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PROPOSTA PEDAGÓGICA DE EDUCAÇAO INFANTIL JARDIM CRECHE CRIANDO ARTE

Cecília Maria Barros de Alcântara

RESUMO
Esta Proposta Pedagógica tem como objetivo principal nortear o processo educativo que influencia decisivamente o ensino-aprendizagem da criança pequena enquanto SER único através da integração de seus aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais. Sendo a educação é um fenômeno social, esta se subordina à estrutura e a dinâmica das relações entre classes sociais, sejam elas na escola ou na sociedade ao qual o indivíduo faz parte. Assim, levando-se em conta a realidade educacional em que estamos inseridos o Jardim Creche Criando Arte elaborou sua primeira Proposta Pedagógica em sintonia com a LDB de 1996  que afirma: o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LDB/96, capítulo II, artigo 29) juntamente com o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (RECNEI). Assim, com o intuito de direcionar as atividades a serem desenvolvidas por professores e todos aqueles que atuam junto aos alunos desta escola, esta proposta ainda está em fase de (re)elaboração para o período letivo de 2008.


IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
O JARDIM CRECHE CRIANDO ARTE é mantido pelo AGEU AMORIM DA SILVA CENTRO DE EDUCACIONAL, inscrito no CNPJ sob o nº 09.022.689/0001-20, localizado na Rua Elbo Sodré nº15, Parque Aeroporto, Macaé-RJ.
A Instituição atende crianças de zero a seis anos de idade, moradores neste município, em período integral, matutino e/ou vespertino, sendo o seu horário de funcionamento é das 7h às 19h.  

APRESENTAÇÃO
A Proposta Pedagógica de uma instituição de Educação Infantil procura ser construída e amplamente direcionada para a difícil tarefa de privilegiar nas crianças, a integração de seus aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais, sob o prisma de um desenvolvimento global dessa criança enquanto SER único.
Sabendo da importância do desenvolvimento da criança e que esta deve ter uma base sólida começando desde os seus primeiros momentos de vida, o CENTRO EDUCACIONAL AGEU AMORIM DA SILVA (JARDIM CRECHE CRIANDO ARTE) elaborou, pela primeira vez, um documento norteador das atividades a serem desenvolvidas por professores e todos aqueles que atuam junto aos alunos desta escola.

A CRIANÇA, A ESCOLA E O MUNDO.
Procurando entender que o valor da educação já nessa fase de desenvolvimento do ser humano parte do pressuposto de que a Educação Infantil tem o objetivo não apenas cuidar, mas também educar de crianças nessa faixa etária. Ressalta-se, contudo, que essas crianças possuem especificidades que as caracterizam como sujeitos que sentem e pensam o mundo de um jeito próprio, sendo nas interações que estabelecem com as pessoas e com o meio que revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem. Nesta perspectiva, a criança é vista como um ser humano em processo de humanização, ou seja, um ser histórico social construtor do seu desenvolvimento e do seu conhecimento.

Partindo dessa premissa, procuramos sistematizar uma proposta que parta da reflexão cuja meta é a construção da cidadania através da ludicidade, e nesse contexto, contribuir para a formação de cidadãos críticos, criativos, autônomos, capazes de se apropriarem criticamente dos conhecimentos da sociedade no qual estão inseridos e assim, desenvolver formas de perceber e organizar o seu mundo, através de um ambiente estruturado, adequado e carregado de significados construídos historicamente pela sociedade. Este papel, não é só da escola, também é um papel da sociedade e, principalmente da família como instituição em que todos têm a mesma responsabilidade; a de educar. Porém, em momento algum como responsáveis uma substitui a outra, e sim, todas se completam estabelecendo conexões na medida em que se transformam nesse processo de conhecimento.
Considerando as especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas e o exercício da cidadania das crianças de zero a seis anos, estas devem estar pautadas segundo o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (RECNEI, p.13) nos seguintes princípios:
• O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, etc;
• O direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil;
• O acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e a estética;
• A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma;
• O atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade;

