DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM À ESPERA DE UM DIAGNÓSTICO
Cláudia Amélia de Araújo Raposo e Eunice Barros Ferreira Bertoso
Learning difficulties waiting for a diagnnoses
RESUMO
Ao observar-se a complexidade que envolve a conclusão de um diagnóstico clínico psicopedagógico no atendimento a uma criança que apresentou um diagnóstico multicausal.
Este estudo, objetivou verificar a visão que os psicopedagogos apresentam sobre o diagnóstico psicopedagógico, técnicas utilizadas, recursos para atualização dos conhecimentos, sugestões e dificuldades encontradas.
De acordo com o trabalho realizado constatou-se que os profissionais pesquisados vêem no diagnóstico o identificador da dificuldade apresentada considerando as variáveis que podem influenciar o desempenho do paciente. Utilizam a maioria dos testes propostos da área, como também acompanham os profissionais da escola e família, estes recorrem à supervisão e estudos em seu trabalho e sugerem em sua maioria que este é o melhor caminho para a conclusão de um diagnóstico.
Quando questionados sobre as maiores dificuldades encontradas apontaram: problemas de aceitação da família quanto ao diagnóstico , multicausalidades das dificuldades e a falta de embasamento bibliográfico.
Foi observado no decorrer do estudo que os profissionais tendem a se fixar nos sintomas e na busca de sua origem. Não há duvidas de que este deve ser um dos objetivos a serem alcançados, porém, o estudo apresenta a necessidade de se permitir aflorar a sensibilidade no profissional para que este alcance a “essência” do paciente e a partir deste encontro trabalhar com as técnicas e recursos que cada caso demanda.
Palavras chave: Diagnóstico. Dificuldades de Aprendizagem. Técnicas diagnósticas. Trabalho multiprofissional. Multicausalidades. Sensibilidade.
ABSTRACT
Observing the complexity that involves the conclusion of a psychopedagogical diagnosis, in the attendance of a child that presented in her case multicausalities, this study objetified investigating through 40 psychopedagogists of the South zone of São Paulo State which vision those people possess about psychopedagogical diagnosis, techniques utilized, ways of updating in the area, suggestions and difficulties found.
According to the work accomplished, it was verified that the professionals searched see in the diagnosis the identification of the difficulty presented considering the variables that can influence the patient’s performance. They utilize most of the tests proposed of the area, as well as they follow the school professionals and family. These professionals appeal to supervision and studies in their work, and most of them suggest that this is the best way for the conclusion of a diagnosis.
When they were questioned about the difficulties found, one verifies that we find problems of acceptance of the family when the diagnosis is informed, multicausalities and bibliographic support.
During the study time, it was observed that the professionals tend to fix on the symptoms and in the search of its origin. There is no doubt that this must be the objective to be reached, but the study presents the need of permitting that the sensibility emerge in the professional so that he reaches the patient’s essence, and from this meeting on he should work with the techniques and resources that this patient really needs.
KEY WORDS: Diagnosis, Learning Difficulties, Diagnostic Techniques, Multiprofessional Work, Multicausalities, Sensibility.
INTRODUÇÃO
Quando falamos em dificuldades de aprendizagem pensamos em “algo” que incapacita um indivíduo de se desenvolver normalmente em seu processo de desenvolvimento. Porém este “algo” pode apresentar-se de maneira clara, camuflada ou ainda, não apresentar-se.
A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos naturais e espontâneos na nossa espécie e, se não estão ocorrendo, certamente existe uma razão, pois uma lei da natureza está sendo contrariada.1
De acordo com o Minidicionário da Língua Portuguesa Aprender significa: Tomar conhecimento de; ficar sabendo; reter na memória; estudar; instruir-se.2
Quando o aprender apresenta limitações na vida de um indivíduo, busca-se saber o porquê, para que providências possam ser tomadas, amenizando ou resolvendo assim o problema.
Ao buscar-se um conceito para dificuldades de aprendizagem encontramos desde já sua complexidade, pois em mais de uma definição encontrada vê-se a amplitude deste assunto.
