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APRENDIZAGEM E SEUS DESAFIOS

Simone dos Santos Antonio

RESUMO
ANTONIO, Simone dos Santos. Aprendizagem e seus desafios Artigo produção de conhecimento do curso de pós graduação em Psicopedagogia. Mogi Guaçu. FATEC – Faculdade de Tecnologia Internacional de Curitiba, 2009. Orientação da Profº. Regiane Banzzatto Bergamo.

O objetivo deste artigo é de compreender a atuação do psicopedagogo sobre a dificuldade de aprendizagem no estudo de caso apresentado, juntamente com as estratégias utilizadas para desenvolver o plano de trabalho psicopedagógico com crianças que sofrem do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Tal transtorno deve ser diagnosticado por uma equipe multidisciplinar, ou seja, professores, psicólogos, psicopedagogos e inclusive pelos pais. O docente precisa motivar seus alunos para que se sintam estimulados para o seu desenvolvimento, proporcionando um ambiente que conferir ao aluno criar, comparar, discutir e perguntar, ou seja, aplicar os conhecimentos. A intenção desse trabalho é proporcionar ao psicopedagogo, que tem um papel muito importante nesse processo de diagnostico e intervenção, o conhecimento de diversos transtornos de aprendizagem, juntamente com suas causas, sintomas e tratamentos, a fim de atuar precisamente nos problemas diagnosticados.

Palavras-chave: Psicopedagogo, aprendizagem, diagnóstico e TDAH.

INTRODUÇÃO
A psicopedagogia é uma área que prepara para educar e ensinar. Esse profissional é aquele que faz a intervenção, quando necessária, principalmente na educação infantil, tem um papel crucial nas soluções de problemas no processo de ensino-aprendizagem. Muitos alunos são reprovados no sistema escolar por apresentarem dificuldades de aprendizagem que não são diagnosticadas.

Dentre várias dificuldades de aprendizagem associadas ao insucesso da vida estudantil, o Transtorno Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) se destaca por estar relacionada com a desatenção e/ou agitação excessiva, que atrapalham no processo de aprendizagem.
Conforme ROHDE e HALPERN (2004) O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade tem sido cada vez mais reconhecido em nosso meio. Associa-se com comorbidades importantes e determina marcado prejuízo no funcionamento acadêmico e social de crianças e adolescentes afetados.
O TDAH é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.
O psicopedagogo atua como um facilitador, identificando, diagnosticando e intervindo na solução da dificuldade de aprendizagem encontrada na criança.

DESENVOLVIMENTO
Caso real: Levantamento do comportamento apresentado
Tiago de 9 anos, aluno do 4° ano do ensino fundamental, tem muita dificuldade de prestar atenção na aula, distrai-se facilmente com as coisas alheias ao que está fazendo e fica no “mundo da lua” quando a professora está ministrando a aula. Apresenta pouca paciência para estudar e fazer seus deveres, é muito agitado e inquieto. Demonstra grande capacidade para fazer “milhões” de coisas ao mesmo tempo. Seu desempenho acadêmico está sendo prejudicado por esses sintomas.
O Tiago desvia sua atenção com qualquer movimento, só se mantém concentrado quando está fazendo uma atividade estimulante e de seu interesse. Ele é considera como bagunceiro e na maioria das vezes é encaminhado para a diretoria, onde leva sempre uma bronca. Nas provas são visíveis os erros por distração.  Costuma esquecer recados ou material escolar, passando muitas vezes pela fama de esquecido.

Diagnóstico do caso
Tudo indica que Tiago sofre do transtorno do Déficit de atenção com hiperatividade, o TDAH, voltado à desatenção. É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas que aparece na infância e que provavelmente o acompanhará por toda a vida. Caracteriza-se pelos seguintes sintomas:
• Não prestar atenção ao que lhe é dito;
• Dificuldades em seguir regras e instruções;
• Desvia facilmente a atenção com outras atividades;
• Não gosta de atividades que exijam um esforço mental continuado;
• Não prestar atenção ao a detalhes;
• Tem dificuldade para se concentrar;
• Não termina o que começa;
• Distrai-se facilmente com coisas alheias ao que está fazendo;
• Esquece de compromissos e tarefas;
• Tarefas complexas tornam-se entendiantes e ficam esquecidas;
• Perde coisas importantes;
• Desorganizações e
• Dificuldade em fazer planejamento de curtos ou de longo prazo.

