REFLETINDO SOBRE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
João Alfredo Carrara
Na atualidade, vivemos num mundo sem fronteiras para as comunicações; enfrentamos constantes mudanças, deparamo-nos com novas tecnologias, tendências, demandas e desafios que nos levam a buscar soluções criativas para diferenciadas situações. Quando superamos um paradigma, novos surgem e nos mostram que sempre temos o que aprender.
Jussara Hoffmann (2001) nos coloca que “somos o que sabemos em múltiplas dimensões. Não há como separar o que sentimos das teorias defendidas e das ações que empreendemos. O essencial em avaliação é resgatar os valores que nos tornam humano”. E, então, com todo esse imediatismo que pede o século XXI, com as relações superficiais que vivemos, com essa grande demanda pela EaD: como é possível esse resgate, principalmente no que tange à avaliação da aprendizagem?
Se é por meio do que somos e sentimos que fazemos a interpretação dos registros de nossos alunos, o grande desafio é como isso pode ser feito na Educação a Distância.
Mais uma vez, a avaliação vem como ‘o calcanhar de Aquiles’ na educação. Se defendemos a democratização da educação com o avanço da EaD, não podemos e não devemos correr o risco de não favorecer um processo avaliativo que não seja inclusivo, que não acompanhe o desenvolvimento do aluno – nos seus aspectos cognitivos, afetivos e morais. Temos de olhar a avaliação como um projeto de futuro, nos perguntando sempre: o que vamos fazer agora?
Certamente nossas ações avaliativas deverão ser diferentes. Não se pode cobrar o ‘b-a-bá’. O óbvio sim, mas com critérios que possam ir além dele. Exigir posicionamento crítico-investigativo seria uma boa saída. Mas isso basta?
Temos o dever de trabalhar valores significativos, possibilitando a construção do senso ético; e a avaliação é um momento apropriado para isso. A proposta de atividades que desenvolvam essas características tem de estar dentro do projeto de trabalho do designer educacional. Este, detentor da arquitetura educacional na EaD, tem de ter a sensibilidade para promover a ação-reflexão, a justiça e a solidariedade: três atributos essenciais e inerentes ao processo avaliativo.
E aí, outra questão: se a escola passa a ter outros significados – vida, movimento e ponto de encontro, as TIC’s têm que garantir que essa ressignificação ocorra nos ambientes virtuais, nas atividades assíncronas e síncronas. E nós, educadores neste novo momento da educação à distância, temos a obrigação de fazer com que isso ocorra. Esse movimento deverá favorecer os processos de análise, de investigação e de observação. É preciso que reconheçamos a multidimensionalidade do conceito. É preciso comentar e rever com o aprendiz quais objetivos ele ainda não alcançou, o que fazer e que rumo tomar. Eis aí, o grande desafio do professor-tutor – se fazer presente, pertinente, paciente – mesmo à distância!
Temos que compreender e, sobretudo, valorizar os diferentes jeitos de aprender, de sentir e de viver; mediar percursos individuais em tempo e em dimensões de qualidade; quanto à dinâmica da aprendizagem e à multiplicidade curricular, solicitando atividades sequenciais, gradativas, complementares, com coerência, precisão e riqueza de conhecimentos. Não podemos nos esquecer que temos agora novos paradigmas. Que o objetivo é daquele que ensina (e aprende ao ensinar) e o alcance daquele que aprende (e ensina ao aprender). A regra é outra! Eis o grande desafio das avaliações na EaD.
Por isso mesmo, o professor-tutor (mediador) deve ser o agente promotor, articulador entre os membros do grupo e deste com outros grupos. O educador deve ser organizador das situações da aprendizagem.
Finalizando… Temos de ver como Terezinha Rios nos coloca: “é a reflexão que nos fará ver a consistência até de nossa própria conceituação, e que, articulada à nossa ação, estará permanentemente transformando o processo educativo, em busca de uma significação mais profunda para a vida e para o trabalho”.
Publicado em 06/07/2012
João Alfredo Carrara – Diretor Pedagógico do Colégio COC Bauru/SP; Professor Pesquisador da
Anhanguera Educacional Ltda
Especialista em Gestão Escolar; Mestre em Ciências Biológicas; Doutor em Biologia Geral e Aplicada.
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