O brincar no processo terapêutico com crianças: uma leitura a partir da clínica Gestáltica
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Este artigo tem como objetivo compreender a função do brincar na clínica gestáltica com crianças.A partir de uma revisão bibliográfica, esse artigo procura explorar o modelo clínico da gestalt-terapia na forma de atuação na clínica infantil e a importância do brincar na construção das intervenções psicoterápicas.
Playing In The Therapeutic Process With Children: A Reading From The Gestaltic Clinic
Resumo
Considerando o brincar como uma atividade que facilita o desenvolvimento, a aprendizagem e a integração social da criança, este artigo tem como objetivo compreender o brincar no processo terapêutico com crianças na clínica gestáltica. Esta é uma abordagem que percebe a criança como um ser ativo, singular e em constante desenvolvimento. Este estudo caracteriza-se como uma revisão e, para tanto, fez-se necessário abordar como a Gestalt-Terapia compreende a criança e como se dá o trabalho dessa abordagem na clínica infantil, ressaltando a importância do brincar na psicoterapia. Percebeu-se essa atividade como a principal ferramenta de comunicação entre o gestalt-terapeuta e a criança, a qual facilita a ressignificação das experiências e facilita o processos de awareness. A ludicidade permite que a criança se identifique com o processo psicoterápico, possibilitando que o terapeuta entenda a forma como ela interage com outros, consigo e com o mundo.
Palavras-chave: Brincar; Gestalt-Terapia; Atendimento Infantil.
Abstract
Considering playing as an activity which facilitates children’s development, learning processes and social integration, this study tried to address the playing in the therapeutic process with children in clinical gestalt. This is a psychological approach that sees the child as an active being, singular and who is in constant development. This study is characterized as a research based on a literature review. For better understanding of this subject, it was necessary to understand how Gestalt-therapy comprehends the child and how this approach works in clinical child, trying to identify the importance of playing in the psychotherapeutic process. It was noted this activity as the primary communication tool between the gestalt therapist and the child, which makes it easy to reframe the lived experiences and processes of awareness. The playful language enables the child to identify the psychotherapeutic process, and also allows the therapist to understand how the child interacts with others, to himself/herself and the world.
Keywords: Play; Gestalt-Therapy; Child Care.
1 Introdução
A Gestalt-Terapia vem adquirindo, nos últimos anos, um crescente destaque no campo da psicologia infantil, demonstrando ser uma abordagem psicológica eficiente na prática clínica com crianças (Aguiar, 2005). No entanto, percebe-se, nas pesquisas que versam sobre essa corrente, que ainda são escassos, principalmente no Brasil, estudos que enfatizem o trabalho psicoterapêutico com o público infantil através do brincar. A autora supracitada ressalta que a prática do profissional de psicologia, na clínica gestáltica com crianças, é pouco debatida e de referencial teórico limitado. Diante disso, o presente trabalho buscou analisar como e por que o brincar na clínica gestáltica pode ser terapêutico para a criança.
Entende-se a Gestalt-Terapia como uma abordagem psicoterápica que tem como bases epistemológicas a fenomenologia, o existencialismo e a filosofia dialógica (Lizias, 2010). Por isso, a abordagem vê o ser humano como um ser de relação, cuja personalidade é formada a partir de sua interação com o mundo e o outro. Aguiar (2005) acrescenta ainda que o gestalt-terapeuta buscará o desenvolvimento da awareness[1] do cliente, em relação a seus comportamentos e sentimentos, o que possibilitará, através do contato com estes, formas melhores de estar no mundo.
Na concepção dessa autora, possibilitar essa consciência à criança é um dos grandes desafios do terapeuta, uma vez que as formas de se abordar esse público devem ser diferentes das usadas na psicoterapia com o adulto. Na psicoterapia infantil a linguagem lúdica é predominante sob a linguagem verbal, o que demanda do psicoterapeuta uma intervenção a partir das brincadeiras que a criança apresenta no espaço terapêutico.
Essa abordagem, nesse contexto, possibilita a reorientação das funções de contato, como ouvir, ver e sentir, de forma a guiar as intervenções do terapeuta pelas reais necessidades de seu cliente (Polster & Polster, 2001). Para Aguiar (2005) o cliente deve ser visto como um todo, em detrimento de uma intervenção orientada pelas percepções adquiridas socialmente ou por meio dos familiares, que distorcem a imagem da criança perante ela mesma e seu ambiente, fixando, muitas vezes, estigmas e problemas.
