Uncategorized

Artigo Entrid 1025

Para imprimir este artigo sem cortes clique no ícone da
impressora >>>

 

BULLYING

Gelson Franzen

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia Institucional do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha – CESUCA, Instituto Superior de Educação – ISE.
Orientadora: Profª Ms. Fabiani Ortiz Portella

Os meninos atacam Basini quase toda noite, arrancando-o da cama e empurrando-o escada a acima para o sótão. Nenhum professor vai ouvir seus gritos de lá. Eles o forçam a se despir, então fustigam suas costas. Nu e indefeso, o garoto se encolhe enquanto seus torturadores o fazem gritar “Eu sou uma besta!”. Durante o dia, outros estudantes o cercam no pátio e o empurram até ele cair, sangrando e sujo.
O jovem Töless, de Robert Musli, romance sobre os anos da puberdade passados num colégio interno da Áustria na virada do século, foi publicado em 1906. Os impulsos que fervem por trás dos muros da Academia Militar imperial e Real podem soar como relíquias embaraçosas de uma era passada, mas não são. Violência de um grupo contra o indivíduo, acobertada pelos colegas e mantida a distância pelos professores, ainda acontece nas escolas hoje. E o bullying – termo em inglês para intimidação física e psicológica -, assim como a disseminação regular de apelidos depreciativos, boatos e fofocas, são mais comuns que a sociedade, os funcionários de escolas e os pais gostariam de acreditar.
[…] Na narrativa de Musli, o jovem Basini não encontra ajuda, e os três agressores ficam sem punição. Os outros estudantes acobertam os bullies e os professores terminam enredados numa teia de mentiras e trocas de acusação. No final, Basini é expulso. A vida real para uma vítima de verdade pode ser bem pior.

Mechthild Schäfer


RESUMO
O presente estudo teórico, de caráter qualitativo, tem por finalidade investigar o modo como se dá e propaga o fenômeno mundialmente conhecido como Bullying.
Na atualidade, a questão da violência escolar tem sido foco de muitas discussões e estudos. Porém quando falamos em violência escolar, estamos fazendo referência a violência que ocorre no interior e também fora dos muros escolares. Visualizamos alunos trocando xingamentos, chutes, palavrões, depredando o patrimônio escolar, atentando física e moralmente contra professores. O ponto crucial de nosso trabalho é trazer ao cerne educacional um outro modo de violência, que está presente em todas as escolas, independente da classe social de seus alunos, da localização ou do tipo de instituição, se particular ou pública. Trata-se do Bullying, que define-se como uma forma intencional e repetitiva de atitudes agressivas. O Bullying tem estado com certa constância nas manchetes de jornais mundiais devido a casos de homicídio e/ou suicídio cometidos por supostas vítimas de bullies.
Há quem afirme ser o Bulling uma das formas mais cruéis de violência, pois seu nível de agressividade faz de suas vítimas reféns da ansiedade, do medo e outras emoções que interferem no seu cotidiano, em seus processos de aprendizagem, como está presente principalmente nos anos escolares que coincidem com a puberdade, o abalo à auto-estima e na construção/afirmação da identidade deste indivíduo pode ser permanente, irreversível. Tal fenômeno pode levar à evasão escolar como também, em última instância, a geração de pessoas psicologicamente desestruturadas, que poderão vir a cometer outros tipo de violência, a adotar comportamentos anti-sociais e até ao desejo de ‘matar a escola’, onde todo este mal foi gerado.

Palavras- chave: Bullying. Agressividade. Educação.

ABSTRACT
This theoretical study of qualitative nature, aims to investigate how it is spread and gives the worldwide phenomenon known as Bullying.
Today, the issue of school violence has been focus of many discussions and studies. But when we talk about school violence, we are referring to violence that occurs inside and outside the school walls. Vizualize students swapping scoldings, kicks, language, depredate the heritage school, looking physically and morally against teachers. The crux of our work is to bring to the core educational another way of violence, which is present in all schools, regardless of social class of their students, the location or the type of institution, whether private or public. This is the Bullying, which is defined as an intentional and repetitive, aggressive attitudes. The Bullying has been with some constancy in the headlines of newspapers worldwide due to cases of homicide and / or suicide committed by alleged victims of bullies.
Some say being the Bulling one of the most cruel forms of violence, because their level of aggressiveness makes its victims hostages of anxiety, fear and other emotions that interfere with their daily activities, in their processes of learning, as is present mainly in the years schools that to coincide with the maturity, the shock of self-esteem and the construction / affirmation of the identity of this personal may be permanent, irreversible. This phenomenon can lead to dropout but also, ultimately, the generation of people psychologically destructured, which are likely to commit other kinds of violence, adopt unsocial behavior and by the desire to ‘kill the school,’ where all this evil has been generated.

Keywords: Bullying. Agressividade. Education.

INTRODUÇÃO
O presente estudo teórico tem por finalidade investigar o Bullying enquanto um fenômeno mundial, partindo do pressuposto de que suas determinações ainda não estão claras, mas que é um fenômeno que independe de classe social, localidade, ciclo escolar e condições financeiras, pois está presente em escolas públicas e privadas, no Ensino Fundamental e Médio, já havendo relatos inclusive, de bullying na pré-escola com crianças de três anos de idade.
É fato, que o bullying atinge principalmente os indivíduos que estão na puberdade. A adolescência é um período da vida que demarca a transição entre a infância e a fase adulta, onde ocorre a afirmação de uma identidade individual, é marcante para a auto-estima, por si só já é um período instável emocionalmente, com o bullying então, esta instabilidade pode tornar-se até patológica e repercutir por toda a vida adulta.
Este assédio moral faz referência a um comportamento ofensivo, humilhante, aviltante, que desmoraliza, repetida e excessivamente, através de ataques violentos, sejam físicos ou psicológicos, cruéis e maliciosos que objetivam rebaixar, humilhar um indivíduo.
Até através dos meios de comunicação, como a internet, estão sendo utilizados para a propagação do bullying, o Orkut é um dos principais meios virtuais de agressões, ridicularizações, difamações e outras violências, em larga escala, entre os jovens.
Frente a estas evidências é necessário que se pesquise, estude e propague o que é, como prevenir e como enfrentar este fenômeno, denominado Bullying.

Além deste capítulo introdutório, a pesquisa está estruturada da seguinte forma:
Capítulo I -Metodologia: explana brevemente como foi realizado o presente trabalho, suas etapas de elaboração e construção.
Capítulo II – Conceituação e breve histórico do bullying no mundo e no Brasil;
Capítulo III – Bullying e seus atores, apresenta os papéis de cada um na dinâmica do bullying;
Capítulo IV – Casos notórios de bullying ao redor do mundo, apresenta alguns dos casos mais noticiados causados pelo bullying;
Capítulo V – Bullying e o sexo frágil, como as meninas agridem e são agredidas;
Capítulo VI – O bullying e a escola;
Capítulo VII – Bullying, realidade e novas vias, apresenta nossa realidade atual e novas possibilidades para o futuro.
Na conclusão apresentamos algumas reflexões pessoais, críticas e sugestões pertinentes ao tema.

1 METODOLOGIA
A presente pesquisa é realizado através de investigação bibliográfica quantitativa e qualitativa.
Apesar da escassa bibliografia sobre o assunto, mesmo os estudos a respeito dele terem iniciado na década de 1970.
Realizamos uma exploração através de alguns materiais já elaborados e pertinentes ao tema selecionado, que nos auxiliaram neste processo, entre eles: livros, periódicos, artigos científicos, revistas e internet. Após o levantamento bibliográfico preliminar, realizamos a leitura do material, na seguinte ordem: leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa.
Com base, e durante as leituras foram feitos registros com as principais idéias, tópicos e possíveis citações diretas.

As anotações devem ser feitas preferencialmente com frases próprias. Isso porque, à medida que alguém se torna capaz de expressar um pensamento alheio com termos próprios, tal fato indica que realmente entendeu o que o autor pretendia dizer. Há casos, porém, em que a transcrição deve ser feita ipsis litteris e de forma a se identificar imediatamente a fonte original (GIL, 2002, p.81).

O que facilita e agiliza o trabalho de estruturação textual.
A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura completa de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço (GIL, 2002, p.45).

Apesar de muitos serem os fatores que levam o pesquisador a optar por uma ou outra linha de pesquisa, porém o intuito deve ser sempre o mesmo: a investigação, a busca de resposta a um determinado problema, a construção de novos saberes, com base nos conhecimentos já construídos. Evidentemente, cada linha possui defeitos e virtudes, vantagens e desvantagens, nenhum sendo considerado como superior ao outro, apenas mais adequado à busca de determinados resultados. No entanto, o importante é que o método apresente o necessário rigor científico, para que possa ser considerado confiável, verdadeiro, crítico e científico.
Em nossa investigação não tivemos uma quantidade considerável de fontes  para explorarmos, no entanto podemos contar com textos de qualidade, os quais nos ofereceram um bom embasamento para prosseguirmos e concluirmos, por hora, esta pesquisa.
Apesar de alguns percalços no caminho, até a conclusão deste trabalho, nos reservamos o direito de achar que este pode contribuir na elucidação de um problema educacional sério e ainda pouco ou mal explorado.

2  CONCEITO E ORIGEM DO BULLYING
O Bullying  é uma palavra inglesa, uma forma de gerúndio, usada para definir um fenômeno, cujo autor é chamado de Bully, palavra esta que se traduz como “brigão” e “valentão”. No Brasil, e em outros países, tratando-se de um assunto recentemente abordado, não há registros de tradução desta palavra, que designa um fenômeno inteiramente ligado às várias ações maldosas sucedidas no espaço escolar.