Esta concepção de cidadania na infância é a que consideramos como pressuposto norteador de nossa Proposta Pedagógica que considera que a criança se movimenta, vive e se descobre numa relação de conhecimento harmonioso entre ela e seu espaço. Essa existência como ser biológico, depende sempre de sua interação com o meio social que a cerca, e estando em permanente interação e diálogo se descobre a partir dessas relações. Assim, ao iniciar suas relações com o mundo ao qual está inserido, sofre influências, se transforma e transforma também o mundo que o cerca.
Desde cedo, o contato com o mundo permite à criança construir conhecimentos práticos à sua volta, relacionados à sua capacidade de perceber a existência de objetos, seres, formas, cores, som, odores, de movimentar-se nos espaços e manipular objetos, descobrir o seu próprio corpo, experimentando expressar e comunicar seus desejos e emoções sobre seu mundo.

FUNCIONAMENTO
O horário de funcionamento da escola é das 7h às 19h, com atendimento em período integral, pois a maioria dos pais atendidos trabalha das 8h às 18h, também há a opção de atendimento parcial.
O horário de entrada é das 7h às 8h com tolerância até à 8h15min, com justificativas à administração da creche, para que as mesmas não se tornem rotineiras.
Já o horário de saída dos alunos é de 17h 30 min às 19h15min. No caso da criança que necessitar ser retirada antes do horário, os responsáveis deverão  justificar por escrito à administração.
As crianças deverão ser sempre entregues e retiradas pelos pais e/ou responsáveis com as professoras na porta da escola.

LEGISLAÇÃO
O trabalho pedagógico da escola terá como base o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RECNEI), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9.394/96, a Constituição Brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Destaca-se na Constituição (art. 205) que a educação é direito de todos e, por inclusão, também das crianças de zero a seis anos. Segundo o artigo 208, “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de (…) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”.
A LDB afirma ainda que a ação da Educação Infantil é complementar à da família e à da comunidade, o que  implica em papel específico das instituições desse segmento, diferente do da família, no sentido de ampliação das experiências e conhecimentos da criança, seu interesse pelo ser humano, pelo processo de transformação da natureza e pela convivência em  sociedade
Diante disto, a Constituição estabelece a perspectiva educacional do atendimento às crianças de 0 a 6 seis e reafirma o direito do acesso da criança à Educação Infantil.  Já o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei  N.º 8.069 descreve o seguinte no Art.  54: ‘’É dever do Estado assegurar á criança e ao adolescente (…) o atendimento em creche e pré-escola ás crianças de 0 a 6 anos de idade”.  
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei N.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, define a Educação Infantil como um nível da Educação Básica e estabelece algumas normas para sua organização no Capítulo II. O Artigo 29 afirma:
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
 