Entende-se que a brincadeira e o brincar, na terapia com crianças, ajudam na compreensão do modo como esse público interage consigo e com o mundo. Nesse sentido, Antony (2010) enfatiza que, para os gestalt-terapeutas, o brincar tem papel de autorregulação da saúde emocional e das relações interpessoais. Enquanto que Gouvêa e Souza (2010) destacam o brincar como uma experiência fundamental na constituição de si mesmo, partindo da concepção de que todo indivíduo se estabelece na coexistência e no reconhecimento mútuo com os demais.
Desse modo, compreende-se que a linguagem lúdica possibilita a expressão das emoções, a comunicação e interação do cliente com o terapeuta, com os outros e com o mundo. Conforme aborda Aguiar (2005), o domínio da linguagem lúdica pela criança traz implicações tanto nos recursos quanto nas técnicas que se utiliza na clínica infantil, influenciando, consequentemente, a própria atitude do gestalt-terapeuta.
A seleção das atividades lúdicas depende muito das circunstâncias, da relação com a ocasião e do valor para quem participa da brincadeira. Para Vygotsky (2007), a definição de brinquedo, como algo que somente dá prazer à criança, é muito superficial, uma vez que o brinquedo preenche as necessidades dela, sendo, assim, considerado como o motivador da ação. No entanto, percebe-se que há pouco material que correlacione a atuação do psicólogo com o brincar, como uma técnica terapêutica, principalmente na clínica gestáltica infantil.
Para fundamentar o exposto foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Esta se baseou em dados provenientes de livros, revistas e artigos científicos, bem como em teóricos da Gestalt-Terapia, nacionais e internacionais, com o objetivo de apresentar uma revisão geral sobre a temática em questão. Cervo e Bervian (2002, p. 65) trazem que a pesquisa bibliográfica “busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema”.
Este estudo caracterizou-se também como uma pesquisa qualitativa, a qual, segundo Strauss e Corbin (2008, p. 23), se define como “qualquer tipo de pesquisa que produza resultados não alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação”. Desse modo, objetivou-se conhecer novas percepções sobre o tema em questão, interpretando e conceituando os dados pesquisados e, depois, relacionando-os por meio de declarações e posicionamentos frente à questão-problema.
O presente trabalho articula a prática do brincar na clínica com crianças, com os pressupostos teóricos da Gestalt-Terapia. Assim, possibilita a ampliação do arcabouço teórico que embasa a prática gestáltica com o público infantil, uma vez que, sem uma teoria que dê sentido à condução da psicoterapia, não haverá a extração dos benefícios que esse espaço pode oferecer.
2 Referencial teórico
2.1 A criança para a Gestalt-Terapia
A Gestalt-Terapia, de acordo com Yontef (1998), possui também como base, além da fenomenologia-existencial e da filosofia dialógica, o Holismo e a Teoria do Campo, que propõem uma visão integral do ser humano, sendo este percebido a partir da totalidade, compreendendo-se para além de suas características isoladas. Essas abordagens estão relacionadas ao contexto mais amplo do qual o indivíduo faz parte. Dessa forma, Aguiar (2005) acrescenta que a criança é vista como um ser relacional, que está em constante troca criativa com os outros e com o ambiente. Portanto, a criança apresenta-se como um ser no mundo, que tanto atua sobre ele como recebe influências dele, em uma relação mútua.
A criança é percebida ainda, segundo a autora, como um ser de liberdade, onde é capaz de se autorregular em uma busca constante por um equilíbrio mais satisfatório. Portanto, a criança é vista como um ser ativo, responsável pelo o que acontece consigo e por suas escolhas, apresentando potenciais e recursos próprios para crescer e mudar, sendo capaz de transformar o meio, tornando-o mais assimilável.
Essa abordagem compreende que o ser humano é regido pela interação de elementos que influenciam na sua totalidade. Assim, as partes estão em uma estreita relação com o todo (Yontef, 1998). Considera-se que o cliente apresenta-se na terapia a partir de suas partes, mas é no todo que se percebe o significado do seu sintoma, ou seja, este deve ser entendido a partir da relação que se constitui com o contexto do qual surge para, nesse fundo, descobrir seu real sentido. Salienta-se que os elementos dessa relação estão em íntima interação e são interdependentes, encontram-se em intrínseca articulação, não tendo significados isolados.
Essa abordagem não prioriza o biológico ou o social, mas sim a interação entre estes. Faz-se necessário compreender o desenvolvimento como um processo singular e constante, numa ininterrupta relação entre todos os elementos do campo, como explica Aguiar (2005). Isso implica dizer que sintomas semelhantes têm significados diferentes, uma vez que cada sintoma expressará uma determinada necessidade, de uma certa criança, em um dado momento de sua existência. Dessa forma, existirão tantos sintomas quantas forem as possibilidades de relações entre os elementos que constituem o meio da criança. Entende-se que é relevante compreender as fases do desenvolvimento infantil, no entanto, é fundamental considerar que a criança também é um ser social, histórico e relacional.
