POSIÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO FUNDAMENTAL FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Paula Bortolozo, Lilian Karina Pavan, Thaís Angélica da Silva e Rafael Bianchi Silva
RESUMO:
Este artigo teve como objetivo abordar a posição do professor frente às dificuldades de aprendizagem no Ensino Fundamental, assim como a importância de um trabalho pedagógico voltado às necessidades de seus educandos. Para tanto foram realizadas entrevistas com professores do ensino fundamental para levantar como vêem e tratam as questões referentes às dificuldades de aprendizagem em sala de aula. Verificou-se que a definição do conceito é ampla e às vezes equivocada, pois alguns profissionais da área da educação interpretam tais dificuldades como sendo deficiências tendo como visão geral o enfoque das dificuldades da criança no armazenamento e reorganização da experiência de aprendizagem. A dificuldade de aprendizagem faz parte de um contexto amplo, no qual é necessário analisar o aluno em seus diversos contextos, sejam eles de fatores culturais, sociais e até mesmo educacionais. É importante apontar que cada sujeito apresenta características individuais únicas, as quais podem destacá-lo positiva ou negativamente em relação aos demais. Cabe a escola, entretanto, proporcionar condições favoráveis para que todos indivíduos tenham oportunidades de aprendizagem, valorizando suas potencialidades e trabalhando suas dificuldades. Entretanto, foi possível perceber neste trabalho a necessidade de compreender a atuação do professor perante as dificuldades de seus alunos, sua formação profissional, seus procedimentos e recursos pedagógicos, além de definir seu conceito sobre dificuldade de aprendizagem, pois este conduzirá sua ação na sala de aula, afim de não permitir o crescente índice de encaminhamentos indevidos e desnecessários.
Palavras-Chaves: Dificuldades de Aprendizagem; Educação; Formação do Professor.
O foco deste artigo foi a importância de procedimentos educacionais de identificação das dificuldades de aprendizagem no Ensino Fundamental, assim como a importância do desenvolvimento de um trabalho pedagógico de prevenção e recuperação destas dificuldades. O tema abordado – “Posição do professor do Ensino Fundamental frente às dificuldades de aprendizagem” – foi dividido neste artigo em dois momentos: primeiro, uma revisão bibliográfica envolvendo o estudo de diversos autores, e segundo, uma pesquisa de campo, através de entrevistas semi-estruturadas com seis professores do primeiro ciclo do Ensino Fundamental os quais estão na docência entre um ano meio e onze anos no ensino fundamental, (sem distinção entre escola pública e particular, com objetivo de analisar a posição dos professores em um aspecto mais amplo), para assim, inicialmente mapear sua ação e para em seguida, comparar com a bibliografia consultada.
Sendo a posição do professor frente às dificuldades de aprendizagem o foco deste artigo, iniciaremos com uma breve definição do conceito de aprendizagem e suas possíveis dificuldades. O ato de aprender, para Osti (2004), é um processo individual em que cada sujeito possui suas características peculiares, porém, ao mesmo tempo é constantemente influenciado pelo meio em que vive, seja em seus aspectos sociais, culturais, familiar, religioso ou o próprio contexto educacional. Assim, “as crianças se desenvolvem por suas próprias iniciativas e também por meio das experiências que a elas proporcionamos” (CASTRO, 1996 apud OSTI, 2003:37).
O desenvolvimento e aprendizagem do individuo são diferentes, mas associam-se através de uma relação dialética, modificando a ação do homem com o meio, sendo por ele influenciado, a partir de uma troca recíproca em constante processo de evolução. O indivíduo necessita, portanto, dessa troca de informações e relações com o próximo, transformando-as em aprendizagem efetiva.
O termo “dificuldade de aprendizagem” tem sido muito discutido nos últimos tempos devido ao grande número de alunos encaminhados a profissionais especializados, como psicopedagogos e neurologistas. A definição do conceito é ampla e às vezes equivocada, pois alguns profissionais da área da educação interpretam tais dificuldades como sendo deficiências. A dificuldade de aprendizagem, para essas mesmas autoras, pode ser concebida em dois sentidos: lato, onde as dificuldades de aprendizagem são entendidas “[…] como um conjunto de situações, de índole temporária ou permanente, que se aproxima, ou mesmo quererá dizer, risco educacional ou necessidades educativas especiais […]” (CORREIA E MARTINS, s/d; p.5) e, no sentido mais restrito, ”[…] quererá dizer uma incapacidade ou impedimento específico para a aprendizagem numa ou mais áreas acadêmicas, podendo ainda envolver a área socioemocional”.
