irá continuar depois de adulto mantendo bom relacionamento com a sociedade; relacionamento esses que são: respeito pelo direito dos outros, respeito à diversidade, respeito pela liberdade do outro, respeito pela lei, equilíbrio emocional para lidar com situações problemáticas e responsabilidade financeira. Com isso a criança estabelece o que está sentindo e o que conhece do seu cotidiano propiciando-lhe condições de ver e respeitar o outro”.
Sabemos que a atual escola produz diariamente diferenças entre os alunos, nela há choques culturais nas relações cotidianas, diferença social e desencontro de linguagens; sendo assim nestes casos podemos afirmar que as relações afetivas são as consequências para a aprendizagem e não as causadoras do problema, gerando assim algumas reações emocionais como: a indisciplina, apatia, agressividade e indisposição.
Conforme WHITE, (2007) sobre tais comportamentos em nossas escolas:
“O professor severo, crítico, despótico, desatencioso para com os sentimentos alheios, deve esperar que o mesmo espírito se manifeste para com ele próprio. Aquele que deseja conservar a própria dignidade e o respeito de si mesmo, precisa ter cuidado em não ferir desnecessariamente o respeito próprio dos demais. Esta regra deve ser observada como sagrada quanto aos mais pesados de inteligência, os mais jovens, os mais obtusos estudantes. O professor deve sempre conduzir-se como um cavalheiro cristão. Deve ter para com seus discípulos a atitude de amigo e conselheiro. Se todo o nosso povo — professores, pastores e membros leigos— cultivasse o espírito da cortesia cristã, encontraria muito mais facilmente acesso ao coração do povo; muitos mais seriam levados a examinar e receber a verdade”.
Ou seja, o docente em sala de aula deve ser aquilo que deseja que seu aluno se torne (um cidadão cortês), ele é uma das maiores referências na vida do educando, e por isso a importância de se criar um vínculo afetivo entre aluno e professor, na qual haja respeito, confiança, segurança, empatia, cortesia e comprometimento.
Assim foi o maior mestre de toda a história, Jesus Cristo, o mesmo falava com mansidão, simplificava ao máximo os seus ensinos utilizando instrumentos conhecidos e já familiarizados aos seus seguidores, demonstrando por cada um deles sincero amor e importância.
É importante ressaltar que nem tudo dá certo na primeira tentativa, mas é necessário persistir na mudança que provocará bons resultados, não desistir e prosseguir utilizando diferentes meios, recursos e metodologias, afinal para desenvolver o afeto em sala de aula e consequentemente um bom desempenho escolar não existe receita pronta.
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Reconhecer conceitos sistematizados à luz do embasamento teórico e classificar novas práticas facilitadoras para o processo ensino aprendizagem.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar ações e práticas pedagógicas que desenvolvam vínculos afetivos entre professor e aluno, pois já se sabe que, a afetividade quando bem resolvida acompanhada de um bom relacionamento com o professor, estimula o interesse e o significado real da aprendizagem, tornando-a mais eficaz e significativa.
3 Metodologia
Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória, abrangendo aspectos quantitativos. Com a intenção de coletar e discutir informações sobre a atuação e relacionamento dos profissionais da educação com os alunos que apresentam desânimo, dificuldades, fracasso e defasagem escolar.
Os sujeitos de pesquisa foram selecionados a partir da disponibilidade de tempo e aceitação da participação na pesquisa respondendo com clareza e atenção ao questionário. Foram escolhidos numa amostra de conveniência 30 profissionais da área educacional como pedagogos em escolas particulares confessionais da Zona Sul da Cidade de São Paulo.
Para coleta de dados foi escolhido o questionário com questões abertas e fechadas entregues aos pedagogos. O primeiro contato com os participantes foi o preenchimento do Termo de Consentimento Livre Esclarecido para a participação da pesquisa.
Os resultados foram analisados e organizados de acordo com as informações obtidas através da bibliografia consultada e da análise estatística das questões dos questionários. A interpretação final desses dados ocorreu combinando a consulta à literatura especializada com as percepções e ideias inferidas pelos pesquisadores no estudo do material coletado. Os resultados terão por base as contribuições dos sujeitos em questão.
A afetividade é extremamente relevante na construção do conhecimento.
Segundo PIAGET (1992),
“Afetividade e razão são compreendidos como complementares, a afetividade é a energia, o que move a ação, a razão é o que possibilita o sujeito identificar desejos, os sentimentos variados e ter sucesso nas ações”.
