O psicólogo escolar no contexto universitário
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Diante da diversidade de campo para a atuação do profissional de psicologia escolar, foi escolhido o âmbito das Instituições de Ensino Superior para ser realizada uma reflexão sobre a importância e a função do psicólogo escolar neste meio.
Resumo
Diante da diversidade de campo para a atuação do profissional de psicologia escolar, foi escolhido o âmbito das Instituições de Ensino Superior para ser realizada uma reflexão sobre a importância e a função do psicólogo escolar neste meio. Para isso, foi efetuada uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados disponíveis, encontrando-se obras atuais, no entanto, escassas. Tal fato evidencia a relevância desta produção. Falar-se-á brevemente acerca do desenvolvimento da Psicologia no âmbito educacional até a Psicologia Escolar, com é vista e praticada atualmente, evidenciando a importância da contextualização dos conhecimentos nesta prática, ressaltando-se as mudanças ocorridas no contexto educacional universitário do país. As informações obtidas e analisadas levaram à conclusão de que o psicólogo escolar no meio universitário se faz necessário para que haja uma melhor adequação do discente ao ensino superior e da universidade aos seus alunos.
Palavras-chave: Psicologia Escolar. Ensino Superior.
Abstract
Before the diversity of field for school psychology’s professional performance, it was chosen higher education institutions’ scope to accomplish a reflection about the importance and the school psychology’s function on that field. For this, it was made a bibliographic research of available data, finding current works, however, scarce. Such fact evidences the relevance of this writing. It will tell briefly about the psychology’s development from the educational context until the School Psychology, how it is seen and practiced nowadays, showing the context relevance of the knowledge in this practice, highlighting the changes that occurred in the university educational context of the country. Information obtained and reviewed led to the conclusion that the expert of the school psychology in the university field is necessary for a better adequacy of the students in the higher education and in the university for its students.
Keywords: School psychology. Higher Education.
Introdução
A partir do final do século XIX, a Psicologia ao sair do campo da Filosofia e consolidar-se como ciência, tornou-se primordialmente positivista. Neste contexto o foco era a investigação empírica e a comprovação dos fatos. Com isso, uma das características marcantes da ciência foi a criação dos testes psicológicos. No âmbito escolar seguia-se a mesma temática, o intuito era classificar e segregar os alunos com a aplicação do psicodiagnóstico e avaliações psicológicas, com o pretexto de que poderiam atrapalhar o rendimento dos demais que não apresentavam alguma dificuldade. No Brasil, a partir dos anos 80, com o desenvolvimento da ciência psicológica, foi-se questionando este papel classificatório da Psicologia (CRUCES, 2003).
Desde então, diversas mudanças ocorreram e o objetivo do psicólogo escolar deixou de ser a atuação clínica e classificatória passando a ter foco na promoção da qualidade e eficiência do processo educacional, construindo estratégias de intervenção que visam a promoção da saúde e bem-estar dos sujeitos (ARAÚJO, 2003; CORRÊA; SILVEIRA; ABAID, 2012).
Considerando o cenário de desenvolvimento e mudanças desta área de atuação, levantou-se a questão de como se dá a prestação do serviço do profissional de psicologia escolar no âmbito universitário.
A Psicologia e a Educação
Na produção de Antunes (2008, p. 469), a Educação é entendida como sendo
[…] prática social humanizadora, intencional, cuja finalidade é transmitir a cultura construída historicamente pela humanidade. O homem não nasce humanizado, mas torna-se humano por seu pertencimento ao mundo histórico-social e pela incorporação desse mundo em si mesmo, processo este para o qual concorre a educação. A historicidade e a sociabilidade são constitutivas do ser humano; a educação é, nesse processo, determinada e determinante.
A escola nada mais é do que o “[…] lócus de produção/socialização/apropriação de conhecimentos historicamente produzidos […]” os quais são de extrema importância na mediação com a realidade na qual a pessoa está inserida (ZANELLA, 2003, p. 69). É construção e produto desta realidade, portanto, a escola acompanha o desenvolvimento da sociedade, o que pode ser percebido na mudança adotada no que diz respeito à população que tem acesso a ela. A princípio a escola era destinada a uma pequena parcela da população, a parte privilegiada da sociedade; já atualmente, é defendida a democratização da educação e seu papel importante e necessário para “o estabelecimento da cidadania a todos” (ANTUNES, 470), sendo assegurado a todos o direito à educação.