Segundo o dicionário Silveira Bueno, “Dificuldade” significa obstáculo, impedimento, objeção e “Aprendizagem”, deriva de aprendizado que significa ação de aprender, tempo durante o qual se aprende, portanto dificuldade de aprendizagem grosseiramente, seria o impedimento do ato de aprender.
O histórico sobre dificuldade de aprendizagem possui um enfoque extremamente clínico, ganhando uma definição mais voltada à área educacional a partir de 1962, momento em que segundo dados apresentados por Correia e Martins (referência incompleta).
As dificuldades de aprendizagem acabavam sendo referência de três crenças que são tidas como reais. A crença de que a causa da dificuldade de aprendizagem está no indivíduo; a crença de que as pessoas que a sofrem são inferiores em algo, como a capacidade na aprendizagem escolar; e a crença de que necessitam de ajuda em aulas especiais para solucionar suas dificuldades (SANCHÉZ, 1998 apud OSTI, 2004:51).
Atualmente dificuldade de aprendizagem é entendida como um conjunto de fatores que afetam crianças, adolescentes e adultos, e que são identificadas por meio de atrasos ou dificuldades apresentadas por estes, seja em qualquer área de desenvolvimento.
“Apesar de não se tratar de uma questão nova, trata-se de uma questão ainda não resolvida” (ROSSINI E SANTOS, 2001:214). As autoras, em tal citação, se referindo ao fracasso escolar, fazem uma considerável ligação com as dificuldades de aprendizagem, as quais vêm sendo estudadas ao longo dos tempos por diversos autores, apresentando diferenciadas definições e conseqüentemente diferentes causas. Em um primeiro momento, de acordo com Dorneles (2004), as causas das dificuldades recaíam sobre o aluno, sendo esses indivíduos considerados portadores de distúrbios mentais, sensoriais ou neurológicos, os quais ocasionariam falhas em sua organização lingüística, motora ou afetiva. Posteriormente, tivemos a abordagem biologicista, sendo a causa das dificuldades fatores biológicos, como a desnutrição, sendo necessária estimulação pedagógica adequada para que a aprendizagem não seja afetada, caso contrário, essas crianças apresentariam dificuldades para o processo de desenvolvimento educacional. Uma outra abordagem foi a ‘carência cultura’, a qual supõe que a criança apresentaria dificuldades de aprendizagem por viver em um ambiente cultural desprovido de estímulos, não favorecendo seu desenvolvimento, lançando a principal causa à família e seus fatores sociais, o que posteriormente foi substituído pelo termo ‘diferença cultural’, talvez em uma tentativa de proporcionar uma nomeação menos excludente. Por fim, a mais recente das abordagens é a abordagem antropológica, para a qual o fracasso escolar não é fruto da família, do indivíduo ou da escola isoladamente, mas de fatores externos mais amplos que abrangem um pouco de cada aspecto.
Considerando a análise de Sternberg (2003:16) de que, “[…] todo mundo exibe um padrão de aptidões e fraquezas”, torna-se necessário ao professor tenha conhecimento suficiente para diagnosticar as possíveis dificuldades de aprendizagem devido a sua multidimensionalidade, a partir da “[…] importância de se considerar fatores orgânicos, cognitivos, afetivo/sociais e pedagógicos, dentre outros” (FINNI, 1996:69), com o objetivo de não rotular seus alunos ou encaminhá-los indevidamente a profissionais especializados por uma simples ‘inaptidão’, ocasionando rotulações e preconceitos, por padrões pré-definidos, “[…] pois as professoras tendem a ‘diagnosticar’ a criança que não aprende segundo o ‘padrão adequado’ como portadora de problemas neurológicos ou mesmo como deficiente mental” (ROSSINI E SANTOS, 2001:216). O que é confirmado por Osti (2004:63)
Apesar do professor dizer que não faz um diagnóstico da criança, ele estabelece que as dificuldades de aprendizagem são possíveis transtornos específicos de aprendizagem, tendo como causas a imaturidade, problemas psicológicos e sociais, justificado assim o por quê da criança não aprender.