Os quatro estágios de desenvolvimento das estruturas cognitivas (Sensório motor 0-2 anos, pré-operatório 2-7 anos, operatório concreto 7-11 anos, e operações formais 11-15 anos) o desenvolvimento intelectual é um processo que perpassa por estes estágios e segue durante toda a vida. É como se a afetividade estivesse no centro do desenvolvimento intelectual, e isto é o que impulsiona o indivíduo ter desejo de aprender.
Na teoria piagetiana, a construção mais eficiente e melhor adaptada ocorre quando o mecanismo de controle é autônomo, é naturalmente do indivíduo; isto é, assimilar a fonte de desequilíbrio. O mecanismo de controle é afetivo, com sentimentos, tendências e inclinações inconscientes funcionando como um guarda-portão que as experiências afetem o desenvolvimento intelectual. Este é processo da auto-regulação, que significa inclinação, vontade ou desejo de aprender despertada pela própria criança. O indivíduo caminha para a construção do conhecimento, desiquilibra o que já foi construído, assimila as novas experiências e acomoda no novo conhecimento construído. Crianças que apresentam falta de autonomia, desânimo, baixa autoestima, apresentam dificuldades em aprender. A autonomia que vai gerar aprendizagens se constrói com interações sociais positivas e com afetividade.
KAMI (1991), embasada na teoria piagetiana ressalta:
“A essência da autonomia é que as crianças se tornem capazes de tomar decisões por elas mesmas. Autonomia não se resume em liberdade, significa ser capaz de considerar os fatores relevantes para decidir qual deve ser o melhor caminho da ação”.
Para desenvolver a autonomia cognitiva e afetiva, bem como a auto-regulação saudável faz se necessário um trabalho formado por cooperadores que proporcionem respeito mútuo e reciprocidade de sentimentos; isso resultará na formação da personalidade e escolhas que envolvam vontade de aprender.
É também na escola que a criança aprende conceitos socialmente adquiridos de experiências passadas, as quais a possibilitarão trabalhar com essas situações de forma consciente. Uma transformação social é capaz de alterar o funcionamento cognitivo e pode reduzir significada mente os conflitos sociais, sendo assim esses processos psicológicos são de natureza social.
Na opinião de VYGOTSKI (1991),
”Um dos principais defeitos da psicologia tradicional é a separação entre aspectos intelectuais, de um lado, e os volitivos e afetivos, de outro, propondo a consideração da unidade entre esses processos. O pensamento tem sua origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulso, afeto e emoção. Nesta esfera estaria a razão última do pensamento e, assim, uma compreensão completa do pensamento humano só é possível quando se compreende sua base afetivo-volitivo”.
A afetividade está totalmente relacionada com as experiências sociais, a medida em que se desenvolvem reforçam o comportamento padrão (estimular, desestimular), controlar movimentos e organizar as relações entre indivíduos.
4 Análise e Discusão dos Resultados
esquisou-se um grupo de 30 professores sendo que destes 70% apresentam tempo de experiência profissional entre 6 a 10 anos e 30% entre 11 a 15 anos.
Quando os professores são questionados sobre o conhecimento e interesse sobre o tema: Afetividade em sala de aula, 40% relataram que estão preparados e capacitados através de cursos e palestras, 20% responderam estarem atualizados com publicações sobre este assunto, o restante 40% apontaram não ter conhecimento relevante sobre o tema. Percebemos que ainda falta mais conhecimento e aceitação sobre o tema relevante da pesquisa por parte das instituições privadas de ensino, poucos educadores e profissionais da área investem ou tem estímulo sobre o desenvolvimento do assunto.
Segundo HIGUNOV NETO E MACIEL, (2002)
“Para que as mudanças que ocorrem na sociedade atual possam ser acompanhadas, é preciso um novo profissional do ensino, ou seja, um profissional que valorize a investigação como estratégia de ensino, que desenvolva a reflexão crítica da prática e que esteja sempre preocupado com a formação continuada”.
Reconhecemos aqui a importância da instituição escola como parte fundamental para o desenvolvimento humano. Cabe à escola e aos docentes como um todo proporcionar a construção do conhecimento, pois o que existe de informações nos teóricos e internet é bastante abrangente para o aspecto de orientação. Porém notamos que a educação reprodutivista, isto é, a simples transmissão de conhecimento, ainda se faz fortemente presente, mas já não faz sentido no mundo atual.
