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A CLÍNICA PSICANALÍTICA E A MULHER DEPRESSIVA

Cláudio Garcia Capitão, Anamélia Alvarenga Nascimento e Tabata Oliveira da Silva

Resumo
O objetivo deste trabalho foi o de destacar as possíveis contribuições da clínica psicanalítica no que diz respeito à mulher depressiva. Sabe-se que a mulher depressiva tem sentimentos de insegurança, observa-se incapaz de enfrentar seus problemas e manifesta fortes tendências autodestruidoras. Nesse sentido, a psicanálise, a partir do campo transferencial e da interpretação, possibilita a cada paciente a oportunidade de inúmeros movimentos distintos, aproximações e recuos da sua matriz de sofrimento. Tais movimentos levam a desconstrução de inúmeros campos fixados na vida, criando nova possibilidade de mudança psíquica que se abre como conseqüência do autoconhecimento.

Palavras-chave:
Auto-estima, depressão, mulher, clínica psicanalítica.

Abstract
The goal of this work was the one of highlight the possible contributions of the psychoanalytical clinic in that tells respect to the depressive woman. It is known that the depressive woman has insecurity feeling, unable of is observed face her problems and strong manifest tendencies self-Destroyers. In this meaning, the psychoanalysis, from the field transferential and of the interpretation, it enables to each patient the opportunity of countless distinct actions, approaches and backlashes of your suffering matrix. Such actions carry for destroyers of countless fields fastened in life, creating new possibility of psychic change that is opened as a consequence of self- Knowledge.