É sabido que a Psicologia entrou no âmbito escolar com enfoque clínico, individualizado, diagnosticando os alunos problemáticos (ANTUNES, 2008; AZEVEDO, 2000; CORREIA; VARGAS, 2009; SANTOS; TOASSA, 2015). No Brasil, em 1985, homologou-se a lei nº 7348, a qual garantia a presença do psicólogo na escola com finalidade de atender a demanda de baixa renda para um atendimento especializado (CAMPOS; JUCA, 2003), percebe-se que predominava a visão clínica e remediativa dentro do contexto educacional. Esta postura diagnóstica condizia com a visão de educação dá época, além da ainda postura positivista e de “saúde x doença” da Psicologia.
Entendia-se que se o aluno não acompanhava o ritmo da sala, apresentava dificuldade de aprendizagem, o problema era no e do aluno e familiares. Sendo assim, eram classificados, taxados e até segregados da turma, com intuito de serem devolvidos “melhor ajustados” ao contexto (ANDALÓ, 1984). Essa postura pautava-se na ideia de que as atividades de ensino e aprendizagem eram responsabilidade do professor, já o psicólogo era responsável pelas atividades voltadas para aqueles que apresentavam comportamentos destoantes do restante da turma (AZEVEDO, 2000). No entanto, com o passar dos anos, e o desenvolvimento da sociedade, da ciência psicológica e das necessidades educacionais, começou-se a perceber e entender o aluno de forma diferente. Adotou-se a visão do discente como ser ativo e coautor da construção do seu conhecimento, sendo a escola a mediadora do processo de aprendizagem (PAIM; NODARI, 2012); e os problemas de aprendizagem passaram a ser entendidos como responsabilidade de todos os atores do processo educativo. Com isso, notou-se a necessidade de uma inter-relação sadia dentro dos espaços escolares. E, é nesta inter-relação que o psicólogo escolar atua.
Desde então, a Psicologia Escolar mudou o foco, passando a questionar a visão individualista e a adotar um atendimento coletivo, utilizando de pesquisas e práticas em todo contexto escolar. Com essas mudanças, o objetivo do psicólogo escolar deixou de ser a atuação clínica e classificatória passando a ter foco na promoção da qualidade e eficiência do processo educacional, construindo estratégias de intervenção que visam à promoção da saúde e bem-estar dos sujeitos (ARAÚJO, 2003; CORRÊA; SILVEIRA; ABAID, 2012).
O profissional de Psicologia Escolar deixou de ser responsável apenas pelos “alunos problemas” da escola, e passou a atuar de maneira preventiva e promotora da aprendizagem, do desenvolvimento global e bem-estar no contexto educacional (BATISTA, 1995 apud AZEVEDO, 2000), e sempre de maneira que acarrete benefícios coletivos. Para Patto (1981 apud AZEVEDO, 2000), esta atuação educacional, e não mais clínica, do psicólogo se caracteriza pela aplicação dos conhecimentos da Psicologia do Desenvolvimento Humano e da Aprendizagem, junto às propostas pedagógicas dos professores e da escola, com objetivo de aumentar a qualidade e eficiência do ensino.
Segundo a Resolução nº 013/2007 (CFP, 2007), o Psicólogo Escolar/Educacional se caracteriza por atuar
no âmbito da educação formal realizando pesquisas, diagnóstico e intervenção preventiva ou corretiva em grupo e individualmente. Envolve, em sua análise e intervenção, todos os segmentos do sistema educacional que participam do processo de ensino-aprendizagem […] Realiza seu trabalho em equipe interdisciplinar, integrando seus conhecimentos àqueles dos demais profissionais da educação.
Ressalta-se que o profissional de Psicologia Escolar deve atuar com todos os atores do contexto educativo, de alunos a corpo técnico-administrativo. Porém, como salienta Meira (2000 apud LESSA; FACCI, 2009, p. 6), “a Psicologia Escolar ficou reduzida à psicologia do escolar, ou seja, as questões escolares são direcionadas ao aluno sem ter um aprofundamento e nem comprometimento com as questões fundamentais da Educação”, fato este que contrapõem o real objetivo da Psicologia escolar, e compromete o alcance de resultados positivos voltados para a totalidade da realidade escolar.
