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Artigo Entrid 227

admin37109
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A INTERNET E O LIVRO

Diorindo Lopes Júnior

Se for possível visitar o acervo de milhares de bibliotecas no mundo inteiro, por que então comprar livros?

As transformações provocadas pela Internet são notórias e ocorrem em uma velocidade tal que não passa um único dia em que não nos deparemos com alguma novidade que, em semanas, serão velharias antiquadas relegadas ao esquecimento. Contudo, nem todas as novidades conseguiram desmontar algumas ‘instituições’. 



No começo de sua “popularização”, coisa de cinco ou seis anos, falou-se que a velocidade em tempo real da Internet faria desaparecer centenas ou mesmo milhares de jornais – o que não aconteceu, em absoluto. Ao contrário, e para ficarmos exclusivamente no Brasil, a cada dia que passa mais e mais jornais e revistas abrem suas páginas eletrônicas, comercializam-nas e ainda incrementam vendas e propaganda em suas edições impressas. 



Coisa parecida se falou dos livros. Se for possível ter uma biblioteca completa em um ou dois CDs-Rom, por que então continuar acumulando lombadas e lombadas em prateleiras que só fazem juntar poeira e traças? Se for possível visitar o acervo de milhares de bibliotecas no mundo inteiro, por que então comprar livros?



Simples: livros têm cheiro, podem ser manuseados de todos os jeitos e formas, bota-se debaixo do braço e lê-se em qualquer lugar, dá para sublinhar frases que julgamos interessantes, pode-se emprestar e pedir emprestado, pode-se também pedir ao autor que o autografe, etc. Tente levar um laptop ao banheiro ou a um parque, ou tente “lê-lo” num ônibus. Virar a página de um livro é um gesto mecânico, não quebra a concentração como se quebra ao teclar um comando, digitá-lo. 



Livrarias reais têm aberto suas páginas na Rede e comercializam seus produtos, bem como a maioria das editoras, que fazem o mesmo (a preços idênticos aos das livrarias, o que significa um ganho de 40% extra em cada exemplar vendido) e dezenas de livrarias virtuais vêm surgindo nos últimos meses, algo que, no Brasil, que tem pouco mais de 800 livrarias em todo o território (soube outro dia que só Bueno Aires tem isso…), é um acontecimento merecedor de todos os elogios e comemorações, principalmente porque indica que o índice de leitura está crescendo no país, multidões que residem em municípios que não possuem livrarias estão podendo acompanhar as novidades literárias praticamente em tempo real, e a indústria editorial está obtendo expressivos ganhos financeiros – ou alguém acredita que tais empresas investiriam recursos no comércio eletrônico se o retorno não valesse muito a pena…?



Há séculos vivemos ouvindo que o Brasil é um país que pouco lê. Acredita-se que menos de 15% da população consuma mais do que singelos dois livros/ano. Um coeficiente muito modesto, realmente, mas é fato que a Internet, ainda que timidamente, está contribuindo, em muito, para que o Livro passe a conviver mais e mais com o dia-a-dia dos cidadãos brasileiros. 



Como saber ler leva a gostar de ler, e gostar de ler conduz ao vício da leitura, escrever direito é um passo muito curto e favorece um outro caminho oferecido pela Rede: comunicar-se e expressar-se com o planeta – não importa a idade.



A isto se chama o princípio da Educação.

Publicado em 01/01/2000


Diorindo Lopes Júnior – jornalista e autor dos juvenis O Sol em Capricórnio (Atual Editora) e Cesta de 3 (Alis Editora), este indicado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) como “Leitura Altamente Recomendada”, em 1999

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