Inserção de um curso para gestantes em uma unidade de saúde da família
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A presente experiência foi realizada na Unidade de Saúde da família do Rangel II no município de João Pessoa – Paraíba no período de Setembro à Dezembro de 2015.
Resumo
A presente experiência foi realizada na Unidade de Saúde da família do Rangel II no município de João Pessoa – Paraíba no período de Setembro à Dezembro de 2015. A equipe de saúde da família e apoio matricial ofertou o I Curso à Chegada da Cegonha para as gestantes atendidas nesta unidade. Os objetivos desta experiência foram ofertar atividades para educação em saúde com temas relacionados à saúde da gestante. Esta pesquisa constituiu um relato de experiência com abordagem qualitativa analisada através do método descritivo. As atividades para educação em saúde foram executadas pelos profissionais da unidade de saúde da família e núcleo de apoio à saúde da família nos dias dos atendimentos do pré- natal. Através deste curso as gestantes tiveram a oportunidade de expor as suas dúvidas e adquirir conhecimentos relacionados à gestação na visão de uma equipe multiprofissional.
Abstract
This experiment was carried out in Rangel (II Family Health Unit) in the city of João Pessoa – Paraíba in the period September to December 2015. The health team and family support matrix has offered the course I the arrival of the stork for pregnant women in this unit. The objectives of this experiment were offering activities for health education on issues related to the health of pregnant women. This research was an experience report with a qualitative approach analyzed by descriptive method. The activities for health education were performed by professionals of the family health unit and core support for family health in the days of the prenatal visits. Through this course pregnant women had the opportunity to expose their doubts and acquire knowledge related to pregnancy in view of a multidisciplinary team.
Keywords : Health Education; Pregnant Women.
Introdução
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher reflete o compromisso com a implementação de ações de saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e reduzam morbimortalidade por causas que poderiam ser prevenidas e evitadas, enfatiza a melhoria da atenção obstétrica, o planejamento familiar, a atenção ao abortamento inseguro e às mulheres e adolescentes em situação violência domestica e sexual (BRASIL, 2010, p. 20).
Em consonância com esta politica foi criada a Rede Cegonha, que é um programa do Sistema Único de Saúde – SUS que propõe a melhoria do atendimento às mulheres durante a gravidez, parto, puerpério, ao recém – nascido, crianças até 2 anos de idade e garante a ampliação do acesso ao planejamento reprodutivo ( DAB,2011).
Apoiando-se nessa política, o Apoio Matricial e Equipe de Saúde do Rangel construíram um plano de ação para a realização de um curso para as gestantes de sua área de abrangência tendo como objetivo, ofertar atividades para Educação em Saúde relacionadas à Saúde da Gestante.
Fundamentação teórica
A importância da atenção à gestante como política governamental é evidente e está expressa no conjunto de normas que regem a atuação do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2013). Com o objetivo de melhorar o acesso, a cobertura e a qualidade da atenção pré-natal, o Ministério da Saúde lançou em 2000, o Programa Nacional de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PNHPN), propondo critérios marcadores de desempenho e qualidade da atenção pré-natal, além de disponibilizar incentivos financeiros aos municípios que aderiram a este programa (GONZAGA et al., 2016).
Em 2011, o Ministério da Saúde criou a Rede Cegonha, com o intuito de implementar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como assegurar às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis com o objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil(CONASS, 2015; DAB,2011).
O presente trabalho está inserido no âmbito do componente pré-natal da Rede Cegonha como uma das ofertas que objetivam apoiar as equipes de saúde da família na qualificação do cuidado através de grupos operativos com ênfase no Pré Natal de Baixo Risco ( BRASÍLIA, 2013).
A importância do pré natal
O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação,permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas além de fortalecer o vínculo entre a gestante e o profissional de saúde (BRASIL, 2013).
