QUE NOS PERMITAM OLHAR OS LÍRIOS DO CAMPO
Rita de Cássia Rocha Soares Chardelli
” Podemos facilmente perdoar
uma criança que tem medo do escuro;
a real tragédia é quando os homens têm
medo da luz”.
Platão
Que relação temos com o medo?
Por que nós eternos professores, conseguimos lidar tão pouco com a diversidade, com aquele aluno que atrapalha, incomoda ou mesmo não responde como queríamos ao desafios diários?
Temos medo?
Medo, segundo Aurélio , é o sentimento de viva inquietação ante a noção de perigo real ou imaginário, de ameaça; pavor; temor; receio.
É esse medo , que muitas vezes, o professor experimenta ao se deparar com dificuldades , com alunos rebeldes, com os sentimentos iniciais da adolescência que estão a flor da pele.
Surge assim o rótulo, as críticas, a falta de confiança…que é a maneira mais fácil de mostrar a pouca intimidade em resolver os ditos “problemas” com alunos exigentes emocionalmente.
Nesse momento, vejo que a escola ainda está enraizada no passado, esquecendo que o sucesso de seus alunos como seres humanos , depende de como são encarados os fatos que surgem no dia-a-dia, de como são amados, conduzidos, valorizados.
Desistimos desses alunos?
Encaramos de frente a nossa fragilidade?
O que fazer?
Penso que a argumentação , o saber ouvir, o entender, a empatia, o altruísmo, o exercício constante da sensibilidade, nos fortalece.
Para podermos levar nossos alunos a serem cidadãos conscientes, capazes de respeitar e conviver com o outro, precisamos estar em dia com os nossos deveres de cidadãos também.
Violência gera violência, e aprender a bloquear a agressividade, com atitudes conscientes e imparciais, sem medo de errar, é restaurar o sentimento de amor nesse momento .
Uma escola, preocupada com o aluno cidadão, não precisa ser rica materialmente falando, precisa ser rica em sentimentos, com pessoas preparadas emocionalmente para lidar com as diferenças, pessoas experientes e acima de tudo, pessoas com alto grau de sensibilidade e a fim de gerar momentos de grande aprendizado.
Uma escola que prima pela experimentação científica , que se empenha em contar com profissionais competentes e que faz a diferença sempre, não pode passar por cima de sentimentos, de vivências , de oportunidades de fazer crescer .
Deve sim, encorajar seus alunos a externar seus medos e angústias , de mostrar a necessidade do espírito de cooperação , lealdade, dignidade e acima de tudo da compreensão, enfocando tudo isso como ponto importante para se viver em sociedade …
Gosto muito da mensagem passada por Érico Veríssimo no seu livro Olhai os lírios do campo, que diz:
” (…) saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.
Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços.
É indispensável que conquistemos este mundo, não com armas do ódio e da violência, e sim com as do amor e da persuasão.
Quando falo em conquista, quero dizer a conquista de uma situação digna para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação. Através do amor…”
Publicado em 01/01/2000
Rita de Cássia Rocha Soares Chardelli – Pedagoga, Bacharel em Educação Artística – Habilitação em Música, Bacharel em Comunicação Social e Pós Graduada em Psicopedagogia, Educação Infantil e Diretora da Escola João e Maria – Campos dos Goytacazes – RJ
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