Faz se necessário fazer conforme diz ALARCÃO (2001),
“Urge que a escola mude, que rompa com velhos paradigmas, que se enquadre na atualidade”.
E, para que isso seja possível, é necessária uma mudança de pensamento sobre a escola e que acreditemos na possibilidade de encontrar caminhos melhores e mais adequados para os problemas vivenciados no momento. O envolvimento de todos aqueles que fazem parte da escola é de extrema importância, pois lá se faz a interação entre alunos, docentes, equipe pedagógica, pais e colaboradores, todos precisam reavaliar seus conceitos, suas crenças e seus métodos para irem em busca de novos resultados. Ter uma equipe qualificada, bem preparada para enfrentar os desafios em sala de aula é imprescindível para melhorar a relação de ensino-aprendizado. É um investimento importante que proporcionará melhores resultados. É preciso que os futuros docentes recebam mais do que teoria. É preciso a prática em salas de aulas, atividades que estimulem e ampliem à criatividade, à pesquisa e que insira os docentes no contexto de ensino-aprendizado de modo mais prático e maior capacitação pedagógica.
Em pesquisa sobre as estratégias mais usadas, 40% dos professores utilizam ferramentas como diálogo aberto, outros 40% jogos contextualizados e 20% preferem dinâmicas e reflexões. As estratégias quando bem planejadas e dirigidas fazem toda a diferença na sala de aula, a ausência dessas pode ter como consequência, aulas monótonas e desorganizadas, desencadeando o desinteresse dos alunos pelo conteúdo e tornando as aulas desestimulantes.
De acordo com LIBÂNEO (1994)
“O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino”.
Sendo assim, o planejamento da aula é um instrumento essencial para o professor elaborar sua metodologia conforme o objetivo a ser alcançado, tendo que ser criteriosamente adequado para as diferentes turmas, havendo flexibilidade caso necessite de alterações.
Conforme FREIRE (1996)
“Como prática estritamente humana jamais pude entender a educação como experiência fria, sem alma, em que os sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos devessem ser reprimidos por uma espécie de ditadura racionalista. Nem tampouco jamais compreendi a prática educativa como uma experiência a que faltasse rigor em que se gera a necessária disciplina intelectual”.
Das estratégias para estreitamento do relacionamento entre professor e aluno, quando bem planejadas e utilizadas, os resultados são extremamente significativos. Olhando o gráfico percebemos esses resultados quando 50% dos professores diagnosticaram mais motivação e disposição por parte dos alunos. Tais estratégias como diálogo aberto, jogos contextualizados, dinâmicas entre outras despertam maior interesse, participação e interação por parte dos educandos. Dos entrevistados 30% responderam obter desordem e agitação, daí a importância de se planejar, organizar e adequar as estratégias de acordo com o contexto da turma. Já o restante dos entrevistados 20% perceberam melhor assimilação dos conteúdos propostos, confirmando assim que a introdução de estratégias bem elaboradas e dinâmicas produzem mesmo maiores resultados.
Assim como diz FREIRE, (1996)
“Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”.
Uma vez que devemos estar sempre buscando novos aprendizados para compor o que já temos.
Assim declara CUNHA (2006), sobre o conceito de inovação pedagógica,
“Requer uma ruptura necessária que permita reconfigurar o conhecimento para além das regularidades propostas pela modernidade. Ainda neste sentido, não apenas considera a inclusão de novidades e tecnologias, mas também uma mudança na forma de entender o conhecimento.”
É importante planejar, este é um processo pelo qual se pensa a realidade e meios para transformá-la, traçando objetivos e ações para atingir a realidade que se espera. A escola como um segmento importante dentro da sociedade, também é um espaço em que o planejamento das atividades acontece constantemente.
Nesta situação problema Paulo é aluno do 2º ano (ensino fundamental I), o mesmo apresenta muita inquietude e desmotivação em sala, gerando indisciplina e atrapalhando o desenvolvimento das aulas. Os docentes entrevistados responderam as tomadas de decisões que aplicariam nesse caso.
Observando as opiniões dos docentes, compreendemos mais uma vez a falta de investimento e aplicação de novas práticas motivadoras em sala. Nesta pesquisa percebemos que 45% dos profissionais optaram por convocar os pais do aluno, ao invés de repensarem em novas táticas e estratégias para ganhar o aluno. Desses profissionais 35% indicaram acompanhamento especializado e 20% visita domiciliar. Vale ressaltar que o trabalho em conjunto com um profissional especializado também é indicado, mas convém também ao professor estreitar o relacionamento a fim de conhecer e despertar o interesse individual do aluno.