Quem nunca foi zoado ou zoou alguém na escola? Risadinhas, empurrões, fofocas, apelidos como “bolha”, “rolha de poço”, “quatro-olhos”. Todo mundo já testemunhou uma dessas “brincadeirinhas” ou foi vítima delas. Mas este comportamento, considerado normal por muitos pais, alunos e até professores está longe de ser inocente. Ele é tão comum entre crianças e adolescentes que recebeu até um nome especial: bullying. [… } E isso não deve ser encarado como brincadeira de criança( DREYER, 2005, p.01).

A literatura define esse fenômeno enquanto certas ações ocorridas em conjunto e/ou isoladas,  para expressar essas idéias na língua protuguesas podemos denominar como ações de intimidação repetida, humilhação, agressão, ofensa, gozação, emprego de apelidos, assédio, perseguição, ignoração, isolamento, exclusão, discriminação, sofrimento, aterrorização, amedrontamento, tirania, dominação, empurrão, violência física, quebra e roubo de pertences daqueles que são vítimas de bullying (COSTANTINI, 2004).

Bullying: palavra de origem inglesa, adotada em muitos países para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob tensão; termo que conceitua os comportamentos agressivos e anti-sociais, utilizado pela literatura psicológica anglo-saxônica nos estudos sobre o problema da violência escolar (FANTE, 2005, p. 27).

Este fenômeno não é restrito a um determinado país, pois há registro de casos ocorridos em toda Europa, nas  Américas (Latina, Central e do Norte), Japão e Oceania. Existem várias traduções para a palavra inglesa bullying, na Alemanha, França, em Portugal se usa o termo “violência entre pares”, e tantos outros países utilizaram-se de palavras conhecidas em sua língua para traduzir este fenômeno. Contudo:

A adoção do termo bullying foi decorrente da dificuldade em traduzi-lo para diversas línguas. Durante a realização da Conferência Internacional Online School Bullying and Violence, de maio a junho de 2005, ficou caracterizado que o amplo conceito dado à palavra bullying dificulta a identificação de um termo nativo correspondente em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Brasil, entre outros (NETO, 2005, p. 165).

Ainda em conformidade com o autor, podemos ressaltar que:
O comportamento agressivo entre estudantes é um problema universal, tradicionalmente admitido como natural e freqüentemente ignorado ou não valorizado pelos adultos. Estudos realizados nas últimas 2 décadas demonstraram que a sua prática pode ter conseqüências negativas imediatas e tardias para todas as crianças e adolescentes direta ou indiretamente envolvidos (NETO, 2005, p.164).

Apesar de ser um fenômeno, reconhecidamente mundial, nem tão recente, visto que os primeiros estudos datam de três décadas atrás, as escolas e os professores não estão preparados para lidar com este problema. O bullying por vezes parece uma epidemia invisível, pois geralmente os adultos o ignoram ou fazem pouco caso das agressões, considerando-as  naturais.
Existem registros de ocorrências de pessoas que sofriam bullying, ou seja, pessoas que eram vítimas do fenômeno e que, em atos de extremismo, para por fim ao seu sofrimento, cometeram homicídio seguido de suicídio e, conforme demonstrado na literatura, nem sempre as vítimas destes homicídios eram seus agressores/intimidadores, chamados de autores de bullying (FANTE, 2005).
O constrangimento físico e moral no âmbito escolar tem sido pesquisado na Europa, a partir de uma co-relação entre tentativas de suicídio e bullying.
Constantemente, a mídia aborda casos de violência extrema envolvendo, cada vez mais, um número maior de jovens infratores relacionados a fatos que escandalizam a sociedade como um todo e segundo estudos, podem ser provocados pelo bullying.
O bullying conforme a ABRAPIA –  Associação Brasileira Multi-profissional de Proteção à Infância e Adolescência, criada em 1988, com a finalidade de pesquisar e analisar o fenômeno bullying, este termo compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente,adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre pares, no ambiente escolar, e o desequilíbrio psicológico, são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima. São muito comuns os bullies aplicarem sobre suas vítimas ações como o duchão (colocar a cabeça da vítima dentro do vaso sanitário e puxar a descarga), puxar a cueca por trás apertando a genitália da vítima, a cobrança de pedágio ( a vítima tem de fornecer dinheiro ao agressor para não apanhar, este pagamento também pode ser feito através da realização de trabalhos escolares para o agressor), entre outros.
Costantini define este fenômeno como:

Trata-se de um comportamento ligado à agressividade física, verbal ou psicológica. É uma ação de transgressão individual ou de grupo, que é exercida de maneira continuada, por parte de um indivíduo ou de um grupo de jovens definidos como intimidadores nos confrontos com uma vítima predestinada (COSTANTINI, 2004, p. 69).

Os dados de várias pesquisas demonstram que, geralmente, a vítima do bullying não encontra condições de se recuperar após as intimidações, pois se sente desprotegida fisicamente e, mesmo reclamando, dificilmente encontra ajuda necessária no espaço escolar para interromper as situações promovidas pelo bullying, ou para oferecer apoio psicológico às vítimas. Isto porque a vítima se sente impotente psicologicamente para se libertar do sofrimento ao qual é submetida.

Para a vítima, sair desse papel significa emancipar-se de uma situação de sofrimento e de absoluta impotência psicológica. Ações concretas que rompam com esses sentimentos, e que demonstrem que a realidade é totalmente modificável, podem dar-lhe aquele empurrão necessário para tomar coragem e mudar a maneira de uma vítima ser a si mesmo (COSTANTINI, 2004, p. 74).

Da mesma forma que a escola não ajuda a vítima de bullying, também não realiza ações de conscientização e prevenção destas ações.

O intimidador, por sua vez, não encontra a contenção necessária contra a impulsividade e a agressividade em um contexto no qual se sente perfeitamente à vontade e que lhe parece sem regras e sanções significativas. Não encontra, principalmente, adultos que saibam escutá-lo e que o ajudem, inclusive em ações de enfrentamento, a tomar consciência e sair desse papel que construiu para si mesmo (às vezes a única maneira que conhece para socializar-se), sensibilizando-o para as relações sociais mais construtivas (COSTANTINI, 2004, p. 75).

O Bullying é um tipo de violência escolar com características particulares, pois não é praticado em forma de brigas ou conflitos entre discentes e sim, executado a partir de intimidações repetitivas e violências física, verbal e psicológica, contra uma vítima escolhida por sua fragilidade e resultando, quando menos drásticas, em isolamento e marginalização.
O bullying se constitui, sem dúvida, a forma mais sutil de violência no âmbito
escolar, pois se trata de um fenômeno que usa geralmente colegas da mesma sala
de aula como suas vítimas para se expressar, deixando seqüelas psicológicas, em muitos casos irreparáveis e, embora aconteça em todos os níveis de ensino, sua presença é notada com certa freqüência no Ensino Médio, pois esta é a fase que coincide com a adolescência, momento este em que o indivíduo se encontra em transição física, emocional e psicológica entre a infância e a fase adulta.

2.1 BREVE HISTÓRICO MUNDIAL SOBRE BULLYING
Para uma melhor compreensão do bullying, precisamos estudá-lo  historicamente. Há quem diga ser o bullying tão antigo quanto à escola e, mesmo que já houvesse certa preocupação por parte de educadores em relação à esta problemática, anteriormente à década de 1970 não há um estudo a respeito do tema. A partir desta época e, primeiramente na Suécia, a sociedade deste país passou a se interessar pelos problemas gerados pela violência escolar, posteriormente, esta preocupação estendeu-se por todos os demais países europeus.
A bibliografia disponível demonstrou que os estudos a respeito de bullying se deram no início na década de 1970, realizados pelo professor Dan Olweus na Universidade de Bergen na Noruega, e foram marcados pela iniciativa de Olweus em investigar a violência no âmbito escolar, e o não pelo interesse das instituições sobre o assunto, que somente foi despertado nos anos 1980, depois do suicídio de três meninos entre dez e catorze anos de idade naquele país, em 1983. Com base em questionário contendo vinte e cinco questões e aplicado em oitenta e quatro mil estudantes de vários períodos escolares, trezentos a quatrocentos professores e mil pais, Olweus pôde avaliar a natureza e a ocorrência do bullying, bem como verificar sua extensão e características, além do impacto das intervenções que já haviam começado nas instituições de ensino norueguesas.
As questões do questionário, aplicado na pesquisa do professor Olweus foram compostas por respostas de múltipla escolha, possibilitando verificar a freqüência, os tipos de agressões, locais de maior risco e a percepção individual frente ao problema. Os primeiros resultados desta pesquisa  foram informados em 1989 e seus registros se deram quatro anos depois com a publicação do livro “Bullying at School” de autoria de Dan Olweus, no qual ele constatou que um em cada sete estudantes noruegueses estava envolvido em casos de bullying (OLWEUS, 2005).
Olweus, em sua obra, apresenta e discute o problema, com os resultados de seu estudo, meios de identificar possíveis vítimas e autores e meios de intervir em casos de bullying. Esta publicação incentivou a criação de uma campanha nacional anti-bullying nas escolas, apoiada pelo governo norueguês e a partir desta, houve a redução em 50% dos casos existentes nas instituições de ensino, visto que a campanha continha regras bem definidas, apoio às vítimas, envolvimento de pais e professores, conscientização e eliminação de mitos. O sucesso desta campanha incentivou governos de outros países a adotarem medidas contra o bullying, tais como: Canadá, Grã-Bretanha, Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Grécia e Estados Unidos. Durante os anos 1990, Olweus trabalhou em parceria com um número de colegas norte-americanos,para estudar possíveis casos norte-americanos de bullying.
A professora norte-americana Rachel Simmons, por ter sido em sua infância vítima de bullying, passou a pesquisar a respeito do fenômeno e percebeu que a bibliografia relacionada ao assunto era escassa, principalmente em se tratando de ocorrência envolvendo meninas, visto que, na maioria dos casos europeus, o envolvimento de estudantes, tanto como na condição de autores, quanto na condição de vítimas, eram do sexo masculino. Docente da Universidade de Oxford, Rachel Simmons, após minuciosa pesquisa publicou, em 2002, o livro Garotas fora do jogo: a cultura oculta da agressão nas meninas. Onde descreve sua percepção a respeito da cultura de opressão contra as mulheres, que faz com que elas expressem a raiva de forma velada e muitas vezes cruel.
Em entrevista publicada em 2004, na revista brasileira Nova Escola,  Rachel Simmons comenta que:

Isso é uma das coisas mais importantes que eu tentei transmitir no livro. A razão pela qual a raiva das meninas parece ser diferente é porque há muitas regras contra isso. Elas crescem aprendendo a ser gentis o tempo todo, a sorrir e a fazer amizade com pessoas. Quando se cresce aprendendo isso, é preciso esconder os verdadeiros sentimentos que surgem na hora da raiva. As meninas têm os mesmos sentimentos dos meninos, sim, mas precisam esconder isso por causa dessas proibições. O que sobra, na hora de colocar tudo isso para fora, é fazer comentários, disfarçar, fingir que não estão com raiva quando, na verdade, estão. Elas têm que usar os relacionamentos para ferir os outros, ao invés de usar métodos mais convencionais, geralmente associados aos garotos (SIMMONS apud CAVALCANTE, 2005).

Acreditamos que a crueldade é característica do próprio Bullying  independente de gênero, pois com base em pesquisas realizadas pelo Centro Médico Infantil Nacional Bear Facts nos Estados Unidos da América, estima-se que aproximadamente cinco milhões e setecentas mil crianças americanas, do sexo feminino e do masculino, estão ligadas a casos de bullying, como autores, vítimas ou autores/vítimas e destes, cento e sessenta mil estudantes, adoecem ou mentem estar doente para não ir à escola. Este Centro Médico Infantil divulga ainda, que pesquisas realizadas e divulgadas em jornal pela Associação de Medicina Americana, em salas de aulas de crianças entre seis e dez anos de idade, 13% relatam casos de bullying e 11% relatam serem vítimas.
Na Grã-Bretanha, onde realizou-se a pesquisa mais extensa sobre bullying, na década de 1990, registrou que 37% dos alunos de Ensino Fundamental e 10% dos alunos de Ensino Médio admitem ter sofrido bullying pelo menos  uma vez por semana. Para tratar deste assunto, foi criado um projeto na Europa, envolvendo diversos países daquele continente, intitulado: Training and Mobility on Research (TMR) Network Project: Nature and Prevention on Bullying, mantido por uma comissão e concluído em 2001. Este projeto teve como objetivo diagnosticar as causas do bullying e da exclusão social nas escolas, verificar a origem desses problemas em culturas e sociedades distintas, analisar conseqüências a longo prazo, identificar meios de prevenção e estudar métodos de combate ao bullying que obtiveram êxito.

2.2 – BREVE HISTÓRICO BRASILEIRO SOBRE BULLYING
Conforme a ABRAPIA, no Brasil, como reflexo dos trabalhos realizados na Europa, surgiram recentemente estudos a respeito do bullying. Em 1997, a professora Marta Canfield, procurou observar os comportamentos agressivos apresentados por crianças em quatro escolas de ensino público em Santa Maria/RS, usando uma forma adaptada por sua equipe, do questionário de Olweus de 1989.
E outros estudos semelhantes, ao menos em finalidade foram acontecendo em todo território brasileiro.
Em outubro de 2004, Leonardo Cheffer, publicou, nos Anais da Sexta Semana de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá: Subjetividade e Arte, o qual trata a respeito de bullying, onde descreveu o início de uma pesquisa quantitativa e qualitativa realizada por ele, com duzentos e quarenta alunos de quinta a oitava séries de uma escola pública de uma cidade do norte do Estado do Paraná, a fim de caracterizar o perfil das vítimas (CHEFFER, 2004).
Tal pesquisa foi elaborada a partir da readaptação do questionário de Olweus, contendo treze questões e com dados ainda não concluídos, pois o estudo encontrava-se em fase inicial, mas o que já se pode verificar preliminarmente é que o bullying, além de uma caracterização geral, está relacionado à ideologia da dominação da sociedade, ou seja, é formado pela dialética entre indivíduo e sociedade, compondo um comportamento específico e corresponde à mesma.
Para se identificar e prevenir casos de bullying nas instituições de ensino, alguns autores sugerem métodos de intervenção, como por exemplo, o programa de prevenção de bullying desenvolvido por Olweus, baseado na ação multi-nível criando recompensas e reduzindo oportunidades, com muitos componentes, buscando reestruturar o ambiente escolar e projetado para impedir ou reduzir o bullying em todos os níveis de ensino que atendam estudantes entre seis e quinze anos.
A equipe de funcionários da escola é de extrema importância, pois cabe a ela a responsabilidade de introduzir e executar o programa, e seus esforços são necessários para dirigir e melhorar as relações internas, a fim de que o ambiente escolar se torne um lugar seguro e positivo para a aprendizagem dos alunos. A pesquisa mostra que, quando o desejo de intervenção contra o bullying é eficiente no ambiente escolar e particularmente, reduz o sofrimento das vítimas, podemos notar a neutralização das ações de estudantes agressivos, além de inibir seus comportamentos anti-sociais.
O bullying pode ser classificado como direto ou indireto. O bullying direto é quando as vítimas são diretamente atacadas, seja por agressões físicas, ameças, roubos, ofensas verbais, entre outros. Esta forma de bullying é mais utilizada pelos meninos, enquanto que o bullying indireto é o mais frequente entre as meninas. Isto, por ser o bullying indireto, de certa forma camuflado, compreende atitudes de indiferença, isolamento, difamação,etc.

3 BULLYING E SEUS ATORES
As crianças e adolescentes podem ser identificados como vítimas, agressores ou testemunhas de acordo com seu posicionamento frente a situações de bullying.
A forma de classificação recomendada e utilizada pela ABRAPIA teve o cuidado de não rotular os estudantes, evitando que estes fossem estigmatizados pela comunidade escolar. Adotaram-se, então, os termos autor de bullying (agressor), alvo de bullying (vítima), alvo/autor de bullying (agressor/vítima) e testemunha de bullying.

3.1 ALVOS DE BULLYING
Considera-se alvo a vítima do bullying. O indivíduo exposto, de forma repetida e por longo período, às ações negativas impostas por um ou mais alunos. Entende-se por ações negativas as situações em que alguém, de forma intencional e repetida, causa dano, fere ou incomoda outra pessoa.

Em geral, não dispõe de recursos, status ou habilidade para reagir ou cessar o bullying. Geralmente, é pouco sociável, inseguro e desesperançado quanto à possibilidade de adequação ao grupo. Sua baixa auto-estima é agravada por críticas dos adultos sobre a sua vida ou comportamento, dificultando a possibilidade de ajuda. Tem poucos amigos, é passivo, retraído, infeliz e sofre com a vergonha, medo, depressão e ansiedade. Sua auto-estima pode estar tão comprometida que acredita ser merecedor dos maus-tratos sofridos. O tempo e a regularidade das agressões contribuem fortemente para o agravamento dos efeitos. O medo, a tensão e a preocupação com sua imagem podem comprometer o desenvolvimento acadêmico, além de aumentar a ansiedade, insegurança e o conceito negativo de si mesmo Pode evitar a escola e o convívio social, prevenindo-se contra novas agressões. Mais raramente, pode apresentar atitudes de autodestruição ou intenções suicidas ou se sentir compelido a adotar medidas drásticas, como atos de vingança, reações violentas, portar armas ou cometer suicídio (NETO, 2005, p.166).

Algumas características físicas (obesidade, magreza, nariz comprido, cabeça avantajada), comportamentais (timidez, gagueira,etc) ou emocionais podem tornar este indivíduo mais vulnerável ao bullying, por dificultar a sua aceitação pelo grupo, que tende a conservar “padrões” de beleza e comportamento. A rejeição às diferenças é um fator determinante para a ocorrência de bullying. No entanto, é provável que os algozes utilizem estas diferenças como desculpa para as agressões, mas não que estas sejam o motivo real da violência.
Embora não haja estudos conclusivos neste sentido, alguns comportamentos familiares podem ser facilitadores para o desenvolvimento de possíveis alvos de bullying, entre eles: proteção excessiva que  gera, muitas vezes, dificuldades para enfrentar os desafios e para se defender; tratamento infantilizado, causando desenvolvimento psíquico e emocional aquém do aceito pelo grupo; e o papel de ‘saco de pancadas’ da família, sofrendo críticas severas e sendo responsabilizado pelas frustrações dos pais.
As vítimas de bullying podem apresentar alguns sintomas e sinais, tais como: enurese noturna, alterações do sono, cefaléia, distúrbios gastro-intestinais, desmaios, vômitos, dores em extremidades, paralisias, hiperventilação, queixas visuais, taquicardia, distúrbios alimentares, isolamento, depressão, tentativas de suicídio, irritabilidade, ansiedade, perda de memória, pânico, medo, resistência em ir à escola, tristeza, insegurança no ambiente escolar, mau rendimento acadêmico, atos de auto-agressão, etc. 
É pouco comum a vítima revelar o bullying sofrido,de forma espontânea, seja por vergonha, por temer represálias ou por descrer nas atitudes favoráveis da escola. O silêncio só é quebrado quando os alvos sentem que serão ouvidos, respeitados e valorizados.

