NOOSFERA ORGANIZACIONAL E EDUCACIONAL: COMO ESTÁ O CLIMA NO SEU AMBIENTE DE TRABALHO?
Dirceu Moreira
O HOMEM, produto da amorização de bilhões de moléculas, também não se basta, junta-se a outros, e forma a família, a sociedade, as nações, o mundo global, tudo sendo como que atraído pelo Ômega, por que não dizer, DEUS. Teilhard de Chardin -1881-1955) filósofo, paleontólogo.
Quero iniciar esta metáfora com este trecho, que é no mínimo inovador e constitui temática do 9º Encontro dos grupos de RH do Abc, a 9ª Sinfonia de Beethoven: “Liderança e Sustentabilidade numa perspectiva onde arte, estratégia e conhecimento se integram harmoniosamente”. Temos aqui uma riqueza de valores onde na arte encontramos as emoções, os sentimentos enquanto que na estratégia e no conhecimento nos deparamos com o potencial da inteligência. Sintetizados estão, portanto a noosfera que traz para o cenário organizacional o amor e a sabedoria, o poder da amorização no ambiente de trabalho dá sustentabilidade às relações.
Trazendo ainda mais esta questão para o contexto organizacional das instituições podemos dizer que esta amorização palavra criada pelo próprio Teilhard é o próprio amor em ação agindo em todas as direções. Uma pessoa não se basta para gerir uma empresa ou uma escola, ela se junta as outras e formam uma força tarefa, um departamento uma, uma unidade de negócios, filiais e etc. e, tudo isso sendo atraído por um centro convergente de forças: a missão. A palavra amor deve ser seguida de sabedoria para que não paire aquela sensação de um clima organizacional (em qualquer instituição) de oba!oba! e de tapinhas nas costas. Sintetizando o prof. Henrique José de Souza dizia: “o homem não é sábio porque sabe, é sábio porque ama”.
A noosgenese (noos do grego-mente) foi utilizada por Teilhard de Chardin como forma de expressar o nascimento da mente humana, já a noosfera se refere ao resultado do pensamento humano. Vamos tratar de nosso assunto de forma metafórica.
Diagnostico do clima organizacional
Precisamos pensar primeiramente no surgimento da noosgenese das instituições, sua base primal e energética dos seus fundadores de forma tal que esteja atualizada para o momento atual e à sua missão. Antes de mexer em um clima é preciso ir em busca de suas origens e raízes, para que não se transforme em um temporal em pleno inverno. O segundo passo para o diagnóstico é conhecer muito bem o potencial do seu capital humano. Com ele você poderá perceber e avaliar o clima a partir das formas de pensamentos e sentimentos das pessoas que forma “alma” das organizações: a sua noosfera. Alguns vão da formalidade à informalidade, portanto nos extremos e, todo extremo é perigoso a não ser por questões estratégicas. A noosfera é, portanto a alma, porque alma é emoção e pensamento: psicomental, coração e cérebro.
Tipos de climas:
Úmido – predomínio da informalidade por onde permeia as relações afetivas onde os limites e regras não estão claros. Não há normas estabelecidas e com isso a hierarquia fica comprometida. É um clima emocional e com isso as decisões seguem o mesmo curso. Os elogios são bajulações com segundas intenções. É claro que agora falamos de um extremo, em exageros para que você possa fazer sua reflexão e analogias. A variação deste clima é o úmido e frio e neste caso a informalidade é ainda maior e a unidade relativa das relações também.
Seco
Ao contrário do anterior aqui é o outro lado da moeda onde predomina a intelectualidade e o clima é formal, baseado em regras e limites rígidos. As hierarquias são rígidas e inflexíveis. A variação deste clima pode ser seco e frio. Um elogio é coisa rara, um achado arqueológico. Se ninguém disse nada é porque está indo bem.
Tempestuoso
Este clima decore do desequilíbrio a que nos levam os dois anteriores, porque o ser humano quando exposto aos extremos pode suportá-lo por um curto espaço de tempo, tendo em vista que suas necessidades básicas não estão sendo satisfeitas, nem moral, nem intelectual e nem espiritual. Sua tendência será de revolta contra o sistema que de certa forma ele também alimentou, mas sua noos, capacidade pensar e sentir reage pela própria condição de trazer consigo o impulso de evolução. Por isso dizia Abraham Lincoln: “Pode-se enganar a alguns durante muito tempo; pode-se enganar a muitos durante algum tempo; mas não se pode enganar a todos durante todo o tempo” Nos dois primeiro tipos de clima é preciso muito cuidado com a formação e proliferação do que denomino de “cupim organizacional” que no silencio da noite vai corroendo os alicerces da sua escola, empresa, negócio, relacionamentos e por conseguinte do próprio profissional. É preciso muita cautela e estratégia antes de atuar sobre este clima. Como depois de toda tempestade vem a bonança, espere ela chegar para agir. Quando as nuvens emocionais estiverem muito baixas, o risco é ainda maior. Para atuar num clima instável e sujeitos a raios e trovões nada melhor do que atuar com um plano de PNP e suas versões. PNP (positivo, negativo, positivo) e acredito que num primeiro momento seja só “P” de positivo resgatando as qualidades e os valores humanos bem como da instituição enquanto pessoa jurídica. Isto poder ser através de noticias, porque neste clima predomina muitas intrigas e fofocas e elas são sinais de falta de informação. O segundo passo é PNP, mas só faço depois que as nuvens escuras se dissiparem. Quando o sol voltar a brilhar com a elevação da moral das equipes, departamentos e, por conseguinte da empresa como um todo, você poderá fazer uso das versões NP aqui você começa com o negativo e no caso PN você termina com o positivo, conforme a maturidade alcançada pelos colaboradores. Com isso teremos condições de passar para o clima.
