FÓRMULA PARA O SUCESSO EDUCACIONAL
Dirceu Moreira
Assisti a uma conferência do prof. José Luiz de Faria Neto, onde apresentava uma formula (*) para o sucesso educacional do I.E. Jucaris Faria que chamou à minha atenção, fazendo lembrar-me das palavras do meu grande amigo prof. Celso Antunes ao dizer que “o grande educador é um educador competente, e não o educador inspirado. Por que a inspiração, você pode conquistá-la sem esforço, mas a competência se desenvolve”. Complementando meu amigo Celso é preciso dizer que todo sucesso tem muito a ver com os 10% de inspiração e 90% de transpiração. Ninguém transpira mais do que ter que se dedicar a arte de ensinar. É claro que na maioria das vezes quando pessoas buscam soluções para seus problemas, elas esperam que surjam, como acontece, surgem aqueles pseudos “gurus” na área de educação e principalmente na empresarial com suas fórmulas mágicas, ou melhor, dizendo: os adeptos da lei do menor esforço. Vigotsky também aparece na parada e oferece semelhante abordagem do prof. José Luiz, bem como Celso ao dizer que: “O processo de ensino aprendizagem inclui sempre aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre essas pessoas”. Sem longos comentários, eis que se apresenta um dos maiores desafios na educação e todo e qualquer processo de interelacionamento. A relação entre duas pessoas é tão importante que Henry Ford chegou a mencionar mais ou menos o que se segue: “por estas habilidades daria o maior tesouro de que se possa imaginar”. Vivemos em uma sociedade tecnocrata onde predomina o poder pelo tecnológico pelo método, como se não houvesse tecnologia na arte de se relacionar e de se comunicar. Mas continuando nossa fórmula para o sucesso educacional, eis que o prof. Henrique José de Souza lança mais lenha na fogueira ao dizer: “grande é aquele que deseja instruir-se; maior o que se instrui; porém muito maior, é o que oferece seus conhecimentos aos demais”. Este sentido de ser “maior” a que se refere o prof. Henrique penso eu, que se dá em um estado crescente de responsabilidade ou o mesmo que dizer, um estado permanente de mudança de uma vida energia para uma vida consciência. Temos aqui o aluno dedicado, aquele que persevera e se torna um vencedor de si mesmo e o mestre que traz na humildade a eterna busca pelo conhecimento, possibilitando sempre que seus discípulos possam evoluir. A fórmula do sucesso educacional vai se delineando e começamos a perceber que não é só o pedagógico, o tecnológico, mas também o comportamental tendo em visto que o processo de aprendizagem sempre dependerá de uma boa relação. Vou citar um exemplo bem simples que consiste na falta grave do que é a arte de elogiar, acontecido a um bom tempo atrás: uma garotinha na sua fase de alfabetização recebia de sua professora criticas sobre os erros e os circulava em vermelho. O mais grave era que isto era feito perante todos os colegas em sala de aula. Aqui começa a formula do insucesso. Erro! Ela apenas se configura ou deveria ser corrigida. A origem remonta à família que comparava o desempenho da menina com os outros irmãos e os pais a ridicularizava e apontava os erros grifados em vermelho. Mais tarde em sua vida adulta esta menina confessou numa sessão terapêutica que se recebia um e-mail ou algo escrito em vermelho, ela era capaz de ouvir a voz da sua professora e de seus pais ridicularizando-a. Bem, acredito que daqui se é possível tirar alguns ingredientes para a fórmula do insucesso não apenas educacional.