Partindo deste pressuposto, nos deparamos com uma delicada discussão, que se refere à diferenciação entre distúrbio e dificuldade de aprendizagem, o que aparentemente pode nos oferecer uma ilusória semelhança, porém são profundamente destintas. Fator, este, que vem sendo discutido desde o início do século, sendo praticamente impossível chegar a um consenso literário. Em um estudo realizado por Collares e Moysés (1992) relatado por Rossini e Santos, descreve a grande busca inicial de explicações e soluções para a dificuldade de aprendizagem na área médica, o que recebeu o nome de “patologização do ensino”, e que ainda pode ser encontrado nos dias atuais, quando professores continuam buscando suas respostas em aspectos neurológicos, psicológicos, entre outros.
Em muitos casos, as dificuldades do sujeito são muito sutis, o que às vezes não é facilmente percebido pelo educador. Para SMITH e STRICK (2001), essas crianças normalmente começam a apresentar baixo rendimento em relação ao desempenho que é esperado, sendo assim classificados como crianças “problemas”. A caracterização de alunos que apresentem dificuldades de aprendizagem deve ser realizada minuciosamente, procurando identificar suas dificuldades e não seus limites, de maneira que seja ofertado o máximo de possibilidades para seu desenvolvimento.
Sabe-se que a dificuldade de aprendizagem é um contexto amplo, que para seu coerente diagnóstico é preciso uma análise e conhecimento do aluno analisando-o em todos seus aspectos, desde fatores biológicos, sociais, culturais, familiares, individuais e até mesmo educacionais. Pois, de acordo com o trabalho realizado por Ciasca em 1994, citado por Rossini e Santos (2001:217), mostrou que 40% das crianças atendidas no Ambulatório de Distúrbios de Aprendizagem não possuíam qualquer problema de ordem orgânica. Eram apenas crianças advindas de classes sociais mais pobres da população que, por fatores diversos, apresentavam dificuldade escolar.
Essas atitudes podem ser observadas através das fala de PA e PB, participantes de nossa pesquisa:
“Tenho um aluno com dificuldade de comportamento e tem problema de aprendizagem porque não acompanha o ritmo da turma” (SIC) – PA.
“tenho uma criança com várias dificuldades de aprendizagens devido problemas emocionais e afetivos. Ela só faz quando quer, e quando não quer, é só agradar que faz. Ele precisa de acompanhamento psicológico.” (SIC) – PB.
Fatos, estes, que nos mostram o quanto as professoras consideram dificuldades de comportamento e problemas emocionais como dificuldade de aprendizagem, o que realmente podem ser um agravante, mas também podem ser através de procedimentos pedagógicos adequados, resolvidos no espaço escolar, evitando encaminhamentos indevidos.
Essas dificuldades ocasionam conseqüências marcantes no desenvolvimento do indivíduo, interferindo em sua vida cotidiana e acadêmica, como levar o indivíduo a desistir de freqüentar a escola, ou apenas freqüentá-la por obrigação. Em muitos casos, as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem são rotuladas como: “alunos com distúrbios de aprendizagem, indisciplinadas, hiperativos, crianças com disfunção cerebral mínima ou déficits de atenção” (GOLBER e MOOJEN, 2000:79).
Embora haja muitas concepções de dificuldade de aprendizagem, SMITH e STRICK (2001) ressaltam que algumas crianças podem apresentar os seguintes comportamentos:
• Fraco alcance de atenção: onde o sujeito distrai-se facilmente, deixando tarefas inacabadas.
• Dificuldades para seguir instruções: problemas para assimilar o que esta sendo proposto; as atividades não são compreendidas em sua totalidade.
• Imaturidade social: idade mental diferente da idade cronológica.
• Dificuldade com a conversação: a criança não consegue encaixar as palavras para então formar um diálogo.
• Inflexibilidade: Resiste a soluções, pois prefere continuar fazendo as coisas a sua maneira ao invés de seguir o caminho mais fácil.
• Fraco planejamento e habilidades organizacionais: a criança não apresenta sensações de tempo; não consegue iniciar uma atividade; apresenta dificuldades para dividir o trabalho em seguimentos a fim de facilitar o manejo.
• Distração: Perca de lições; esquecimento de objetos, pertences, tarefas e trabalhos.
• Falta de destreza: falta de coordenação motora; péssima caligrafia; inaptidão aos esportes e jogos.
• Falta de controle dos impulsos: dificuldades para esperar, verbalização de suas observações sem pensar.