Já o Artigo 30 reafirma: A Educação Infantil será oferecida em:
I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos.
Sobre as funções do professor de Educação Infantil de acordo com o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (RECNEI), as diferentes funções atribuídas aos profissionais da educação da criança pequena, em especial, da criança de zero a três anos de idade deverão ser reconsideradas e adequadas em função das demandas atuais deste nível de ensino. Ou seja, hoje, o docente de Educação Infantil tem a função de educar e cuidar de forma integrada da criança de zero a seis anos de idade.
O desafio atual da educação infantil é que as instituições desenvolvam propostas educativas coerentes para a criança nesta faixa etária. Isto é, devemos olhar para a criança pequena como um sujeito de direitos, uma pessoa que pensa, que sente, que chora, que se alegra e se desespera. No entanto, é igualmente urgente olharmos para o profissional da educação infantil, como um cidadão, um ser humano completo, uma pessoa, capaz de construir novos saberes a partir da sua experiência, da sua história de vida pessoal e profissional.
É importante dizer que não vivemos isolados e solitários, mas juntos e em sociedade, portanto, precisamos organizar-nos, fazer a nossa parte, respeitar as idéias e opiniões contrárias as nossas, lutarmos para garantir a todo cidadão o direito de exercer a sua cidadania e autonomia criticamente, e estas devem ser sempre participativas ativamente.
No dia-a-dia na educação das crianças pequenas buscamos através da construção dos saberes, do respeito às regras de convivência, do direito a se expressar, do trabalho em equipe, conseqüentemente, da constante reflexão do grupo (adultos e crianças) viver satisfatoriamente.
Nessa perspectiva, o ensino da Arte na escola segundo BUORO (2003, p.32) pode nortear a formação da criança para essas aprendizagens.  
O ensino de arte na escola de educação infantil pode e deve trabalhar com imagens da arte com a finalidade de contribuir para a construção do imaginário estético e ético da formação da criança.
Nesse entender, o professor de Educação Infantil deve ser o responsável que levará para a sala de aula imagens de naturezas diversas como; fotos, pinturas, filmes, jornais, etc, pois estas em especial são construídas com fortes sentidos estéticos e éticos. Deverá o professor apresentar as imagens para as crianças cuidando para que as imagens ganhem visibilidade, conduzi-las por meio da atenta observação dos menores de três anos que olham, descobrem coisas conhecidas e desconhecidas, comentam, apontam, tocam. Já crianças de três a seis anos, além de observar, comentam as observações, percebem os detalhes, enumeram as cores, criam histórias, fazem hipóteses, etc.
Dessa forma, o aluno através do desenvolvimento das atividades em sala de aula, vai provocando a sua autonomia e independência. A sala de aula está sendo para ele, uma oportunidade importante de ultrapassar os conteúdos, chegando a outro patamar para vivenciar outros valores fundamentais da educação, como: moral, responsabilidade, ética, respeito, solidariedade, disciplina, limites e liberdade que queremos para formarmos cidadãos plenos de seus direitos e deveres.

ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
O JARDIM CRECHE CRIANDO ARTE atende neste ano letivo de 2007 a turmas de Educação Infantil, assim caracterizadas de maneira integral ou não:
• Berçário
• Maternal l;
• Jardim l;
• Jardim ll;
• Pré-escola;

O ingresso da criança pequena na instituição de ensino (escola/creche) amplia e alarga o seu universo inicial, uma vez que o contato com outras crianças e com adultos de origens e hábitos culturais diferentes proporciona chances de aprender novas brincadeiras e de adquirir conhecimentos sobre diferentes realidades.
Neste contexto, segundo o RECNEI, as creches e pré-escolas como instituições, precisam considerar as especificidades do trabalho pedagógico também junto à criança pequena de berçário (0 a 1 ano), isto é, a proposta pedagógica para esta faixa etária prevê em sua essência ações integradas entre o cuidar e o educar, inclusive as atividades de estimulação para bebês, ações essas que também fazem parte da proposta Pedagógica do JARDIM CRECHE CRIANDO ARTE. As instituições para essa faixa de idade, segundo este documento, tem que garantir um ambiente onde o acolhimento via segurança e confiança permita que essa criança desenvolva a aquisição de competências como: rolar, engatinhar, arrastar, andar, brincar, sorrir, comunicar-se, descobrir novas texturas, novos sons, novos objetos, novas cores, viver.
O sucesso dessas atividades depende da organização do espaço, isto é, cabe ao professor ser um mediador entre a criança e seu conhecimento estabelecendo um clima de confiança organizando os objetos – almofadas, brinquedos, móbiles – de modo que os bebês sejam incentivados a vencerem obstáculos como; engatinhar de uma extremidade a outra, expressão e manifestação de desconforto relativa à presença de fezes e urina nas fraldas, familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, expressando seus desejos, etc. 
As atividades de estimulação somadas ao banho, a troca de fraldas, a alimentação, o sono, cumprem com o objetivo de auxiliar os bebês na aquisição de novas competências, como por exemplo: rolar, engatinhar, arrastar, andar, brincar, sorrir, comunicar-se, descobrir novas texturas, novos sons, novos objetos, novas cores, viver.
Sobre o cuidar e o educar, merece destaque, que enquanto executa o ato de trocar as fraldas o professor aproveita esta oportunidade para conversar, ouvir, ter um contato mais prolongado com a criança, proporcionando-lhe a sensação de segurança e conforto. No banho, esta também deve ser a atitude do professor, considerando que para a criança, este deve ser um momento de prazer para a criança e não de medo, um momento de sentir o toque carinhoso do adulto e manter verdadeiros diálogos.
Todo o ambiente deve ser organizado de maneira a proporcionar conforto e segurança às crianças. O professor oferece oportunidade para que possa desenvolver atitudes e aprenda procedimentos que valorizem seu bem-estar, sem cercear as oportunidades das crianças para explorarem o ambiente e, assim, conquistar novas habilidades.
O novo papel do ensino na Educação Infantil é oferecer condições, propiciar oportunidades e estímulos dos mais variados para a criança educar-se, socializar-se, formar-se independente e autônoma para enfrentar situações de conflito dos mais diversos, apropriando-se do processo de aprendizagem como sujeito de sua história. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas, adultos ou crianças essas aprendizagens também dependem dos recursos de cada criança. Dentre esses recursos destacam-se a imitação, o faz-de-conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal, etc.
Dessa maneira, o ato de brincar é uma das atividades de fundamental importância no desenvolvimento da identidade e da autonomia. Nas brincadeiras, a criança, interagindo com o outro, desenvolve sua imaginação, sua capacidade de representação, atenção, imitação, memória etc.