Para que a fórmula para o sucesso educacional não se transforme num complicado emaranhado, vamos torná-la o mais simples possível. Eis alguns ingredientes básicos: aluno, escola, família, livros, estudo, disciplina e amar o que se faz. Está formula pode ser sintetizada nas relações do triangulo indeformável (claro que não está assim) onde se apresenta em um dos vértices a família que faz o papel motivacional conduzindo seus filhos à escola com o mínimo de disciplina, respeito e amor ao estudo. A escola no outro vértice acolhe o aluno e potencializa a sua inteligência através da qualidade de um bom ensino. No outro vértice deste triangulo a sociedade acolhe a formação deste jovem através do caráter que a família o ajudou a moldar (relacionamentos) e do potencial que a escola desenvolveu e transforma tudo isso em tecnologia aplicada ao desenvolvimento de novos produtos e deveria ser também de ordem social na melhoria da qualidade de vida da população. Podemos perceber que este triângulo eqüilátero está mais para escaleno do que para isóscele. Embora diferentes entre si estas três estâncias que é a família, a escola e a sociedade têm o seu lado isóscele e o seu lado eqüilátero de equilíbrio sem que para isso percam suas peculiaridades.
O prof. José Luiz diz que é preciso os seguintes ingredientes: aprender na escola + estudar em casa+ disciplina + amor= sucesso educacional.
A escola ensina, o aluno aprende e apreende o conteúdo quando chega em casa e continua os estudos através das lições e dos afazeres escolares e, para isso é preciso disciplina e tomar gosto pelo estudo e amar o conhecimento.
Como vimos, esta fórmula exige a co-responsabilidade dos pais para com a escola, ajudando seus filhos na auto disciplina, mostrando e valorizando cada aquisição da criança no seu processo de aprendizagem e motivando-os a partir das mais simples conquistas, sem comparações e competividade. Ter disciplina é ter regras e limites. Vivemos em um país que só fala dos direitos em detrimento dos deveres. Todo direito está atrelado a um dever, e as profs.. Mª Regina de Stefano, Mª Helena Lupinetti, Simone A. Abranches Machado, Cláudia Gelain Rebeschini, Aline Rezende e Thais Faria têm conseguido excelentes resultados com seus alunos em sala de aula ao tratar da questão dos deveres. È importante que os pais mostrem aos filhos que diferente de competir para ser melhor que o outro, a superação consiste em que ele pode dar o melhor de si mesmo a cada dia. Ninguém pode ser melhor do que o outro, mas apenas melhor do que ele já é. Isto merece cuidado para não comparar o desempenho dos filhos. Cada um tem sua particularidade, seu jeito de ser e deve ser respeitado. Por isto, esta fórmula do sucesso educacional envolve os papéis co-responsáveis da família, da escola para que todos nós representando o social, possamos usufruir destes benefícios. Talvez tenhamos que perguntar ao professor. Nelson Salles qual a fórmula do seu sucesso quando ele diz que: “desde o primeiro ano (1985) o Ceitec vem aprendendo a ensinar”. Eu arriscaria a sintetizar: “não há nada tão bom que não possa ser melhorado”, mas ainda falta a fórmula. Recentemente o sistema Opet ganhou o prêmio Top de educação 2007. Qual teria sido a fórmula? Prepare-se, pois a formula de sucesso como esta e outras, não se constrói sozinho e de um dia para o outro. O milagre vem depois do trabalho. O dever vem antes do direito.
Para que a educação cumpra o seu verdadeiro papel, quero deixar estas palavras do prof. Henrique José de Souza como reflexão para que uma fórmula viva do sucesso pessoal e educacional seja uma realidade: “quem semeia um pensamento colherá um fato; quem semeia um fato terá um hábito, semeia um hábito e formará um caráter; semeia um caráter e obterá um destino”. Desta forma todas as idéias que contribuam para o sucesso educacional sejam bem vindas, tanto a do prof. José Luiz quanto de milhares de educadores e escolas neste imenso Brasil e do mundo: a formação de cidadãos conscientes e, portanto jamais serão manipulados. Por isso dizia Paulo Freire: “A educação não pode ser responsabilizada por todas as mudanças, porém não existem mudanças sem a educação”. Os paradoxos são bons para reflexão.
Viva o Brasil
Viva a educação
Viva nossos educadores
(*)Fórmula é a síntese de um raciocínio, e não um subterfúgio para não raciocinar.
Publicado em 05/08/2008 11:57:00
Dirceu Moreira – Psicólogo, psicoterapeuta, palestrantes, 10 livros publicados –
Finalista do Premio Educador do ano-2006
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