As dificuldades não se manifestam de uma só vez, podendo o individuo apresentar maior habilidade em realizar determinada tarefa ou solucionar uma situação, em outra área a qual seja mais ‘apto’, ou propício a realizar.
[…] os problemas de aprendizagem podem ser explicados como dificuldades da criança no armazenamento e reorganização da experiência de aprendizagem, ou seja, a criança com distúrbio de aprendizagem, possui um problema em manter a atenção seletiva e para concentra-se em determinadas atividades, não apresentando nenhum defeito físico, sensorial ou intelectual, tendo portanto, inteligência normal (ROSS, 1997 apud OSTI, 2004:52).
As professoras PC e PD, além dos alunos com “dificuldades de aprendizagem” possuem em sua sala aula, alunos com síndrome de down, trabalhando com currículo adaptado.
“o currículo adaptado é difícil de trabalhar” pois simplesmente foi imposto, expõe também que “os órgãos responsáveis pela educação falam que cada aluno com síndrome de down deve ter um currículo individualizado e quando há mais de um aluno em sala de aula fica difícil esta adaptação”. (SIC) – PD.
Isso se deve ao despreparo de nosso sistema educacional, de forma que a inclusão é lançada como obrigatoriedade, porém não se oferece preparação profissional condizente às necessidades da educação, e por mais que esta professora utilize-se e materiais diversificados, ainda há dificuldade de trabalhar efetivamente a educação, o desenvolvimento e as limitações destas crianças.
É de fundamental importância reconhecer, conhecer e respeitar as diversidades existentes, porém, em muitos casos, isso não acontece nem nas próprias famílias, que agem erroneamente com as crianças a fim de conseguir o comportamento desejado, oferecendo compensações materiais, proporcionando liberdade excessiva, ocasionando falta de limite e controle sobre seu comportamento, o que influencia diretamente em seu desenvolvimento escolar. Até mesmo na escola onde tudo é pré-estabelecido, as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem acumulam repetências e acabam abandonando os estudos, sendo rotuladas de deficientes e encaminhadas às profissionais especializados tais como psicopedagogos, psicólogos, neurologistas, entre outros.
O indivíduo pode apresentar dificuldade de aprendizagem no decorrer de toda sua vida, sendo influenciado pelo “contexto familiar e social, a personalidade do sujeito e as instituições educativas incluindo suas áreas metodológicas e organização” (LOZANO E RIOBOO apud OSTI, 2004:53). Outros fatores também podem contribuir para que o indivíduo apresente dificuldades de aprendizagem, os quais se encaixariam no aspecto orgânico tais como:
”[…] hereditariedade, fatores pré ou perinatais, podendo destacar os excessos de radiação, o uso de álcool e/ou drogas durante a gravidez, insuficiências placentárias, incompatibilidade Rh com a mãe (quando não tratada), o parto prolongado ou difícil, hemorragias intracranianas durante o nascimento ou a privação de oxigênio (anoxia)” (CORREIA E MARTINS, referência incompleta).
Várias crianças entram no “roll” das dificuldades comportamentais e são classificadas como sujeitos problemáticos, entretanto, SANTOS E ROSSINI, (2001:218) fazem um interessante questionamento: “por que destas crianças terem sido consideradas portadoras de distúrbios orgânicos apenas quando entram na escola?”.
É de grande importância ao professor conhecer os alunos, refletir sobre suas práticas educacionais e as relações interpessoais que ocorrem na sala de aula, uma vez que o comportamento dos professores tem grande influência sobre os alunos, numa “relação recíproca entre o domínio do pensamento e o domínio da ação” (MOLL, 2002:263), os quais são orientados por um sistema pessoal de crenças e princípios. Outro fator determinante na ação do professor são os conhecimentos, os quais Vygotsky divide em dois conceitos, os conceitos espontâneos e os conceitos científicos. É preciso, entretanto, que o professor interaja os conceitos para formar o “conhecimento prático”, o qual é o “conhecimento da prática, tanto quanto conhecimento mediado pela prática”. (MOLL, 2002:264).
Entretanto, através da fala da professora PD, foi possível observar que ainda encontramos educadores despreparados, que se confundem quanto a própria metodologia utilizada:
“uso o método construtivista, não posso corrigir os alunos para não atrapalhar seu processo de aprendizagem, mas como estão em confusão de pensamento por causa da adolescência, apresentam dificuldade de comportamento” (SIC).