Quanto à interdisciplinaridade da atuação, Antunes (2000, p. 474) diz que
[…] a ação do psicólogo escolar deve pautar-se no domínio do referencial teórico da psicologia necessário à educação, mediatizado necessariamente por conhecimentos que são próprios do campo educativo e das áreas de conhecimento correlatas. O próprio referencial teórico que aqui defendemos implica o trânsito por outros saberes (totalidade). Daí, a necessidade de superação das práticas tradicionais do psicólogo escolar, muitas vezes pautadas ainda numa perspectiva, nem sempre consciente ou assumida, de ação clínicoterapêutica.
Para tal, é necessário que o psicólogo se entenda e seja entendido como “ator coadjuvante” no processo educativo. Seu objetivo é, por meio de orientações, promover e potencializar a capacidade reflexiva dos membros da equipe (ULUP; BARBOSA, 2012) para que assim possam, juntos, resolver as questões de maneira mais assertiva e contextualizada possível.
Na última década a psicologia escolar vem crescendo cada vez mais e aumentando os locais de atuação. E hoje podemos observar que ela está inserida em vários lugares: nas creches, cursos de línguas, escolas de medidas socioeducativas, orfanatos, serviços públicos de educação e saúde, empresas de pesquisas e outros, todos com intuitos educativos; além de outras modalidades de ensino como a Educação para Jovens e Adultos (EJA), e educação superior (BISINOTO; MARINHO-ARAUJO, 2014; MARINHO-ARAUJO, 2009, 2O10, 2014a, 2014b; MARINHO-ARAUJO; ALMEIDA, 2005 apud MARINHO-ARAUJO, 2016).
Contexto educacional universitário
A universidade ao longo da história vem cumprindo determinados papéis em consonância com a história e com o desenvolvimento social e político dos países em que se localizam, uma vez que sua origem advém das necessidades desta sociedade e com ela sofre transformações. (COELHO, 1980b apud FERREIRA, 2009).
A autora ainda afirma que:
a universidade, ao exercer papéis fundamentais na e para a sociedade, não é uma instituição isolada. Ela foi sendo constituída historicamente no contexto do campo cientifico e educacional, articulando-se, todavia, a uma realidade concreta, situada no tempo e espaço, integrada às instituições com as quais relaciona, aos valores vigentes da sociedade em que está inserida (FERREIRA, 2009).
A primeira academia nomeada como universidade no Brasil foi a Universidade do Rio de Janeiro, em meados do ano de 1920. Por volta de 1934 e 1935, foi criada a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade do Distrito Federal (UDF). Entretanto, foi somente no ano de 1964 e 1982 durante a ditadura militar, que a formação da universidade brasileira ganhou impulso, conforme cita Cunha (2000, p. 178, apud Ferreira, 2009). Neste período, a discussão surgia em relação ao papel da universidade no processo de democratização.
Historicamente, o acesso ao ensino superior sempre contou com dificuldades, como por exemplo, a expansão das universidades privadas ofertando um ensino de má qualidade em comparação a rede pública, como cita (GUIMARÃES, 2003). Neste aspecto ainda segundo o autor, deve-se considerar também o alto custo da formação nas instituições privadas, a distribuição e ocupação de vagas das universidades púbicas e gratuitas e também, a desvalorização e inferiorização com a população de classe baixa e a população negra, como exemplifica:
como disse Santos (1985), os jovens negros, para titularem-se, tinham de recorrer à rede particular de ensino superior, obtendo diplomas desvalorizados no mercado de trabalho, que acentuavam ainda mais a discriminação racial de que eram vítimas, (…) as provas de exame vestibular para o ingresso nas universidades públicas passaram a ser realizadas, portanto, num contexto de grande desigualdade de formação, motivada principalmente pela renda familiar. Jovens de classe média e alta, que podiam cursar as melhores e mais caras escolas elementares e de 2o grau, praticamente abocanhavam todas as vagas disponíveis (SANTOS, 1985 apud GUIMARÃES, 2003).
A democratização do ensino superior é também evidenciada como um processo mutável ao longo dos anos e desenvolvido de acordo com as intenções dos representantes do País. Gomes (2008, apud Ferreira 2009) faz uma correlação entre o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) e Lula da Silva (2003 a 2008) em que, a educação superior no governo de FHC ocorreu devido à expansão das IES privadas, a competitividade pelas IES por meio de avaliação e o corte no financiamento das mesmas. Já no governo Lula, inicialmente a expansão foi referente ao ProUni, políticas de cotas, criação de novas IES e instalação de campi para cidades de médio porte.
