A importância do gestor empreendedor nas relações interpessoais
Este trabalho tem como objetivo promover uma reflexão sobre a gestão e a pedagogia empreendedora que necessitam de um educador também empreendedor.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo promover uma reflexão sobre a gestão e a pedagogia empreendedora que necessitam de um educador também empreendedor. Como a pedagogia empreendedora exige grande energia e dedicação do corpo docente para conduzir as mudanças que ela suscita, é imprescindível que o educador recrie a metodologia de ensino, o que exigirá deste empenho e convicção. Na gestão empreendedora, a ênfase nos gestores como diretores e coordenadores não deixam de incluir também a necessidade de possuir uma pedagogia empreendedora e, principalmente, um educador-empreendedor. Assim, no decorrer deste trabalho poderão ser encontradas questões fundamentais sobre a gestão escolar diante das novas demandas que a escola enfrenta no contexto de uma sociedade que se democratiza e transforma. Entender a diferença de administração escolar e gestão escolar é essencial para o entendimento das práticas modernas de instituições de ensino.
Palavras-chave: Gestão Empreendedora, Educação, Escola.
Introdução
Diante de diversas experiências vividas no cotidiano busquei o estudo aprofundado sobre a importância do gestor nas relações interpessoais.
Nos dias atuais o trabalho em equipe se faz necessário, porém podemos concluir que cada ser humano é único, cada ser possui uma visão de mundo, tanto no campo profissional como no pessoal, o que acarreta atitudes diferenciadas entre si.
Cada ser humano reage ao seu modo a diversas mudanças, seja ela democrática ou não, o que vem gerar conflitos no ambiente de trabalho. Seguindo essa visão, podemos notar a importância de um líder para gerenciar os conflitos, diante dos mesmos usar suas estratégias de análise, reflexão e ação para resolver os conflitos existentes.
Embora saibamos que muitas instituições conseguem atingir o sucesso nas relações interpessoais, fortalecendo a motivação do grupo, ainda existem diversos conflitos que abalam as instituições como um todo.
Diante dos conflitos a serem superados, o papel do gestor é fundamental para traçar novas estratégias para que apenas um conflito não abale o profissional e o emocional dos indivíduos envolvidos.
Com base nos dados obtidos o trabalho em questão tem como objetivo central analisar a importância do gestor nas relações interpessoais dentro das instituições, enfatizando o processo de mudanças geradas por conflitos desencadeados pela ação empreendedora. Além disso, também se tem a questão de se identificar a importância de diferentes estratégias para gerenciar os conflitos interpessoais na equipe; identificar, analisar meios para ampliar as potencialidades no relacionamento indivíduo – indivíduo e indivíduo-grupo; valorizar o trabalho em grupo e as circunstâncias favoráveis geradas por esse trabalho; analisar os diversos fatores de conflitos que qualquer mudança pode criar.
Em pleno século XXI, os grandes gestores possuem uma tarefa que vai além de administrar a burocracia, espera-se que os gestores saibam criar condições favoráveis para que não somente os alunos avancem, mas que venham contribuir para um local de trabalho harmonioso, em que os conflitos sejam reconhecidos e resolvidos através do diálogo, onde o trabalho em equipe seja primordial para uma educação de qualidade e empreendedora.
O papel do gestor nas relações interpessoais é fundamental, sozinho ele não consegue atingir as metas de um aprendizado de qualidade nem uma equipe empreendedora capaz de mudar as suas ações para resolver seus conflitos, como manter uma escola de qualidade com tantos conflitos?
Quais competências e habilidades são necessárias para que o dirigente possa produzir transformações em sua equipe além da dedicação e força de vontade, através da ação empreendedora?
Perante estes questionamentos pode-se dizer que apenas os grandes empreendedores, aqueles que possuem visão democrática diante de seu gerenciamento são capazes de resolver os conflitos do dia-a-dia com sensatez e liderança, analisando cada situação e resolvendo os conflitos da melhor maneira possível. E é com base na pesquisa bibliográfica realizada aqui, que se torna possível visualizar melhor, por meio dos teóricos citados, a veracidade do tema apresentado.