De acordo com Grigorenko, Sternemberg, dificuldade de aprendizagem significa um distúrbio em um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos no entendimento ou no uso da linguagem, falada ou escrita, que pode se manifestar em uma aptidão imperfeita para ouvir, pensar, falar, ler, escrever, soletrar ou realizar cálculos matemáticos.3
Já para Smith, Strick, dificuldades de aprendizagem são problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar informações.4
Temos nas dificuldades de aprendizagem uma ampla gama de motivos que podem lhes justificar, desde questões emocionais, orgânicas, sociais, familiares e outros; que podem variar em gravidade e tipologia.
A identificação das causas dos problemas de aprendizagem escolar requer uma intervenção especializada.1 Para ir em busca dos motivos ou motivo que desencadeia(m) dificuldade(s) em um indivíduo temos o trabalho psicopedagógico que de acordo com Bossa: Os psicopedagogos são profissionais preparados para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento dos problemas de aprendizagem escolar.1
Vê-se assim que as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos indivíduos no transcorrer do tempo passou a receber um olhar mais atento objetivando seu diagnóstico e tratamento.
Como dito anteriormente a amplitude de motivos e tipos de dificuldades apresenta-se de forma vasta, onde se passou a classificar os problemas de acordo com suas características particulares.
Realizaram-se múltiplos estudos interdisciplinares a partir de diversas disciplinas, na busca das possíveis disfunções de base. Afirmava-se terem sido identificadas essas supostas disfunções e ressaltava-se a área problema.
Se a dificuldade estivesse centrada na leitura, denominavam-se esses transtornos de dislexia; se a dificuldade estivesse na linguagem, denominava-se disfasia, enquanto que, se tratássemos da escrita, denominavam-se disgrafias, assim como, se a área problema fosse a matemática chamavam-se discalculias. Disfasia quando uma criança não desenvolve a linguagem adequadamente ou de dispraxia quando houver alguma dificuldade no desenvolvimento das praxias. Afasia infantil quando uma criança perde a linguagem uma vez iniciado o processo do desenvolvimento da mesma. Assim como conseqüência de um acidente, uma criança ou um adulto apresenta dificuldades na leitura ou na escrita, por lesão cerebral, falaríamos de alexia ou agrafia, respectivamente.5
Observa-se a utilização do prefixo dis- que é utilizado ao tratar de problemas de desenvolvimento ou deficiência do mesmo ou de não aprendizagem.
Terminologias à parte temos ainda dificuldades de aprendizagem que se originam de problemas emocionais ou de transtornos como:
TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção – Hiperatividade.
De acordo com Teixeira é um transtorno de desenvolvimento do autocontrole que consiste em problemas com os períodos de atenção, com o controle do impulso e com o nível de atividade.6
Temos também as dificuldades oriundas de problemas psicomotores. A criança, cujo desenvolvimento psicomotor é mal constituído, poderá apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de letras (Ex.: b/d) na ordenação de sílabas, na abstração (matemática) na análise gramatical, entre outras.7 O ambiente familiar, contexto social em que a criança encontra-se também pode influenciar nas condições de aprendizagem e surgimento de possíveis dificuldades.
Ao falar-se em tipos de dificuldades de aprendizagem, somos levados a uma gama de motivos que podem gerar o problema.
De acordo com Smith a identificação precisa dos problemas de aprendizagem de uma criança envolve uma avaliação abrangente.4
Esta avaliação abrangente requer do psicopedagogo uma dedicação ímpar no período diagnóstico do problema apresentado para assim obter o seu motivo gerador.
Temos nesta fase do trabalho psicopedagógico o grande desafio de encontrar em uma gama de fatores o “motivo” ou o “porque” do problema apresentado.
Neste período o olhar, o estar, o vivenciar do psicopedagogo junto ao indivíduo, serão seus grandes aliados entre técnicas e instrumentos.
Temos como contribuições destas técnicas e ações:Queixa Livre – É nesta primeira etapa que o psicopedagogo tem o primeiro contato com a família, onde se apresenta a queixa dos motivos deste estar procurando o atendimento psicopedagógico.