Com tudo, pode-se considerar que os egressos nas instituições de nível superior devido aos programas desenvolvidos e às reivindicações das diversas classes da população interessada a uma formação acadêmica, faz com que as universidades estejam preparadas para acolher e formar de forma integral o indivíduo. Assim, como explicitado na obra de Santana, Pereira e Rodrigues (2014), a proposta de democratização das Instituições de Ensino Superior trouxe para esse contexto um aluno “novo”, oriundo de um “segmento social que até recentemente não tinha acesso a esse nível de educação” (p. 230), e isso gera desafios no contexto escolar. Pois, entende-se que essa democratização não acontece apenas com a ampliação de vagas, ela também deve acontecer de forma a assegurar a permanência efetiva do aluno, considerando todos os fatores que influenciam neste processo educativo.
Dado o exposto acima, ressalta-se a relevância da atuação do psicólogo escolar no que diz respeito à promoção da adaptação do aluno à universidade e da universidade em relação ao aluno.
Segundo Mitjáns Martinez (2007 apud SANTANA; PEREIRA; RODRIGUES, 2014, p. 232)
[…] o papel desse profissional pode se expressar de diferentes formas, contribuindo com a adequação das políticas às condições da instituição, com a identificação e superação de obstáculos ao processo de mudanças e com o esclarecimento e o envolvimento dos diversos atores em busca de melhorias no processo educativo. Tais ações atendem às demandas que se colocam na atualidade da Educação Superior.
O Psicólogo escolar e as Instituições de Ensino Superior
Sintetizando os apontamentos de algumas autoras, onde ambas descrevem a respeito das funções e importância do Psicólogo Escolar, e o mesmo no Ensino Superior, destacam-se as considerações de Vargas e Correia (2009), que enquadram 33 funções para o psicólogo escolar, e as considerações de Marinho-Araújo (2009), que descreve algumas práticas do psicólogo escolar em Instituições de Ensino Superior (IES).
Segundo Marinho-Araújo (2009), as ações coletivas, ou seja, algumas das práticas do psicólogo escolar, igualmente possíveis no âmbito do ensino superior, redefinem-se de acordo com os contextos, tempos e espaços, levando em consideração os sujeitos, suas características pessoais e profissionais ao longo da prática psicológica.
As ações, pontua a autora, não são etapas hierarquizadas ou sequencias de prioridades, são elas:
O Mapeamento Institucional
Para melhor compreensão da realidade, o mapeamento e a análise dos contextos precisam ser indispensáveis. Não devem ser apenas uma ação inicial, e sim, acompanhar todas as outras atuações do psicólogo escolar ao longo do ano letivo. Esta etapa leva a direcionamentos revisados do planejamento e da atuação coletiva na prática dos psicólogos. (MARINHO-ARAÚJO, 2009)
A autora sugere como exemplo para a realização do mapeamento, a análise histórica, econômica, política, geográfica e social na qual estão inseridos instituições e participantes. Inclui a análise documental para verificar as normas estabelecidas e a realidade das práticas educativas, como também as observações institucionais para orientar as participações no currículo, e as práticas pedagógicas. Ressalta que a atuação pode se dar de diversas formas: entrevistas, conversas informais com os participantes, trabalhos e projetos com equipes multiprofissionais, elaboração de assessorias e formação continuada aos profissionais, parceria com programas ou instituições para atendimento multiprofissional.
Vargas e Correia (2009) citam esta prática como uma das funções do psicólogo escolar: o conhecimento da realidade da escola brasileira, as dimensões psicossociais de comunidades e indivíduos situados historicamente; as redes de apoio, e a dinâmica dos movimentos sociais presentes em determinados espaços.
Escuta Psicológica
Faz-se necessário que o psicólogo desenvolva e crie estratégias de escuta psicológica do que diz respeito à instituição para compreender as relações em seus aspectos mais subjetivos. Essa escuta não se caracteriza pelo modelo criticado na literatura sobre Psicologia Escolar, reduzida ao aspecto “saúde-doença”. Ao trabalhar com a escuta psicológica no contexto escolar, o psicólogo se envolve com a situação de ouvir e compreender as demandas, investigando-as e questionando-as. A escuta psicológica direciona para uma intervenção proposital com as ferramentas teóricas disponibilizadas pela ciência psicológica (MARINHO-ARAÚJO, 2009).