A pesquisa desenvolvida tem como tema central “A importância do gestor empreendedor nas relações interpessoais e a educação empreendedora”, optei por fazer uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida por meio de leituras exploratórias de artigos científicos e acadêmicos, que contribuíssem para o estudo do tema em questão, assim como livros, revistas, materiais disponibilizados pela internet, que contribuíssem com a fundamentação teórica e metodológica e permitisse a análise críticas e as reflexões sobre o tema abordado.
Diante de um tema que envolve não somente o gestor, mas sua equipe de trabalho: docentes, funcionários e alunos optei por fazer uma pesquisa minuciosa da importância do gestor/ líder/empreendedor nas instituições, o porquê dos conflitos existentes e quais as estratégias para solucioná-los e transformar o ambiente de trabalho num lugar prazeroso, onde o espírito empreendedor, de solidariedade, de cooperação e de amizade possam fazer parte do cotidiano escolar.
Diante da bibliografia apresentada, pude desenvolver os capítulos apresentados a seguir, perfazendo todo o trabalho. Nesses capítulos abordei a função do gestor dentro das instituições, sendo este dividido pelos subtítulos sobre a liderança e a democracia e sobre as mudanças necessárias. Em seguida e, por ultimo, abordei a importância das relações interpessoais, sendo esta complementada pelo trabalho em equipe e pela qualidade do ambiente de trabalho.
Capitulo 1 – A função do gestor empreendedor dentro das instituições
Um líder formal é alguém que foi oficialmente investido de autoridade e poder organizacional e geralmente recebe o título de gerente, diretor ou supervisor. A quantidade de poder é teoricamente determinada pela posição ocupada dentro da organização.
Um líder informal não terá o mesmo título oficial, mas exercerá uma função de liderança. Esse indivíduo, sem autoridade formal, pode pelo mérito de um atributo pessoal ou desempenho superior influenciar os outros e exercer a função de liderança.
É o compartilhamento da gestão entre todos os envolvidos que vai determinar uma gestão participativa, capaz de “olhar” e atender às necessidades dos alunos no processo ensino-aprendizagem mais amplo: aquele que além de construir conhecimentos também prepara para a vida pessoal e para o exercício da ética e da cidadania.
Se o estudo de oportunidades através do desenvolvimento de projetos de vida, além de responsabilidades sociais ainda não faz parte do currículo ou das prioridades da educação formal, da educação infantil à universidade, isso terá que mudar. Outro fator importante na pedagogia empreendedora é fazer o educador transformar “sonhos em realidade”, porque o que dá sustentabilidade a uma realidade é quando todos participam e conseguem usufruir o bem produzido.
Segundo Dolabela (2003, p. 29):
Empreender não significa apenas criar novas propostas, inventar novos produtos ou processos, produzir novas teorias, engendrar melhores concepções de representação da realidade ou tecnologias sociais. Empreender significa modificar a realidade para de ela obter a auto realização e oferecer valores positivos para a coletividade. Significa engendrar formas de gerar e distribuir riquezas materiais e imateriais por meio de ideias, conhecimentos, teorias, artes, filosofia.
O compartilhamento de um propósito comum entre escola, família e comunidade em torno da educação de qualidade para os alunos nasce a partir de uma liderança e pode inicialmente se manifestar por meio de projetos e ações que aos poucos, vão desaguar em uma ação conjunta e parceira, capaz de realizar planos e sonhos que, em um primeiro momento pareciam muito distantes.
1.1. Liderança empreendedora
Liderança é o processo pelo qual um indivíduo influencia outros a realizar os objetivos desejados. Existem dois tipos diferentes de liderança em qualquer organização, aquelas que são definidos, ou líderes formais, e aqueles que agem como líderes de maneira informal. Esses diferentes tipos exercem comportamentos de liderança para influenciar os outros.
O papel do gestor nos dias atuais é liderar uma equipe, ou seja, o gestor ocupa uma posição de liderança, porém administrar descentralizando poderes, administrar o tempo, avaliar o desempenho dos funcionários, e comunicar-se, liderar as relações humanas, tomar decisões, e conseguir progressos dentro do seu ambiente de trabalho.
Compartilhar tarefas facilita a vida do líder, porém ele deve ter ferramentas para supervisionar as ações em andamento. É preciso confiar em sua equipe.