Segundo Machado (2009) “Para diagnosticar um caso de TDAH, é necessário que o indivíduo em questão apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e / ou seis dos sintomas de hiperatividade”.
Portanto, podemos perceber que o Tiago possui pelo menos seis das características de uma criança que sobre de TDAH – desatenção.
Machado (2009) acrescenta ainda que os sintomas devem ser observados por volta de seis meses e que sejam manifestados em pelo menos dois ambientes diferentes, por exemplo escola e casa. Sendo assim, vemos a necessidade de uma entrevista com a mãe de Tiago para verificar se existem relatos desses comportamentos em casa ou se são somente na escola.
No diagnóstico, é preciso estabelecer métodos e conceitos de maneira cuidadosa, o psicopedagogo é um profissional especializado para tal, onde colherá informações com os pais e professor, e também por uma observação clinica da criança.
O diagnóstico do TDAH (DDA) – Déficit de Atenção começa com uma extensa análise clínica, onde são analisadas as características cognitivas, comportamentais e emocionais relacionadas à presença ou não da desatenção, impulsividade, hiperatividade.
A partir daí, a depender das características do caso, o psicopedagogo pode solicitar outros testes e exames, desde exames físicos até avaliação cognitiva, neuropsicológica, comportamental e/ou emocional. O diagnóstico do TDAH não deve ser baseado exclusivamente em listas de sintomas. Há várias outras causas que podem mimetizar os sintomas do TDAH ou até mesmo ocorrerem simultaneamente a ele – o que é chamado de co-morbidade.
É necessário fazer um diagnostico diferencial, uma extensa análise clínica do caso, acompanhada sempre que necessário de instrumentos (testes) de avaliação cognitiva, psicológica, neuropsicológica, emocional e/ou  comportamental. Um bom diagnóstico é pré-requisito para o sucesso do tratamento. Somente um especialista poderá excluir outros problemas que podem mimetizar os sintomas de TDAH, como falta de atenção, hiperatividade física ou mental, impulsividade, falta de auto-controle, problemas com memória, organização, gerenciamento do tempo, etc.

Padula (2007) sugere cinco etapas para um bom diagnóstico, que podemos considerar para o caso do Tiago:
1. Comportamento se encaixa na definição;
2. Aplicação de um questionário para pais e professores;
3. Coleta de informações objetivas e científicas relativas ao  comportamento e às deficiências de habilidades;
4. Avaliação da criança em vários ambientes;
5. Considerar se os sintomas refletem ou não distúrbio.

Medidas de intervenção
Padula (2007) enumera algumas medidas de intervenção para o tratamento que a que podemos considerar para o caso do Tiago:
1. Atendimento psicopedagogico da criança e da família;
2. Cooperação e coerência entre escola e família;
3. Treinamento dos pais:
a. Compreender como a desatenção que afeta o filho;
b reconhecer a diferença entre desobediência e incompetência;
c. aprender a dar ordens positivas;
d. Promover o sucesso;
5. Uso de medicamentos (Somente por indicação de profissionais autorizados, salientando que psicopedagogos não possuem essa autonomia)

Apoio pedagógico / clínico indicado
Ao longo do desenvolvimento, o TDAH está associado com um risco aumentado de baixo desempenho escolar, repetência, expulsões e suspensões escolares, relações difíceis com familiares e colegas, desenvolvimento de ansiedade, depressão, baixa auto-estima, problemas de conduta e delinqüência, experimentação e abuso de drogas precoces, assim como dificuldades de relacionamento na vida adulta, no casamento e no trabalho.
Conforme o site www.dda-deficitdeatencao.com.br, recentemente, o subcomitê sobre TDAH da Academia Americana de Pediatria publicou diretrizes para o pediatra clínico sobre o tratamento do transtorno. Nessas diretrizes, são enfatizados cinco princípios básicos:
1) Estabelecer um programa de tratamento que reconheça o TDAH como uma condição crônica;
2) Os pais, a criança e a escola, deve especificar os objetivos a serem alcançados em termos de evolução do tratamento para guiar o manejo.
3) Deve sistematicamente prover um retorno para a criança com TDAH, monitorando objetivos propostos e eventos adversos através de informações obtidas com a criança, a família e a escola.