3.2 AUTORES DE BULLYING
Desestruturação familiar, relacionamento afetivo pobre ou inexistente, excesso de tolerância e/ou permissividade, prática de abusos físicos e psicológicos, surtos emocionais como forma de afirmação de poder dos pais, podem ser colaboradores para a formação de um autor de bullying. Fatores individuais também devem ser considerados, como: impulsividade, distúrbios comportamentais, dificuldades de atenção, baixo e desempenho escolar. Tais fatores não são determinantes, mas podem  colaborar para tal comportamento.
O autor de bullying é geralmente popular no meio escolar, usa de tais ações para afirmação de seu poder, dominação e persuasão, como também comumente aplica tais sanções apoiado por um grupo. Este grupo favorece também a dissolução da responsabilidade de tais violências. Tal agente pode ser visto como um sádico, que sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a outros.

3.3 TESTEMUNHAS DE BULLYING
A maioria dos alunos é apenas expectador de toda esta dinâmica. Costumam não envolver-se na defesa da vítima, por medo de serem os próximos alvos, tal passividade pode ser vista e tida pelos autores de bullying, como uma conivência e também como forma de afirmação do poder que infligem aos seus pares.
Grande parte das testemunhas simpatiza e sensibiliza-se com as vítimas. Vários estudos comprovam que quando há interferência no bullying, com intuito de defesa da vítima, os casos reduzem drasticamente. Tal intervenção pode partir dos colegas ou dos professores, para tal o bullying deve ser discutido, desmistificado e ações efetivas e até punitivas, aos autores, devem ser adotadas.

4 CASOS NOTÓRIOS DE BULLYING AO REDOR DO MUNDO
Vários casos de bullying tem ocupado a mídia nacional e internacional, com certa frequência, causando alarde e expondo uma realidade até então negada: a violência no âmbito escolar, que fere cruelmente seus alunos, seja física ou emocionalmente. Tais feridas podem ocasionar uma reação desastrosa para toda a comunidade escolar.

A conscientização pública do bullying tem aumentado nesses últimos anos, incentivada pelas tragédias da violência armada entre os jovens. As discussões em nível, nacional, entretanto, têm focalizado de preferência os meninos e sua agressividade. Ao definirem bullying em termos muito limitados, elas têm se concentrado inteiramente nos atos de violência física e direta (SIMMONS, 2004, p.12).

Não podemos esquecer que o bullying é classificado como direto e indireto, e que as agressões ocultas, não físicas e indiretas, ferem e marcam tanto quanto as diretas, porém suas marcas são invisíveis. Abaixo veremos alguns dos casos mais noticiados, sobre bullying, nos últimos tempos.
Nos Estados Unidos da América, em 1997, na cidade de West Panducah, Kentucky,um adolescente de catorze anos de idade, após a oração matinal na escola em que estudava, matou a tiros três colegas e feriu mais cinco alunos. No mesmo país, em 1998, ocorreram mais dois casos, em duas cidades distintas. Na primeira, chamada Jonesboro, em Arkansas, dois estudantes, de onze e treze anos de idade, atiraram aleatoriamente em sua escola, matando quatro meninas e uma professora. O segundo caso,foi na cidade Springfield, Oregon: um adolescente, de dezessete anos de idade, matou a tiros dois colegas e feriu mais vinte alunos.
Existem vítimas que não conseguem se livrar da pressão imposta pelo bullying e acabam por atentar contra sua vida, ou ainda, contra a vida de terceiros, culminando posteriormente em suicídio.
O caso de Columbine, EUA, em abril de1999, no qual dois jovens, Eric Harris e Dylan Klebold, entraram na Columbine High School, na cidade de Littleton, Colorado, armados e assassinaram doze colegas e uma professora antes de cometerem suicídio, talvez seja um dos mais lembrados.  Este tiroteio foi uma forma de revanche de dois garotos que vinham sendo humilhados e intimidados por dois atletas populares da mesma escola. Além dos noticiários, virou também um documentário de Michael Moore, disponível em DVD.
Mais recente é o caso do tiroteio na Universidade Virginia Tech, em 16 de abril de 2007, o qual deixou, aproximadamente, 32 mortos. Ocasionado por um estudante de origem japonesa, que frequentemente sofria abusos morais por parte de seus colegas.
Em 1999, na Alemanha, um estudante, de quinze anos, matou a facadas uma professora. E em março do ano seguinte, no mesmo país, um outro estudante, de dezesseis anos, matou a tiros o diretor de sua escola e depois tentou suicídio. Em fevereiro de 2001, um jovem de vinte e dois anos, matou a tiros o chefe da empresa onde trabalhava, dirigindo-se depois à sua ex-escola,  matou o diretor e se suicidou com explosivos. Em abril de 2002, na cidade alemã Erkut, um jovem de dezenove anos chacinou dezesseis pessoas, sendo duas garotas, treze professoras, uma secretária e um policial que atendeu o chamado de emergência e em seguida, suicidou-se (FANTE, 2005).
Segundo relatos, os autores dos homicídios e suicídios, não tinham intenção de atingir especificamente um ou outro estudante, o objetivo deles era “matar a escola” em que, pressupostamente, passaram momentos de frustração, vergonha, medo, humilhação e onde havia colegas  e professores omissos frente a seus sofrimentos.
Na Argentina, após a execução do Hino Nacional, um adolescente de quinze anos, com uma pistola nove milímetros, matou quatro colegas da escola, sendo três meninas e um menino, ferindo gravemente mais cinco alunos e em estado de choque, entregou-se à polícia. 
No Brasil, houve caso semelhante em janeiro de 2003 em Taiúva, cidade do interior paulista, onde um estudante de dezoito anos entrou no colégio onde tinha estudado e feriu oito pessoas com disparos de um revólver calibre trinta e oito e, em seguida, se matou. Esse estudante era obeso e, por isso, durante toda a sua vida estudantil, provavelmente, foi alvo de apelidos humilhantes, de gargalhadas e sussurros nos corredores deste colégio.
Porém o caso de Taiúva não foi o único ocorrido no Brasil, pois em Remanso, na Bahia, um adolescente de dezessete anos, por ser introvertido, foi excluído do círculo de amigos na escola onde estudava. Revoltado com os anos de humilhação na escola, resolveu pôr fim ao seu sofrimento e mobilizado pelo pensamento de vingança, dirigiu-se à sua ex-escola à procura do agressor. Não o encontrando, visto que as aulas estavam suspensas, dirigiu-se para aquela em que estava matriculado e ao se deparar com as portas fechadas e sentindo necessidade de exteriorizar seus sentimentos, encaminhou-se à casa do seu agressor, um jovem de treze anos e ao chegar, chamou-o no portão e o assassinou com um tiro na cabeça. Logo após, dirigiu-se para a escola de informática onde estudava, atirou contra funcionários e alunos, atingindo fatalmente a cabeça da secretária da escola, uma jovem de vinte e três anos e ferindo mais três pessoas. Ao tentar recarregar a arma, foi imobilizado e detido. Ao depor, deixou claro o seu sofrimento e sua intenção era cometer uma chacina, pois havia planejado matar mais de cem pessoas. Disse que ficaria famoso na cidade por cem anos e seria lembrado como o “terrorista suicida brasileiro”, pois pensava em se matar desde os seus quinze anos (FANTE, 2005).
Outro caso registrado no Brasil foi em Recife, Pernambuco, onde um garoto de onze anos, embora fosse tido com um aluno muito bom, pois gostava de estudar, ao ser transferido de uma escola de Natal para Recife, sofreu intimidação na escola, que o fez não querer mais estudar. Foi visto pela última vez por alunos da escola, da qual cruzou os portões correndo e nunca mais foi visto. Pouco tempo depois, foi conduzido ao IML – Instituto Médico Legal -de Recife, um corpo com as mesmas características desse aluno, porém, os exames de DNA estão ainda em andamento. Este garoto era discriminado por  seu sotaque e seus agressores o agrediam com surras, empurrões, murros e chutes (FANTE, 2005).
Existem também inúmeros casos de suicídio, como de uma menina canadense de 14 anos, que deixou apenas um bilhete dizendo: “Se eu tentar buscar ajuda, será pior…mesmo se eu os deletasse, nada os deteria”. Este documentado, porém tantos outros não chegam ao nosso conhecimento, ficam a dor e a revolta para a família, além de um sentimento de impotência para todos que poderiam ter interferido.
Mesmo sendo visíveis as situações de bullying e os professores cientes do que acontecia no cotidiano das escola, não estavam preparados para lidar com o problema. Alguns professores sem saber como lidar com a situação, chegam a adoecer, geralmente doenças psicossomáticas, isto que a violência não é direcionada a eles, são afetados por serem espectadores.
Os espectadores sofrem, igualmente, as conseqüências de bullying, em função de sua passividade, porque assistem o sofrimento das vítimas e têm medo de se tornarem futuras vítimas, por isso se calam diante das ações dos autores, de certa forma consentindo com elas.
Os adultos nas instituições escolares, comumente, não dão a devida importância ao bullying, justamente porque em muitos casos o aluno intimidado não revela o que o vitimiza. Também por subestimarem o sofrimento dos alunos, e considerar estas práticas como brincadeiras de criança. Parece-nos que a subestimação dada pelos adultos no âmbito escolar é a mesma encontrada no contexto familiar, por não perceberem as alterações comportamentais de seus filhos, por serem vítimas ou algozes. Mesmo quando sabem do acontecido, seus filhos estão sendo intimidados, muitas vezes não comunicam à escola.
Quando não há intervenções efetivas contra o bullying, a escola passa a ser totalmente contaminada, pois todas as crianças, sem exceção, são afetadas negativamente, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo.