Os gestores escolares precisam administrar as instituições escolares ultrapassando o domínio dos conteúdos científicos, técnicos e experimentais. Precisam administrar gerando mudanças significativas para o avanço da coletividade.
Segundo Dolabela (2003, p. 29):
A rebeldia do empreendedor não se manifesta somente pela denúncia do inadequado, do obsoleto, do prejudicial à sociedade, mas, sobretudo pela proposta de solução ou melhoria para os problemas que encontra. Por isso, só o sonho (ou a ideia) não é suficiente para configurar uma ação empreendedora: é preciso transformá-lo em algo concreto, viável, sedutor pela sua capacidade de trazer benefícios para todos, o que lhe dá caráter de sustentabilidade.
Para ser um gestor é preciso ser um grande empreendedor, ou seja, inovar, criar, recriar e pensar em novas estratégias de avanço, fazer acontecer para que dê tudo certo e que o sucesso da equipe seja alcançado. Sucesso do qual não é possível alcançar sozinho, há a necessidade do apoio da equipe da qual lidera.
Somar decisões envolve democracia, ser democrático muitas vezes pode criar confusões das quais o empreendedor tem que estar preparado para gerir soluções para os fatos.
Diante da imensa diversidade existente, o empreendedor tem que estar apto para receber indivíduos que possuem personalidades diferentes, onde cada um traz consigo um nível de conhecimento diferente, uma cultura e trajetórias de vida diferentes. Ser um empreendedor de sucesso requer confiança, visão global, sensibilidade, força e discernimento.
Segundo Acúrcio (2005, p. 13), o empreendedorismo não é apenas mais um conteúdo formal a ser estudado em sala de aula, mas é “um estado de espírito, um modo de ser e agir, uma forma de encarar o mundo. Ser empreendedor é ser ousado, confiante; é usufruir da qualidade de aprender a romper limites, não se intimidando com os limites aparentemente impostos pela vida”.
A pedagogia empreendedora não cria a necessidade de especialistas para a sua inserção no sistema regular de ensino.Ao contrário,é disseminado por meio da preparação dos docentes que já participam do processo educacional regular.
Quando se pretende tornar o local de trabalho em um espaço democrático é preciso respeitar as opiniões, as críticas construtivas devem ser bem vindas, pois ajudam o líder repensar as ações empreendedoras. Ações e decisões precisam sempre ser compartilhadas com o grupo.
Um empreendedor tem que ir além das palavras, é preciso agir com cautela na tomada de decisões, é primordial que o empreendedor use a reflexão como um argumento, analisando os fatos para que não perca o controle, uma vez que os problemas surgem de maneira inesperada e desordenada e o gestor tem que estar preparado quando isso acontece.
O tempo do gestor, quando bem administrado, faz uma enorme diferença no seu local de trabalho. Existem problemas urgentes que requerem ações imediatas, problemas importantes para quais os gestores precisam dedicar mais sua atenção.
1.2. As mudanças são necessárias a partir de reflexões
Uma das características primordiais para conseguir uma liderança é a capacidade de construir relações, seguida de habilidades em buscar soluções para problemas e tomada rápida de decisões.
A liderança está na personalidade dos grandes gestores empreendedores, na sua essência, se tornam líderes extremamente brilhantes, assertivos, persuasivos, empáticos e flexíveis. Correm riscos, mas, estão sempre abertos a novas ideias.
Para se manter uma liderança saudável, é necessário que o gestor empreendedor nunca esteja distante do que se passa com seus colaboradores, ou seja, sua equipe, sendo capaz de exercer a empatia com todos.
Por outro lado, existem dois fatores que podem acabar com a imagem de uma boa liderança: não ter a capacidade de ação rápida e a dificuldade em correr riscos.
Acúrcio (2005) explica que o empreendedorismo é um novo passo a ser dado pela educação brasileira. Segundo esta autora, há necessidade de introduzir o empreendedorismo na escola, implicando para isso conceituá-lo em três perspectivas: a capacidade individual de empreender; o processo de iniciar e gerir empreendimentos e o movimento social de desenvolvimento do espírito empreendedor para a geração de emprego e renda, a partir da motivação interna para mobilizar a ação.