A escola precisa despertar o interesse do aluno promovendo ao mesmo tempo comportamento disciplinado e autônomo, conforme diz CARVALHO (1996),
“Que aponta para a necessidade da explicitação do vínculo entre a noção de disciplina como área do conhecimento e a de disciplina como comportamentos/procedimentos para entendermos os problemas da disciplina e da indisciplina escolar, uma vez que este vínculo é próprio e específico da relação escolar”.
Alternativas como as citadas na situação problema devem ser indicadas, porém sempre em conjunto com o planejamento proposto e adequado com o contexto dos sujeitos inseridos no problema.
Nesta situação problema Beatriz está no 4º ano do ensino fundamental I, é deficiente intelectual (microcefalia), a mesma exige algumas adequações no processo ensino aprendizagem para um bom desenvolvimento. O problema é que durante as aulas ela baba muito sobre a carteira e materiais, o professor atuante percebe algumas manifestações dos alunos como: piadas, preconceito e desprezo quanto a colega, causando assim a exclusão por parte da turma. Diante desta situação 57% dos docentes entrevistados proporiam um novo projeto, 42% responderam conversar com a turma a fim de conscientizar e orientar sobre o problema e 1% optariam pela punição aos agressores.
A inclusão hoje é garantida sobre a lei, precisamos, no entanto, continuar aperfeiçoando essa inclusão para além das regras oficiais. Percebemos aqui a importância de formular um planejamento adequado de acordo com as necessidades especiais de cada aluno portador de deficiência. Projetos bem elaborados com propostas para a inclusão social e acadêmica, devem sempre ser estudados e propostos, sendo que as conversas dirigidas e orientações as turmas de inclusão devem também ser inseridas no mesmo.
Conforme VEIGAS (2003),
“A instituição escolar deve desenvolver, a partir da legislação vigente, propostas e níveis de acessibilidade capazes de viabilizar a prática de uma educação inclusiva, partindo de níveis diferentes: currículo, gestão e metodologias. Construir uma escola inclusiva significa assumir um compromisso em se rever concepções e paradigmas em torno da educação, respeitando e valorizando a diversidade dos alunos, atendendo as suas necessidades e desenvolvendo o potencial de cada um”.
Faz se necessário também, uma mudança de paradigma dos sistemas educacionais onde se centra mais no aprendiz, levando em conta suas potencialidades e não apenas as disciplinas e resultados quantitativos, favorecendo uma pequena parcela dos alunos,
BUENO, (1999) afirma
“Fica claro que a simples inserção de alunos com necessidades educativas especiais, sem nenhum tipo de apoio ou assistência aos sistemas regulares de ensino, pode redundar em fracasso, na medida em que esses alunos apresentam problemas graves de qualidade, expressos pelos altos níveis de repetência, de evasão e pelos baixos níveis de aprendizagem”.
Para que a inclusão seja uma realidade, será necessário rever uma série de barreiras, além da política e práticas pedagógicas e dos processos de avaliação. É necessário conhecer o desenvolvimento humano e suas relações com o processo de ensino aprendizagem, levando em conta como se dá este processo para cada aluno. Assessorar o professor para resolução de problemas no cotidiano na sala de aula, criando alternativas que possam beneficiar todos os alunos. Utilizar metodologias flexíveis, levando em conta a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses, suas ideias e desafios para novas situações. Investir na proposta de diversificação de práticas que possam melhorar e estreitar as relações entre professor e alunos. Avaliar de forma continuada e permanente, dando ênfase na qualidade do conhecimento e não na quantidade.
Dos docentes entrevistados acima 40% concordam que faz se necessário fazer cursos, 35% optaram por fazer pesquisas autodidatas e 25% preferem o hábito de realizar mais leituras sobre o tema. A capacitação para professores bem como o investimento de novas técnicas e estratégias em sala, devem ser sempre renovadas e ampliadas. O tempo muda a cada instante e o público alvo (alunos) acompanham tais mudanças, fazendo se necessário a atualização e capacitação dos profissionais da educação. A afetividade assim como o desenvolvimento cognitivo só se constrói através de experiências (vivência). Faz se necessário despertar as potencialidades descobertas em cada indivíduo, oferecer estímulos e encontrar caminhos para tornar a interação (professor, aluno e sociedade) mais fácil e prazerosa em seu desenvolvimento emocional e intelectual.