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS METODOLÓGICOS
Num contexto educativo, priorizar a brincadeira significa preparação para o espaço adequado, isto é, o espaço explorável. Alimentar o jogo simbólico, a função simbólica em todas as suas manifestações, desde brincar com a linguagem, com a fantasia e apropriação da imagem exterior.
Nossa Proposta Pedagógica está dirigida para contribuir, promover e ampliar a construção do exercício da cidadania, identidade e autonomia nas crianças de 0 a 6 anos. Porém, respeitando as especificidades dessa criança enquanto sujeito singular e suas concepções de mundo.
Nessa concepção de mundo, a sociedade, de uma maneira geral, está cercada de signos escritos, que trazem especial contribuição para a seleção de experiências mais significativas de aprendizagem. 
Faz-se necessário para decifrar esses signos escritos, estar apto a compreender o sentido e significado dos usos da leitura e escrita no cotidiano. Atualmente, ser um indivíduo alfabetizado já não é suficiente é necessário interagir no mundo, ser letrado, estar capacitado para usar a leitura e a escrita, à medida que nos envolvemos com as informações e conhecimentos adquiridos nessa sociedade. Assim, a aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos elementos mais importantes para que as crianças ampliem seus conhecimentos e participem das diversas práticas sociais que a atualidade exige.
A criança hoje vive num mundo letrado e desde pequena elas estão em contato com a escrita, seja em outdors, livro de histórias, jornais, etc, e nesse processo o letramento está associado a construção do discurso oral e escrito mesmo em crianças de Educação Infantil que ainda não sabem ler e escrever. Nessa perspectiva, o RECNEI (p.121) descreve o letramento infantil da seguinte forma:
(…) o processo de letramento (…) principalmente nos meios urbanos, a grande parte das crianças, desde pequenas, estão em contato com a linguagem escrita por meio de diferentes portadores de texto, como: livros, jornais, embalagens, cartazes, placas de ônibus, etc (…) Letramento: produto da participação em práticas sociais que usam a escrita (…) São práticas discursivas que precisam da escrita para torná-las significativas.
Assim, a aprendizagem da linguagem oral e escrita via letramento é um dos elementos mais importantes para que as crianças ampliem seus conhecimentos e participem das diversas práticas sociais que a atualidade exige.
Nessa concepção, a Educação Infantil deve enfatizar o processo de letramento na atividade lúdica para o desenvolvimento global da criança nessa faixa de idade.