Conforme Weiss é a partir dessas falas que levantamos as primeiras hipóteses. Analisando o que é dito e que vamos perceber se existirá um entrave na aprendizagem ou se o paciente aprende, mas se ocorre obstrução, impedimento na hora em que ele necessita mostrar o que já sabe, o que já aprendeu, como no caso de exercícios, testes e provas.8
Anamnese – A história de vida do paciente através de sua reconstrução trás dados que quando apreendidos indicam o caminho da instalação das dificuldades. Conforme Andrade dois momentos importantes deverão ser considerados: as circunstâncias pré-natais e neonatais.9
Momento Lúdico – O momento lúdico compõe-se de permitir ao paciente brincar e construir um espaço de experimentação, onde temos uma transição entre o mundo interno e externo.
Conforme Weiss no diagnóstico o uso de situações lúdicas é mais uma possibilidade de se compreender, basicamente, o funcionamento dos processos cognitivos e afetivo-sociais em suas interferências mútuas, no modelo de aprendizagem do paciente.8
Provas e Técnicas Projetivas – Através destes testes o paciente projeta conteúdos inconscientes em nível concreto.
No trabalho psicopedagógico estes testes buscam identificar a modalidade de aprendizagem do paciente. Não se avalia apenas o produto final, mas a maneira como se deu a produção. Temos como testes projetivos: Desenho livre, Par educativo, Família Cinética e outros.
Diagnóstico Operatório – A ordem apresentada na maioria dos trabalhos sobre o assunto é a seguinte: Conservação: pequenos conjuntos discretos, quantidade de líquido e matéria, superfície, peso e volume. Classificação: dicotomia ou mudança de critério, inclusão e intersecção. Seriação.8
É preciso analisar as estruturas do pensamento e relacionar esse funcionamento com o modelo de aprendizagem do paciente comparando às exigências da escola freqüentada pelo mesmo.
Avaliação da Lecto Escrita é a apresentação de textos a serem lidos e interpretados e ditado de palavras.
Avaliação psicomotora é através de testes avalia-se o paciente no que tange: coordenação e equilíbrio, esquema corporal, lateralidade, orientação espacial e orientação temporal.
Visita a Escola é neste momento que se ouve a escola e suas ansiedades quanto às dificuldades apresentadas pelo paciente. Através da escuta e questionamentos deve-se somar a outros momentos investigativos informações que contribuam para a conclusão diagnóstica.
É essencial que o psicopedagogo tenha em mente essa demanda e estabeleça com o professor uma relação de troca. Ele tem muito a contribuir no diagnóstico psicopedagógico e é personagem fundamental no processo de intervenção.1
O uso do genograma tanto com famílias como com pacientes individuais, em nossa prática clínica, demonstrou ser um instrumento de grande eficácia que pode, ao mesmo tempo, ser uma descoberta agradável, satisfatória e instigante, mas também revelar repetições e acontecimentos de grande impacto emocional.9
Juntamente com o genograma, a Linha do Tempo Familiar auxilia na organização da história de vida do paciente, de acordo com o tempo de acontecimentos e fatos marcantes que muito pode contribuir na detectação de traumas ou problemas transcorridos no decorrer do desenvolvimento do paciente.
Quando os membros de uma família relatam sua história como grupo, eles lembram conscientemente alguns acontecimentos passados, certamente importantes e gravados por eles na memória, mas esquecem também alguns episódios e ocultam outros possivelmente não menos importantes.9
No atendimento à criança “W” , oito anos, encaminhado pela escola apresentado a princípio problemas de lecto-escrita e falta de atenção, observou-se durante todo o processo diagnóstico que os problemas apresentados eram apenas uma “fagulha em meio à fogueira” .
Problemas emocionais, orgânicos, cognitivos e sugestiva dislexia proposta em consultas anteriores com psicopedagogo, passaram a formar um emaranhado de informações que me levou a questionar este período diagnóstico e sua complexidade gerada por multicausalidades resultando em dificuldades na conclusão diagnóstica.
Busca-se assim investigar através de outros profissionais, suas formas de atuar em clínica no período diagnóstico, verificar as dificuldades encontradas neste período e buscar formas de amenizar dúvidas geradas por uma gama de problemas que resultam no sintoma.
MÉTODO
A pesquisa foi realizada buscando atender os objetivos de forma exploratória, tendo como fontes de informação a bibliografia pesquisada, se apresentando como pesquisa quantitativa segundo os procedimentos de coleta: bibliográfica e participativa.