A Gestalt-Terapia considera que há um diálogo inseparável entre o organismo e o meio; isso embasa o princípio de que o ser humano é um ser de contato e para o contato. A partir deste, a criança interage consigo e com o outro. Assim, a experiência é primariamente contato, e todo contato possibilita a criatividade, uma vez que atua com o novo, como definiu Antony (2010). Para a autora, contato é entendido como um processo psíquico e/ou comportamental, o qual possibilita que o indivíduo entre em relação com ele mesmo e com o meio, tendo a capacidade de escolher conscientemente o que é nutritivo e rejeitar o que pode ser tóxico. Portanto, é um “processo de estar consciente ao modo como estou presente e me relaciono com o mundo e os outros, com o intuito de satisfazer a minha necessidade interna mais importante que surge no aqui-e-agora de uma situação” (Antony, 2010, p. 89).
Nem toda e qualquer interação é contato, pois, como afirmaram Perls, Hefferline e Goodman (1997), o contato é criativo, dinâmico e deve buscar sempre o novo, devendo a novidade ser assimilada. Dessa forma, “todo contato é ajustamento criativo do organismo e ambiente” (Perls et al., p. 45). Através dos diversos contatos que o indivíduo experiencia, ele se enriquece e se torna capaz de responder às exigências do meio, num contínuo processo de ajustamento criativo. Este se caracteriza, segundo esses autores, como um processo de autorregulação organísmica, no qual o ser busca uma melhor relação entre o organismo e o meio, ou seja, são formas que o indivíduo desenvolve para estar e se relacionar no mundo, podendo ser mais ou menos saudáveis.
Assim sendo, as relações de contato vêm especificar como se processa toda vivência e expressões comportamentais, sejam elas saudáveis ou patológicas, uma vez que problemas e dificuldades também estão presentes no processo de equilíbrio do ser humano.
2.2 Saúde e doença na Gestalt-Terapia
Sabe-se que o processo de ajustamento criativo nem sempre tem como consequência o crescimento saudável. Quando as exigências do ambiente são muito fortes, o indivíduo desenvolve defesas que limitam sua existência. De acordo com Aguiar (2005), tais defesas devem ser entendidas como a melhor forma de estar no mundo que o ser encontrou naquele momento. A limitação referenciada não consiste na defesa, mas no fato de o indivíduo perpetuá-la automaticamente, sem perceber que não precisa mais dela, ou que possui outros recursos que pode usar para se proteger.
Quando essa perpetuação vai ocorrendo, o ser cria figuras que, se bem ajustadas, vão propiciando o surgimento de novas figuras de um jeito ininterrupto e vital de se criar figura-fundo. Conforme enfatiza Ciornai (1995), o que auxiliará o surgimento e o ajustamento de novas figuras no meio perceptual são os processos de awareness, que “possibilita ao cliente dar-se conta do que se passa consigo” (Frazão, 1997a, p. 10).
Dessa forma, tais processos permitem que as figuras se definam com mais nitidez em relação ao fundo. Ciornai (1995) acrescenta que através dos processos de awareness a criança entende os seus sentidos, como também as relações que se difundem entre estes e, a partir disso, reorganiza suas experiências. Assim, os processos frequentes de awareness são carregados de novos elementos, o que forma figuras que propiciam um novo saber.
Com base em Ciornai (1995), entende-se que o funcionamento saudável é um fluxo contínuo, acompanhado de awareness e de formação de figura-fundo, o que facilita uma interação mais adequada entre a criança e o ambiente. Isto possibilita que se desenvolvam novos meios para reagir contra a rigidez que a afeta, como também permite o uso de suas funções de contato para que possa diferenciar o estabelecimento de contatos enriquecedores dos negativos e inaceitáveis. Assim, por saúde, entende-se a prevalência e concernente constância desta forma de atuar.
O indivíduo saudável é entendido pela abordagem gestáltica, segundo Frazão (1997b, p. 67), como aquele que “se relaciona criativamente com o meio enquanto indivíduo único, com vistas à expressão e atendimento de necessidades, mantendo, ao mesmo tempo, uma relação respeitosa com o outro em sua unicidade”. Ou seja, está relacionado à criança que consegue satisfazer suas próprias necessidades sem abrir mão da confirmação do outro, desenvolvendo ajustamentos criativos próprios para cada situação, possibilitando contatos mais saudáveis.