As atividades com jogos e lúdicas podem ser encontradas nas contribuições dos autores como:
– VYGOTSK que enfatiza a interação social através da brincadeira no processo de desenvolvimento da inteligência. O conceito  central da teoria de VYGOTSKY é o de Zona de Desenvolvimento Proximal que o autor define como a discrepância entre o desenvolvimento atual da criança e o nível que atinge quando resolve problemas com auxílio. Partindo deste pressuposto considera-se que todas as crianças podem fazer mais na base da cooperação do que sozinhas.
– PIAGET que investigou o desenvolvimento cognitivo partindo do pressuposto da interação entre a criança e o objeto a ser conhecido, sua teoria chamada Epistemologia Genética ou Teoria Psicogenética, explica como o indivíduo desde o nascimento, constrói o conhecimento. Esta teoria é mais conhecida como concepção construtivista da formação da inteligência. Nesta concepção, o professor é um favorecedor, um agente pronto a intervir ativamente na assimilação do conhecimento.
–  MONTESSORI que utiliza de materiais apropriados (passo a passo) como recursos educacionais para a aprendizagem em um contexto adequado às possibilidades da criança e que estimule seu desenvolvimento, onde o brinquedo é material estruturador da atividade infantil. Especialmente voltado para a educação pré-escolar, o Método Montessori tem como principais objetivos as atividades motoras e sensoriais da criança, num trabalho individual que abrange também o aspecto da socialização. Partindo do concreto para o abstrato, está baseado no fato de que as crianças aprendem melhor pela experiência direta de procura e descoberta do que pela imposição do conhecimento;
–  FREINET centraliza-se na criança, baseando-se em princípios como: senso de responsabilidade, senso cooperativo, sociabilidade, julgamento pessoal, autonomia, expressão, criatividade, comunicação, reflexão individual e coletiva, sem deixar de lado as características da afetividade. Freinet postulava a cooperação, através de atividades que hoje rotulamos de lúdicas, incluindo brincadeiras e passeios exploratórios. Sua linha de atuação admitia manter-se aberto a todas as experiências pedagógicas, beneficiando-se de toda a forma possível das contribuições de pedagogos contemporâneos, porém repudiava tudo o que considerasse massacrante para a criança, numa busca por ambientes prazerosos e associados ao habitat dos aprendizes, para facilitar o processo de aprendizagem, permitindo que o educando participasse da construção do conhecimento.
Alguns destes autores servem de base para os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil e toda e qualquer proposta pedagógica que contemple a Educação Infantil, inclusive a nossa. 

Sobre a concepção de VYGOTSKY, as autoras MELLO e RIBEIRO (2003, p.55), afirmam:
Especialmente o conceito Vygotskyano de zona de desenvolvimento proximal marca os pressupostos de uma teoria amplamente sustentada na contribuição do contexto sócio-histórico que marca a discussão sobre as influências do meio social no desenvolvimento infantil.
Assim, a relação entre a atividade mediada que ocorre entre os pares na brincadeira e o brinquedo é realmente o caminho pelo qual as crianças compreendem o mundo em que vivem e que serão chamadas a mudar. As maiores aquisições de uma criança são conseguidas através do brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação e agente do desenvolvimento infantil.
As autoras acima citam VYGOTSKY (p.55), afirmando que este, introduz a dimensão da função lúdica enquanto agente desse desenvolvimento infantil.

Vejamos:
… o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. (…) A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo. Somente nesse sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que determina o desenvolvimento da criança.
Nessa perspectiva, VYGOTSKY afirma que a criança é um ser social e para desenvolver-se necessita estar em contato com o meio, o que significa estabelecer relações humanas como os objetos físicos e com os objetos do conhecimento. As interações sociais são elementos fundamentais para a construção do indivíduo. Dessa forma, o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, pois se constitui através das relações de troca intra  e interpessoais.
A brincadeira é um direito da criança e tem significados diversos no seu desenvolvimento. Muitas vezes não percebemos, mas em uma simples brincadeira a criança aprende a dividir e cuidar de brinquedos, respeitar os colegas, esperar sua vez, aprende a se desafiar, sonhar e confiar. O prazer motivado pela curiosidade e pelo desafio está sempre presente, é razão em si do ato de brincar. A brincadeira é uma grande aliada da aprendizagem. Através das brincadeiras a criança expande seu mundo. Por isso o brincar é um assunto tão sério.
A nossa Proposta Pedagógica busca na LUDICIDADE desenvolver na criança a liberdade de brincar, de ser criativa, mas isso supõe olhar de outro modo, apegar-se de outra maneira, isto é, fugir do formal e arriscar-nos na escolha de outros caminhos, nos quais o medo de errar seja substituído pelo prazer e a alegria de criar. Consideramos assim, que, durante o seu desenvolvimento, a criança manifesta formas diferenciadas de pensar e de agir, que caracterizam suas relações com o mundo físico e social.
Assim, ao planejar é preciso levar em conta o interesse e as necessidades das crianças, o tempo disponível e as atividades de rotina. Verificar o material para o que se pretende propor e a adequação da temática necessária para a faixa etária das crianças. Também há a necessidade de perceber que todo planejamento não é estático, ele pode e deve ser flexível levando em conta o ritmo acelerado dos tempos atuais e das características gerais dos alunos em questão.
A linguagem corporal é outro veículo importante no desenvolvimento global da criança. Por meio de explorações, do contato físico com outras pessoas, das observações que faz do mundo, a criança constrói sua aprendizagem.