Critérios que deverão ser adotados pela escola
Segundo Rambaldi apud Rief (2001) algumas condições podem desencadear problemas para portadores de TDAH na sala de aula, tais como:
• Físicas: fatores internos como cansaço, fome, desconforto físico etc.
• Meio ambiente: barulho, posição da carteira, localização da sala, etc.
• Atividade ou evento específico: alguma coisa frustrante, tediosa, inesperada, superestimulante;
• Tempo específico: hora do dia, dia da semana;
• Demonstração de habilidade ou necessidade de atuação: no comportamento nas relações sociais na produção acadêmica
Um outro desconforto que pode ser gerado e que todos da instituição, principalmente a professora do Tiago precisar estar muito atenta e na questão que colegas do mesmo podem fazer brincadeiras desconfortáveis que estimulem para que o Tiago fique irritado e incomodado. Muitas vezes se recusando ir para a escola.
Segundo Rambaldi apud Rief (2001) esclarece que o professor deve procurar alterar essas condições, com o objetivo de prevenir problemas na sala de aula:
• Criar um ambiente “seguro”, reduzindo o medo e o stress;
• Estabelecer uma rotina previsível devido à dificuldade de se adaptarem;
• Ajustar os fatores ambientais (temperatura, iluminação, móveis, estímulos visuais etc.);
• As regras, limites e procedimentos a serem seguidos devem ser claramente definidos, ensinados e praticados;
• Estrutura as lições de modo a permitir participação ativa e resposta interessada;
• Proporcionar mais escolhas e opção a fim de provocar interesse e motivação;
• Proporcionar ritmo adequado;
• A supervisão deve ser freqüente;
• Aumentar as oportunidades de movimentação física;
• Ensinar estratégias de auto-controle (relaxamento, visualização, respiração profunda, resolução de problemas, auto-monitoramento);
• Utilizar as estratégias de “cantinho para pensar”, “tempo para se acalmar”, “pausa para descanso”, como medida preventiva;
• Trabalhar as dificuldades acadêmicas, sociais e comportamentais.
Rambaldi salienta que “a tendência de pais, professores e diretores de escola é entender o comportamento destas crianças como desobedientes e desinteressadas e insistirem a valorizar as melhores cabeças, valorizando no trabalho escolar apenas a transmissão do conhecimento e a produção do trabalho escrito, valorizando mais a quantidade em detrimento da qualidade”.
A escola no papel do professor, pode usar da ludicidade para ajudar a criança que sofre de TDAH à sentir-se melhor.
A presença da ludicidade no processo de ensino-aprendizagem é de fundamental importância, principalmente quando se trata de criança. Podemos dizer que ela envolve o universo da brincadeira, do jogo, do brinquedo e da própria atividade lúdia. (MARINHO, 2007)

Segundo Marinho et al (2007) a educação é um fator essencial para a existência humana, sendo assim foram estabelecidos os pilares da educação que se interligam para um mutuo comprometido entre professor e aluno. Não se deve esperar que a educação aconteça, compete aos educadores fazer com que ela aconteça.
Os autores acrescentam um novo conceito que deve ser adotado pelos educadores, o de ser um profissional com postura de resilência. Os professores para saber lidarem com os transtornos apresentados pelas crianças precisam cada vez mais se atualizarem e se adaptarem.

Uma pessoa resiliente não é apenas aquela que resiste de qualquer forma às adversidades, mas, sem, a que resiste e mantém um padrão positivo na resistência, ou seja, uma pessoa que, passando por situações difíceis, consegue ampliar seus horizontes e caminhar com autonomia de pensamento e ação. (MARINHO ET AL, 2007)

Aprendizagem e seus desafios.
Segundo Lopes e Oliveira, o psicopedagogo é um dos profissionais que faz parte do grupo multidisciplinar de avaliação de transtornos, logo, é relevante focar o estudo na concepção psicopedagógica, pela sua importância na instituição escolar, bem como na avaliação diagnóstica e no tratamento.