Ao se referir aos alunos com possíveis dificuldades de aprendizagem, confunde este conceito com dificuldade de comportamento. Falta, neste caso, conhecimento sobre o conceito de construtivismo, disciplina e dificuldades de aprendizagem.
Em uma outra fala, agora da professora PE, pudemos confirmar o que anteriormente comentado:
“A dificuldade de aprendizagem é a falta de absorção dos conteúdos por parte do aluno, ou quando o sistema cognitivo não favorece” (SIC), e ao perguntarmos o que ela quis dizer com “sistema cognitivo não favorece” assim nos respondeu:
“não tem haver com o comportamento. É quando o aluno não tem o sistema cognitivo desenvolvido o suficiente para aprender, é incapaz” (SIC).
Ou seja, esta professora considera o aluno incapaz de aprender, mas nos cabe perguntar, será que o aluno é incapaz ou a metodologia utilizada é insuficiente e ineficaz? Pois ao perguntarmos quais eram as principais dificuldades apresentadas pelos três alunos por ela citados, todos apresentavam a mesma dificuldade por ela considerada, “deficit de atenção”, de forma que o aluno não fique por muito tempo concentrado na aula e nas atividades propostas.
Ao perguntarmos à professora PD, esta citou a utilização de métodos tradicionais como caderno de caligrafia para auxiliar na concentração do aluno, desta forma, se contradizendo com a metodologia citada anteriormente – construtivismo -, e ao ser questionada, alegou ‘mesclar’ as metodologias, podendo perceber, neste momento, a falta de saberes conceituais, o que influência diretamente em suas práticas pedagógicas. Em cinco das seis entrevistas, as professoras indicaram como posição da escola o encaminhamento desses alunos com dificuldades de aprendizagem à especialistas como psicólogos e psicopedagogos, isentando sua responsabilidade quanto professor educador, de trabalhar as individualidades de seus alunos, proporcionando completo desenvolvimento. Pois conforme afirma FINNI (1996:66) “[…] não se pode descartar a responsabilidade que tem cada educador em relação a cada aluno (ou com seus alunos), e o apoio e atendimento a professores quando se apresentam situações de rendimentos insatisfatórios ou casos específicos”.
Entretanto, encontramos, ainda que em minoria, professores devidamente preparados para docência, consciente de sua função quanto educador. De acordo com NONO E MIZUKAMI (2006), as bases da formação docente são os “saberes conceituais e metodológicos”, os quais englobam o conhecer as orientações metodológicas empregadas na construção dos conhecimentos, conhecer disciplinas ou áreas relacionada e conhecer as pesquisas mais recentes em sua área; “saberes integradores”, relacionando os diversos saberes ao ensino dos conteúdos, representando uma tarefa mais ampla que a transmissão de informações, garantindo aos alunos conhecimentos que permitam ter uma efetiva participação social; “saberes pedagógicos”, uma das mais importantes considerações da formação de professores, tratando-se do conhecimento específico da formação docente, a instrução, avaliação e reflexão.
“[…] falar da carreira docente não é mais do que reconhecer que os professores, do ponto de vista do ‘aprender a ensinar’, passam por diferentes etapas, as quais representam exigências pessoais, profissionais, organizacionais, contextuais, psicológicas, etc., especificas e diferenciadas” (GARCIA, 1999:112 apud NONO e MIZUKAMI, 2006:383).
A professora PF, ao ser questionada quanto ao papel da escola, nos respondeu:
“Criar condições para que os professores possam estar atendendo estes alunos de forma individualizada ou em pequenos grupos, ou mesmo possibilitando a realização de discussões entre os docentes que nos orientem para tais dificuldades e por fim solicitação junto a secretaria de profissionais adequados para tratar deste assunto com mais propriedade. Tentar na medida do possível fazer um reforço com o professor quando não há falta de professores na escola e a auxiliar pode estar na sala de aula para o professor. Percebo que a orientação esta sempre sugerindo formas de intervenção a fim de contribuir para o sucesso da aprendizagem, mas ainda, assim o fazendo com base não muito fundamentada em sua experiência profissional” (SIC).
