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Artigo Entrid 1084

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QUEM MESMO É PRECONCEITUOSO, RACISTA E INTOLERANTE COM O ÍNDIO?

Valfrido M. Chaves

Um dos preceitos de Lenine, norteador do socialismo marxista até os dias atuais, é “sempre acuse o outro daquilo que você está fazendo”.  Essa norma parece ser seguida ao pé da letra pelo presidente da Funai, Márcio Meira, em sua entrevista à imprensa local, sobre o que se passa em MS, com as ações daquele órgão para expandir e criar aldeias em propriedades particulares legitimas e até seculares, sem indenização pela terra.  Assim, aquele Senhor se refere ao confinamento do indígena, além da violência, preconceito e intolerância contra ele, evidentemente praticados pelo “não-índio”. Afirma ainda  que “o índio quer continuar a ser índio”…

Nesse contexto conviria lembrar a frase de uma indígena Terena, Enir Bezerra: “posso ser o que Você é, sem deixar de ser o que eu sou”, que expressa o desejo indígena de alcançar os benefícios da civilização, dela participando como qualquer outro brasileiro, independente de terra pouca ou muita. Nosso índio é mantido num limbo cultural, confinado na pobreza, por falta de investimento em sua educação, treinamento, recursos e orientação para produzir.  Para completar, busca-se  mais isolá-lo em “áreas contínuas”, apartando-o física e culturalmente do restante dos brasileiros. Grande parte da comunidade indígena já se deu conta dessa armadilha com que se pretende, definitivamente e com intenções sombrias, confiná-lo. Se a Funai lembrasse também de boas escolas, bolsas de estudo, treinamento, geração de emprego, saúde, nossas aldeias não seriam hoje grandes favelas. Se alguém quisesse executar uma política de genocídio contra o índio, não precisaria fazer  nada além do que a política indigenista oficial vem praticando ao longo de décadas. Para ser intolerante em relação ao índio, não precisaria mais que  seguir os passos da Funai para  isolá-lo em áreas contínuas. O preconceituoso também teria apenas que, mais uma vez, imitar a política oficial e ongueira, que impede o cultivo de  áreas maiores, como fizeram com os Pareci, por considerá-los  incapazes de vender, comprar, progredir efetivamente. Em Raposa Serra do Sol, onde os índios manifestaram o desejo de fazer o ecoturismo, conforme publicado na imprensa, a Funai já teria se manifestado: “não pode”.

Diante dessas práticas preconceituosas, isolacionistas e atrasadas que estão levando à desagregação da família indígena, a Funai astuciosamente cobre o sol com a peneira, tentando criar e expandir aldeias em propriedades particulares e legítimas, mediante palavras mágicas e praticas abusivas: “identificações de terras indígenas”. É o modo de semear conflitos. Assim, propriedades então distantes e mais antigas que as aldeias criadas por Rondon, que  não passavam de 200 indígenas e hoje são 3000, seriam abusivamente definidas como terras indígenas. Por acréscimo, leitor, está muito claramente dito nos laudos antropológicos que esta ou aquela área de “terra indígena” é o que os índios precisam HOJE, ficando claramente projetado um expansionismo sem limites no espaço e no tempo, de acordo com o aumento da população em leque. Tal tese impacta a estabilidade jurídica em áreas distantes 50 ou mais Km de qualquer aldeia. Seria ainda a recriação do “espaço vital” da Constituição nazista alemã  para isolar, conflitar e tentar criar enclaves em nossas fronteiras.

Face a tais desmandos, leitor, conviria apontar a diferença de posturas entre membros do clero católico. Um, em Antônio João, paga aluguel de caminhão para o transporte nas invasões. Outro, como o Pe.  Altair Rossati, em Miranda, declara ao Sindicato Rural de Miranda:  “… conte com a solidariedade do Pároco da Paróquia Nossa senhora do Carmo, e tenha certeza de que, como cidadão, também não concordamos com os acontecimentos, muito menos com as “intenções” daqueles que pretendem, claramente,  desestabilizar toda uma classe trabalhadora e produtora e,  o que é pior, suprimir as prescrições constitucionais, Norte e suporte do convívio da sociedade como um todo”. Inspirou-o, sem dúvida, as palavras do Profeta:   “revelar a verdade é fazer justiça e a falsa testemunha pronuncia mentiras” (Provérbios, XI, XVI).    E tudo se passa, leitor,  diante de nossas Forças Armadas perplexas; de defensores da Constituição que ignoram o financiamento e manipulação externa das invasões;  de um Presidente que nada vê e nada sabe, e de pioneiros rurais descobrindo que “A Lei não acode aos que dormem”.

Publicado em 07/10/2008 15:03:00


Valfrido M. Chaves – Pantaneiro, Psicanalista.

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