Para tal, utilizaremos como prática pedagógica na realização do nosso trabalho as:
– ROTINAS: Elas se repetem de forma sistemática e previsível, como: a roda de histórias, roda de conversa, brincadeiras, etc…; A rotina é um elemento importante da Educação Infantil, por proporcionar à criança sentimentos de estabilidade e segurança. Também proporciona à criança maior facilidade de organização espaço-temporal,
Na roda, o educador pode desenvolver atividades que estimulam a construção do conhecimento acerca de diversos códigos e linguagens, como, por exemplo, marcação do dia no calendário, brincadeiras com crachás contendo os nomes das crianças. Também na roda deverão ser feitas discussões acerca dos projetos que estão sendo trabalhados pela classe, além de se apresentar às crianças as atividades do dia

– ATIVIDADES: A professora pensará numa variedade de atividades em que a criança construa diferentes hipóteses, expresse seu pensamento e solucione problemas do cotidiano de forma interdisciplinar.
A organização da sala de aula, para o desenvolvimento de tais atividades, deve proporcionar às crianças a possibilidade de trocarem informações umas com as outras, e de se movimentarem, e de atuarem com autonomia. Assim sendo, é importante que a disposição dos móveis e objetos na sala torne possível: que as crianças sentem em grupos, ou próximas umas das outras (Vygotsky); que haja espaço para circulação na sala de aula e que os materiais que as crianças necessitarão para desenvolver as atividades estejam ao seu alcance, e com fácil acesso. Estas atividades também podem ser realizadas em espaços fora da sala de aula (Freinet)

– PROJETOS: A Pedagogia de Projetos para é uma possibilidade interessante para organização pedagógica da instituição de Educação Infantil, pois norteia as relações entre o ensino e aprendizagem, dirigindo o trabalho educativo para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pela criança.  Os projetos devem ser desenvolvidos a partir do mundo real em que as crianças vivem.
Estes têm propósito definido e compartilhado entre alunos e professores e conduzem sempre a um produto final (exposição, apresentação teatral, mostra, etc). O desenvolvimento dos mesmos promovem o conhecimento de forma significativa, contextualizada e mais atraente para  criança.
A vivência, o mundo cultural, a valorização do que a criança já sabe, conhece e desempenha são nossos referenciais, nosso ponto de partida para mediarmos através do lúdico, do significado, da intenção, da interação, procurando sempre desenvolver aquilo que a criança ainda não consolidou.
A rotina da escola foi pensada de forma a proporcionar os mais variados momentos de aprendizagem privilegiando o lúdico tão presente na criança desta faixa etária. Desta forma organizamos os espaços para que a criança possa vivenciar diversas situações no contexto escolar: parque, brinquedoteca, atividades livres ou dirigidas no pátio ou grama, horário de TV/vídeo.
– AVALIAÇÃO: Durante o desenvolvimento das ações pedagógicas a avaliação será processual e contínua, onde o educador observará, identificará e registrará a mudança de atitude com relação ao desenvolvimento global da criança no cotidiano. Nesse contexto, acompanhar a criança em seu desenvolvimento, é necessário buscar um norte que possibilite ao educador definir critérios para planejar e quando houver necessidade, replanejar as atividades e criar novas situações que gerem avanços na aprendizagem dos alunos. Dessa maneira, a avaliação, não é um ato concluso, é algo que se faz ao longo de todo o processo de ensino e de aprendizagem do aluno.
A avaliação da Instituição Jardim Creche Criando Arte será feita através da observação e registro do processo dinâmico de construção do conhecimento do aluno, isto é, da interação individual e coletiva no cotidiano escolar.

