A INTEGRAÇÃO DAS TICS NA FORMAÇÃO DOCENTE
Dileuza Niebielski
Resumo
O presente artigo busca compreender a relação entre a cultura digital e a prática pedagógica na atual sociedade do conhecimento. Algumas concepções sobre as novas tecnologias e o uso da informática na educação serão elencadas com o intuito de auxiliar futuros profissionais na apropriação dos avanços e dos recursos tecnológicos em suas práticas.
Palavras chaves: formação docente – contemporaneidade – novas tecnologias
Introdução
Há algum tempo inúmeras iniciativas de formação de professores contemplando a apropriação das tecnologias da informação e comunicação (TIC), vêm sendo desenvolvidas. Entretanto, de modo geral, a formação acadêmica do professor não reproduz uma dinâmica capaz de fomentar o desenvolvimento da autonomia numa cultura da informação. Para Valente (1993, p. 22 ):
“a formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica. Essa prática possibilita a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora de conteúdo e voltada para a resolução de problemas específicos do interesse de cada aluno. Finalmente, deve-se criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e a experiência vividas durante a sua formação para a sua realidade de sala de aula compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir.”
As configurações atuais da sociedade contemporânea adquiriram uma complexidade notória, desafiando os cursos de licenciatura a reformular os seus currículos e a preparar melhor seus alunos para o exercício profissional em um contexto altamente tecnológico.
A aprendizagem continuada e a democratização de acesso à informação exigem mecanismos que as transformem em realidade. Esses novos enfoques na sociedade trazem o que Lévy (1999) destaca como mudança qualitativa nos processos de aprendizado. Essa mudança baseia-se em três necessidades: a quantidade, a adversidade e a velocidade. A quantidade nos remete à dimensão do conhecimento e informações disponíveis, já a adversidade é a possibilidade e a diferença presentes nas diferentes fontes de informações e a velocidade move esses elementos em um processo contínuo e auto-organizado. Ou seja, as informações e o movimento ágil dessas informações propiciam a diversidade.
Nesse sentido, quando observamos a prática pedagógica tradicional, em geral, constatamos que tal prática não condiz com a realidade das novas dinâmicas da sociedade do conhecimento, e não tem atendido satisfatoriamente as novas demandas educacionais, assim, faz-se necessário empreender reformulações nas formas de ensinar, aprender e produzir conhecimento, dinamizando os novos espaços do conhecimento nas IES, e desenvolvendo metodologias compatíveis com os novos recursos digitais da comunicação.
1.Contemporaneidade e Novas Tecnologias
No contexto educacional há a necessidade de maior criatividade e versatilidade por parte do professor, não se limitando à transmissão de conteúdos prontos, de fórmulas a serem memorizadas, mas antes desenvolvendo a capacidade reflexiva e exploratória dos alunos. Com a utilização, pelo docente, das TICs como ferramenta auxiliar no processo ensino-aprendizado os conteúdos podem ser abordados de uma forma que torne o estudo da disciplina atraente e acessível.
Novos cenários se configuram, a sociedade vem passando por profundas modificações em ritmo acelerado condicionado por inúmeros fatores, entre eles os avanços tecnológicos. Segundo Pretto (2002, p. 7):
“profundas modificações no conjunto de valores da sociedade contemporânea estão em andamento e a presença generalizada dos meios de comunicação e informação tem desempenhado um significativo papel neste processo de construção social.”
Segundo Castells (2006, p.40) “as redes interativas de computadores estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais de comunicação, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldadas por ela.” Conforme Moran (2000), todos estamos experimentando que a sociedade está mudando nas suas formas de organizar-se, de produzir bens, comercializá-los, de divertir-se, de ensinar e de aprender. (…) O campo da educação está muito pressionado por mudanças, assim como acontece com as demais organizações.”
Para Silva (2002) as novas tecnologias interativas, a exemplo dos computadores, romperam com a linearidade da transmissão das informações. A perspectiva comunicacional bidirecional, que se abriu, colocou em questão os modelos simplificadores que ainda predominam nas escolas. A prática docente, na sala de aula, ainda se pauta no paradigma clássico herdado da ciência moderna, com uma nítida separação entre a emissão-pelo professor e a recepção pelos alunos.
2. Contemporaneidade E Novas Formas De Ensinar
O papel da educação, em sentido amplo, se torna valorizado cada vez mais valorizado. As TICs estão presentes nos mais diversos setores e ambientes de vida dos cidadãos. De acordo com Pretto (2002, p. 78) a instituição escolar não pode caminhar em sentido oposto ao que ocorre do lado de fora dos seus muros, ou seja, “uma escola fundamentada apenas no discurso oral e na escrita, centrada em procedimentos dedutivos e lineares”, praticamente desconhecendo as novas linguagens e ferramentas a disposição da aprendizagem.
Com a evolução e uso crescente das tecnologias da informação e comunicação (TIC), observa-se o surgimento de novas categorias de conhecimentos, aprendizagens e racionalidades. Lévy (1993), classifica o conhecimento em três formas distintas: oral, escrita e digital. Atualmente, constata-se que as três categorias coexistem, mas torna-se fácil perceber que a modalidade digital cresce e se dissemina vertiginosamente, caracterizando a era digital.
A abordagem tecnológica na educação impõe desafios diante de ações pedagógicas que resultem efetivamente em um trabalho produtivo frente à realidade atual. Embora seja possível observar um número crescente de investigações sobre tecnologias na educação a formação do professor gera questionamentos à proporção que o uso de determinados recursos tecnológicos ainda não tenham sido efetivamente integrados à prática docente.
Conclusão
As TICs devem ser inseridas na prática pedagógica como instrumentos que auxiliem na construção do conhecimento pelo próprio aluno, tendo o professor a função de mediador deste processo, porém não pode haver uma simples substituição de meios, por exemplo, quadro-negro por uma tela do computador, faz-se necessária uma efetiva mudança das práticas educacionais.
Na perspectiva do educador Paulo Freire, a utilização do computador como tecnologia educacional, não pode prescindir de uma reflexão mais ampla sobre a educação como ato político e social na qual se estabelece uma relação entre quem educa e quem aprende com o auxilio da tecnologia. Educar é primordialmente um ato humano, com dimensão política que implica fazer escolhas a partir de uma reflexão crítica (FREIRE, 1998).
Referências bibliográficas:
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede – A era da informação: economia, sociedade e cultura; v.1. 9ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O futuro do Pensamento na era da Informática. Rio de janeiro: Editora 34, 1993
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de janeiro: Editora 34, 1999
MORAN, José Manuel; MASSETO M.T.; BEHRENS, M.A. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.
PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola sem/com futuro. 4 ed.Campinas: Papirus,
2002.
SANCHO, J. M. Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: Artemed. 1998.
SILVA, Marco. Sala de Aula Interativa. 3. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2002.
VALENTE, José A. (Org.) Computadores e Conhecimento: repensando a educação.
Campinas, SP: Gráfica Central da UNICAMP, 1993
Publicado em 27/05/2009 11:42:00
Dileuza Niebielski – Licenciada em Letras, especialista em Língua Inglesa, acadêmica do curso de
Psicologia; Profª./Coordenadora de Informática Educacional.
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