Grandes líderes correm riscos, assumem seus atos, suas falhas e com sua capacidade empreendedora traçam novas estratégias para dar a volta por cima.
Dolabela (2003), afirma que ser um educador empreendedor não é um, “dom divino”, mas exige-se um treinamento, um aperfeiçoamento contínuo para lidar com as situações do dia-a-dia.
Ainda segundo Dolabela (2003, p. 24):
O espírito empreendedor é um potencial de qualquer ser humano e necessita de algumas condições indispensáveis para se materializar e produzir efeitos. Entre essas condições estão, no ambiente macro, a democracia, a cooperação e a estrutura de poder tendendo para a forma de rede. Sem tais “aminoácidos”, formadores de capital social, há pouco espaço para o afloramento do espírito empreendedor, que é um dos componentes do capital humano.
Não existe um estilo determinado de liderança, não são inatos, eles podem ser apreendidos. Os estilos de liderança são flexíveis, o líder pode mudar suas orientações conforme a situação exigir. Um líder tem que acreditar que o trabalho pode ser feito, as recompensas oferecidas possam ser adequadas para a realização da tarefa desejada e que as recompensas possam ser significativas para cada indivíduo.
Não é possível pensar na participação da comunidade sem garantir os mecanismos de integração e envolvimento que possibilitem que o poder da decisão e ação na escola seja compartilhado e a prática de gestão democrática experimentada por todos os envolvidos dentro da organização escolar.
Essa prática não deve ser concedida, mas conquistada pelos segmentos da escola e, para isso, é necessário que professores, alunos, funcionários, sejam sujeitos de sua própria história e compreendam a importância da participação de cada um.
Uma gestão empreendedora necessita organizar uma proposta pedagógica comprometida com o empreendedorismo e necessita treinar os educadores para uma adoção de estratégias que favoreçam posturas como: autonomia, iniciativa, autovalorização, ética, criatividade, cidadania, liderança, diálogo, participação, desenvolvimento do projeto, resolução de problemas, boa utilização da informação e dos recursos, inovação e pioneirismo.
A inserção do empreendedorismo no currículo escolar visa disseminar a cultura empreendedora, a importância do empreendedor na escola e a necessidade de inovar. Isso exige capacitar e orientar os educadores para o trabalho em foco na competência empreendedora, promovendo a integração no desenvolvimento de projetos conjuntos.
Capitulo 2 – A importância das relações interpessoais
Pela especificidade de sua história pessoal, pelos processos próprios de construção do eu e de relacionamento com os outros e com o mundo é que o indivíduo irá produzir sonhos e terá objetivos diferentes, sendo que, muitas vezes estes não serão os mais adequados à coletividade. Talvez a forma adotada pelo sonhador para buscar sua inserção social e auto realização se cristalize em um objetivo que desrespeite as normas legais e os princípios básicos da vida em sociedade (o que, mais cedo ou mais tarde, levará o sonhador a pagar o preço social pela prática de ações repelidas pela sua comunidade). Os sonhos circulam em torno dos valores da cultura e jamais serão alheios a eles.
O sonho coletivo pode ser definido como a imagem que a sociedade constrói de si no futuro – imagem esta formada a partir da convergência das múltiplas e diversas imagens dos seus integrantes e associada a um projeto específico e viável de sua transformação em realidade por meio da dinamização dos potenciais humanos, sociais e naturais da própria comunidade (DOLABELA, 2003, p. 45).
Ainda segundo Dolabela (2003), os sonhos coletivos enriquecidos pela diversidade social em todas as suas formas, pelas alternativas oferecidas de mobilização social para a solução dos próprios problemas, pela abundância de opções tecnológicas provavelmente irão inspirar e criar condições de maior humanidade e de uma rica multiplicidade de sonhos individuais. Sonhos coletivos fundados na aceitação do outro, na liberdade, no processo de negociação para o consenso no que diz respeito a decisões relativas à construção do futuro provavelmente inspirarão o surgimento de empreendedores que terão como sonho a realização do bem comum.
