REFLETINDO SOBRE CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET, VYGOTSKY, WALLON E WINNICOTT: UMA ESCUTA SENSÍVEL DO EDUCADOR HOJE!
Célia Marinho Melo Farias
Obras destes teóricos nos proporcionam uma escuta sensível com reflexão e a atualização das interpretações delimitando assim um novo pano de fundo às investigações teóricas e empíricas.
Dentro desta analise didática não devemos, limitarmo-nos a considerar separadamente o aluno, o professor e o saber para cumprir a ação social. Até mesmo porque ações fragmentadas são inúteis na construção do conhecimento. O educador deve ter essa “escuta” sensível para auxiliar a criança, proporcionando-lhe expressar-se com liberdade, exposição de idéias, cultura e conhecimentos. Auxiliando-a na construção de conceitos básicos como cooperação, socialização e permitindo-lhe analisar os diversos contextos vivenciados, tomando decisões com senso crítico, cortando laços com a educação convencional do passado, que já rotulou, e estagnou-se por muito tempo.
Lúdico auxilio entre cognoscente e cognoscível
E esse é o momento em que o lúdico contribui de forma ampla, prazerosa e significativa, valorizando o que a criança sabe e usando de forma correta as atividades lúdico-exploratórias. As crianças conseguem interagirem de forma que o objeto de interação entre o sujeito cognoscente e o objeto a ser cognoscível, propicie a interação não só de cada sujeito com o objeto mas, também a interação de cada sujeito com os outros que estão conhecendo este objeto junto com ele.
Educar é ir além de ensinar meramente, objetiva formar o ser humano para a vida, fazendo-o entender e atuar de maneira consciente e responsável sobre o mundo físico, social, político e cultural no qual vive.
Visando apresentar o assunto de forma sintética, , inicialmente comentar-se-á o movimento e o jogo abordado as classificações deste nas concepções de Vygotsky(1988), Piaget(1994), Wallon(1986) e outros, pela importância e significado que esses teóricos atribuem ao tema.
A criança descobre o prazer de brincar com suas mãos, com seus pés, depois com todos os seus outros segmentos. É o prazer de viver o seu corpo que é essencialmente prazer do movimento em si mesmo, sem outra finalidade. É a aprendizagem progressiva de “domínio do corpo” através do jogo corporal, onde o movimento acompanha as diferentes organizações funcionais, um denominador comum a todas as formas de inteligência.
Wallon (1986) destaca estas formas de inteligência como “a inteligência expressiva:- direção social-próxica “explicitando que”. . . ] as formações de expressão precedem de longe às de realização”.
Assim, segue situando a” inteligência prática-direção fisica-próxica. Nesta perspectiva coloca que [. . . ] o efeito favorável desencadeia do gesto nocivo”.
Como se observa a inteligência prática que já trabalha com o ato motor e perspectivo, já utilizam recursos da representação, mas igualmente já processa a confecção, para a instalação teórica. Essa última inteligência pontuada por Wallon, não aparece estanque, mas é fruto da transição da inteligência pratica para a teórica, sendo esta uma conquista intelectual importante do ser humano. Nesta etapa volta-se à atividade intelectual abstrata, que supera o movimento motor, interage com o meio pela representação ou pelo ato mental simbólico e conceitual.
Supera a ação motora pela ação mental. A criança vive um intenso processo de desenvolvimento.
Nela se expressa a própria natureza e, a cada instante, surge uma nova formação. Ao entrarem em ação, essas formações impelem a criança a buscar o tipo de atividade que lhe permita manifestar-se de forma mais completa. A primeira atividade é o brincar e através desse brincar, que ela desperta para o mundo, sendo o começo de uma série de outras atividades que se desencadeiam à medida que se tornam ação, levando-a a descobrir novas formas de aprendizagem, numa dialética permanente entre o eu e o mundo.
O movimento para a criança é a sua realidade imediata e espontânea pela forma como experimente as coisas e lhes dá vida própria. O domínio do corpo e a conquista sensorial e intelectual do espaço estabelece-se a partir do momento em que são facilitadas as oportunidades de iniciativa através de múltiplas experiências de movimento nos diversos locais em que se encontra. Esta possibilidade da criança poder perceber, programar e realizar ações favorece a aquisição de aprendizagens básicas, importantes para o seu desenvolvimento e para sua adaptabilidade social.
Os jogos podem contribuir significativamente para o processo de construção do conhecimento da criança como mediadores das aprendizagens significativas.
Vários estudos a esse respeito vem comprovar que o jogo, além de ser fonte de prazer e descoberta para a criança, é a tradução do contexto sócio-cultural-histórico refletido na cultura (experiência). A ludicidade deve ser a “escuta” sensível para nortear as atividades didáticas pedagógicas.
Winnicott(1975)considera que:
[. . . ]o ato de brincar é mais simples que a simples satisfação de desejos. O brincar é o fazer em si um fazer que requer tempo e espaço próprios; um fazer que se constitui de experiências culturais, que é universal e próprio da saúde, porque facilita o crescimento, conduz os relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação consigo mesma (a criança) e com o s outros.