Ao professor cabe mapear as possibilidades de aprendizagem de seus alunos e, quando seus esforços já não são o suficiente, deve buscar o auxílio de outras áreas promovendo a ação colaborativa, sempre com o objetivo de promover a evolução da aprendizagem de seu aluno, facilitando sua integração no ambiente educativo.
Determinadas dificuldades irão acompanhar o indivíduo por toda sua vida, como no caso da dislexia, dislalia, disgrafia, discauculia, TDAH, entre outros, nas quais não é possível uma ‘cura’ dessas dificuldades, mas com uma boa orientação pedagógica, conseguirá superar significativamente suas dificuldades na aprendizagem, apesar de suas limitações.
“As dificuldades de aprendizagem são caracteristicamente definidas como uma discrepância de certa magnitude entre inteligência geral e o desempenho em uma área especifica de esforço, como leitura ou matemática” (STERNEBEG e GRIGORENKO 2003, p.31).
Bujes (2002:47) afirma, através de estudos a partir da obra de Foucault, que “os indivíduos são construídos pela utilização de formas específicas de ação institucional”, ou seja, a escola possui força suficiente para estimular ou desestimular o individuo a continuar no caminho da aprendizagem.
Diversos fatores, como já citados, influenciam nas dificuldades de aprendizagem e para que se possa ocorrer o progresso desses alunos, a escola bem como seus educadores devem ter claro sua ação, promovendo algumas situações a fim de que ocorra a aprendizagem de todos seus alunos. O professor é o eixo condutor da ação educativa formal, é quem esta em contato direto com o educando, portanto é o um dos primeiros a perceber suas dificuldades e deve tentar prover recursos necessários para que ocorra sua evolução e possível superação, analisando minuciosamente todos os detalhes de sua dificuldade e seu progresso. Segundo Correia e Martins (referência incompleta), “qualquer aluno deve ter a sua disposição um conjunto de serviços adequados às suas necessidades” educacionais, como por exemplo, a reestruturação do ambiente educativo, ou seja, um ambiente favorável à aprendizagem, o qual seja estimulante e agradável onde o aluno sinta-se um ser ativo e participativo de todo o processo.
A tendência do sistema educacional é excluir aqueles que não se adequam às expectativas da escola, e é o professor quem pode romper com essa concepção. Segundo Patto (1993) apud Rossini e Santos (2001) o fracasso escolar é resultado de um sistema educacional gerador de obstáculos à realização de seus objetivos, e umas das primeiras atitudes a serem tomadas é transpor estes obstáculos, procurando conhecer a realidade social, cultural e familiar de seus alunos, verificarem seu comportamento fora da sala de aula, conversar com os familiares a fim de tentar identificar se existem fatores que possam desencadear algumas dificuldades e qual o valor atribuído à escola, procurando envolvê-los em todo o processo.
O âmbito educacional deve proporcionar às crianças condições favoráveis para que a aprendizagem ocorra, onde as visões de homem e de sociedade que o aluno construirá serão muito influenciadas pelos relacionamentos vividos na escola. De acordo com a teoria de Vygotsky, cada criança tem “um nível evolutivo real” que pode ser avaliado a partir de um teste individual, e um potencial imediato para o desenvolvimento de determinado domínio, sendo chamada à diferença desses dois níveis, por ele denominada de “zona de desenvolvimento proximal”, processo no qual as crianças são socializadas em uma determinada cultura dominante. A zona de desenvolvimento proximal gera um novo conhecimento que aos poucos irá ‘amadurecer’.
A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de “frutos” do desenvolvimento. O nível de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento mental retrospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental prospectivamente. (VYGOTSKY, 1984, p.113).
Todos apresentam diferenças, porém a sociedade rotula apenas alguns indivíduos, os quais não apresentam o nível de desenvolvimento de aprendizagem considerado normal, ou seja, indivíduos que necessitam de auxilio para resolver e solucionar diferentes situações sejam estas no âmbito educacional, social e emocional, de forma que estes passam a ser discriminados e até excluídos nos âmbitos social, escolar e familiar. Cada sujeito carrega características individuais que os fazem únicos e singulares, algumas diferenças, porém destacam positivamente um aluno com relação ao demais, seja na forma física ou no ritmo de seu desenvolvimento. Essas diferenças podem levar ao errôneo pensamento de que o aluno é inferior, incapaz de desenvolver determinadas potencialidades. Em alguns casos a realidade sócio-econômica da criança, é totalmente diferente da realidade que encontrada em sala de aula, isso poderá prejudicar seu processo de ensino-aprendizagem, pois esse distanciamento de valores, de comportamentos, de linguagem dos conteúdos transmitidos, faz com que a criança não os relacione com seu cotidiano, apresentando assim, dificuldade para sua assimilação e construção de conhecimentos. Rossini e Santos (2001) citam uma análise realizada por Patto com crianças americanas de ‘classes menos favorecidas’, no qual o governo americano através de pesquisas realizadas constatou que estas crianças que não apresentavam o rendimento escolar desejado eram ‘portadoras de inúmeras deficiências nas várias áreas de seu desenvolvimento biopsicossocial’.