Já, por funcionamento não saudável, compreende-se uma estagnação ou inibição desses processos, o que causa a criação de figuras pouco nítidas, indefinidas e confusas. Quando essas figuras não se completam, elas vão impedindo aos poucos as formas de contatos criativos com o presente. Na concepção de Ciornai (1995, p. 04), “doença ou patologia seria então a recorrência crônica deste tipo de funcionamento, com a consequente cristalização das dificuldades do indivíduo e empobrecimento de seus contatos com o mundo”. Frazão (1997b) discute esse funcionamento da seguinte forma:
Considero funcionamento não saudável um fenômeno interativo que ocorre na fronteira de contato e que se refere à inabilidade de se relacionar criativamente com o meio, relacionando-se, ao invés disso, através de padrões cristalizados e repetitivos, através dos quais a expressão de necessidades é distorcida ou suprimida, com vistas a manter a relação com o outro, por mais artificial ou inautêntica que uma relação deste tipo possa parecer (p. 69).
Dessa forma, saúde, para a Gestalt-Terapia, é a capacidade de realizar os ajustamentos criativos que o ambiente exige. Em contrapartida, quando esses ajustamentos se enrijecem as reações ficam crônicas e alteram a autorregulação, impedindo o funcionamento saudável. Nessa situação, buscar funcionamentos criativos é uma forma de alcançar e conservar a saúde.
O comportamento supostamente inadequado caracteriza-se como uma forma de sobreviver, mesmo que seja psicopatológico, pois se entende que toda tentativa de adaptação insinua um movimento para o equilíbrio, como ressalta Oliveira (2010).
Em determinadas situações observamos que a criança pode apresentar algum tipo de forma de funcionar que pareça justamente ser inadequada, que cause incômodo. Tal fenômeno não acontece com uma intencionalidade, mas diante do contexto em que se encontra, talvez esta seja a única possibilidade para a criança continuar a ser e existir no mundo (p. 09).
Para auxiliar nesse processo, possibilitando expandir a awareness e a reorientar as funções de contato através do aqui-e-agora, existe a psicoterapia. O suporte da relação terapêutica facilita a ressignificação daquilo que anteriormente não foi elaborado. Aguiar (2005) cita que a função do gestalt-terapeuta é possibilitar à criança a reorientação das funções de contato, desenvolvendo ajustamentos criativos mais saudáveis. Nesse sentido, na terapia infantil de base gestáltica, o brincar pode ser a principal ferramenta do psicólogo para proporcionar à criança o alcance de formas mais saudáveis de funcionar, uma vez que essa atividade é a principal linguagem usada pela criança.
2.3 Importância do brincar
Para compreender de que forma o brincar pode influenciar na manutenção dos ajustamentos criativos, faz-se necessário abordar o seu conceito. Definir o mesmo não é fácil, uma vez que tal atividade funciona como uma linguagem universal, fundamental ao desenvolvimento e à saúde do indivíduo. Como definiu Chateau (1987), o brincar é o trabalho, o dever e o ideal de vida para a criança. Baseado nisso, para a melhor compreensão da relevância dessa atividade para o infante, faz-se necessário entender alguns termos ligados ao brincar, como, por exemplo, “brinquedo”, “jogo” e “brincadeira”, conceitos que estão intrinsecamente relacionados à infância.
Nesse sentido, Chateau (1987, p. 13) trata “brincar”, “jogo” e “representar” como sinônimos, uma vez que se originam do francês “jouer”. Ele traz que “na verdade, quando a criança brinca, ela joga e representa”. Ainda segundo esse autor, “lúdico” vem do latim “ludus”, que significa “jogo”. Nesse sentido, as palavras “brincar”, “lúdico”, “jogo” e “brincadeira” são utilizadas, neste trabalho, como sinônimos, já que é impossível tratá-las separadamente.
Em conformidade com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Secretaria de Educação Fundamental, 1998), o brincar é fundamental para a estruturação da identidade e da autonomia na criança. As brincadeiras possibilitam o desenvolvimento de capacidades relevantes nos infantes, como a atenção, a memória e a imaginação; permite, ainda, o fantasiar e a imaginação, sendo esses elementos essenciais para que a criança entenda as relações sociais entre ela e os outros. Ainda com base nesse documento, a brincadeira tem como função o amadurecimento de algumas “capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais” (Secretaria de Educação Fundamental, 1998, p. 23).