O Bullying na escola está, salvo os episódios mais gritantes e visíveis, ligado a um problema de reconhecimento do fenômeno por parte dos adultos. Se isso não existe, dificilmente o Bullying pode ser eficazmente combatido. Assim, a ausência de sinalização ou de intervenção pontuais em episódios específicos por parte dos professores, do pessoal não-docente e das famílias cria um terreno propício à sua difusão e produz um ambiente escolar caracterizado por um mal-estar generalizado. Os motivos pelos quais é difícil aos adultos reconhecerem a existência do problema são muitos e estão relacionados à dificuldade que as vítimas têm para desabafarem, à ausência efetiva de adultos no momento em que ocorrem os episódios, à convicção de que os conflitos entre colegas devam ser resolvidos entre eles, às dificuldades pessoais que alguns professores têm de enfrentar com determinação os casos ocorridos (COSTANTINI, 2004, p. 101).

Estudantes de sexo masculino, segundo estudos, estão mais envolvidos com o Bullying, tanto como autores quanto como alvos, cerca de quatro vezes mais que o sexo oposto, porém o fenômeno também acontece entre meninas, com menor freqüência segundo estudos, e de maneira distinta, porque é  demonstrado a partir de prática de exclusão ou difamação.

5 BULLYING E O SEXO FRÁGIL
Historicamente a mulher esteve, dependendo da cultura ainda está, na posição de submissão, relegada a ser uma boneca, calada, comportada e bela. Mesmo nos países onde as mulheres já conquistaram autonomia, independência, postos de trabalho significativos, este peso histórico insiste em fazer-se presente.

O silêncio está profundamente entremeado no tecido da experiência feminina. Só nos últimos trinta anos começamos a falar das realidades características da vida das mulheres, discutindo abertamente o estupro, o incesto, a violência doméstica e a saúde da mulher. Estas questões sempre existiram, mas ao longo do tempo nós lhes demos um lugar na nossa cultura, desenvolvendo a conscientização pública, divulgando e estabelecendo políticas.
Agora é tempo de acabar com outro silêncio. Existe uma cultura oculta da agressividade nas meninas na qual o bullying é epidêmico, característico e destrutivo (SIMMONS, 2004, p.11).

Em seu livro, Simmons (2004), usa a expressão “bullying das meninas”, para se referir ao bullying indireto, alternativo. Em nenhum momento ela diz que as meninas sentem raiva de uma maneira diferente dos meninos, apenas que mostram sua raiva/agressividade de outra forma, velada mas igualmente cruel.

Algumas agressões alternativas são invisíveis aos olhos dos adultos. Para se esquivarem da desaprovação social, as meninas se escondem sob uma fachada de doçura para se magoarem mutuamente em segredo. Elas passam olhares dissimulados e bilhetes, manipulam silenciosamente o tempo todo, encurralam-se nos corredores, dão as costas, cochicham e sorriem. Esses atos, cuja intenção é evitar serem desmascaradas e punidas, são epidêmicos em ambientes de classe média, em que regras de feminilidade são mais rígidas (SIMMONS, 2004, p.33).

Quem de nós em seu tempo de escola, não presenciou comportamentos desta natureza? Apesar da distância geográfica entre nosso país e o país de origem da escritora norte-americana, ao lermos seu livro, frequentemente vemos descritas situações que a nós também são familiares. Até quando fecharemos os olhos para esta realidade? A escassa literatura a respeito do bullying, principalmente o indireto, mais praticado pelas meninas pode ser visto como um sinal de nossa complacência com esta realidade. Porque aconteceu com nós, como autores ou vítimas, em nosso tempo escolar, devemos achar normal e deixar nossos filhos e alunos expostos a esta crueldade? Ainda mais agora, quando pesquisas confirmam casos de bullying já na pré-escola, com crianças a partir dos três anos de idade.Sabendo que a genética associada a interação social compõem e definem a personalidade do indivíduo, continuaremos alheios a esta condição?

A agressão relacional começa na pré-escola, e assim também os primeiros sinais de diferenças entre os sexos. Considera-se que o comportamento começa logo que as crianças se tornam capazes de relacionamentos significativos. Aos três anos, há mais meninas relacionalmente agressivas que meninos, uma diferença que se amplia à medida que as crianças amadurecem. Numa série de estudos, as crianças citaram a agressão relacional como o “comportamento irado, ferino mais comum (…) praticado em grupos de meninas”, independente do sexo alvo. Na fase intermediária da infância, os principais pesquisadores nessa área relatam que “os agressores físicos são na maior parte meninos e os agressores relacionais, na maior parte meninas” (SIMMONS, 2004, p.55) (Grifos da autora).

A agressão relacional foi identificada pela primeira vez em 1992, onde o relacionamento é usado como uma arma, com base no desejo de aceitação que todos carregamos e no medo e no constrangimento que a solidão nos causam. Este tipo de agressão é o mais utilizado pelas meninas, que torturam de forma dolorosa e prolongada suas vítimas. No entanto, não queremos afirmar que todas as meninas são más e autoras de bullying, mas sim, que todas possuem sentimentos de raiva e agressividade, que talvez por não saberem como lidarem com eles, por serem ensinadas desde a tenra idade de que meninas não tem tais sentimentos, acabam exercendo-os de forma velada e manipuladora.
As meninas precisam aprender a lidar com estes sentimentos, aceitá-los, falar sobre eles, para poderem resolver seus conflitos de forma pacífica, sem este sofrimento desnecessário. “Isto significa proporcionar-lhes não somente uma forma mais saudável de se relacionarem com a agressão, mas a permissão para experimentarem os desagradáveis sentimentos que precedem a raiva e o conflito (SIMMONS, 2004, p.271)”. Não podemos compactuar indefinidamente e até premiar a manipulação. Socialização, responsabilidade e respeito são indissociáveis, porém são valores que não se aprendem sozinhos, a contribuição de familiares e dos professores é de fundamental importância.

Que presente melhor podemos dar ás meninas do que a capacidade de falar sua verdade e respeitar a verdade de suas colegas? Em um mundo preparado para valorizar todos os sentimentos das meninas e não apenas alguns, elas gozarão da estimulante liberdade de serem honestas no relacionamento. Elas viverão sem o medo incapacitante do abandono. É minha esperança que elas, e qualquer mulher que já tenha sido a excluída, ao resolverem falar o que pensam, murmurem para si mesmas, “O meu maior arrependimento é ter ficado em silêncio. Do que é que eu tinha medo?” (SIMMONS, 2004, p.216).

Todos temos um lado A e B, isto é próprio da humanidade, carregamos conosco o bem e o mal, não somos inteiramente um nem outro, mas um equilíbrio entre ambos, e devemos respeitar e valorizar os demais, por mais diferentes que sejam de nós em sua ideologia, modo de vestir, de agir, devemos proporcionar a todos a liberdade de serem quem são, aprender com estas diferenças só enriquece cada um de nós. E a educação, afinal, é “[…]dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, LDB 9394/96, Título II, Art. 2º (SOUZA, 1997, p. 12). Já é tempo de fazer o que está no papel passar a ser realidade.

6 O BULLYING E A ESCOLA
A escola é onde deixamos nossos filhos para que aprendam, somem conhecimentos aos que já possuem, se socializem, adquiram ferramentas para serem pessoas e profissionais qualificados e melhores. No entanto:

A escola é vista, tradicionalmente, como um local de aprendizado, avaliando-se o desempenho dos alunos com base nas notas dos testes de conhecimento e no cumprimento de tarefas acadêmicas. No entanto, três documentos legais formam a base de entendimento com relação ao desenvolvimento e educação de crianças e adolescentes: a Constituição da República Federativa do Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas. Em todos esses documentos, estão previstos os direitos ao respeito e à dignidade, sendo a educação entendida como um meio de prover o pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania.
Todos desejamos que as escolas sejam ambientes seguros e saudáveis, onde crianças e adolescentes possam desenvolver, ao máximo, os seus potenciais intelectuais e sociais. Portanto, não se pode admitir que sofram violências que lhes tragam danos físicos e/ou psicológicos, que testemunhem tais fatos e se  calem para que não sejam também agredidos e acabem por achá-los banais ou, pior ainda, que diante da omissão e tolerância dos adultos, adotem comportamentos agressivos (NETO, 2005, p.165).