O sonho coletivo é a visão de futuro de uma comunidade. Representa a vontade coletiva construída através da interação que respeita a legitimidade do outro, que acolhe, dá coerência e unicidade às diversas vontades individuais. Sendo o produto um pacto comunitário, o sonho coletivo será capaz de provocar mudanças nos valores e crenças, na capacidade de organização e nas práticas coletivas que caracterizam aquela comunidade. (DOLABELA, 2003, p. 47)
Com a implantação do trabalho em equipe, novas metodologias de ensino podem surgir, o que possibilita identificar possíveis falhas na gestão e solucionar mais rapidamente os problemas identificados, seja na parte administrativa, seja na parte pedagógica.
O trabalho em equipe estimulado por meio de atividades que produzam a interatividade podem realmente melhorar o desenvolvimento da equipe.
Envolver toda a equipe em um maior compromisso com a ação educativa pode-se melhorar o índice de evasão e reprovação na escola.
Para que haja sucesso no desenvolvimento da equipe é necessário que exista um fluxo constante na troca de ideias, preparo execução e avaliação nas salas de aula e na escola ou instituição como um todo. As dificuldades se tornam aprendizagem, o processo é realizado de forma mais profissional. Todos crescem!
Pode ser que pela falta de empreendedores, a comunidade não tenha se reinventado ou refletido sobre isso. Seja qual for a situação, será tarefa de todos os integrantes construir o sonho coletivo; porém construir condições para a construção do sonho coletivo e implementá-lo cabe aos gestores (Dolabela, 2003).
O trabalho de diretores escolares ocorre em uma teia com diversas relações internas e externas e sente-se desafiado a estruturar-se de forma (intra) empreendedora, buscando fortalecer a instituição em um contexto contingencial. O novo contexto submete gestores escolares a novos desafios e uma postura diferenciada, onde o gestor escolar não deve se resignar a um trabalho meramente burocrático e sim assumir, com coragem, o seu ser educador, e, como líder, impulsionar a comunidade escolar à mudança, em um projeto de longo prazo, que necessita ser iniciado a partir de um olhar de insatisfação, de mudança (SANTOS, 2008, p. 68).
A atuação competente de gestores perpassa por uma compreensão clara da escola enquanto instituição social e histórica, e necessidade de aperfeiçoar a qualidade da educação, a partir de diversas abordagens, como o estabelecimento de metas específicas para segmentos como, biblioteca, refeitório, currículo e frequência de professores, em um trabalho integrado, que consiste no desenvolvimento do projeto político pedagógico da escola.
2.1. Construindo a educação empreendedora em equipe
O trabalho em equipe se dá de maneira coletiva, ou seja, em conjunto com professores, funcionários, pais, equipe gestora, demais colaboradores que participam dia-a-dia do processo de aprendizagem dos alunos.
O trabalho em equipe tem contribuído para a melhoria da gestão escolar, pois as tarefas não ficam apenas sob responsabilidade da direção. Entretanto, ainda enfrentamos a distância entre família e escola e o descaso por parte de alguns funcionários.
Na dinâmica educacional, a superação de fatores de resistência tende a se concretizar a partir de estratégias gestoras que envolvam todos os educadores na busca de novos caminhos a serem trilhados, com uma comunicação institucional clara e capaz de proporcionar a todos a compreensão dos reais sentidos das mudanças requeridas. A comunicação é importante também no compartilhamento de atividades e busca de consensos. Em situações de maior resistência à mudança, gestores devem buscar uma compreensão mais clara dos reais motivos de tais comportamentos e, caso seja necessário, devem fazer uso de coerção implícita ou explícita, tendo como base a proposta de trabalho adotada.
A figura do líder está circunscrita às situações em que se apresentem novas possibilidades a partir do rompimento de uma situação de rotina. O líder precisa ter coragem, assumir novos postos, novas situações e fazer acontecer, pois uma ideia inovadora qualquer precisa passar pelo crivo da realização (SCHUMPETER, 1982, p. 562).
Todo este movimento, alterando o sentido e a concepção de educação, de escola e da relação escola/sociedade, tem envolvido um esforço especial de gestão, isto é, de organização da escola, assim como de articulação de seu talento, competência e energia humana, de recursos e processos, com vistas à promoção de experiências de formação de seus alunos, capazes de transformá-los em cidadãos participativos da sociedade. Trata-se de uma experiência nova, sem parâmetros anteriores para a qual devemos desenvolver sensibilidade, compreensão e habilidades especiais, novos e abertos. Isso porque tudo que dava certo antes está fadado ao fracasso na nova conjuntura (DRUCKER, 1992).