Keyword: Self-esteem; Depression; Woman, Psychoanalytical clinic

INTRODUÇÃO
A depressão é um dos transtornos mentais mais freqüentes na população em geral, pois ocorre em todas as faixas etárias, sendo responsável por altos custos de tratamento, diretos e indiretos, provocando grandes prejuízos para o indivíduo e para a sociedade devido à sua natureza crônica, alta morbidade e mortalidade (Matos, Matos & Matos, 2006).
Do ponto de vista cultural, sabe-se que a atualidade se mostra como uma época de mudanças rápidas nos valores e costumes e que o estresse oriundo dessas mudanças, junto à competição pela sobrevivência, o desemprego, a corrupção dos políticos, o jogo, a dissolução dos laços familiares, a violência urbana, o caos do trânsito, o abuso de álcool e drogas têm sido apontados, repetidas vezes, como fatores facilitadores da depressão (Matos, Matos &, 2006).
A depressão acomete cerca de 15% da população adulta, abrange as alterações normais do humor, diante de perdas ou de outros problemas de natureza emocional, sendo que a psicoterapia, junto com o adequado acompanhamento medicamentoso, são os tratamentos mais indicados (Grevet & Cordioli, 2000). Com presença registrada em inúmeras regiões, independente do país, a depressão unipolar tem prevalência duas vezes maior em mulheres do que em homens (Kaplan, Sadock e Grebb, 1997). Existem diversos fatores que ajudam contribuir para a constatação acima, entre eles o estresse, mudanças hormonais, falta de suporte familiar e social, classe socioeconômica e situação empregatícia e a sobrecarga de trabalho, ora visto que a mulher contemporânea, cumpre uma dupla jornada (Carvalho & Coelho, 2005).
Para Herrmann (1993,1999), a essência da terapia psicanalítica é o campo transferencial e sua interpretação. Isso significa destacar a importância do terapeuta, pois ele interpreta, amparado na técnica e na teoria psicanalítica, cujo efeito no paciente muitas vezes pode levá-lo a ter uma compreensão mais profunda de seus problemas compreender problemas, encontrando soluções criativas até então não vislumbradas. Em outras palavras, as contribuições da clínica psicanalítica para mulher depressiva ocorrem a partir da transferência, em a que mulher depressiva rompe com suas representações restritivas sobre si mesma e sua realidade, gerando a possibilidade de mudança psíquica. (Capitão, 1993).
Freud (1917/1974) descreveu a distinção entre o luto e a melancolia, postulando que o primeiro se refere a um estado temporário, ou seja, de uma tristeza que é superada em um certo lapso de tempo, quando não ocorre outra complicação. O melancólico não conta com essa superação natural, nem ao menos tem um objeto claramente definido para justificar sua tristeza, sofre de profundo desânimo, não se interessa pelo mundo externo, perde a capacidade de amar, diminui drasticamente as suas atividades. Concomitantemente apresenta uma perturbação em sua auto-estima, o que nem sempre acontece com o luto. Assim, a pessoa observa-se desprezível, sem valor, incapaz de realizações.
A pessoa depressiva tem humor triste, sente-se infeliz, não tem o mesmo interesse pelas coisas como tinha antes e entre seus sintomas, os quais acompanham a tristeza, estão o pessimismo, a falta de energia, de motivação e concentração, são condições quase que invariavelmente presentes. Os sentimentos de inutilidade, vazio e futilidade raramente são explicados racionalmente pelo paciente (Mendels, 1972). A pessoa, na maioria das vezes, sente-se insegura, sem capacidade de enfrentar seus problemas, tem a falsa percepção de que ninguém pode ou quer ajudá-la, ou ainda, de que as circunstâncias jamais melhorarão, encontra-se em “um beco sem saída”, cujos pensamentos de autodestruição se proliferam (Mackinnon & Michels, 1992).
Freud (1917/1974) observa que tais tendências autodestruidoras ocorrem devido à pessoa depressiva ter uma perda importante em relação ao seu eu (ego) e que uma parte desse mesmo eu, coloca-se contra a outra. Em outras palavras, a parte que é atacada também é a que é identificada com que foi inconscientemente perdido e que a pessoa ama, amou ou deveria amar.
Esta desordem que ocorre com o ego traz conseqüências que caracterizam o paciente depressivo. A depressão pode afetar todos os aspectos da vida, ou seja, emocionalmente, cognitivamente, fisiologicamente, comportamental e socialmente. Leva-o, em geral, ao atraso, lentidão e diminuição do fluxo pensamento, da conduta e um empobrecimento das relações sociais e mudanças drásticas no funcionamento do corpo. Enfim, encontra-se num sombrio estado de ânimo, triste, melancólico, desesperado com a respectiva perda do interesse pela vida (Mackinnon & Michels, 1992).
