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ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

Maria Flávia Ferreira

O serviço de orientação profissional tem por finalidade não só informar, mas, também guiar os indivíduos na escolha de uma profissão adequada às suas características pessoais e às necessidades do mercado de trabalho, para que este possa atingir sua meta de êxito profissional e obter satisfação pessoal.

Atualmente, a ocupação e o sucesso profissional é uma preocupação constante dos pais, uma vez que o mercado encontra-se cada vez mais competitivo. Em meados dos anos 60, o sujeito uma vez empregado, acomodava-se, obedecia a ordens não assumindo a responsabilidade pelo seu trabalho, pois ela era de seu chefe, e esperava ser promovido por tempo de serviço. 

Entre as décadas de 70 e 90, o grau de escolaridade era sua principal arma na luta por um emprego, bastava o sujeito ser portador de um diploma para encontrar seu lugar no mercado de trabalho.

Hoje, espera-se muito mais de um profissional, dinamismo e criatividade são essenciais; a obediência ao chefe, tão admirada anteriormente, passa a ser um defeito; o inglês, uma língua fundamental, assim como as noções de informática, indispensáveis nesse mundo globalizado. Diante de um mundo tão competitivo e tão dinâmico, em que novas especialidades profissionais e novas funções surgem a todo o momento, como orientar da melhor forma possível nossos filhos na escolha de uma profissão? Muitas vezes, os filhos acabam por escolher uma profissão que os pais ainda não conhecem, o mercado se amplia e inova muito rápido, e os pais ainda acabam sonhando com as profissões tradicionais – direito, medicina, engenharia – como garantia de sucesso profissional. O serviço de orientação profissional tem por finalidade não só informar, mas, também guiar os indivíduos na escolha de uma profissão adequada às suas características pessoais e às necessidades do mercado de trabalho, para que este possa atingir sua meta de êxito profissional e obter satisfação pessoal.

Encontramos atualmente, algumas propostas de orientação profissional. As mais utilizadas aqui no Brasil são:

a) A informação profissional: trata-se de um ciclo de conferências sobre diversas profissões. Muito utilizada pelas escolas, trata-se de uma técnica eficaz e válida como instrumento informativo, porém, com maior validade quando os adolescentes já têm um aprofundamento de suas características e interesses internos. Quando o adolescente ainda não possui um auto-conhecimento, corre-se o risco dele não comparecer aos eventos ou então não absorver a informação, pois não tem interesse nem motivação para recebê-la. Outro risco que se corre ao utilizar-nos somente dessa técnica é a do adolescente basear a sua escolha mais em critérios externos (mercado de trabalho, profissão da moda, mais lucrativa, etc) do que internos (interesses pessoais, habilidades, etc). A escolha feita através desses critérios pode se tornar insatisfatória com o tempo por não ter sido considerado o interesse pessoal, podendo levar o jovem a querer repensar sua escolha após o ingresso na faculdade. 

 
b) O diagnóstico vocacional com testes psicológicos: trata-se de uma bateria de testes com o objetivo de avaliar capacidade intelectual, aptidões específicas, estrutura e dinâmica da personalidade, interesses profissionais e valores. Essa técnica não envolve o adolescente no processo de decisão, ele fica num lugar passivo, pois espera que os testes possam funcionar magicamente como “bola de cristal”, identificando o interior das pessoas; também não auxilia o adolescente a elaborar conflitos, ansiedades e medos vinculados à situação de escolha. Corre-se o risco de que o jovem acate a indicação do orientador como um veredicto final, sem tomar consciência nem questionar-se da escolha. Os testes podem nos oferecer “pistas”, porém dependem da qualidade das informações oferecidas pelo adolescente.
c) A modalidade clínica de orientação profissional: caracteriza-se pela participação dinâmica do adolescente no processo de decisão da carreira. Seu objetivo principal é ajudar o adolescente a elaborar sua identidade vocacional-ocupacional e mobilizar sua capacidade de decisão. O psicólogo ocupa o lugar de orientador e facilitador do processo. Trata-se de um trabalho que visa aprofundar o conhecimento pessoal, resolver conflitos que estejam impedindo a tomada de decisão e a interpretação correta da realidade socioeconômica e cultural, possibilitando a correção de imagens profissionais idealizadas, fantasiadas, distorcidas. O principal instrumento dessa modalidade é a entrevista, porém pode-se incluir a aplicação de testes ou técnicas psicológicas. São utilizados também recursos para a coleta de informações sobre a realidade profissional: entrevistas com profissionais ou estudantes, visitas a universidades e locais de trabalho, etc. Ela divide-se em três etapas: 
  • conhecimento e aprofundamento de características, conflitos e interesses internos do adolescente;

  • conhecimento e aprofundamento de fatores externos, como mercado de trabalho, profissões atuais, etc;
  • integração dos fatores internos e externos para uma tomada de decisão profissional mais adequadas à realidade interna e externa do adolescente.

Nem todos os adolescentes, ao final do processo chegam a uma definição, pois isso depende da etapa do processo em que o adolescente encontra-se no início da OVP, da maturidade dele para decidir, da estrutura da personalidade e dos conflitos internos envolvidos no processo de decisão. Esta modalidade propicia uma aprendizagem do processo de decisão, aprendizagem essa, útil para futuras decisões na vida. Pode-se realizar esse tipo de orientação individualmente ou em grupo. A vantagem do grupo é que o adolescente pode vivenciar e compartilhar experiências com seus pares. Ele aprende a pensar, a observar, a escutar, a analisar e a relacionar suas opiniões, admitir que outras pessoas possam agir e pensar de maneira distinta, a formular hipóteses, a reavaliar a dimensão de seus problemas e finalmente, a trabalhar em grupo.



Finalmente, a abordagem de modelo clínico usufrui as vantagens e livra-se das desvantagens apresentadas dos outros modelos de orientação profissional, pois tanto os testes psicológicos como a informação, se constituem como elementos importantes desde que se respeite as características e limitações impostas pelas próprias técnicas. 

É pertinente lembrarmos, que a orientação de carreira nem sempre ocorre na adolescência, na escolha por uma universidade, ela pode se fazer necessária a qualquer momento da vida; podemos realizá-la para a escolha de um colegial técnico ou em adultos que querem repensar na escolha profissional que fizeram (ou que não puderam fazer) no passado. 

É importante respeitarmos o tempo, o ritmo e as limitações de cada indivíduo. 

Publicado em 01/01/2000


Maria Flávia Ferreira – Psicóloga, Psicanalista pelo Instituto Sedes Sapientiae, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, Professora de Psicologia do Desenvolvimento e Supervisora de Orientação Vocacional e Psicoterapia da UNISA-SP., Supervisora de Psicodiagnóstico da UNI-A. CRP – 06/17127
Lemos,C. e Ferreira, M.F.– Geração Zapping e Escolha Profissional. Em Orientação Vocacional: Algumas Reflexões teóricas, técnicas e práticas , Vetor, S.P., 2004 (no prelo).

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