Bento (2015) afirma que alguns problemas da gestação são facilmente solucionados com alimentação correta, repouso, higiene íntima mais apurada e medicamentos específicos, enquanto outros podem exigir repouso da mãe, acompanhamento intensivo do médico e até intervenções cirúrgicas tanto na gestante quanto no bebê em formação.
Atenção ao pré natal de baixo risco
A integralidade na atenção à saúde è definida como um princípio do SUS, orientando políticas e ações que respondam as necessidades da população no acesso à rede de cuidados em saúde considerando o indivíduo em seu âmbito biológico, psicológico, social e cultural (SILVA; SENA, 2008).
O acesso ao cuidado do pré-natal no primeiro trimestre da gestação tem sido incorporado como indicador de avaliação da qualidade da Atenção Básica, sendo fundamental o envolvimento de toda a equipe para a assistência integral à gestante em que todos busquem uma solução compartilhada para os problemas (BRASÍLIA, 2013; FAQUIM, FRAZÃO, 2016).
A identificação de fatores de risco relacionados com a mortalidade neonatal pode auxiliar no planejamento de ações para a reestruturação e melhoria da assistência à gestante e aos recém-nascidos, visando à redução da mortalidade infantil ( CASSAR et. AL., 2013). A diminuição desses óbitos não depende de novos conhecimentos, como ocorre com outros problemas de saúde, mas de garantia da acessibilidade e da utilização mais efetiva do conhecimento científico e tecnológico existente (BRASÍLIA, 2016).
A captação de gestantes para início oportuno do pré-natal é essencial para o diagnóstico precoce de alterações e para a realização de intervenções adequadas sobre condições que tornam vulneráveis a saúde da gestante e a da criança (BENTO, 2015). O mesmo autor afirma que é fundamental abordar a história de vida dessa mulher, seus sentimentos, medos, ansiedades e desejos, pois, nessa fase, além das transformações no corpo há uma importante transição existencial.
Brasília (2013) e Brasília (2010) ressaltam a importância das atribuições dos profissionais da unidade de saúde e núcleo de apoio a saúde da família são de grande valia em todo o processo: territorialização, mapeamento da área de atuação da equipe, identificação das gestantes, atualização contínua de informações, realização do cuidado em saúde prioritariamente no âmbito da unidade de saúde, do domicílio e dos demais espaços comunitários (escolas, associações, entre outros).
O Núcleo de apoio a Saúde da Família deve desenvolver seu processo de trabalho na atenção integral à saúde da mulher por meio do apoio matricial, com criação de espaços coletivos de discussões e planejamento ( BRASÍLIA, 2010).
A atuação no pré natal de baixo risco permite um momento intenso de mudanças, descobertas, aprendizados e uma oportunidade para os profissionais de saúde investirem em estratégias de educação e cuidado em saúde, visando o bem-estar da mulher e da criança, assim como a inclusão do pai e/ou parceiro (quando houver) e família, desde que esse seja o desejo da mulher (BRASÍLIA, 2016).
Educação em saúde no pré natal de baixo risco
A criação de espaços de educação em saúde sobre o pré-natal é de suma importância; afinal, nestes espaços, as gestantes podem ouvir e falar sobre suas vivências e consolidar informações importantes sobre a gestação e outros assuntos que envolvem a saúde da criança, da mulher e da família ( BRASÍLIA, 2013).
Os espaços de educação podem ocorrer tanto durante grupos específicos para gestantes quanto em salas de espera, atividades em comunidades e escolas ou em outros espaços de trocas de ideias ( BRASÍLIA, 2016).
Neste contexto, o Núcleo de Apoio a Saúde da Família e Equipe de Saúde da Família, possuem o papel de desenvolver grupos estruturados de forma sistemática, permitindo a abordagem de vários temas como: recomendações do ministério de saúde para as gestantes com relação a dengue, sexualidade e vulnerabilidade correspondentes (DST e AIDS), aleitamento materno, alimentação saudável, atividade física, fisioterapia na gestação, cuidados com o bebê, saúde bucal e demais temas relacionados ao pré natal ( BENTO, 2015; BRASÍLIA, 2010).