Adota-se o método materialista dialético-histórico na busca do enfrentamento dos desafios e toma-se como princípio a tendência pedagógica histórico-crítica.
Conforme SAVIANI (2001)
“A formação continuada não deve se restringir à busca por resolução de problemas específicos de sala de aula, mas contribuir para que o professor ultrapasse a visão compartimentada da atividade escolar e passe a analisar os acontecimentos sociais, contribuindo para sua transformação”.
5 Considerações Finais
É de extrema importância definir uma relação interativa entre docente e aluno, através de um clima de confiança e segurança entre os sujeitos, ou seja, uma relação dialógica de respeito, amizade, valorização, estímulo e participação a fim de facilitar a aprendizagem e promover a assimilação dos conteúdos. Mesmo que o público alvo tenha a apresentação de diferentes aspectos como socioeconômicas, biológicas, culturais, através de ações bem planejadas, formação teórica e sensibilidade por parte dos envolvidos, é possível criar um ambiente de confiança na qual são desertados interesses e motivações individuais.
O professor precisa ter um olhar sensível para potencializar quando preciso a autoestima e confiança, fatores imprescindíveis para o desenvolvimento afetivo e cognitivo
A mudança deve acontecer gradativamente, este é um processo, que se dá por aproximações sucessivas: valorizar os passos pequenos, porém concretos e coletivos na nova direção. Quanto mais participativo e inovador for este processo, maiores serão as chances de dar certo. Porém é preciso partir do contexto real que temos, e não ficar reclamando ou sonhando com outra. É esta a realidade, e este deve ser sempre o ponto de partida para a mudança.
Referências Bibliográficas
ALARCÃO, Isabel (Org.) Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: ARTMED, 2001.
ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. 5. Ed. Campinas, SP: Editora Papirus, 2005.
BUENO, J. G. Crianças com necessidades educativas especiais, política educacional e a formação de professores: generalistas ou especialistas. Revista Brasileira de Educação Especial, vol. 3. n.5, 7-25, 1999.
CARVALHO, J. S. F. Os sentidos da (in) disciplina: regras e métodos como práticas sociais. In: AQUINO, J. G.(Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 8. ed. São Paulo: Summus, 1996.
CHALITA, Gabriel. Educação – A solução está no afeto. 7. Ed. São Paulo, SP: Editora Gente, 2001.
CUNHA, M. I. da. Inovações pedagógicas: o desafio da reconfiguração de saberes na docência universitária. Cadernos Pedagogia Universitária, USP, 2008.
FARIAS, G. I. Afetividade na sala de aula: o olhar Walloniano sobre a relação professor-aluno na educação infantil. Goiânia, GO. Faculdade Alfredo Nasser, 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 18. ed. São Paulo, SP: Editora Paz e Terra, 1996.
HIGUNOV NETO, Alexandre; MACIEL, Lizete Shizue B. (Org.) Reflexões sobre a formação de professores. Campinas: Papirus, 2002.
KAMI, Constance. A criança e o número: Implicações educacionais da teoria de Piaget para atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Campinas, São Paulo: Papirus, 1991.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção magistério 2° grau. Série formação do professor).
PIAGET, VYGOTSKY, WALLON. Teoria psicogênica em discussão/Yves de La Taille; Marta Kohl de Oliveira, Heloysa Dantas. São Paulo: Summus, 1992.
SAVIANI, Dermeval. Educação no Brasil: concepção e desafios para o século XXI. Revista HISTEDBR on-line , Campinas, n. 3, jul. 2001.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Inovações e projeto político pedagógico: uma ação regulatória ou emancipatória? Cad. Cedes, Campinas, Dez. 2003.
WHITE, Ellen G. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes. Tatuí, SP: Editora Casa Publicadora Brasileira, 2007.
_______________Conselhos sobre educação. Tatuí, SP: Editora Casa Publicadora Brasileira, 2008.
Autores
Vivian Rodrigues da Silva, Discente do Curso de Pós Graduação, Centro Universitário Adventista de São Paulo – UNASP.
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Eunice Barros Ferreira Bertoso, Pedagoga, psicóloga, psicopedagoga, mestre, docente, orientadora, Centro Universitário Adventista de São Paulo – UNASP/SP.
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