Devemos fazer das escolas, locais de prazer e sabedoria para nossos alunos, livrando-os ao menos dentro dos muros de nossas instituições de ensino do desrespeito, preconceito , violência e tudo mais que os possam ferir. Para que seja possível reconhecer os autores, alvos e testemunhas, abaixo fornecemos algumas dicas.
Para o reconhecimento de autores de bullying: são pessoas com pouca empatia, gostam de estar em grupo e dentro deste serem admirados e temidos, exercendo sobre os demais uma liderança negativa. Comportamentos frequentes de autores de bullying: agredir, ameaçar, amedrontar, apelidar, violência física, ignorar, discriminar, humilhar, intimidar, perseguir, dominar e roubar.
Já as alvos (vítimas) de bullying, costumar ser pessoas que não dispõem de meios físicos ou psicológicos para defender-se, baixa-estima a qual se agrava pela indiferença dos adultos ao seu sofrimento, trocam de escola com frequência, abandonam os estudos, vivem isolados, passivos, tristes, depressivos, quietos e inseguros.
As testemunhas desta realidade, são a maioria dos alunos, os quais são obrigados a conviver diariamente com esta violência. Calam-se, omitem-se por medo de serem os próximos alvos, sentem incomodados com o que presenciam, sentem empatia pela vítima, sentem-se inseguros sobre que atitude tomar, podem ter seu rendimento escolar e social comprometidos.
Abaixo listamos algumas atitudes simples, que podem reduzir drasticamente os casos de bullying no âmbito escolar:
• Esclarecer o que é o bullying;
• Avisar desde o primeiro dia de aula que a  prática de bullying não é tolerada na escola;
• Demonstrar abertura e respeito para conversar com os alunos;
• Escutar atentamente qualquer tipo de reclamação ou sugestão dos alunos;
• Estimular os alunos a falarem sobre os casos de bullying, como também a denunciá-los;
• Valorizar e reconhecer atitudes positivas dos alunos no combate ao bullying;
• Divulgar o bullying dentro das classes e também aos familiares;
• Identificar possíveis agressores (prevenção);
• Acompanhar atentamente o desenvolvimento de cada aluno;
• Dar oportunidade aos alunos para que criem regras de disciplina e convivência para suas classes consoantes com as regras gerais da escola;
• Estimular lideranças positivas entre os alunos;
• Interferir o quanto antes na dinâmica dos grupos, para quebrar a prática de bullying;
• Incentivar e apoiar relações familiares positivas.
Fonte: Guia do Professor.
Como pode-se verificar, estas medidas não dependem orçamentos inflados, só de boa vontade, amor, respeito e consideração pelos educandos, pelo próximo de maneira geral.

7. BULLYING, REALIDADE E NOVAS VIAS 
Esta pesquisa nos demonstrou a existência de despreocupação e    despreparo das escolas e órgãos ligados à ela, para com o fenômeno bullying, com a finalidade de propor políticas públicas a favor do combate e prevenção à discriminação, a fim de potencializar as relações sociais, diminuindo as diferenças entre os vários atores sociais participantes deste processo denominado Educação, porque o discurso proferido pelos órgãos responsáveis pelo núcleo educacional não condiz com a realidade da escola, onde teóricos descrevem meios de se trabalhar com as diferenças sem a menor preocupação de se fazer uma pesquisa exploratória que revele que teoria e prática são universos distintos se não trabalhados em conjunto com a pesquisa. Porque a escola, tendo como público alvo crianças e jovens, deveria promover as relações sociais entre seus membros, quer docentes, funcionários e discentes.

A escola, como qualquer outro lugar freqüentado por jovens e adultos, tem a obrigação de ter como objetivo prioritário a promoção de um contexto que seja satisfatório desse ponto de vista, aberto ao amadurecimento do grupo, ao desenvolvimento de relações positivas entre os adolescentes, suficiente para construir um sentido, um peso e um significado, em termos de amizade, ajuda e solidariedade, reconhecíveis por todos os seus componentes. Ou seja, contextos em que se promovam as habilidades cognitivas, emocionais e sociais, benéficas ao desenvolvimento da pessoa. Contextos entendidos também como sistemas organizados, na medida do adolescente, em que seja possível modificarem-se lugares, tempos e espaços para melhorar e tornar mais agradável o convívio, para estimular o confronto com as capacidades criativas dos estudantes, para promover as iniciativas pessoais e de grupo e nos quais se possam pôr à prova as funções relacionais voltadas ao estímulo do engajamento pessoal, à empatia, à colaboração e à responsabilidade (COSTANTINI, 2004, p. 78 e 79).

É dever da Escola oferecer meios de desenvolver as relações sociais, satisfazendo as habilidades cognitivas, dando limites às ações em grupo, oferecendo normas para boa convivência, oferecendo aos alunos possibilidades de construir essas normas em conjunto com a escola, ao mesmo tempo criando oportunidades a seus alunos para uma socialização saudável.
Ao estudarmos o bullying, verificamos que as atitudes agressivas não ocorrem a partir de um motivo plausível, mas adotado aleatoriamente por um ou mais estudantes contra outros, causando sofrimento às suas vítimas. Este fenômeno está se tornando cada vez mais freqüente nas escolas, e muitas vezes os próprios pais e educadores não estejam percebendo a gravidade do problema, e não procurando formas adequadas para resolver essa realidade.
Com a análise da literatura, verificamos que regularmente as vítimas de bullying têm alguma característica distinta do grupo em que está inserida, e esta diferença é o foco que os autores de bullying procuram/usam para intimidá-las, como por exemplo, deficiência física, aspectos étnicos, culturais ou religiosos, obesidade e baixa estatura, ou mesmo introversão e baixa auto-estima . Para as vítimas, as consequências a curto e longo prazo são: ansiedade, ausência de auto-estima, depressão e transtorno comportamental, a ponto de abandonar a escola e, como as pesquisas revelam, nos casos mais graves, pode haver também uma maior probabilidade de risco de suicídio, concernente ao dado fisiológico ligado à adolescência.
As influências do meio escolar e familiar  muitas vezes reforçam este comportamento, prática de bullying, por os considerarem naturais, tais atitudes  resultam em comportamento socialmente padronizado, desempenhado pelos indivíduos que participam das experiências sociais da criança, pelas quais, pela observação, graças aos mecanismos de controle social, ela interioriza normas, valores e atitudes típicos de sua cultura, ou seja, segundo alguns teóricos do campo educacional e sociológico, a personalidade se forma como resultado da interação das características genéticas e intelectuais particulares de cada indivíduo como os padrões e valores sociais nos quais a criança e os jovens se vêem envolvidos.
É possível um indivíduo pensar que age por vontade e decisão pessoal; na realidade, suas atitudes podem ser deste ou daquele modo por força da estrutura da
sociedade, isto é, das normas e padrões estabelecidos.

Não há dúvida de que a família e os companheiros sejam agentes socializadores fundamentais. Mas, atualmente, não podemos menosprezar os meios de comunicação de massa, notadamente a televisão como transmissores de atitudes, normas e valores (RAPPAPORT, 1981, p. 100).

Percebemos que a televisão, como meio de comunicação de massa, transmite padrões pré-estabelecidos de uma sociedade já formada, com comportamentos padronizados e erroneamente, ao se comportar como lhe é mostrado, o jovem acredita que enquadra ao proposto por ela, acreditando ser aceito pela sociedade. Porém isso somente acontece, porque a televisão é um meio de entretenimento das classes média e baixa, pois estes indivíduos não têm recursos financeiros a serem empregados em lazer, ou seja, esta é a forma mais econômica de diversão das famílias que compõe estas classes.
O rádio e particularmente a televisão atingem diretamente grande parte da
população, tendo nos jovens a audiência certa, as crianças e adolescentes ficam em média três horas diárias frente à televisão. Por isso, especialmente a televisão tornou-se uma poderosa agente de socialização, tão forte quanto à família, ou mais por esta estar cada vez mais ausente, e os grupos de jovens.
Na Sessão da Tarde, programa que exibe filmes durante a tarde, na Rede Globo, um dos canais mais assistidos nas residências brasileiras, é comum a exibição de filmes norte-americanos que mostram deliberadamente a prática de bullying, tanto direto como indireto, reforçando a imagem dos autores de valentões, populares, como se fossem o supra sumo de seu meio social. Tais filmes não são de forma alguma, determinantes ou totalmente responsáveis pelas práticas de bullying, mas com certeza tem uma boa parcela de contribuição para a adoção deste comportamento.
Os jovens passam a agir conforme a estes padrões pré-estabelecidos e ao apresentar qualquer tipo de desvio destes padrões, ele passa a ser repudiado pela própria sociedade que o molda de maneira condicionada. Porém isso não é peculiar à países subdesenvolvidos, a televisão não é uma forte agente de socialização apenas no Brasil, pois ela exerce influencia também sobre os norte-americanos, europeus, asiáticos, etc, de maneira positiva ou não.
É inevitável citar que a sociedade exerce sobre seus indivíduos uma força externa que os molda e homogeneíza seu comportamento em várias situações a fim de integrá-los socialmente, caracterizando-os como aptos à estrutura da sociedade a que pertencem.