Analisando a concepção acima, pode-se afirmar que o ato de brincar vai além de satisfazer desejos, exercendo influência inclusive na criatividade, socialização e construção de conhecimentos. Através da criatividade e usando cada individuo sua singularidade o indivíduo torna-se pleno e sincronizado com a vida, valorizando-a, percebendo suas potencialidades, além das trocas e interações. Sendo o jogo um dos facilitadores. A palavra jogo oferece uma gama de sentidos como divertimento, distração etc. .
Também Vygotsky(1988)ao enfatizar o jogo, atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil. A criança através da brincadeira reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo o seu próprio pensamento. A linguagem, segundo Vygotsky (1988), tem importante papel no desenvolvimento cognitivo da criança à medida em que sistematiza suas experiências e ainda colabora na organização dos processos em andamento .
A ludicidade e a aprendizagem não devem ser consideradas como ações com objetivos distintos . O jogo e a brincadeira são por si só uma situação de aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem à criança comportamentos além dos habituais.
Ainda na concepção de jogo, Piaget(1994)coloca e descreve quatro estruturas básicas de jogos infantis, que vão se sucedendo e se sobrepondo. Destaca em síntese que o jogo é uma
forma poderosa para estimular a vida social e a atividade construtiva na criança.
Sendo assim, apresenta uma classificação que segue a presente ordem:
Jogo do exercício: simples prazer funcional, ou pelo prazer produzido pela tomada de consciência de suas novas capacidades;
Jogo simbólico: representação de um objeto ausente ou de simulação funcional. O interesse este centrado nas realidades simbolizadas, e o símbolo servem simplesmente para evocá-las;
Jogo de construção: dos quatro aos sete as crianças fazem reproduções exatas, e seus símbolos se tornam cada vez mais imitativos;por esse motivo, o jogo simbólico se integra ao exercício motor ou intelectual e se transforma, em parte, em jogo de construção;
Jogo de regras: combinações sensórias motoras ou intelectuais de competência dos indivíduos e reguladas por um código transmitido de geração em geração, ou por acordos improvisados.
A importância do jogo de regras surge quando se aprende a lidar com delimitação, no espaço, no tempo, no tipo de movimento válido, na utilização dos objetos e do corpo.
Considerações Finais
Neste trabalho tomou-se como referências, as brincadeiras, os jogos, enfim a ludicidade como expressiva mediadora do conhecimento. Conhecimento este construído de forma prazerosa pelos educandos, que o fizeram gradativamente supondo, interagindo formulando hipóteses questionando e chegando a um consenso.
O jogo lúdico é uma forma de aprendizagem particularmente poderosa para estimular a vida social e a atividade construtiva do educando.
Tendo em vista a temática do presente estudo desenvolvido, esta pesquisa espera contribuir com a reflexão sobre o papel construtivo que o brinquedo tem no desenvolvimento do educando. Esse papel é, sem dúvida fundamental. Essa afirmação nos faz repensar formas de aprendizagem e nos prova da importância do lúdico.
A importância de momentos de reflexão, ao realizar este trabalho, me deparei com situações vivenciadas na minha práxis-diária, revivi experiências particulares que já ocorreram . E, isto me faz ter a certeza que a teoria é de suma importância para um embasamento prático. Muitas respostas que busquei encontrei. Algumas dúvidas ainda persistem, mas acredito que essas dúvidas e angustias fazem parte da vida de mediadores pesquisadores que não pararam no tempo, mas buscam uma constante atualização.
Referências Bibliograficas
(KISHIMOTODesafios modernos da educação.Petropolis-RJ:Vozes,1993
DEWEY,j.The child and the curriculum.Chicago;University of Chicago Press.1902
DEWEY,J.Uma filosofia para a educação em sala de aula.Petropolis-RJ,Vozes.1998
FERNANDEZ,Alicio.A inteligência aprisionada.Porto Alegre.artes médicas1991
FREIRE,Paulo.Educação como prática de liberdade-RJ-Paz e Terra1989
KAMII,C.Devies Rheta.Piaget para a educação pré-escolarP.AlegreArtes médicas1992
KISHIMOTOT.M.O jogo da educação infantilSão paulopioneira1994
PIAGET,J.seis estudos de psicologia –RJ-forense universitária,1994
VIGOTSKI,Lev S. A formação social da menteP.Alegre Martins Fontes1989
Linguagem desenvolvimento e aprendizagem São Paulo-ícone USP,1988
Wallon,H. Do ato ao pensamento;ensaio de psicologia comparaaLisboa:Moraes 1979
WINNICOTT.D.W. O brincar e a realidade.RJ:Imago 1975
Publicado em 05/06/2008 16:04:00
Célia Marinho Melo Farias – Pedagoga; Professora do Ensino de primeiro Grau
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