Assim, entende-se que o brincar é uma importante ferramenta de integração social, que possibilita a socialização e o convívio com outras pessoas, como também a organização do pensamento e a elaboração das experiências vividas. Winnicott (1975, p. 70) discorreu sobre a brincadeira como um fenômeno universal e que é próprio da saúde, abordando que “o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; conduz aos relacionamentos grupais e pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia”. Com base nessa questão, compreende-se que o brincar tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, e o não acesso a ele causaria prejuízos psicológicos, cognitivos e motores, uma vez que é por meio do mesmo que a aprendizagem se realiza.
O brinquedo está intimamente relacionado às experiências de vida da criança; é através dele que ela pode entender e experienciar seu mundo real ou imaginário. Dessa forma, é possível, através de uma boneca ou até mesmo do uso do próprio corpo, que a criança crie papéis que interajam com ela, tentando elaborar questões do seu dia a dia. Assim, objetos, quando colocados em ação, podem ser ferramentas importantes na experiência de situações do cotidiano. Na concepção de Kishimoto (1999), o brinquedo tem ainda o papel de instigar a representação através do simbólico e de nomear um mundo imaginário que muda de acordo com a idade que a criança tem. A autora defende ainda a ideia de que o brinquedo serve como suporte para a brincadeira e esta ação é exercida quando a criança atua no meio lúdico.
Brincar funciona como um cenário no qual as crianças tornam-se capazes não só de imitar a vida como também de transformá-la. […] Ao brincar de faz-de-conta, as crianças buscam imitar, imaginar, representar e comunicar de uma forma específica que uma coisa pode ser outra […]. Brincar constitui-se, dessa forma, em uma atividade interna das crianças, baseada no desenvolvimento da imaginação e na interpretação da realidade, sem ser ilusão ou mentira. Também tornam-se autoras de seus papéis, escolhendo, elaborando e colocando em prática suas fantasias e conhecimentos, sem a intervenção direta do adulto, podendo pensar e solucionar problemas de forma livre das pressões situacionais da realidade imediata (Secretaria de Educação Fundamental, 1998, p. 23).
Nesse sentido, o brincar é de suma importância para o desenvolvimento do ser humano, em todas as fases de sua vida. Winnicott (1975, p. 81) idealiza esta ação lúdica como uma extensa dimensão do domínio humano, e complementa alegando que “devemos encontrar o brincar tão em evidência nas análises de adulto quanto o é no caso de nosso trabalho com crianças. Manifesta-se, por exemplo, na escolha de palavras, nas inflexões de voz e na verdade, no senso de humor”.
Diante desse contexto, compreende-se que o brincar desempenha um papel primordial para a vida da criança. A restrição dessa atividade, conforme argumentou Chateau (1987), impediria o desenvolvimento psicológico, o aperfeiçoamento das funções psicomotoras e a integração social. Portanto, entende-se o brincar como uma atividade estruturante e essencial para o desenvolvimento da criança.
4 Resultados e discussões
4.1 O brincar no processo psicoterapêutico na abordagem gestáltica
Entende-se que é através da linguagem que a criança construirá sua relação com o psicoterapeuta. Baseado nisso, Aguiar (2005) trata a linguagem lúdica como uma técnica do psicoterapeuta para acompanhar e intervir na clínica infantil. Assim, a brincadeira no espaço psicoterapêutico infantil permite que o psicólogo perceba a forma como o cliente encara e constrói as relações com os outros, como também o significado que o mundo tem para ele.
Aguiar (2005) retoma os trabalhos de Melanie Klein argumentando que é sobre essa linguagem que a intervenção deve ocorrer, uma vez que a criança não tem condições de estar em um divã fazendo associações livres.
Portanto, o brincar é uma forma de comunicação, onde a criança afasta-se de uma posição centrada em um objeto para transformá-lo em um intercessor entre si mesma, seu meio e os outros. Rodrigues e Nunes (2010) discorrem sobre o brincar como um momento de aprendizagem e de descoberta do ser.
No ato de brincar há inúmeros aspectos que caracterizam o ser e o estado de cada criança, das suas emoções, dificuldades, vivências, formas de ver e relacionar-se com o mundo e do seu estado de desenvolvimentos físico, mental e emocional. Desta forma, a utilização de recursos lúdicos tem o intuito de facilitar o seu processo de desenvolvimento tanto interior como exterior (p. 191).