Aspectos metodológicos
Classificação da pesquisa
Esta pesquisa constituiu um relato de experiência com abordagem qualitativa analisada através do método descritivo.
Local do estudo
A experiência foi vivenciada na Unidade de Saúde da Família do Rangel II no município de João Pessoa – Paraíba durante a sala de espera das consultas do pré- natal.
População e seleção da amostra
A população e amostra do presente relato de experiência foram as 30 gestantes que realizam suas consultas na Unidade de Saúde da Família do Rangel II no município de João Pessoa – Paraíba.
Aspectos éticos
Não foi necessário submeter o presente trabalho ao Comitê De Ética e Pesquisa (CEP) por se tratar de um relato de experiência.
Relato de experiência
Análise e discussão
As atividades para educação em saúde com ênfase no Pré Natal foram realizadas no dia das consultas de pré – natal, durante a sala de espera e de forma quinzenal.
As gestantes da Unidade de Saúde da Família do Rangel II expuseram suas dúvidas quanto aos cuidados gerais com a gestação, aleitamento materno e demais assuntos relacionados ao pré – natal durante uma atividade realizada pela odontologia.
Diante do exposto, o apoio matricial sugeriu em reunião de equipe, a inserção de uma atividade para educação em saúde relacionada ao Pré Natal e junto com a Equipe de Saúde da Família construíram o I Curso A Chegada da Cegonha para atender as dúvidas evidenciadas pelas usuárias.
Através da implementação deste curso, o apoio matricial cumpriu o seu papel tendo em vista que o desenvolvimento seu processo de trabalho na atenção integral à saúde da mulher por meio do apoio matricial, com criação de espaços coletivos de discussões e planejamento estão incluídos nas atribuições do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (BORELLI et AL. 2008; BRASÍLIA, 2010).
Todos os profissionais da Equipe de Saúde da Família ( Médica, Enfermeira, Técnica de Enfermagem, Agenda Administrativa, Cirurgiã Dentista, Auxiliar de Saúde Bucal, Agentes Comunitários de Saúde, Vigilante, Auxiliar de Serviços Gerais) e apoio Matricial ( do núcleo de fisioterapia) participaram da elaboração do plano de ação e execução do curso. Outros profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da família foram convidados a participar das atividades educativas, tais foram: fonoaudióloga e nutricionista.
Foi construído um cronograma de atividades para que, em cada dia de curso, um ou mais profissionais específicos fossem responsáveis pela elaboração da atividade educativa de acordo com o tema estabelecido.
Os agentes comunitários de saúde foram essenciais para a realização do curso, pois os mesmos fizeram a busca ativa das gestantes de sua microárea, sensibilizando as mesmas a participar da atividade para educação em saúde e consultas de pré- natal, além de participar da organização da ambiência no dia do Curso.
O auxiliar de serviços gerais participou da limpeza e organização da ambiência; o vigilante participou do acolhimento e a agente administrativa estava gestante, sendo uma das participantes do I Curso A Chegada da Cegonha.
De acordo com Brasil (2013), o acesso ao cuidado do pré-natal a tem sido incorporado como indicador de avaliação da qualidade da Atenção Básica, sendo fundamental o envolvimento de toda a equipe para a assistência integral à gestante.
A atuação no pré- natal de baixo risco permite que a Equipe de Saúde da Família e Núcleo de Apoio a Saúde da Família busquem estratégias de educação e cuidado em saúde, visando o bem-estar da mulher e da criança, assim como a inclusão do pai e/ou parceiro (quando houver) e família, desde que esse seja o desejo da mulher (BRASÍLIA, 2016).
