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E O MUNDO NÃO ACABOU
Laura Monte Serrat Barbosa
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O fim do mundo desumano está nas nossas mãos e nos não sabemos; se sabemos, não fazemos; se fazemos, não compartilhamos e se compartilhamos somos ouvidos por poucos.
Bem ou mal, acreditando ou não na notícia de que o mundo iria acabar, a humanidade realizou um balanço nestes primeiros dias de agosto.
Os noticiários dos jornais e da TV apresentaram as previsões, as explicações científicas, místicas, religiosas e humanas para o fato.
No meu balanço, pensei em algumas coisas que gostaria que acabassem para que pudéssemos viver um mundo verdadeiramente HUMANO.
Estamos assistindo e muitas vezes participando da corrida “da eficácia pela eficácia”, promovia pelo mundo do instantâneo, no qual o TER se sobressai ao SER, o individualismo supera a consciência social, a violência sufoca a paz deixando o homem com “cara de animal irracional ” e o mal uso da tecnologia o descaso, destroem a natureza colocando em risco a preservação da VIDA.
Pensei, então, que esse mundo realmente precisa acabar, não com um meteoro explodindo a terra, nem com um dilúvio alagando uma grande parte do planeta, nem com guerras entre os continentes, ou mesmo como um castigo divino mas pela ação do homem.
O fim do mundo desumano está nas nossas mãos e nos não sabemos; se sabemos, não fazemos; se fazemos, não compartilhamos e se compartilhamos somos ouvidos por poucos.
Já que o mundo não acabou, objetivamente, e preciso fazer algo para que ele não venha ser exterminado pela incompetência de nos tornarmos HUMANOS.
Dentre os elementos que nos diferenciam de outros seres vivos no planeta está a possibilidade de educar, de gerar consciência e de desenvolver a sociabilidade.
Conseguem-se aprender a destruir o mundo, porque não podemos aprender a preserva-lo?
Precisamos aprender a transitar entre a individualidade e a sociabilidade, entre a aquisição e a doação, entre a construção e a preservação, entre o objetivo e o subjetivo, entre o começo e o fim e, para tal, precisamos antes de tudo aprender a construir pontes que possibilitem este transito.
Talvez a Educador possa ser uma saída para o fim do mundo desumano e o início de um mundo melhor.
Podemos começar por nos mesmos, por nossos filhos, nossos alunos, nossos clientes, nossos vizinhos, enfim, por aqueles que se encontram mais próximos de nos reconhecendo nossa humilde natureza e vindo a conhecer a nossa possibilidade de sermos realmente grandes como pessoas.
O mundo não acabou, mas a destruição que nele esta instalada pode acabar, e nos somos os responsáveis por esta possibilidade.
Vamos fazer bem o nosso trabalho, vamos olhar para aquele que está ao nosso lado, vamos cuidar de nós. dos outros e do mundo, vamos viver nossos sentimentos e transforma-los em ferramentas de amor, sem deixar de lado os aspectos negativos que nos acompanham, mas tendo consciência de sua existência, para que as pontes possam ser construídas.
Cada vez que percebemos só uma faceta da nossa condição humana, perdemos a possibilidade de levantar pontes: pois, se ficamos só com o bom, ou só com o mau, negamos o todo e fazemos de conta que somos o que não somos, sentimos culpas e perdemos a possibilidade de transitar entre os aspectos que fazem parte do nosso viver.
Quem sabe poderemos acabar com o mundo desumano arregaçando as mangas e construindo pontes?
Já que o mundo não acabou… Mãos à obra!
Publicado em 01/01/2000
Laura Monte Serrat Barbosa – graduação em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1972) e mestrado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (1993). Tem formação em Psicopedagogia (1993) e Teoria e Técnica de Grupos Operativos (1994) pelo Centro de Estudos Psicopedagógicos de Curitiba. Atualmente é professora convidada da Universidade Paranaense, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, da Universidade Católica de Goiás, da Universidade Católica do Salvador, da Faculdades Integrado de Campo Mourão, da Faculdade de Artes do Paraná. É sócia da Síntese – Centro de Estudos, Aperfeiçoamento e Desenvolvimento da Aprendizagem. É associada titular e conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Psicopedagogia, atuando principalmente nos seguintes temas: projeto de aprender, atuação psicopedagógica, dificuldade de aprendizagem, avaliação psicopedagógica institucional, instituição escolar, inclusão, relação professor/aluno, operatividade na aprendizagem e desenvolvimento simbólico no processo de aprender. É autora de livros e artigos na área de Psicopedagogia e Educação.
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