Nesse sentido, a linguagem lúdica aparece como uma possibilidade de contato entre a criança e o gestalt-terapeuta. Isso, segundo Aguiar (2005, p. 53), possibilita a esse profissional o trabalho “com crianças de qualquer idade, com qualquer nível de comportamento de suas funções de contato e qualquer patologia orgânica e/ou deficiência física presente”. Vê-se o brincar como um ato natural e espontâneo a toda criança; por meio do mesmo elas desenvolvem suas capacidades, mantêm contato e expressam emoções.
Dentro desse contexto, além do espaço físico e dos elementos que o compõem, a técnica lúdica é o principal recurso de que dispõe o gestalt-terapeuta. A presença de elementos que fazem parte do mundo infantil permite que a criança se identifique e se integre no processo psicoterápico. No entanto, a importância e eficácia dessa atividade dependem, principalmente, da forma como serão utilizados na clínica. Desse modo, Aguiar (2005, p. 33) acrescenta que “na Gestalt-Terapia, o movimento de ir ao encontro da criança, encontrá-la em seu mundo e envolver-se em sua brincadeira durante as sessões é a base da condução do processo terapêutico”.
Portanto, para essa abordagem, o que é mais relevante no mundo relacional da criança é a forma como essas relações acontecem, e o quanto elas estão facilitando suas formas de estar no mundo. Assim, a linguagem lúdica é apenas uma dentre várias possibilidades de contato, mas na relação com a criança pode ser a principal abertura para o desenvolvimento de fronteiras.
As técnicas da Gestalt-Terapia são compreendidas por Protasio (1997, p. 01) como recursos terapêuticos utilizados para que se atinja o objetivo terapêutico. Parafraseando essa autora, o brincar é visto como uma técnica que visa ”facilitar a expressão do ser e promover condições para sua conscientização […]”. Nesse mesmo sentido, Oaklander (1980, p. 69) ressalta que tais técnicas visam auxiliar a criança a “tomar consciência de si mesma e da sua existência em seu mundo”.
A escolha do brincar como uma técnica terapêutica possibilita à criança experienciar um ambiente familiar e seguro, no qual pode expressar-se livremente e, a partir daí, desenvolver sua consciência e ampliá-la para novas formas de ser. A vivência dessa atividade possibilita que a criança desenvolva uma linguagem que permite a busca de significados, como cita Protasio (1997).
Estando junto com a criança em seu percurso, o terapeuta vai buscando os significados quanto às categorias existenciais, quais sejam: autenticidade, liberdade, responsabilidade, angústia, medo, risco, ampliando a consciência e promovendo a construção da verdade da criança no curso de sua ação no mundo. No aqui-e-agora da vivência terapêutica o terapeuta experimenta a forma própria de a criança estar-no-mundo, compreendendo a sua maneira de vivenciar o espaço (seu corpo), o tempo (sua história), o outro (sua estranheza) e a obra (o seu fazer-se) (p. 01).
Dessa forma, a utilização dos recursos lúdicos no meio terapêutico possibilita a livre expressão e o manejo dos conteúdos e da demanda que a criança traz. Essas atividades ajudam a mesma a expor sua subjetividade, limitações e possibilidades daquele momento. Com base em experiências em grupos com crianças, Campos, Toledo e Farias (2011, p. 27) afirmaram que as técnicas lúdicas permitiram a troca de experiências e a revivência de momentos cotidianos, os quais eram atualizados no aqui-e-agora. Para eles, essas experiências possibilitaram a “ressignificação do vivido como geradores de algum tipo de sofrimento para as crianças”.
As atividades lúdicas […] possibilitaram a identificação de movimentos que indicassem o ciclo de abertura e fechamento de gestalten, a interrupção de contato e o uso de mecanismos neuróticos, por meio do esquema de funcionamento de cada criança demonstrado em seus valores culturais, seus gestos e relações dialógicas (Campos et al., 2011, p. 27).
Sabendo que objetivo central da psicoterapia é “auxiliar a criança a tomar consciência de si mesma e da sua existência em seu mundo” (Rodrigues & Nunes, 2010, p. 191), vê-se o gestalt-terapeuta infantil como o articulador dos aspectos significativos do cliente com o brincar, entendendo o espaço terapêutico como um catalisador da sua potencialidade (Oaklander, 1980). Considerando que a criança se expressa por meio do brincar, o gestalt-terapeuta deve procurar atuar mais ativamente, envolvendo-se nas produções do cliente no processo da terapia.
O terapeuta precisa entender que, ao brincar com a criança, não pode esquecer ou confundir seu papel, nem se comportar como uma criança. Ele deve utilizar essa técnica como meio para atingir os objetivos da psicoterapia, uma vez que a mesma possibilita as potencialidades e habilidades do cliente. Aguiar (2005) ressalta que essa possibilidade de o gestalt-terapeuta ir ao encontro da criança através da brincadeira é fundamental para que aconteçam as intervenções.
