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A PSICOPEDAGOGIA DA AUTO-AJUDA Magda Maria Dantas Calíope Sobreira
Há um problema sério de aprendizagem, humano. É quando não se consegue articular as dificuldades afetivas e psicológicas com as capacidades cognitivas. Quando isso ocorre, como é possível mobilizar esforços pessoais em direção a um objetivo que não se consegue estabelecer coerentemente? A princípio parece-nos fácil lidar com pessoas, mostrar-lhes os defeitos, apontar-lhes as fraquezas, para então direcioná-las a irem além de suas expectativas, dos muros de vidro que as protegem de si mesmas e do mundo hostil á sua volta. Mas parece sábio, também, aprender a percorrer os seus caminhos para poder entendê-las verdadeiramente e, então, ajudá-las, utilizando-se de suas próprias fraquezas e dificuldades, como instrumentos de autoconhecimento e reflexão sobre suas reais e potenciais possibilidades. O que precisamos ter em mente são as nossas potencialidades e procurar construir objetivos específicos para desenvolver o máximo possível de cada uma delas. Mas como nascem os objetivos? Como construímos objetivos para nossas vidas? Será que eles surgem do nada e nos guiam e impulsionam para um caminho determinado, orientando-se apenas pelos nossos sonhos, conhecimentos ou habilidades? E se não há sonhos, tampouco habilidades ou talentos naturais, o que fazer? Decerto desesperar-se ou cruzar os braços para a vida e deixar-se levar pelas limitações e dificuldades? Ou talvez buscar na dor e na impotência, a solução melhor para lidar com essas aparentes impossibilidades diante da vida? O fato é que precisamos reaprender a viver a nossa realidade, ou reconstruí-la com novas aprendizagens, mais dinâmicas, arrojadas e criativas. Buscar pistas que nos levem a trilhar caminhos novos, mais eficientes e assertivos, mais obstinados. Tudo se resume numa questão de aprendizagem. E aprender, é assim tão fácil? Não amedronta, não exige nada em troca, e nada cobra de nós? Por que será então que sentimos tantas dificuldades em aprender, às vezes, coisas que nos parecem simples e óbvias, como amar ou viver, por exemplo, se viver é só estar vivo, existir para si e para o mundo e pertencer a ele, como parte da sua existência de mundo que sempre existiu? Já percebemos que não é tão simples a resposta á essas perguntas. Não por que não tenhamos respostas, mas porque talvez não saibamos discernir a resposta certa. E tudo acaba convergindo para a nossa natureza de aprendiz. Resta-nos a dor silenciosa dos erros cometidos, no interior de nossas almas e nas nossas mentes racionais. Uma dor contida e calada que remove doces lembranças e esperanças acalentadas, expulsando-as com um desespero infantil de quem quebrou ou perdeu o seu brinquedo mais precioso. O amigo invisível que nos acolheu nos momentos difíceis e inesperados, quando a solidão e o medo nos assombravam. Uma dor igual a dor de tantos e com o mesmo gosto amargo e intragável. Mas é na sabedoria desse aprendizado da dor que renascemos e reaprendemos a viver. Preciso é que se faça da dor silenciosa e contida, um instrumento necessário e um recurso de grande valia para grandes e perfeitas aprendizagens de vida. Mas como desenvolver esse processo de revitalização do “ser”, da reabilitação das suas capacidades? Primeiro, buscando em si mesmo, no seu desejo de mudança, na coragem de se transformar em alguém novo, através da sua força interior. Depois, desvelando-se para o outro, na pessoa de um amigo, um ouvinte atento e sensível às suas necessidades. Esse é o primeiro passo para o reprocessamento de aprendizagens estagnadas ou defeituosas. A Psicopedagogia da Auto-ajuda nos mostra esse caminho, uma nova opção no enfrentamento das nossas dificuldades. Um diálogo franco e aberto com os nossos medos e deficiências, através de um trabalho contínuo com nossas perdas e ganhos no jogo da vida. A Psicopedagogia da Auto-ajuda é um exercício diário com as nossas aprendizagens internas e externas, através da auto-escuta da nossa fala, dos nossos discursos internos e externos diante do outro, alguém que nos olha e que nos enxerga com a mente e ainda mais com o coração. Por que não buscar esse olhar atento e amigo, um olhar que não extrapola os limites da nossa privacidade, mas que nos invada sem que nos sintamos explorados e vasculhados nas nossas intimidades, nos deixando a sensação de estarmos sendo libertos de todos os grilhões que nos atormentam por dentro, nas entranhas da nossa consciência entorpecida pelo medo, constrangimento e vergonha de não conseguir aprender a “ser”melhor e mais sábio? Nada há que nos impeça e nos afaste desse olhar se dele precisamos para restabelecer o processo de aprendizagem contínuo que move nossas vidas. Em algum lugar existe um alguém que nos espera ansioso por nos enxergar como somos, mas também como poderemos “ser”.
Publicado em 07/10/2010 10:06:00 Magda Maria Dantas Calíope Sobreira – Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, na UVA (Fortaleza), LETRAS (UFC)
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