Neste estado em que se encontra, a pessoa percebe-se sem o controle de sua própria vida e muitas vezes o suicídio pode surgir como uma forma de fugir dessas situações dolorosas e humilhantes, pois a depressão é a perturbação mental que mais comumente leva ao suicício (OMS, 2002). Para Mendels (1972), a depressão desempenha um papel central no comportamento suicida. A autopunição e a fuga são condições psíquicas que podem surgir primeiro, seguida pelos sentimentos de culpa e desespero e pela sensação de um futuro sem esperanças. As mulheres têm uma tendência muito maior a tentar suicídio, porém, são os homens que mais morrem decorrente de suas tentativas, ou seja, um maior número de mulheres tentam suicídio e mesmo os homens estando em menor número em suas tentativas, estão em maior número na sua concretização. As tentativas fracassadas de suicídio devem ser consideradas como um pedido de socorro, de alguém que precisa de ajuda e não como atos apenas cujo objetivo único é o de chamar a atenção. Nessa perspectivas, as mulheres depressivas solicitam ajuda com grande freqüência, porém, nem sempre essa ajuda é compreendida ou chega a tempo (Mendels, 1972).
Fenichel (2000) explica que o paciente suicida tem o sadismo voltado contra si mesmo. Acaba sendo um meio de controlar a própria agressividade, ou seja, um impulso de matar alguém que se reverte contra o eu como meio de matar a outrem psicologicamente representado.
Atualmente a depressão é considerada pela Organização Mundial de Saúde como doença. É classificada na Classificação Internacional das Doenças – CID-10 (OMS, 1993), como Episódios Depressivos que podem ser leves, moderados, graves, com ou sem estados psicóticos. É descrito um conjunto de sintomas: alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga mesmo após um esforço mínimo, problemas do sono e diminuição do apetite, da auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de indignidade. No DSM-IV (APA, 2002), a depressão é classificada como Transtorno de Humor e os sintomas descritos são alterações no apetite ou peso, sono e atividade psicomotora, diminuição da energia, sentimentos de desvalia ou culpa, dificuldades para pensar e concentrar-se ou tomar decisões, pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida. Para o indivíduo ser diagnosticado como depressivo, conforme descritos na CID-10  ou no DSM-IV, os sintomas deverão ser observado conforme a sua gravidade e duração.
Focando-se na mulher, sabe-se por estudos realizados, que esta tem maior tendência à depressão, apresentando freqüência duas vezes maior do que no homem (APA, 2002 & OMS, 2002). Carvalho e Coelho (2005) realizaram uma pesquisa em que se buscou identificar eventos que pudessem estar relacionados à depressão em mulheres, na faixa etária entre 40 a 60 anos. Constataram, por meio de entrevistas, que perdas e privações na infância, como a dos pais, não poder estudar; características da educação familiar, como o silêncio acerca da menarca, do crescimento dos seios, da primeira relação sexual, gestação, parto e maternidade; situações da maternagem; vida conjugal e violência doméstica são fatores que mesclados entre as mulheres diagnosticadas como depressivas, funcionam como pré-dispnentes para o desenvolvimento de quadros de transtorno de humor.
Mendels (1972) afirma que o papel social da mulher é de grande relevância quando se fala em prevalência da depressão aos gêneros. Aproximadamente aos quarenta anos de idade, as pessoas se questionam quanto aos seus papéis e objetivos e percebem que não realizaram e não realizarão seus planos. Nesta situação, revolta-se contra si mesmas pelas limitações e desapontamentos da vida, gerando então a depressão. Mas, entretanto, muitas pessoas passam por tais dificuldades sem adoecerem.
Acredita-se que nas próximas duas décadas haverá um aumento tão vertiginoso para o número de novos deprimidos que em 2020 a depressão representará uma das doenças que mais acometerá os anos de vida útil da população mundial, podendo mesmo até ultrapassar o número de afetados por doenças cardiovasculares. Atualmente, é relacionada como a quarta causa mundial de deficiência e o segundo lugar na faixa etária compreendida entre 15 a 44 anos, podendo se tornar um problema crônico ou recorrente que impossibilite ao sujeito cuidar de si mesmo e de suas atividades diárias (Monteiro & Lage, 2007).
Vários são os fatores apontados ao se tentar justificar a estatística prevalecente dos transtornos de humor em mulheres do que em homens. Morihisa e Scivoletto (2001) ressaltam os transtornos disfóricos pré-menstrual, os transtornos mentais e de humor na gravidez e no puerpério, as disforias, depressão pós-parto e os transtornos mentais na perimenopausa. Elucidam também que os fatores ambientais são muitas vezes mais freqüentes que os biológicos na depressão feminina. Propõem que o tratamento seja individualizado e de acordo com a queixa. Os tipos de tratamentos podem ser as terapias biológicas, eletroconvulsoterapia (ECT), psicoterapia comportamental, psicoterapia cognitiva e psicoterapia psicodinâmica breve.

