APRENDIZAGEM E QUALIDADE DE VIDA
Renata Lazzarini Monaco
E como ficam os analfabetos? Como eles conseguem sobreviver nesse mundo letrado?
Jornais, textos, cartas, livros, receitas, músicas, poesias, teatro, pintura,
… enfim, recursos fundamentais para dar possibilidade a qualquer ser humano de
fazer uma leitura analítica do mundo.
E como ficam os analfabetos? Como eles conseguem sobreviver nesse mundo letrado?
Foi a partir da constatação da dificuldade encontrada pelos funcionários
analfabetos (tanto absolutos, como funcionais) que a Usina Santa Cruz, empresa
produtora de açúcar e álcool resolveu investir nesses indivíduos.
Mas por que tanta bondade?
Esses funcionários, apesar da condição de analfabetos, dominavam o processo
de produção, pelo menos a parte que lhes competia e esse conhecimento,
normalmente é adquirido com a prática, pois não existe escola preparatória
para isso. Então, surgiu a possibilidade de alfabetizar esses funcionários
para assim poderem ser mantidos na empresa que vem se modernizando e
incorporando cada vez mais a comunicação escrita como ferramenta de trabalho.
Esse Projeto de Alfabetização é desenvolvido em horário de trabalho, onde o
funcionário se desloca de seu posto de serviço para passar 1h30m na escola,
que existe dentro da própria empresa. É pouco tempo? É, mas é possível
fazer um bom trabalho.
A alegria desses adultos, que têm em média 40 anos, é indescritível. Foi um
sonho abandonado lá na infância, tempo já bastante distante, que pôde ser
recuperado. Quanta gratidão por essa oportunidade!
O primeiro passo desse trabalho foi investir na auto-estima desses indivíduos,
que por conta da condição de analfabetos, encontrava-se bastante rebaixada.
Esse trabalho pôde mostrar-lhes que são capazes, sim, que têm potencial para
aprender, sim… E quanta vontade! Quanto esforço! Ingredientes presentes
diariamente na sala de aula. Motivação é que não falta! Que prazer eles
demonstram por poderem estar novamente sentados em cadeiras, aprendendo a ler e
escrever para desvendarem melhor o mundo.
A princípio, cabisbaixos, quase mudos, cheios de medo, preocupados com o próprio
desempenho. Hoje? Com a cabeça erguida discutem, polemizam os assuntos
propostos, trazem notícias para serem comentadas, questionam, lutam pelos seus
direitos…
Milagre? Não! Um trabalho realmente voltado para recuperar junto a cada indivíduo
a importância dele ser sujeito de sua própria história.
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Publicado em 01/01/2000
Renata Lazzarini Monaco – Pedagoga formada pela Unicamp, com especialização em Psicopedagogia na Uniara, coordenadora do Projeto de Alfabetização de Adultos da Usina Santa Cruz
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