O conceito de normalidade é construído a partir dos padrões da sociedade que consideram um individuo ‘normal’ aquele que consegue comportar-se adequadamente em diferentes situações, consegue aprender sem muitas dificuldades e não possui nenhum tipo de deficiência seja ela mental física ou auditiva, ou mesmo dificuldades de aprendizagem. Segundo José e Coelho (1997), para que o professor possa avaliar um problema de aprendizagem, ele precisa estabelecer um critério seguro e significativo do que é ser normal. Esses autores afirmam que “para podermos conceituar o que é normal, devemos basear-nos no progresso da criança, em sua evolução e desenvolvimento, comparando-a com suas próprias habilidades e capacidades em épocas diversas”, ou seja, não se pode apenas avaliar a suposta dificuldade de aprendizagem isoladamente.
O conceito de criança, infância e educação varia de acordo com a classe social a que nos referimos, porque a criança é um ser social e histórico. Não é abstrata, não é um modelo teórico de desenvolvimento. […] A criança é um ser completo, num contexto historicamente definido. Conhecendo o verdadeiro papel que ela exerce em sua família e na comunidade, é possível compreender melhor a linguagem, as ações, sentimentos, reações e possibilidades de seu desenvolvimento (AROEIRA, SOARES E MENDES, 1996: 20-21).
Algumas famílias, de acordo com Sternberg e Grigorenko (2003), não aceitam a realidade da criança e procuram por alternativas muitas vezes ineficazes a fim de sanar os possíveis problemas apresentados por elas, como exemplo, a mudança do ambiente de convivência da criança, como forma de tirar tal rotulação pré-estabelecida. O envolvimento dos pais é de extrema importância para que possam compreender aceitar e colaborar para o progressivo desenvolvimento da criança, os quais também necessitam de informações e orientações para que se sintam parte integrante do processo de ensino aprendizagem, e essa integração pode ocorrer através de reuniões individuais ou ainda através de palestras que possam esclarecer sobre as dificuldades de aprendizagem e a relação familiar. Família e escola devem ser parceiras no processo de formação do educando, auxiliando-o em suas relações e seu crescimento pessoal e social. De acordo SMITH e STRINCK (2001) é importante que o professor preocupe-se em contribuir para ajudar o educando frente às dificuldades de aprendizagem, a partir de três opções:
1. Intensificar a construção para a preparação. O professor pode providenciar auxilio adicional em áreas nas quais a criança está apresentando atraso. A instituição adicional pode se oferecida por um professor, um auxiliar na sala de aula, um pai uma mãe ou voluntários, ou um professor assistente.
2. Tentar diferente métodos e materiais de instrução. O professor pode ver se o aluno responde às atividades ou materiais diferentes daqueles que estão sendo usados pelo restante da classe (…).
3. Reduzir a carga escolar. Se a criança parece sobrecarregada por demandas para absorver coisas demais muito cedo, o professor pode tornar mais lento o ritmo da instrução e manter seu foco sobre as habilidades mais importantes para o sucesso (…) no Ensino Fundamental (…). Essa forma de intervenção dá aos alunos um espaço para a construção de uma sólida base escolar em seu próximo ritmo (SMITH e STRINCK, 2001:65).
Entretanto, não há indivíduo que apresente habilidades e aptidões para todas as atividades que desenvolve, de forma que todos apresentam um padrão de potencialidades e debilidades, podendo a criança com determinada dificuldade apresentar grandes habilidades em outras áreas do conhecimento. A escola, por sua vez, deveria estar pedagogicamente preparada para descobrir e trabalhar as dificuldades de aprendizagem dos alunos, porém, o que realmente acontece é o encaminhamento destes para salas especiais com professores especializados, para Psicopedagogos ou Psicólogos, reforçando assim a rotulação dessas crianças. E com a inserção destes alunos na classe regular, os professores vêm apresentando grandes dificuldades de como trabalhar, reforçando ainda mais suas dificuldades ao invés de auxiliar a superá-las.
