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PATERNIDADE NÃO ASSUMIDA E SUAS NEFASTAS CHAGAS Maria Alves de Toledo Bruns A história da paternidade, ou seja, o processo pelo qual o homem foi considerado co-ator da reprodução humana, passa pelo interdito das relações consangüíneas, pelo tabu de incesto. Entrelaçada com a dinâmica das relações afetivo-sexuais entre homens e mulheres compõe, desse modo, a história da família no decorrer dos séculos. Todavia, assumir a paternidade não tem sido um comportamento comum a todos os homens. Para esses desertores da paternidade, ter ou não ter filhos foi e ainda é visto como decisão e responsabilidade da mulher. Por séculos, filhos de mães solteiras não tiveram a paternidade reconhecida. Esses filhos explicitavam as transgressões morais e sexuais da mulher. Filho de amores ilícitos tornava público o que era privado. Violar segredos de família tinha seu preço. Banidas pela família, restavam a essas mulheres-mães a vergonha, o desprezo, o sentimento de culpa. Desamparadas, recorriam a um convento, quando não a prostituição. Castigo merecido! Para aquela que foi incapaz de resistir à sedução e encantos do co-ator da consumação do ato gerador da vida. A roda dos enjeitados foi inventada não só, mas também, para acolher tais bebês. E pasmem: a esse homem, co-ator da geração da vida, não cabia nenhuma punição! Pensar na criança para que? Não raro ele mesmo negava a co-autoria do ato sexual com o apoio dos familiares e amigos. Falando dessa forma dá impressão que esse jeito de ser homem não existe mais e que é coisa dos tempos de nossos bisavós. Mas não é; infelizmente, é um comportamento comum ainda nos dias atuais. Mais triste ainda é saber que mesmo com a comprovação do teste de paternidade esse apoio de familiares ocorre até hoje. Em especial se esse co-autor da concepção da vida for possuidor de bens materiais. Dividir riqueza! É um ato que só ocorre por intervenção judicial.
Publicado em 30/04/2009 14:31:00 Maria Alves de Toledo Bruns – Doutora em Psicologia Educacional, Especialista em Sexualidade Humana, Psicanalista, Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da FFCLRP-USP. Co-autora do livro “Adolescentes Profissionais do Sexo”, editora Átomo 2006 e líder do Grupo de Pesquisa Sexualidadevida/USP www.sexualidadevida.psc.br
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