7.1 -PROGRAMAS REALIZADOS NO MUNDO E NO BRASIL PARA PREVENÇÃO E DIMINUIÇÃO DO BULLYING
Para a ABRAPIA (2005), as estratégias propostas para a redução do bullying mais adequadas à realidade das escolas brasileiras, visto que não existem soluções simples para se combater o fenômeno e por ser um problema complexo com causas múltiplas, devem ser desenvolvidas estratégias próprias para reduzir o bullying, pois sugere que as instituições de ensino devem agir precocemente, evitando desta forma muito sofrimento e possíveis desgraças. Faz-se necessário a imediata intervenção para que seja identificada a existência do fenômeno e manter atenção permanente sobre tal problemática. A única maneira de se combater efetivamente o bullying é através da cooperação de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais.
A ABRAPIA sugere, que, para se enfrentar o bullying nas escolas, é necessário atuar em etapas a serem cumpridas para se implantar um programa anti-
bullying, ou seja, pesquisar a realidade a partir de um questionário aplicado simultaneamente em todas as turmas de um determinado turno, tanto para alunos, quanto para professores, antes mesmo de receberem qualquer tipo de informação sobre o bullying, porque acredita-se que se os alunos e professores, participantes da pesquisa, que estiverem cientes do trabalho a ser desenvolvido, poderão ter suas respostas influenciadas. Os resultados dessa aplicação irão determinar a prevalência, incidência e conseqüências do bullying na escola. Os dados desta pesquisa preliminar, feita a partir de questionário(baseado no de Olweus), vão caracterizar a percepção espontânea dos alunos sobre a existência de bullying e seus sentimentos sobre isso e nem mesmo os professores devem estar cientes sobre o tema.
No momento da aplicação do instrumento, deve-se entregar a cada um deles uma carta, explicando o objetivo da pesquisa e fornecendo algumas orientações sobre a metodologia utilizada.
Em uma segunda etapa, conforme orientação da  ABRAPIA, deve-se buscar a parceria dos professores, após a análise dos resultados, para que todo o corpo docente seja informado e incentivado a discutir suas implicações, definindo quais estratégias devem ser utilizadas durante o processo de divulgação e sensibilização dos alunos.
Na terceira etapa, segundo a ABRAPIA, deve-se criar um grupo de trabalho,
composto por representantes de todos os segmentos da comunidade escolar, incluindo professores, funcionários, alunos e pais. Com base na realidade percebida por seus membros e com o auxílio dos dados da pesquisa, serão definidas coletivamente as ações a serem priorizadas e as táticas a serem adotadas.
Na quarta etapa, as propostas, definidas pelo grupo de trabalho, poderão ser submetidas a todos os alunos e funcionários, incentivando-se sugestões sobre os compromissos e ações que a comunidade escolar deverá adotar para a prevenção e
o controle do bullying.
Na quinta etapa, conforme a Abrapia, é necessária a definição da relação final dos compromissos e prioridades que poderão ser feitas em assembléia geral contando com todos os alunos, professores e funcionários, diversas cópias deverão ser afixadas em vários locais da escola, como forma de divulgação  aos pais, por meio de cartas e reuniões.
Conforme Costantini (2004), o Bullying, por se tratar de um fenômeno que coloca em evidência as relações e as dinâmicas entre os estudantes, deve ser enfrentado, na sala de aula, com uma metodologia que leve em conta a necessidade e a importância das  competências sociais. O autor apresenta uma técnica que ajuda a comunicação sócio-afetiva chamada circle time, que permite enfrentar temas importantes e que torna mais ágil a função de quem deve conduzir o grupo na discussão destes temas. “O circle time é um instrumento utilizado para promover a participação dos jovens e conduzir um grupo por um ponto de vista sócio-afetivo, isto é, das relações que se instauram entre os vários componentes” (COSTANTINI, 2004, p. 83).
Esta técnica tem um grande valor educacional, pois potencializa o confronto entre os estudantes, chamado por ele de life skill,e simultaneamente atua como estímulo para desenvolver as habilidades individuais de cada membro do grupo. Descreve ainda, que se esta técnica for usada de forma contínua na sala de aula pode influenciar, preventivamente, no combate às diversas formas de mal-estar adolescente, como por exemplo, dificuldades de relacionamento, evasão escolar e comportamentos sociais de risco, permitindo também o desenvolvimento nos jovens de relações mais positivas e significativas, bem como o favorecimento da participação emotiva, educação para a autonomia e responsabilidade, aumento de auto-estima, confiança nos outros e potencialidades do grupo, “O bem-estar individual e um ambiente escolar positivo podem produzir efeitos benéficos para os jovens também nas relações familiares e em outros contextos relacionais como no grupo de amigos” (COSTANTINI, 2004, p. 84).
Tal técnica surgiu no final da década de 1960, na Califórnia, e foi denominada Magic circle time; Como método de trabalho nas escolas maternais e de ensino fundamental, desenvolveu-se e difundiu-se graças ao Movimento para o Desenvolvimento do Potencial Humano baseado na teoria de Rogers, compreendendo não apenas o espaço escolar, mas também outros campos de intervenção, como a organização do trabalho, os grupos de auto-ajuda e de orientação.
A postura de Rogers, enquanto terapeuta, foi apoiada em sólidas pesquisas e observações clínicas, permitindo que o campo de pesquisas objetivas, voltadas para o referencial teórico, da abordagem centrada na pessoa é formado por um número considerável de  trabalhos, indo mesmo além do número de pesquisas feitas sobre muitas outras abordagens, incluindo a psicanálise. Há uma igualdade implícita no modelo terapeuta-cliente, que não existe na abordagem mecanicista médico-paciente: “O indivíduo tem dentro de si a capacidade, ao menos latente, de compreender os fatores de sua vida que lhe causam infelicidade e dor e de reorganizar-se de forma a superar tais problemas” (ROGERS et al,1977, p. 192).
A teoria de Rogers tem como característica um extenso repertório de expressões próprias, surgiu como uma terceira via entre os dois campos predominantes da psicologia em meados do século vinte. A corrente de Rogers ficou
conhecida como humanista, porque, em acentuado contraste com a teoria freudiana,
ela se baseia numa visão otimista do homem.
A técnica  do circle time, faz com que, quem trabalha com ela, possa conhecer suas forças e aprender a utilizá-las a fim de melhorar a vida de todos, pois a confiança na capacidade subjacente das pessoas, valorização da comunicação interpessoal e a importância de compartilhar experiências passam a ser referenciais, durante o trabalho com o grupo promovem um clima mais atento às relações e caracterizada por um ponto de vista sócio-afetivo.
Os dez pontos sintetizados para chegar ao uso desta técnica, segundo Constantini (2004), são:
1-O espaço. O ambiente da classe se transforma, as carteiras são postas num canto da sala e os alunos se sentam em um círculo.
2-Número de participantes. É recomendável trabalhar com até vinte e duas pessoas, para que todos possam intervir e participar interativamente ao grupo.
3-Duração. Normalmente, uma hora e meia por semana, por um período que pode coincidir durante todo o ano letivo.
4-Procedimentos. A duração e o modo de organizar tais sessões são escolhidos por todos, assim como o assunto a ser discutido. O compartilhamento inicial de qualquer procedimento é importante para que haja motivação imediata e positiva da participação de todos.
5-Simbologia do círculo. Todos os participantes estão em pé de igualdade, ninguém está acima de ninguém. O compartilhamento, que também em termos de espaço deixa todos numa mesma posição (no círculo é possível ver igualdade o rosto de todos do grupo), favorece a comunicação, que se torna circular e por isso mais eficaz: todos escutam todos. A possibilidade de captar tanto os aspectos verbais como os não-verbais da comunicação contribui para a concentração sobre o que se discute e sobre a escuta ativa (participativa) de quem intervém.
6-Regras. As regras para o funcionamento do grupo são estabelecidas democraticamente por todos: por exemplo, a pontualidade, permanecer em silêncio enquanto o outro fala, o respeito pelo outro e por suas opiniões, ausência de julgamento ou desaprovação daquilo que foi dito, participação de um de cada vez.
7-Intervenções. Todos são livres para dizer o que quiserem e manifestarem sua opinião em relação ao assunto; em especial, é preferível a expressão emocional, aquilo que se sente a respeito do que se fala.
8-Brainstorming. Por meio da técnica de brainstorming (tempestade cerebral, isto é, de idéias), usando um flip chart (para que o encontro possa ser documentado), são sugeridas livremente idéias e assuntos para a discussão, anotam-se as possível soluções para os problemas colocados e se definem as palavras-chave dos temas tratados.
9-Assuntos. Qualquer tema pode ser proposto: amizade, sexo, amor, drogas, doenças sexualmente transmissíveis, insegurança, auto-estima, relações com os pais, bullying em sala de aula etc. Qualquer coisa interessa desde que a discussão possa ajudar a comunicar como todos se sentem, o que pensam de si mesmos e dos outros, o que pretendem o que provoca medo ou cria ansiedade e preocupações.
10-Condução. Durante a sessão, o condutor cuida do clima emocional do grupo e o guia em um percurso propositivo por meio do qual, as pessoal aprendam a escutar a si mesmas. Chama a atenção para as regras, faz observações e comenta o que acontece, evitando julgar algo como verdadeiro, falso, bom ou ruim. Por fim, tira as conclusões a respeito do que surgiu e cumprimenta o grupo por este ter procurado debater respeitando as regras estabelecidas.
O objetivo principal do circle time é fazer com que os jovens sejam colocados em contato com a experiência sócio-afetiva, bem como, com o prazer de estar junto com outros jovens, se comunicando e se descobrindo em si mesmos, aspectos novos e quase nunca vividos, porque durante o circle time é possível ver as relações dos participantes se transformarem, ou seja, notamos a timidez e a insegurança serem superadas.

Após identificar o circle time como método de trabalho eficaz para o favorecimento de um confronto verdadeiro entre os alunos e para o desenvolvimento da noção de sociabilidade, propõe-se um modelo de intervenção em classe sobre o tema do Bullying, estruturado para as terceiras séries as scuole medie inferiori ou para as primeiras e segundas das superiori. Nessa idade os jovens ainda são sensíveis a estímulos sociais e afetivos propostos pelos adultos, ainda estão facilmente disponíveis para aceitar uma orientação de cunho educacional que os faça refletir (COSTANTINI, 2004, p. 88).