A Gestalt-Terapia utiliza como técnica de abordagem do indivíduo o método fenomenológico, que é caracterizado pela linguagem descritiva; ou seja, o psicoterapeuta, através das intervenções descritivas, irá possibilitar que a criança construa gradativamente o significado dos conteúdos que emergem na psicoterapia. Dessa forma, o terapeuta tem um papel ativo, sem provocar, no entanto, uma intervenção diretiva. Aguiar (2005, p. 187) defende que isso exige uma “suspensão de seu juízo de valores, tanto na compreensão quanto na condução de qualquer situação terapêutica”. Yontef (1998) ressalta esse método da seguinte forma:
A atitude fenomenológica é reconhecer e colocar entre parêntese idéias preconcebidas sobre o que é relevante. […] A exploração fenomenológica objetiva uma descrição cada vez mais clara e detalhada do que é, e desenfatiza o que seria, poderia ser e foi (p. 218).
A atitude descritiva do psicoterapeuta ocorre na forma de perguntas, as quais convidam “a criança a descrever sua experiência e, com isso, expandir suas fronteiras e alcançar novos significados para aquilo que foi descrito inicialmente” (Aguiar, 2005, p. 188). Baseado nisso, o método fenomenológico tem como objetivo facilitar os processos de awareness da criança, ajudando-a a dar-se conta do que se passa com ela própria e com os outros. Auxilia também a expandir as fronteiras de contato do cliente, o que possibilita que este crie novas maneiras de estar com o outro.
Dessa forma, entende-se que, na maioria das vezes, é imprescindível uma intervenção na brincadeira, utilizando os meios lúdicos, conforme mencionou a autora supracitadaancarado a incadeira, utilizando a linguagem lz-se necesstivamente o significado dos conte. Assim, o terapeuta precisa permitir-se brincar, já que este é o modo de expressão da criança. Como instrumento terapêutico do psicólogo, o brincar possibilita que a criança perceba o mundo e descubra como este funciona. Tal atividade no ambiente terapêutico é a forma que o profissional tem para trabalhar as exigências que o meio faz a essa clientela, permitindo que a mesma expresse, através da brincadeira e dos objetos lúdico, as suas necessidades, prazeres, medos e, principalmente, o que a aflige e atormenta.
A psicoterapia com crianças pretende oferecer um espaço de continência permissiva no qual a criança experiencie suas potencialidades, aclare seus conflitos e vivencie uma relação estimuladora de saúde. Ludoterapia existencial pode ser então definida como: recursos para ajudar a criança a emergir e revelar-se em sua essência, através do jogo (Protasio, 1997, p. 01).
Na Gestalt-Terapia com crianças, o curso livre criativo aparece quando o brincar ocorre no sentido de deixar o cliente ser o que pode ser, sem procurar mudá-lo ou adaptá-lo a alguma exigência diferente daquela que ele realmente pode ser, como enfatizou Aguiar (2005). A psicoterapia, a partir do brincar e de sua linguagem lúdica, exige que psicólogo conheça a si mesmo, para que, assim, possa trabalhar a espontaneidade, a flexibilidade e a criatividade como bases orientadoras de suas experiências de vida.
Deve fazer parte da formação do gestalt-terapeuta infantil o desenvolvimento do “conhecimento sobre si mesmo, favorecendo sua awareness acerca de impedimentos e obstáculos ao seu processo de crescimento” (Aguiar, 2005, p. 297). Uma vez que a essência de todo o processo psicoterapêutico está na relação entre cliente e terapeuta, exige-se do psicólogo sua presença genuína. Assim como é essencial sua atitude empática de se colocar no lugar da criança, reconhecendo suas capacidades e potencialidades.
Como aborda Lizias (2010), o lúdico não está apenas nos objetos, o psicoterapeuta também é uma ferramenta do brincar para a criança.
Quem trabalha ou convive com crianças é convidado a reconhecer o potencial do lúdico no desvelamento do que pode acontecer entre o adulto e a criança e celebrar a emergência da awareness de cada contato como novidade no campo relacional. Ambos se encontram num campo essencialmente lúdico e vivem cada contato como um jogo (Lizias, 2010, pp. 72-73).
A aceitação da criança pelo gestalt-terapeuta é fundamental para que ela possa aceitar a si própria. A permissividade no relacionamento com a criança possibilita que a mesma sinta-se livre para se expressar. É importante destacar que “A permissividade não significa ausência de limites, mas um número reduzido e inquestionável de limites, que visa particularmente a segurança do campo total criança/psicoterapeuta” (Aguiar, 2005, p. 216). Dessa forma, entende-se que os limites são relevantes, tanto no propiciar a frustração e a sua superação, como também na sensação de proteção possibilitada pelas delimitações que o limite transmite.