Os temas abordados nas atividades educativas foram escolhidos de acordo com a necessidade exposta pelas gestantes: Cuidados com a gravidez; Imunização; Orientações posturais e respiratórias; Alimentação Saudável; Saúde Bucal; Aleitamento Materno; Planejamento Reprodutivo. Sendo assim, formulamos as atividades educativas seguindo a lógica de apoio matricial através da troca de saberes entre as gestantes, Núcleo de Apoio a Saúde da Família e Equipe de Saúde da família ( BRASÍLIA, 2010).
A Educação em Saúde no pré- natal torna-se relevante em concordância com Bento (2015) o qual afirma que os problemas da gestação são facilmente solucionados com alimentação correta, repouso, higiene íntima mais apurada e medicamentos específicos, enquanto outros podem exigir repouso da mãe, acompanhamento intensivo do médico e até intervenções cirúrgicas tanto na gestante quanto no bebê em formação.
Brasília (2013) também fortalece a importância da criação de espaços de educação em saúde sobre o pré-natal porque as gestantes podem ouvir e falar sobre suas vivências e adquirir conhecimento acerca da gestação e outros assuntos que envolvem a saúde da criança, da mulher e da família.
Os recursos utilizados para a realização das atividades propostas foram: apresentação de vídeos educativos, distribuição de folders, apresentação de álbum seriado e slides.
No encerramento do I Curso A chegada da Cegonha, as gestantes e profissionais responsáveis pelas atividades educativas receberam um Certificado, ofertamos um lanche coletivo, realizamos sorteios de brindes e enxovais.
Podemos considerar esta experiência exitosa? Sim, pois através deste curso, as gestantes tiveram a oportunidade de expor as suas dúvidas e adquirir conhecimentos relacionados à gestação através da troca de saberes com uma equipe multidisciplinar. Além disso, as gestantes se tornaram mais frequentes em suas consultas de pré – natal.
Houve um fortalecimento do vínculo entre as participantes do curso, Equipe de Saúde da Família e NASF.
Estas atividades para educação em saúde oportunizaram a Equipe de Saúde da Família e Núcleo de Apoio a Saúde da Família, o desenvolvimento de ações em saúde da mulher de forma interdisciplinar com objetivos propostos pela Rede Cegonha.
Considerações finais
Durante os encontros pôde ser observado o forte vínculo existente por parte da Equipe de Saúde da Família, Núcleo de Apoio a Saúde da Família e gestantes, acarretando um maior envolvimento e participação das mães nas consultas de pré-natal.
As gestantes demonstraram interesse durante as atividades educativas, através da troca de experiências significativas, além de demonstrarem afeto e disponibilidade para dar apoio às outras gestantes e oferecer sugestões referentes ao Curso ministrado. As mesmas verbalizaram que o Curso foi muito produtivo e tinham um grande interesse de participar no semestre seguinte.
Sugerimos que o I Curso A Chegada da Cegonha seja inserido no cronograma anual de atividades da Unidade de Saúde do Rangel II e que este projeto seja implantado em outras Unidades de Saúde do Município de João Pessoa.
Referências
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CASSAR S.B. et al.Fatores de risco para mortalidade neonatal, com especial atenção aos fatores assistenciais relacionados com os cuidados durante o período pré-natal, parto e história reprodutiva materna. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2013. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000300009> Acesso em 20.AGO.2016.
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SILVA K.L. SENA, R.R. Integralidade do Cuidado na Saúde: indicações a partir da formação do enfermeiro. Rev esc enfermagem USP. São Paulo, 2008.
Autores
Basílio Henrique Pereira Júnior – Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Aquática. Vinculado ao Centro de Fisioterapia da Paraíba LTDA – CENTROFISIO João Pessoa/PB. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Emille Raulino de Barros – Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória. Atuante no Núcleo de Apoio a Saúde da Família – NASF do Município de João Pessoa/PB.
Rafaela Raulino Nogueira – Fisioterapeuta. Residente Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba – FCM/PB.
Esequiel de Sousa Borges Junior – Discente do Curso de Fisioterapia da Faculdade Maurício de Nassau –UNINASSAU – João Pessoa/PB.