Vygotsky demonstra em sua abordagem, a importância do contexto educacional para crianças física e mentalmente deficientes, o qual pode acarretar profundas conseqüências em seu processo de desenvolvimento, negativas ou positivas. As quais devem ser amplamente estimuladas e integradas, evitando o que ele chama de “criação de um tipo de pessoas especiais” (VYGOTSKY, 1978, apud MOLL, 2002, p.153), uma vez que, o que determina o desenvolvimento do indivíduo é o ambiente social e a instrução fornecida, o que é determinante não apenas para crianças que apresentem algum tipo de deficiência, mas para todos os indivíduos. A partir desta discussão, é preciso atentar-se para a não criação de uma nova ‘classe’ de indivíduos, a de ‘alunos rotulados com dificuldades de aprendizagem’, pois muitos professores confundem a limitação devido à dificuldade de aprendizagem com algum tipo de deficiência que o aluno possa possuir, ou confundir tais limitações com dificuldades de aprendizagem. Todos podem aprender desde que ensinados e mediados nesse processo de forma a garantir igualdade de condições. É imprescindível conhecer as necessidades e as características do funcionamento de cada aluno, para que assim o ensino não favoreça apenas aqueles alunos que estejam prontos (Cadernos MEC, 1999).
[…] o aprendizado escolar induz o tipo de percepção generalizante, desempenhando assim um papel decisivo na conscientização da crianças dos seu próprios processos mentais. Os conceitos científicos, com seu sistema hierárquico de inter-relações, parecem constituir o meio no qual a consciência e o domínio se desenvolvem, sendo mais tarde transferidos a outros conceitos e a outras áreas do pensamento. A consciência reflexiva chega à criança através dos portais dos conhecimentos científicos (VYGOTSKY, 1998:115).
Portanto, é necessário compreender a atuação do professor perante as dificuldades de seus alunos, sua formação profissional, seus procedimentos e recursos pedagógicos, além de definir seu conceito sobre dificuldade de aprendizagem, pois este conduzirá sua ação na sala de aula.
Foi, entretanto, possível observar nas entrevistas, o grande despreparo de nossos educadores quanto ao trabalho com crianças que apresentem dificuldades de aprendizagem, assim como seus conceitos de dificuldade, aprendizagem e ação do professor,
O quadro da educação no país incontestavelmente mostra a necessidade de avaliação e reformas de nível político e estrutural […] Que se pode esperar que aconteça com um aluno que apresente rendimento escolar insatisfatório durante o espaço de tempo necessário para que seja modificada a situação didático-pedagógica de uma escola? (FINI, 1996:66-67).
Discussão esta, que nos mostra a necessidade de ações independentes por parte dos educadores, como a busca de formação profissional continuada, a fim de não permitir o crescente índice de encaminhamentos indevidos e desnecessários ou aumento significativo das dificuldades de aprendizagem advindas de metodologias insuficientes e ineficazes. As exigências das escolas aos alunos devem considerar a construção do sistema cognitivo e as diferentes formas de raciocínio de seus alunos, erradicando as rotulações e padronizações no ensino, de forma que a eficiência do trabalho educacional está em “[…] o que sabemos cientificamente sobre as dificuldades de aprendizagem e como podemos usar esse conhecimento para criar um mundo melhor para os indivíduos com dificuldades de aprendizagem identificadas […]” (STERNBERG, 2003, p. 18).
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Publicado em 01/02/2008 11:38:00
Paula Bortolozo, Lilian Karina Pavan, Thaís Angélica da Silva e Rafael Bianchi Silva –
Paula Bortolozo, Lilian Karina Pavan, Thaís Angélica da Silva: Pedagogas graduadas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail: lilian_pavan@yahoo.com.br; paula_bortolozo@yahoo.com.br ; thaispedagogia@bol.com.br
Rafael Bianchi Silva: Psicólogo, mestrando em educação/uel. Especialista em psicanálise pela UCDB e gestão educacional pela UNOPAR. Atualmente é professor assistente no Departamento de Educação na área de psicologia e docente da Faculdade Norte Paranaense – UNINORTE.
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