Os sujeitos foram selecionados a partir da disponibilidade de tempo e aceitação de participação na pesquisa.
O instrumento de pesquisa quantitativa escolhido foi o questionário com questões abertas e fechadas, contendo 10 questões (anexo) que foram entregues aos psicopedagogos que atuam em 20 clínicas particulares da zona sul de São Paulo, após a devolutiva do parecer do comitê de ética.
Foram escolhidos 40 psicopedagogos que atuam na área clinica na zona sul da cidade de São Paulo, sendo que destes 70% apresentam tempo de experiência profissional entre 0 a 3 anos, 15% apresentam de 4 a 7 anos, 5% de 8 a 11 anos, 5% de 12 a 15 anos e 5% acima de 15 anos de experiência profissional.
Dos 40 sujeitos, 65% concluíram a especialização em Psicopedagogia Clínica entre 0 e 2 anos, 25% entre 2 e 5 anos e 10% entre 9 e 11 anos.
Destes no ano de 2009, 60% participaram de eventos na área, 35% não participaram de nenhum evento e 5% não se colocaram frente à questão.
Dos que responderam afirmativamente temos: 5% participaram de cursos e congressos, 5% de congressos e simpósios, 5% congressos, simpósios, cursos e oficinas, 15% apenas congressos, 5% apenas simpósios, 20% cursos e 5% outros.
RESULTADOS
O questionário proposto visou atender aos objetivos do trabalho verificando com os profissionais vários aspectos que envolvem o período diagnóstico e que visam alcançá-lo. Aspectos que englobam desde a visão do psicopedagogo como profissional e sua eficiência, quanto ao que tange o diagnóstico psicopedagógico, como também técnicas utilizadas, apoio ao trabalho realizado o que sugere e principais dificuldades.
Assim temos os seguintes resultados:
DISCUSSÃO
O objetivo do presente trabalho foi investigar as dificuldades encontradas por psicopedagogos para chegar a uma conclusão diagnóstica buscando identificar formas de amenizar dúvidas existentes neste processo e assim formular ações que visem uma melhor orientação nesta primeira etapa do trabalho psicopedagógico.
Pesquisou-se um grupo de 40 piscopedagogos sendo que destes 70% apresentam tempo de experiência profissional entre 0 a 3 anos, 65% concluíram a especialização em Psicopedagogia Clínica entre 0 e 2 anos, destes no ano de 2008, 60% participaram de eventos na área como congressos, simpósios, cursos e oficinas.
Encontramos uma significante parcela de profissionais iniciando a carreira de psicopedagogos que em sua maioria estão buscando acrescer ao que lhes foi administrado mais conhecimento e técnicas, isto traz-nos à luz uma importante questão, que um dos maiores aliados que podemos ter no período diagnóstico é além dos conhecimentos adquiridos a busca constante de atualização e informações.
Quando questionados sobre o que o profissional entende por diagnóstico psicopedagógico vemos que: 60% entendem por diagnóstico psicopedagógico o identificar uma dificuldade de aprendizagem considerando as variáveis que podem influenciar o desempenho do paciente. Assim temos o diagnóstico psicopedagógico assentado sobre diversos sujeitos e sistemas inter-relacionados.
Conforme Oliveira, identificar o sintoma, conhecer o contexto, referenciar uma construção histórica e discernir aspectos, características e relação que compõe o todo, configura-se no que chamamos de processo. Processo diferencia-se de uma ação pontual, pois se trata de uma seqüência de atuação, que tende a transformação de uma situação inicial.10
Portanto passamos a chamar o período diagnóstico em processo diagnóstico através do qual acompanhamos o paciente passo a passo adentrando em seu mundo social, acadêmico, físico e familiar.
Ao se questionar quais ações são tomadas no período diagnóstico, 45% utilizam: queixa-livre, anamnese, momento lúdico, provas e técnicas projetivas, avaliação da lecto-escrita, avaliação psicomotora, diagnóstico operatório, visita à escola, genograma, linha do tempo e 5% utilizam queixa-livre, anamnese, momento lúdico, provas e técnicas projetivas, avaliação da lecto-escrita, avaliação psicomotora, diagnóstico operatório, visita à escola, genograma, linha do tempo e outras.