A importância do brincar livre foi destacada também por Perls et al. (1997). Os autores afirmaram que, na brincadeira irrestrita e aparentemente sem objetivo, a awareness da criança entra em um modo intermediário, ou seja, que não é ativo nem passivo, mas que aceita as condições. Isso permite que a energia flua espontaneamente e se desenvolva para soluções mais saudáveis, o que caracteriza ajustamentos criativos mais satisfatórios.
Para algumas crianças o simples fato de poder brincar em um espaço seguro, permissivo e confirmador com aquilo que ela queria escolher, da forma como ela escolher, já é suficiente para promover as reconfigurações necessárias ao bem estar e ao resgate de um funcionamento saudável na sua interação com o mundo (Aguiar, 2005, p. 198).
Essa mesma autora enfatiza que é essencial que o gestalt-terapeuta confie na capacidade da criança de atualizar seu potencial e, a partir daí, possa desenvolver meios para lidar com as circunstâncias que a envolvem. Com tudo isso, entende-se que as experiências vivenciadas na psicoterapia através do brincar possibilitam que a criança construa recursos para lidar com sua vida, de uma forma mais satisfatória. Assim, o espaço da psicoterapia apresenta-se como terapêutico, porque pode proporcionar a expansão das fronteiras, usando uma maior variedade das funções de contato e buscando outras ferramentas para estar no mundo, diferentes das usadas frequentemente.
5 Considerações finais
A opção pelo brincar, como objeto do estudo, relacionando com a Gestalt-Terapia, sugere sua importância para o processo terapêutico infantil. As pesquisas utilizadas como fontes de estudo apresentaram a relevância do lúdico para o funcionamento saudável do infante. Assim, considera-se o brincar como uma atividade essencial à criança, demonstrando ser a forma de ela estar no mundo. A partir desta pesquisa, percebe-se que a correlação entre o brincar e a abordagem gestáltica tem muitas possibilidades de temas. No entanto, as pesquisas acadêmicas nesse contexto são escassas.
Notou-se o brincar como uma ferramenta essencial para o trabalho psicoterapêutico com crianças. Porém, é relevante entender que a visão singular da Gestalt-Terapia sobre o cliente implica dizer que não há um padrão fixo de tratamento para as crianças, uma vez que isso será construído a partir da relação que se formará na psicoterapia. Portanto, não se pode determinar uma única forma de intervenção do gestalt-terapeuta infantil, uma vez que há várias possibilidades de intervenção a partir do brincar. Como também, esta é uma prática em que a significação é estabelecida pela criança a partir das suas formas de contato e de seus processos de awareness.
Ao considerar a criança como um ser ativo que busca o equilíbrio e que é capaz de produzir mudanças, a partir de suas relações e de suas constantes trocas criativas com o meio, o gestalt-terapeuta passa a ter uma atuação também mais presente e ativa na clínica, não devendo se limitar a aplicar técnicas e aguardar que a criança mude; faz-se necessária sua interação de forma empática e autêntica, respeitando a criança com suas limitações e capacidades. Dessa forma, o gestalt-terapeuta e a criança são corresponsáveis pela construção da relação terapêutica. Compreende-se também que a formação e o trabalho pessoal daquele é essencial para o sucesso da terapia. Vê-se ainda que a carência de formação específica e consistente na clínica infantil suscita práticas pouco fundamentadas, as quais não fornecem material relevante para produção teórica.
Um tema que não foi abordado neste estudo foi a influência da família, como responsável pelas relações e formas de ser da criança. Entretanto, considera-se essa questão de fundamental importância para o entendimento desta e para o processo psicoterapêutico, sendo este um campo importante a ser trabalhado em pesquisas futuras.
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Autor
Julianne Barros Sousa Silva, Psicóloga pelo Centro Universitário Leão Sampaio. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Marcus Cézar de Borba Belmino, Psicólogo e mestre em psicologia (UNIFOR), Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor do Centro Universitário Leão Sampaio (UNILEÃO); e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
*O artigo é baseado na pesquisa de Trabalho de Conclusão de curso do primeiro autor sob a orientação do segundo autor
1 Definido por Frazão (1997a, p. 10) como a “capacidade do indivíduo de aperceber-se do que se passa dentro e fora de si no momento presente, em nível corporal, mental e emocional”.