Pode-se perceber, então, que os sistemas educacionais, como um todo, e os estabelecimentos de ensino, como unidades sociais especiais, são de acordo com Luck (2000, p.14) organismos vivos e dinâmicos fazendo parte de um contexto socioeconômico-cultural marcado não só pela pluralidade, como pela controvérsia que vêm também se manifestar na escola.
Por isso, a direção escolar demanda de um novo enfoque de organização e é esta necessidade que a gestão escolar deve procurar responder. Essa gestão abrange, portanto, a dinâmica das interações, em decorrência do que o trabalho, como prática social, passa a ser o enfoque orientador da ação de gestão realizada na organização de ensino.
Vive-se, então, um momento de transição entre os dois enfoques de ensino: a administração científica (que seria o modelo estático) e a administração empreendedora (que seria o modelo dinâmico).
Para melhorar o desenvolvimento da equipe, se faz necessário promover encontros entre família e a comunidade escolar e integrar todos os funcionários na equipe gestão.
Compartilhar decisões e trabalhar sem distanciamento, ou seja, um ajudando o outro em tudo o que é necessário, é um processo que se torna visível o aumento de produtividade, a qualidade do nível de aprendizagem dos alunos se torna um processo notável. A escola se torna um espaço mais agradável de convívio e aprendizado.
Há de se dar conta, no contexto da escola, da multiculturalidade de nossa sociedade, da importância da riqueza dessa diversidade, associados à emergência do poder local e reivindicação de esforços de participação. Em decorrência dessa situação exposta, muda a fundamentação teórico-metodológica necessária para a orientação e compreensão do trabalho da direção da escola, que passa a ser entendida como um processo de equipe, associado a uma ampla demanda social por participação. (LUCK, 2000, p.15).
Essa mudança de administração não é apenas terminológica, mas é uma alteração conceitual de administração para gestão também. Sendo assim teríamos a troca do conceito administração por gestão e, logo, do diretor escolar pela nomenclatura de gestor (nomenclatura esta que esta ligada à democracia, ouvir toda a comunidade escolar).
A partir desse novo conceito de gestão escolar pode-se verificar que ele traz o entendimento de que professores, equipe técnico-pedagógica, funcionários, alunos, pais, comunidade, todos, não apenas fazem parte do ambiente cultural, mas o formam e constroem pelo seu modo de agir, em sua interação dependem a identidade da escola na comunidade, o seu papel na mesma e os seus resultados.
O desenvolvimento da equipe se dá de forma participativa e democrática, sempre prevalecendo a ênfase no bem comum. A gestão compartilhada se dá por meio da participação de todos os segmentos envolvidos.
É um desafio, entretanto, é necessário estar constantemente alimentando o espírito de grupo, e dar ênfase as conquistas para encorajar a acolhida dos desafios. É preciso repensar os fatos, tempo e não desanimar diante dos erros.
O trabalho em equipe contribui em vários sentidos: uns aprendem com os outros, trocando experiências e cada um contribui com o que sabe fazer de melhor. É claro que ainda há desencontros, discordâncias e resistências às mudanças, mas, tudo é considerado, às indiferenças são relevadas e continuamos procurando a partir de sustentação e colaboração de cada um, extrair o melhor para a contribuição do crescimento de todo o grupo.
2.2. A qualidade do ambiente de trabalho empreendedor
O respeito mútuo e acatar decisões da maioria são necessários, pois a democracia é o que comanda o sucesso para uma boa equipe. Além da busca de uma postura profissional cada vez mais ética e responsável.
A satisfação dos funcionários e professores com o ambiente de trabalho gera maior interesse dos alunos em aprender.
Decisões tomadas em conjunto, agradam a todos, o diálogo, a participação, a solidariedade e a compreensão contribuem para que haja eficiência na gestão compartilhada.