Segundo o site www.dda-deficitdeatencao.com.br, para o TDAH é necessário um tratamento integrado, dirigido tanto aos déficits de base orgânica quanto aos comportamentais. A manifestação deste déficit biológicos e sua intensidade depende das condições ao redor – o contexto de vida, a organização familiar, o tipo de escola, o ambiente de trabalho, etc. – e também da história pessoal de vida – quais habilidades comportamentais, quais facilidades e dificuldades, entre outras. Há algumas condições ambientais que favorecem o aparecimento das formas mais graves do transtorno.
É o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.
A criança portadora de TDAH do tipo predominantemente desatenta é uma criança com dificuldade de aprendizagem desde o início de sua vida escolar, necessidade de acompanhamento dos pais ou orientadores a vida toda. Isto contribuirá para que tenha uma baixa auto-estima, podendo futuramente desenvolver comorbidades como por exemplo: Ansiedade generalizada e depressão entre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Psicopedagogia estuda o processo do conhecimento humano, o aprender e o não aprender, centrado no indivíduo como ser único, com características e necessidades particulares para a intervenção psicopedagógica.
Ressalto a importância do psicopedagogo tanto na avaliação quanto na intervenção na sua atuação no que se aos transtornos, proporcionando brincadeiras educacionais e na criação de vínculos.
Conclui-se que o papel do professor, frente ao brincar, consiste em zelar para que o dia do aluno contenha períodos suficientes de atividades e de quietudes destinadas à aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento de crianças ativas, firmes e em desenvolvimento.
Os educadores precisam ser estimuladores, para isso usar sempre da resiliência, proporcionando estímulos que ajudam na utilização e desenvolvimento dos alunos. Temos que aprender a lidar com crianças TDAH, conhecer suas limitações, respeita-la e com criatividade descobrir como ela aprende melhor.
Concluo propondo uma reflexão sobre a grande importância do psicopedagogo na sociedade atual, onde ter conhecimentos é um diferencial no mercado competitivo e é nesse processo de obtenção de conhecimento, através do ensino-aprendizado que esse profissional atua. Cada dia vê-se a necessidade de um profissional que atue com as dificuldades, principalmente das crianças, onde os pais na correria do dia-a-dia confiam muitas vezes somente aos educadores essa grande tarefa de educar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOPES, Cilene Knauf ; OLIVEIRA, Carmem Inêz de. A dislexia na ótica do psicopedagogo. Artigo publicado em 1.nov.2005. Disponível em <
http://www.4shared.com/file/125954815/d46c4110/Dislexia_Otica_Psicopedagogo.html?s=1>. Acesso em 15 ago. 2009 às 15:23:37.
MACHADO, Járci Maria. Dificuldade de aprendizagem. Material didático de apoio às aulas de Dificuldade de aprendizagem do curso de Psicopedagogia Clinica e Institucional. Ano de 2009. Curitiba
MARINHO, Herminia Regina Bugeste, et all. Pedagogia do movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2007. 123 p.
PADULA, Dra Niura Aparecida Moura. Transtorno de déficit de atenção e  hiperatividade (tdah)- terapia. Disciplina de neuropediatria. Departamento de neurologia e psiquiatria. Faculdade de medicina de Botucatu – unesp. 2007. Disponível em <
http://www.4shared.com/file/TDAH.html?s=1>. Acesso em 19 ago. 2009 às 15:53:47.
RAMBALDI, Vanda. DICAS PARA A SALA DE AULA. Disponível em
http://www.tdah.com.br/paginas/gaetah/Boletim8.htm Acesso em 12 Set. 2009 às 08:00
ROHDE, Luis A.; HALPERN, Ricardo. Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade: atualização. J. Pediatr. (Rio J.),  Porto Alegre,  v. 80,  n. 2, abr.  2004 .   Disponível em <
http://www.scielo.br/scielo.php>. Acesso em 02  set.  2009.

Publicado em 04/07/2010 13:53:00


Simone dos Santos Antonio – Administradora de empresas, graduanda de psicologia e pós-graduanda de psicopedagogia: clínica e  Institucional. Sócia proprietária da
empresa SIQUI Treinamento Empresarial. Docente do SENAC-SP de Mogi-Iguaçú.

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