Clínica Psicanalítica
A Psicanálise foi fundada por Sigmund Freud, médico vienense que apresentou os processos psíquicos das regiões obscuras do homem como problema científico. Ela pode ser compreendida, como uma teoria, um método de investigação e uma prática profissional. Como teoria objetiva sistematizar o funcionamento da vida psíquica; como método interpretativo, pretende entender as palavras, ações manifestas, sonhos e delírios; como prática profissional busca a cura e o autoconhecimento com um tratamento psicológico (Bock, Furtado & Teixeira, 1991).
A formulação geral da psique inicialmente foi apresentada por Freud como um modelo composto por três sistemas: Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente. Posteriormente reformulado por Freud, que introduziu novos conceitos ao seu modelo de mente, ou seja, o Ego, o Id e o Superego (Bock, Furtado & Teixeira, 1991).
Para Herrmann (1999), este segundo modelo também é chamado de teoria estrutural e pode ser entendido do seguinte modo: O Id é a instância original da psique; o Ego é a sede de quase todas as funções mentais e o Superego é uma espécie de censor das funções do ego baseada nas normas morais dos  primeiros anos de vida. Bock e cols (1991), também acrescentam que o Ego busca estabelecer equilíbrio entre as exigências de prazer do Id e as exigências de ordem e realidade do Superego.
No entanto, a grande contribuição de Freud foi ter criado por meio dessa investigação sistemática, a Psicanálise (Bock, Furtado & Teixeira, 1991). Mas o que se pretende aqui não é pontuar os conceitos da Psicanálise e como estes foram criados, mas sim, destacar a grande descoberta de Freud: o inconsciente.
Fenichel (2000) acrescenta que a principal tarefa terapêutica é tornar consciente aquilo que é inconsciente e facilitar a descarga emocional. Nunberg (1989) assinala que não é fácil tornar consciente o material inconsciente e que a interpretação pode ser bem ou malsucedida, ela geralmente falha perante vários mecanismos de defesa e quando é bem-sucedida dá muitas vezes lugar a angústia.
Para Herrmann (1999), o inconsciente é o reverso da interpretação. O interpretar é possibilitar rompimento dos limites que a rotina impõe aos significados das representações de identidade e de realidade da pessoa, a possibilidade de se produir uma ruptura de campo. Também considera campo como sendo um inconsciente relativo, ou seja, não é o inconsciente inteiro. A ruptura de campo seria, em sua teoria, o processo fundamental do método psicanalítico. Esta teoria, denominada Teoria dos Campos, considera a operação de ruptura de campo como sendo a essência para se entender e, então, fazer uma boa interpretação.
Pensando no método e na interpretação, Herrmann (1993) destaca que a essência da terapia psicanalítica é o campo transferencial e sua interpretação. Capitão (1999) esclarece que é na clínica que se encontra a redução dos elementos essenciais desse método, como se esta possibilitasse inúmeros movimentos distintos, aproximação, recuos, conversa, silêncio, tudo isso conforme cada analisando.
A interpretação psicanalítica busca elucidar primariamente a lógica das emoções presentes, além de estudar o campo transferencial, a fim de conhecer como deve ser o procedimento do terapeuta que pretenda dele se valer. E esse campo transferencial é o que revela o homem diverso naquele ser quotidiano que entrou no consultório, um homem desconhecido de si mesmo, mas profundamente verdadeiro. Assim como o analista que diz de forma vasta e anímica algo do seu estar agora e aqui presente. Portanto, estudar o campo transferencial e ilustrá-lo clinicamente implica num diálogo da clínica com o clínico (Herrmann, 1993). Percebe-se então a importância da arte de interpretar na Clínica Psicanalítica.
A ruptura de campo é um caminho de descoberta constante, este é o método da psicanálise. E por meio dele que os analistas tentam dar oportunidades ao desejo do paciente de se manifestar. Quando se rompe um campo não se constituí uma verdade adquirida é apenas um passo para se descobrir mais (Herrmann, 1999).
A cada ruptura de campo o paciente necessita adaptar-se a representação de si e da realidade e essas múltiplas representações giram ao redor do campo psicanalítico sem serem agarradas, dando uma sensação de vertigem, de perda absoluta de si mesmo. Este é o efeito Vórtice, um redemoinho que muitas pessoas passam quando fazem terapia, mas também é uma nova possibilidade de mudança psíquica que se abre como alternativa de mudança (Capitão, 1993).
Herrmann (1993) destaca que se algum terapeuta aprende a praticar a interpretação de modo teórico e fixo, provavelmente repetirá durante muito tempo o conteúdo a ser interpretado, não importando a que tipo de paciente seria o mais correto ou não. Perante esta preocupação deve-se lembrar que o analista ouve e quando fala marca sua presença, ou seja, opera incisivamente no paciente para romper o campo estabelecido e mexer com o conjunto de crenças que até então mantinha a identidade, a auto-representação (Capitão, 1999).