Temperado ou harmônico
Atingimos o ideal de um clima organizacional onde a noosfera atinge seu ponto de equilíbrio. Como todo prato da balança que oscila também aqui vai acontecer o mesmo, porque estamos falando de polaridades e de comportamentos e mesmo porque tudo muda, tudo oscila. E qual vai ser o diferencial para sua manutenção? Os colaboradores, parceiros em uma escola ou empresa devem aprender a trabalhar com as polaridades, porque o tempo tem suas variações e as relações também. Implantar um programa de qualidades humanas é uma boa atitude, lembrando sempre que a empresa ou escola enquanto pessoa jurídica tem uma personalidade que é a somatória de todos os pensamentos, sentimentos e atitudes das pessoas que nelas trabalham. Culpar a empresa ou escola disto ou daquilo é livrar-se do problema, quando o próprio colaborador faz parte daquele meio. A harmonia virá da flexibilidade e da resiliência de cada um em lidar com as situações problemas no dia-a-dia dos climas úmidos, secos, tempestuoso e suas variações. Se um malabar é compreender que a mudança, apesar de seus intervalos de calmaria é permanente, porque ela nada mais é do que a preparação para a próxima mudança. Já dizia o mestre Djval Kull “o discípulo evolui através de crises”. Para alguns ela é ameaça, mas para outros é oportunidade.
Como melhorar o clima
Convide as pessoas para fazerem parte do time. Valorizes os entusiastas, mas não percam de vista os pessimistas. Lembre-se você está tratando com polaridades. Ter tolerância é um dos pré-requisitos e aqui faço referência ao prof. Dr. Jabes Oliveira Moura diretor das faculdades Hoyler quando diz: “a tolerância deveria coexistir em pelo um fator de convergência comum a todos os seres humanos: Deus. Está faltando mais espiritualidade nos relacionamentos”. Neste sentido o prof. Jabes fala a linguagem inicial de Teilhard e de todos acredito eu: amorização. A amorização em termos educacional ou empresarial refere-se ao valor da mais alta moeda que existe. O investimento no ser humano não é apenas responsabilidade das instituições e também de cada um individualmente. Amorização não é assédio; é respeito ao outro; é dignidade; é criar um ambiente acolhedor e feliz onde possamos exercer nossas funções de forma competente, porque é isto que otimiza a evolução, o progresso e o desenvolvimento espiritual e tecnológico. O amor sem sabedoria cria um clima de instabilidade emocional. A sabedoria sem amor faz surgir um clima de instabilidade pelo excesso do racionalismo. O amor com sabedoria e vice-versa possibilita um clima temperado e harmônico.
Noosferômetro
É uma ferramenta que nos permite através do simples método de observação manter a área de RH ou potenciais humanos, informados e atualizados quanto às mudanças e variações do clima organizacional. O noosferômetro consiste basicamente no bom senso dos colaboradores de RH em manterem aguçados seus cinco sentidos em relação aos acontecimentos do seu meio ambiente de trabalho percebendo e fazendo anotações. É preciso ir além e incluir um 6º sentido: a intuição. Fazer anotações ajuda a antecipar fatos e embora não seja intuição pura, já é o inicio do caminho.
Conclusão
Tudo o que você pensa e sente produz no seu meio ambiente um quantum de energia psicomental, que será compatível com outras formas pensamentos de outras pessoas. Estas energias se agrupam por afinidades e então todos estarão construindo o astral do seu local de trabalho. Sentimentos e pensamentos semelhantes se atraem quer sejam negativos com negativos ou positivos com positivos e, isto forma uma noosfera organizacional com climas diferentes na mesma empresa ou escola. Dizia Mahatma Ghandi que com o poder da meditação o homem poderia neutralizar o ódio de milhões. Assim sendo que cada um faça sua parte caso contrário todos serão cobrados.
Publicado em 17/11/2008 10:43:00
Dirceu Moreira – Psicólogo, psicoterapeuta, palestrantes, 10 livros publicados –
Finalista do Premio Educador do ano-2006
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