A formação de valores, segundo Dolabela (2003), refere-se que a pedagogia empreendedora não supõe que os conteúdos se restrinjam a conceitos científicos, nem afirma que as competências e habilidades servem exclusivamente para aprendê-los.
Outra característica da estratégia de aprendizagem da pedagogia empreendedora diz respeito ao professor.
O professor será envolvido no processo: ao aplicar a estratégia empreendedora, ele estará desenvolvendo uma nova visão da aquisição do saber, construída a partir da emoção e de propostas existenciais básicas apresentadas pelos alunos. O ensino segundo Dolabela (2003) deve ressaltar nos professores também e, estes repassar aos alunos, os valores para a comunidade, ou seja, ao reconhecer a coletividade como alvo do saber empreendedor, o professor estará atravessando a ponte que proporciona a transformação do saber em valor para a comunidade.
É necessário para a implantação da pedagogia empreendedora que haja investimento na formação de capital humano e social, afirma Dolabela (2003). Ao endereçar o saber à construção de si mesmo e do outro, o professor estará se envolvendo em processos que visam ao desenvolvimento humano. Ao admitir a comunidade como uma das principais fontes de conhecimento e de oferta de modelos para os alunos, o professor estará ampliando a sua compreensão sobre o papel da comunidade e construindo um entendimento sobre a formação do que se chama capital social.
A busca de mudanças efetivas, centradas nos meios e nos fins exige “uma nova escola organizada e gerida em bases totalmente diferentes, com mais dinamismo e criatividade para ser capaz de interpretar as solicitações de cada momento e criar condições mais propícias para um trabalho escolar mais eficaz” (SANTOS, 2008, p. 35). A efetividade no desempenho organizacional tende a acontecer quando são criadas as condições adequadas para que todos se sintam bem e desenvolvam as suas atividades de forma eficiente.
Dolabela (2003) afirma que o professor empreendedor, ao chamar a comunidade a participar do processo educacional, ele estará formando e fortalecendo a sua rede própria de relações, desenvolvendo também a sua capacidade de empreender.
A construção de cooperação, outra característica proposta por Dolabela (2003), relata que ao se integrar à comunidade, de forma intensa, o professor estará construindo a sua competência para cooperar e gerar cooperação, o que é fundamental para o desenvolvimento humano e formação do capital social.
A última característica citada por Dolabela (2003) diz respeito à pedagogia empreendedora, refere-se à recriação constante. Ao implementar a Pedagogia Empreendedora, o professor terá a oportunidade de recriá-la, moldando-a às peculiaridades dos públicos interno e externo que serão alvo de sua aplicação e, com isso, estará desenvolvendo a sua criatividade, aplicando conhecimentos, enfrentando desafios. Enfim, estará aprendendo. Os atores envolvidos com a Pedagogia Empreendedora – alunos, professores, pais, escola e comunidade – apresentam diferenças substanciais (de escola para escola, de cidade para cidade, de região para região). Tais diferenças dizem respeito a valores, tradições, nível de capital social e humano, práticas econômicas, políticas, qualidade de vida. A Pedagogia Empreendedora será necessariamente diferente a cada aplicação, porque só oferecerá valor se for vinculada e compatível com a cultura local.
Dolabela continua afirmando que o conceito de empreendedorismo traz no seu âmago a intencionalidade da geração de melhoria na qualidade de vida de uma coletividade, e não apenas de valores exclusivamente individuais e econômicos.
Nesse contexto, cabe aos gestores se posicionarem de forma (intra) empreendedora, buscando compreender e respeitar a cultura institucional existente e a subjetividade do ser humano. É necessário entender que, a busca por mudanças perpassa pelo convencimento dos profissionais envolvidos a fazerem parte de um projeto institucional ousado e inovador, não desvalorizando a cultura existente, mas partindo dela para avançar em busca de resultados que expressam a qualidade dos serviços prestados.
Considerações finais
Desenvolver uma educação empreendedora no Brasil significa reconhecer a importância da nossa diversidade cultural, que nos enriquece como povo e nação, acreditar na capacidade de protagonizar os nossos sonhos tornando-os realidade por meio de ações concretas no cotidiano. É deixar de se lamentar. É enfrentar as dificuldades com cada um dando a sua contribuição. Uma estratégia de educação empreendedora é conscientizar os educadores sobre a necessidade de ser racional e ter ética.