Mackinnon e Michels (1992), quando falam sobre o tratamento da depressão, destacam que o primeiro objetivo é aliviar a dor e o sofrimento do paciente. Isto pode ser conquistado por meio de técnicas psicoterapêuticas e farmacológicas que se proponham a melhorar suas funções defensivas e que será preciso estimular sua esperança, pois o deprimido tem pouca motivação para o tratamento.
Acredita-se que fazendo uso da teoria e do método psicanalítico para o fim de tratar um paciente deprimido poder-se-á obter resultados significativos, pois se crê que esta como teoria bem-explica o estado depressivo e como método promove as rupturas de campo necessárias ao alívio do sofrimento do paciente.
Para isto o analista deve deixar a clínica falar por ela mesma, considerando cada passo do processo terapêutico, desde a entrevista inicial à cura. Assim, o método, e não as teorias, é que determina o que deve ser cumprido em cada etapa, criando em cada paciente a teoria original que melhor lhe cabe (Herrmann, 1993).
Pode-se pensar com este estudo que o tratamento da depressão e mais especificamente da mulher depressiva pela clínica psicanalítica não pode ser definido em procedimentos lógicos, nem ser apontado como mais eficaz se não for considerado o caso específico de cada paciente e o agir clínico do terapeuta. As contribuições, que estão latentes, se darão ao passo que se conseguir por meio da teoria e do método psicanalítico levar o paciente ao alívio de suas tensões que na maior parte são inconscientes. Utilizando, dentro do que aqui foi discutida, a arte da interpretação, favorecendo a ruptura de campo e de suas representações psíquicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo objetivou destacar as possíveis contribuições da clínica psicanalítica à mulher depressiva partindo da análise psicanalítica baseada na Teoria dos Campos de Fabio Herrmann. E o que foi possível compreender é que a depressão tem sido assunto do cotidiano de muitas pessoas, embora seja ainda bastante banalizada.
Na mulher depressiva interferem fatores hormonais, psicológicos e sociais os quais pesam significativamente em suas perturbações sintomáticas e também de nos seus estados de ansiedade, seja porque a depressão representa um empobrecimento das suas relações com os objetos internos e sociais levando-a a um forte desânimo, tristeza e melancolia, com a conseqüente perda de interesse pela própria vida.
As contribuições da clínica psicanalítica se fazem no campo transferencial, na relação analista e analisando, tendo a interpretação psicanalítica adaptada a cada paciente, criando para ele a teoria original que melhor lhe cabe.
Fazer análise significa, então, não um exercício de estética facial conduzida por uma conversa rotineira, mas um campo analítico, onde sua importância se dá na busca por desvendar as feições da alma. É também uma possibilidade de transformação contínua, um desnudamento, deixando se observar, se revelar para si mesmo. Pode parecer um dilaceramento doloroso, mas é na verdade uma reinvenção de si mesmo.
Com isso, a clínica psicanalítica e a mulher depressiva se encontram e se transformam quando o consultório psicanalítico deixa de ser um espaço físico e social, onde estão analista e paciente além da agitação da grande cidade e uma certa quantidade de rituais. E quando este espaço se torna o local em que a mulher depressiva leva seus afetos não pensáveis e seu desejo, pois o que importa é o analista estar aberto a atender pacientes de verdade e não a nebulosa infância precoce, nem um aparelho psíquico refinado.
Mas, no campo transferencial a interpretação não tem um único sentido, mas inúmeros, que se revelam a cada passo do processo terapêutico. Para tanto, é o método, e não a teoria, que determina o que se deve cumprir em cada etapa, pois cada paciente usufrui a teoria conforme o campo psicanalítico estabelecido, possibilitando uma mudança psíquica sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor.

REFERÊNCIAS
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Publicado em 27/02/2009 15:03:00


Cláudio Garcia Capitão, Anamélia Alvarenga Nascimento e Tabata Oliveira da SilvaCláudio Garcia Capitão: psicólogo, especialista em psicologia clínica e em psicologia hospitalar, Mestre em Psicologia Clínica, Doutor pela UNICAMP e Pós-doutorado em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Professor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco.
Anamélia Alvarenga Nascimento: psicóloga pela Universidade Braz Cubas.
e-mail: anamelian@yahioo.com.br
Tabata Oliveira da Silva: psicóloga pela Universidade Braz Cubas.
e-mail: tabata.oliveira@hotmail.com

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