Com este modelo, o autor acima citado, pretende sugerir um exemplo de como se pode tratar o tema Bullying nos grupos-classe, aos professores que desejam utilizá-lo como método de sensibilização de seus alunos. Para este autor, é possível, com o uso deste modelo, desenvolver ajustamentos e adaptações ou melhorias de vários tipos em relação ao estilo comunicativo pessoal, ao número de encontros que se acreditem necessários para enfrentar o tema, contando com o envolvimento dos alunos e com iniciativas a serem feitas a fim de aprimorar as relações em sala de aula.
O modelo a princípio foi elaborado para uma sessão eventual, porém quando direcionado ao combate e prevenção do bullying, verificou-se que sessões periódicas tem um resultado mais efetivo.
É preciso deixar claro que, o modelo operacional proposto faz sentido desde que esteja vinculado a uma pesquisa ou a uma sondagem desenvolvida anteriormente pela instituição escolar acerca da dimensão do  fenômeno, conforme as instruções da ABRAPIA, descritas neste capítulo. É necessário passar aos estudantes credibilidade, respeito ,para que estes saibam que serão realmente ouvidos, só assim o programa pode funcionar.
 
O contexto relacional e psicológico que se produz com o bullying é típico de um sistema em grupo fechado, problemático, que não encontrou brechas para desenvolver positivamente as relações entre seus membros. Na ausência disso, ganham espaços, as dinâmicas mais negativas, nas quais as relações internas entre os companheiros se cristalizam em rituais, em atitudes de zombaria e escárnio, de intimidação e de desvalorização do outro, da passividade e de impotência; ou ainda (da parte da maioria silenciosa) em gestos de indiferença e de passividade, para escapar de situações desagradáveis que se convertem em isolamento e marginalização da vítima. Produzem-se assim, identidades individuais e de grupo que tendem a cristalizar-se em relações e comportamentos repetitivos, nos quais ficam gravados, de forma permanente, estereótipos, funções e rótulos.
Tudo isso é agravado pelas condições típicas do contexto escolar. Longe dos muros da escola, um jovem que sofre intimidações pode escolher trocar de grupo ou companhia, mas na sala de aula é obrigado a conviver com os mesmos companheiros por todo seu percurso escolar.
Os dados das várias pesquisas nos dizem que a vítima, freqüentemente, não encontra condições para recuperar-se porque não há clima de proteção física e muito menos ajuda necessária (mesmo quando solicitada) de um adulto que interrompa a situação de bullying e que também seja capaz de dar reforço psicológico. O intimidador, por sua vez, não encontra a contenção necessária contra a impulsividade e a agressividade em um contexto no qual se sente perfeitamente à vontade e que lhe parece sem regras e sanções significativas, principalmente porque a maioria das ações é realizada em grupo, o que dilui a responsabilidade dos algozes .
Por ocorrer no dentro da instituição de ensino, é uma forma de violência escolar que pode se expressar de maneira sutil ou explícita e que deixa seqüelas, em muitos casos irreparáveis, e embora aconteça em todos os níveis de ensino, sua presença é notada com certa freqüência no Ensino Médio, pois esta é a fase em que coincide com a adolescência, período em que o indivíduo se encontra em transição física, emocional e psicológica entre a infância e a fase adulta.
É importante ressaltar que a violência escolar expressa pelo bullying é um problema mundial e está presente tanto em escolas públicas, quanto particulares, de
Ensinos Fundamental ou Médio, de periferia ou centro de cidade, rural ou urbana.

Portanto, é necessário que os pais observem seus filhos, pois segundo estudos, as vítimas de Bullying são pressionadas e intimidadas através de insultos, vexames, isolamento social, apelidos, piadas desairosas, como, por exemplo, recebem o apelido de “porco espinho” por terem acne ou espinhas no rosto, são chamados de “elefante” por serem obeso, “queixudo” ao portador de prognatismo (projeção anormal da mandíbula para frente), “cabeção” aos que têm cabeça grande, “gaguinho” ao que apresenta problema de fala ou que se atrapalha ao falar, que pronuncia as palavras a muito custo, e outros designativos que chegam a atingir uma comunidade que se une para humilhar a vítima do bullying que, desesperada, sofre pelo isolamento que se impõe, e a vergonha de recorrer às autoridades escolares por receio de maiores represálias, ou mesmo de chegar aos pais que ao tomarem uma atitude junto à autoridade escolar temem a sua exposição.
O sofrimento das vítimas de bullying as afeta no rendimento escolar, na freqüência às aulas, pois acabam se recusando a ir à escola, visto que os autores na maioria dos casos são da mesma sala de aula das vítimas, fazendo com estas passem a acreditar que merecem o bullying e até abandonem os estudos. As vítimas de Bullying são intimidadas e chantageadas e normalmente não sabem se defender, sendo incapazes de motivar outras para agirem em sua defesa. O bullying não é apenas assédio moral, como a difamação e a exclusão, mas é igualmente físico quando, por exemplo, uma criança precisa dar a outra, diariamente, certa quantia para não ser agredida, e devendo tanto, para não ser humilhada perante a família, recorre então ao roubo para o pagamento deste tipo de pedágio. Há casos ainda de jovens, já relatados em capítulo anterior, vítimas de bullying que sofrem de depressão e para buscar a fuga frente ao problema, tentam ou cometem o suicídio, ou homicídio seguido de suicídio.
O bullying tortura, marca, rotula mentes e corpos e suas marcas nem sempre podem ser amenizadas. Já é hora de abrirmos nossos olhos e partir-mos para uma educação para a paz, que é bem mais necessária do que o ensino para o vestibular. Precisamos ensinar a viver, ao respeito, para que estes jovens construam um mundo onde sintam prazer e segurança em viver. 

CONCLUSÃO
O bullying é uma realidade nas escolas brasileiras e estrangeiras, é complexo e sua solução exige um trabalho árduo e continuado. Como sua existência é de longo tempo, não podemos esperar superá-lo com ações pontuais, faz-se necessário um trabalho sério de sensibilização e conscientização, periódicas, repetidamente.
Não podemos mais considerar o bullying como uma violência invisível, talvez as agressões sejam veladas, porém o sofrimento de nossos alunos não é invisível. Este sofrimento é real, forte, marcante, tudo isto acontece com mais incidência, geralmente, em uma fase que as emoções são confusas, o corpo sofre transformações constantes, não se sabe criança ou adulto, sua identidade está para ser afirmada. Uma fase que exige compreensão, segurança e pessoas com quem conversar, com quem confidenciar, trocar experiências. Não podemos consentir que esta fase tão maravilhosa seja maculada, ocasionando feridas emocionais que serão carregadas pelo resto da vida, assim como traumas e medos.
Como educadores, temos de fazer conhecer que a agressividade, a raiva, fazem parte de nossa condição  humana, que se não soubermos lidar com estas emoções de forma adequada, isto pode virar um problema tão sério, como é o bullying. Precisamos desmistificar a bondade das crianças e adolescentes, com isso não queremos de forma alguma transformá-los em monstros, mas mostrar que são humanos, com lado A e lado B, com sentimentos bons e maus. Ensiná-los a lidar com estas emoções, ajudá-los na resolução de conflitos, mostrar que o diálogo é a melhor maneira de dissipar mal entendidos, discórdias, problemas , resolver as contendas, conhecer e entender o porquê das diferenças, das demais formas de pensar, de agir. O diálogo só tem a enriquecer nossas vidas.
Para que as medidas citadas nesta pesquisa, tenham resultados satisfatórios, é necessário a participação de todos pais, alunos, professores, funcionários tanto no planejamento como na execução destas medidas.
Precisamos admitir o que aconteceu conosco durante o período de escola, independente de termos sido autores, alvos ou testemunhas, reconhecer que esta realidade continua presente, assombrando nossos filhos e alunos e fazer o possível para a mudança desta realidade.
A educação para a paz, o respeito, a valorização às diferenças precede, em importância, qualquer conteúdo, qualquer outra finalidade da educação, e o momento para esta transformação é hoje e agora.

REFERÊNCIAS
CAVALCANTE, Meire. Como lidar com brincadeiras que machucam a alma.  Revista Nova Escola. Disponível em: http:/novaesola.abril.com.br/edicoes/0178/aberto/bullying_2_shtml Acesso em junho de 2007.
CONSTANTINI, A. Bullying: como combatê-lo?. São Paulo: Itália Nova, 2004.
CHEFFER, L. [et.al.] Subjetividade e arte. Anais da VI Semana de Psicologia da UEM. Outubro de 2004, Maringá, PR.
DREYER, Diogo. A brincadeira que não tem graça. Portal Educacional, 2005. Disponível em:
http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying Acesso em novembro de 2007.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Versus, 2005.
Guia do Professor Disponível em:
www.abrapia.org.br Acesso em: junho de 2007.
NETO, A. A. Lopes. Bullying – comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2005, pags. 164-172.
OLWEUS, Dan. Modelo do programa de combate ao Bullying do Professor Dan Olweus. Disponível em:
http://modelprograms.samhsa.gov/pdfs/FactSheets/Olweus%20Bully.pdf Acesso em junho de 2007.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
ROGERS, Carl. KINGET, M. Psicoterapia e relações humanas. Belo Horizonte: Interlivros, 1977.
SIMMONS, Rachel. Garota fora do jogo: a cultura oculta da agressão nas meninas. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
SOUZA, Paulo Nathaniel Pereira; SILVA, Eurides Brito. Como entender e aplicar a nova LDB: Lei nº 9.394/96. São Paulo: Pioneira, 1997.

Publicado em 28/02/2008 15:08:00


Gelson Franzen – Bacharel em Ciências Contábeis, Licenciatura Plena em Matemática, Estatística,
Direito e Legislação e Contabilidade, Pós Graduado em Psicopedagogia
Institucional.

Dê sua opinião:





Clique aqui:
Normas para
Publicação de Artigos