O diagnóstico consiste na utilização de recursos, meios e processos técnicos com o objetivo de localizar, avaliar e analisar as situações de aprendizagem dos problemas e dificuldades do paciente, determinando suas causas, para que possam ser prevenidas e superadas.9
Temos uma média de 50% dos profissionais aplicando as técnicas diagnósticas usuais, como também o acompanhamento a escolas e até mesmo o uso do genograma e linha do tempo que trás à luz uma visão mais ampla do sujeito em seu contexto familiar.
Interessante observar que mesmo tendo-se tantas técnicas a serem utilizadas e ações a serem colocadas em prática constatou-se que quando questionados sobre o sentir-se preparados para elaborar um diagnóstico: 60% responderam que se sentem parcialmente preparados e 40% responderam que sim, sentem-se preparados.
Chegamos assim ao cerne de nossa pesquisa, o que falta? Se há tantos métodos e ações o que gera essa insegurança? Poderia ser este um tema para um outro trabalho, mas continuando nossa pesquisa perguntamos: Quando possuem dúvidas na conclusão diagnóstica, o que fazem? Tivemos como respostas de 40% consultam referências bibliográficas e a supervisão, 25% apenas buscam em referências bibliográficas amenizar suas duvidas e 20% buscam apenas na supervisão respostas para suas indagações.
Conforme Andrade, a situação do diagnóstico no processo de aprendizagem é, porém, mais complexa, uma vez que grande variedade de fatores entra em jogo, tanto no processo de aprendizagem como na adaptação escolar e ajustamento pessoal do paciente; poderíamos apontar fatores de ordem interna, físicos, intelectuais, emocionais e fatores externos diretamente ligados ao meio ambiente escolar e extra escolar.9
Para tanto se vê que é necessário mais…
Porém quando questionados a quais sugestões dariam para facilitar uma conclusão diagnóstica temos novamente 35% respondendo que buscariam em supervisão e referências bibliográficas, e somando outros grupos temos que 40% buscariam outros caminhos como trabalho lúdico, analisar criteriosamente o paciente a escola e família e a busca de um trabalho multidisciplinar.
Jogos são propostos como objetivo de coletar importantes informações sobre como o sujeito pensa. Para ir simultaneamente transformando o momento de jogo em um meio favorável à criação de situações que apresentem problemas a serem solucionados.11
Finalizando perguntou-se aos profissionais quais as maiores dificuldades encontradas no cotidiano: 35% – não responderam e somando outros dois grupos obtivemos a conscientização das famílias e multicausalidades.
Conclusão
No trabalho psicopedagógico temos no período diagnóstico a chave para alcançar a(s) causa(s) do(s) sintoma(s) apresentado(s) pelo sujeito.
Muitas são as técnicas e ações adotadas que levam o profissional a diagnosticar a(s) causa(s) do(s) sintoma(s), muitos são os eventos, cursos, oficinas que como vimos neste estudo à maioria dos profissionais buscam para atualizar-se.
Observou que mesmo com toda esta gama de instrumentos e ações a maioria dos profissionais pesquisados apresentam insegurança ao fechar um diagnóstico. Colocando-se como parcialmente preparados para a conclusão deste trabalho.
Este trabalho buscou durante todo o tempo responder a uma questão: como chegar de forma segura a um diagnóstico?
Aí esta a questão, quanta presunção a nossa de pensarmos que ao trabalharmos com seres humanos que apresentam dificuldades de aprendizagem podemos rotulá-los através de testes, jogos, dinâmicas, encaminhamentos, enfim através de técnicas e ações.
Estas podem sim em muito contribuir para que tenhamos um vislumbre do que se passa com o ser que está precisando de ajuda. Mas devemos tomar muito cuidado ao imaginar que estas técnicas e ações podem resolver a questão.
É importante ter-se clara a idéia de que o diagnóstico não pode apresentar a presunção de rotular um motivo das dificuldades apresentadas, mas sim, direcionar o profissional ao mundo do sujeito tendo a sensibilidade de enxergar o(s) motivo(s) de seu sofrimento.
Vimos durante o trabalho que o período diagnóstico faz parte de um processo no qual devemos vivenciar e interagir com um ser que apresenta um universo que passo a passo se abrirá na clínica e que até mesmo neste período poderá sofrer alterações.