O autoconhecimento e a autoestima são elementos fundamentais na aprendizagem e na construção da pulsão empreendedora, influenciando tanto o processo cognitivo quanto as relações do indivíduo com o outro e com o mundo. Ao se reconhecer fortalecido em sua individualidade e perceber que, pela construção e realização do seu sonho poderá simultaneamente protagonizar ações para o desenvolvimento da comunidade à qual pertence, o indivíduo se constitui como ser autônomo capaz de cooperar e liberar a sua força criadora.
O desafio da proposta educacional empreendedora é construir novos valores em uma sociedade heterogênea, marcada positivamente pela diversidade cultural, mas negativamente pelas diferenças imensas de renda, poder e conhecimento.
A decisão da escola de implantar a pedagogia empreendedora pelos gestores empreendedores surge de um processo de preparação do seu corpo docente. Faz parte da estratégia de implementação, o oferecimento de um seminário aos professores para a discussão dos aspectos didáticos e do planejamento da execução. A sensibilização dos pais e da comunidade, através de suas lideranças e representações de todos os seus setores, também é imprescindível à implementação bem-sucedida.
Os diretores escolares precisam ser empreendedores, ou seja, pensar no coletivo, promovendo o bem-estar da coletividade, sendo capaz de manter um diálogo com a comunidade, gerando capital social que é um insumo básico do desenvolvimento. Para finalizar é importante ressaltar que os diretores sendo empreendedores vão consequentemente adotar uma administração escolar empreendedora, criando condições para que sua comunidade escolar se desenvolva. O trabalho de gestores educacionais deve ser compreendido de forma estratégica pela condução e interferência na qualidade dos serviços prestados, com uma atuação pautada em princípios legais e ousadia em busca de uma educação capaz de atender aos desafios presentes. Os atuais desafios da gestão escolar consistem em compreender que as pessoas constituem o ativo principal em escolas e devem ser geridas de forma competente, com responsabilidade social e articulações capazes de favorecer um clima de trabalho agradável, com envolvimento e cumplicidade entre os colaboradores no desenvolvimento da proposta pedagógica da instituição, o que envolve um considerável grau de complexidade para os gestores.
Além dos aspectos pessoais, deve-se considerar o desenvolvimento de atributos básicos de gestão, como trabalho em equipe, democracia, transparência, diálogo, liderança, compromisso e motivação. Esses atributos são importantes para assegurar o desenvolvimento de uma gestão escolar estruturada, embora ainda com limitações, e insuficientes para atender às necessidades atuais. O domínio de aspectos básicos de gestão deve ser aprimorado, em busca de posicionamentos mais profundos, (intra) empreendedores, estratégicos.
Enfim, o trabalho de gestores escolares deve ocorrer de forma estratégica, pautada uma concepção (intra) empreendedora bem desenvolvida, capaz de articular situações e pessoas em projetos de trabalho que elevem a qualidade da educação, com o máximo envolvimento e eficiência das pessoas que fazem parte da escola de forma direta e indireta.
Referencias Bibliograficas
ACÚRCIO, M. R. B. (Coord.). O empreendedorismo na escola. Porto Alegre: Artmed, 2005.
DEGEN, R. J. O Empreendedor – empreender como opção de carreira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
DOLABELA, F. Oficina do Empreendedor. 6ªed. São Paulo: Cultura, 1999. F. Pedagogia empreendedora. São Paulo: Editora de Cultura, 2003.
LOPES, R. M. A. (org.) Educação empreendedora: conceitos, modelos e práticas. Rio de Janeiro: Elsevier; São Paulo: Sebrae, 2010.
LUCK, H. Perspectivas da Gestão Escolar e Implicações quanto à formação de seus Gestores. 2000, Brasília, v.17, nº 72, p. 11-33, fev/jun.
SANTOS, Clóvis Roberto dos. A Gestão Educacional e Escolar para a Modernidade. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
Autor
Priscila Maria Thomaz de Godoy Amancio: Graduada em pedagogia pela UNIDERP -Anhanguera;Pos graduada em Alfabetização e Letramento pela UNAR.