Este tipo de avaliação está descrita da seguinte maneira na LDB:
Art. 31: Na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental.
EIXOS NORTEADORES E BLOCOS DE CONTEÚDOS

• Comunicação e expressão de seus desejos, desagrados, necessidades, preferências e vontades em brincadeiras e nas atividades cotidianas.
• Reconhecimento gradativo do próprio corpo e das diferentes sensações e ritmos que produz.
• Identificação progressiva de algumas singularidades próprias e das pessoas com as quais convivem no seu cotidiano em situações de interações.
• Iniciativa para pedir ajuda nas situações em que isso se fizer necessário.
• Realização de pequenas ações cotidianas ao seu alcance para que adquira maior independência.
• Interesse pelas brincadeiras e pela exploração de diferentes brinquedos.
• Participação em brincadeiras de “esconder e achar” e em brincadeiras de imitação.
• Escolha de brinquedos, objetos e espaços para brincar.
• Participação e interesse em situações que envolvam a relação com o outro.
• Respeito às regras simples de convívio social.
• Higiene das mãos, com ajuda.
• Expressão e manifestação de desconforto relativo à presença de urina e fezes nas fraldas.
• Interesse em desprender-se das fraldas e utilizar o penico e o vaso sanitário.
• Identificação de situações de risco no seu ambiente mais próximo.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

• Cantar para os bebês as mesmas canções de ninar que seus pais ou parentes cantam e gradativamente introduzir outras;
• embalar, ninar, tocar, massagear e acalentar os bebês que desejem ou necessitem desses cuidados para dormir;
• conversar e propor atividades que falem sobre os medos, sonhos e fantasias, sobre o escuro, sobre o dormir etc.;
• desenvolver brincadeiras de faz-de-conta, envolvendo temas do folclore local, contos, histórias clássicas, criação de cenários etc.;
• elaborar brincadeiras que visem a discussão da identidade cultural brasileira, bem como pluralidade cultural, etnias etc.;
• instituir passatempos para que as crianças possam brincar sozinhas, acompanhadas, no grupo ou fora dele;
• utilizar músicas, objetos coloridos, espelho, danças e brincadeiras de faz-de-conta para que a criança reconheça e explore seu corpo;
• organizar o ambiente para possibilitar a exploração livre por parte dos bebês, com objetos coloridos, sonoros e seguros;
• disponibilizar caixas, panos, fantoches, argolas, bambolês, cubos etc., para favorecer diversas interações que a criança possa estabelecer;
• criar “cantinhos” que favoreçam a dinâmica da turma e ajudem a diminuir conflitos internos. Os “cantinhos” podem ser: casinha de boneca, gibiteca, supermercado, pintura etc.
• desenvolver a linguagem oral e escrita em seus diversos contextos.

A nossa proposta foi concebida buscando garantir que os objetivos definidos não fiquem apenas no papel, porém que haja discussões sobre as necessidades de modificações, ajustes e redirecionamentos e, oportunidade de evidenciar as conquistas atingidas.
Fica estabelecido que mensalmente ou bimensalmente será promovida uma reunião pedagógica com o intento de discutir procedimentos, planejamento e (re)planejamento e avaliações das práticas pedagógicas com  o corpo docente. Neste dia, não haverá aula, sendo dedicado somente a essa atividade. Porém, esta questão ainda será anunciada aos responsáveis dos alunos para as devidas considerações.

BIBLIOGRAFIA
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OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
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______________, Epistemologia genética.  São Paulo: Martins Fontes, 1990

Publicado em 18/12/2007


Cecília Maria Barros de Alcântara – Pedagoga e Pós-graduanda UERJ/FEBF – E-mail: ilaalcantara@yahoo.com.br

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