Está no nosso olhar, está em buscar no ser que nos procura a sua essência, devemos utilizar todos os testes que se fizerem necessários de acordo com cada caso, buscar sempre nos atualizar através dos programas de capacitação, sempre contar com a supervisão, encontrar nas bibliografias mais e mais conhecimento, não deixar de procurar um terapeuta que acompanhe o psicopedagogo em sua vida, para que esta esteja em busca de um equilíbrio.
Visitar a escola, conhecer o professor, basearmos numa aliança: família / psicopedagogo/ escola, pois sem esta aliança o trabalho não tem condições de encontrar êxito. Não há dúvida que todos estes passos são imprescindíveis no processo diagnóstico.
Mas ao desenvolvermos esta pesquisa sentimos falta de algo que a autora encontrou em seu caminho com a criança “W”, disvenciliar-se do sintoma e centrar-se no eu do paciente. A partir deste ponto passei a me aproximar mais do “W” e menos de queixas e problemas.
Focar o “eu” do paciente, permiti-lo existir, sem colocar acima de tudo cronogramas a serem seguidos ou técnicas renovadoras. Permitir que na clínica o sujeito exista.
O caso de “W” trazia consigo multicausalidades e quando nos deparamos com estas devemos sim procurar ajuda com outros profissionais e aplicar testes e muito estudo, mas nada neste processo foi mais importante do que permitir “W” existir na clínica através de seus trabalhos, suas falas, seu silêncio, suas frustrações e ansiedades.
Devemos tomar cuidado com cronogramas já estipulados, tratar cada indivíduo como único pois cada um necessita de um programa a ser realizado, ele é único.
Este trabalho buscou responder a esta questão, e a resposta não reside somente nos vários instrumentos existentes , mas na competência técnica resultante da busca do conhecimento teórico aliados a sensibilidade e maturidade emocional do psicopedagogo que viabilizará que este explore a multiplicidade de aspectos pertencentes a cada situação.
Cabe ao psicopedagogo vivenciar de forma intensa o acompanhamento através de técnicas e embasamentos teórico que contemplem a particularidade de cada indivíduo que adentra os consultórios.
REFERÊNCIAS
1- Bossa NA. Dificuldades de Aprendizagem. O que são? Como tratá-las? – Porto Alegre: Artmed, 2000.
2- Minidicionário da Língua Portuguesa / Francisco da Silveira Bueno; Ed. rev. E atual. São Paulo: FTD.1996.
3- Grigorenko EL.; Sternberg RJ. Crianças Rotuladas – O que é Necessário Saber sobre as Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003.
4- Smith C.; Strick L. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z – Um Guia Completo para Pais e Educadores. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
5 – Garcia JN. Manual de Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre, Artmed:1998
6- Teixeira, VS. Compreendendo o TDAH – Como Lidar bem no Lar e na Escola. Disponível em: HTTP://tdah.com.br/paginas/gaetah/boletim 1htm Acesso em 13 ago.2008.
7 – Alves F. Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção. – Rio de Janeiro: Wak, 2007.
8- Weiss MLL. Psicopedagogia Clínica – Uma visão Diagnósticados Problemas de Aprendizagem Escolar. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
9- Andrade MS. Psicopedagogia Clínica. Manual de Aplicação Prática para Diagnóstico de Distúrbios de Aprendizagem. – SP: PCLU. 1998.
10- Oliveira MAC. Intervenção Psicopedagógica na escola. Curitiba: IESDE, 2004.
11- MACEDO, L. Aprender com Jogos e Situações-Problemas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
Publicado em 10/09/2010 12:31:00
Cláudia Amélia de Araújo Raposo e Eunice Barros Ferreira Bertoso –
Cláudia Amélia de Araújo Raposo: Pedagoga, especialista em Gestão Educacional e Docência do Ensino Superior, pós graduanda em psicopedagogia Clínica, Familiar e Institucional (UNASP/SP). E-mail: claudia.araujo.raposo@hotmail.com
Eunice barros ferreira bertoso: Pedagoga, psicopedagoga, mestre, docente, orientadora do UNASP/SP (Centro Universitário Adventista de São Paulo). Associada a Abpp, Seção São Paulo.
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