As autoras Vargas e Correia (2009), também concordam que é função do Psicólogo escolar: considerar a subjetividade no contexto institucional diferenciando-a do atendimento clínico e mediar o conhecimento da ciência psicológica.
Gestão de Políticas, Programas e Processos Educacionais
Neste tópico, Marinho-Araújo (2009, p. 207), relata que o psicólogo escolar pode assessorar diferentes ações relacionadas à gestão institucional.
Essas ações poderiam ir desde a elaboração do Projeto de Desenvolvimento Institucional e do Projeto Pedagógico Institucional até o acompanhamento dos procedimentos avaliativos, fazendo parte da Comissão Própria de Avaliação prevista no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) (Brasil, 2004), colaborando no planejamento e execução da autoavaliação institucional.
Ainda segundo a autora, dependendo da natureza administrativa da IES, e suas características, a Psicologia Escolar pode até acompanhar os programas e projetos educacionais, e também poderá participar, acompanhar ou coordenar algumas ações como: processo de gestão, compromisso social, acolhimento aos calouros, a ambientação de novos docentes e funcionários, a definição e reformulação dos perfis profissionais e de funcionários, os programas de formação continuada para docentes, entre outras. Como metodologia para tais ações da Psicologia Escolar nas IES, reforça-se a utilização dos instrumentos de observação, e análise dos contextos e das relações subjetivas.
Propostas Pedagógicas e Funcionamento de Cursos
Nesta proposta de atuação, o psicólogo escolar pode contribuir com a análise das diretrizes e parâmetros curriculares (MARINHO-ARAUJO 2009).
É função do Psicólogo Escolar “atuar junto com a equipe pedagógica para auxiliar na concretização das finalidades da educação (PNE, LDB, PCN e RCN, entre outros)” (VARGAS E CORREIA 2009). Também junto aos coordenadores, analisar os Projetos Pedagógicos dos Cursos, buscando assessorar nos processos de desenvolvimento de competências para o corpo docente e discente como também na organização do currículo ampliado.
Perfil do Estudante
É importante que o Psicólogo reconheça a necessidade do acolhimento às questões individuais e afetivas, não reduzindo sua atuação a esta demanda (VARGAS E CORREIA 2009).
Conforme Marinho-Araújo (2009), mesmo que o psicólogo escolar possa desenvolver espaços para escuta dessas demandas estudantis, elas precisam ser contextualizadas, analisadas e discutidas com o discente, considerando as características do ensino superior, as especificidades de cada curso, a história de vida do estudante e as relações intersubjetivas. Acreditando em um processo de conscientização do estudante acerca de suas potencialidades e competências.
Considerando a relação instituição-estudante,
o psicólogo escolar poderia assessorar processos de coordenação e gestão pedagógica quanto ao acompanhamento dos desenhos curriculares e metodológicos, a partir de análises acerca do impacto da educação superior no perfil esperado e nas competências desenvolvidas. Assim, os percursos acadêmicos dos estudantes, suas escolhas, avanços e dificuldades poderiam ser analisados à luz do empenho e compromisso da instituição com uma formação de qualidade, da permanência de todos os estudantes com dignidade e da busca constante pelo sucesso acadêmico (MARINHO-ARAUJO 2009, p. 208).
Marinho-Araújo alerta que, como todas ações e atividades da Psicologia Escolar, essas também devem ser antecipadamente discutidas, explicadas e negociadas com os gestores e demais profissionais das IES.
Considerações finais
Este artigo pretendeu relatar o papel do psicólogo escolar no contexto universitário. Considerando que as universidades estão inseridas em uma dada sociedade, é importante ressaltar que o contexto acadêmico sofre transformações contínuas e com isso, deve estar preparado para oferecer novos cursos, acolher uma nova clientela além de proporcionar uma formação de qualidade.
De acordo com a literatura consultada para a realização deste artigo, pôde-se verificar a escassez de dados referentes a este tema, abordando a importância do psicólogo escolar frente às diversidades, demandas e transformações sociais, uma vez que este campo também lida com questões de professores, alunos, familiares e todo o entorno, além de aspectos individuais, como por exemplo, o desenvolvimento acadêmico do aluno e sua opção de graduação.
Com isso, o profissional de psicologia escolar se faz necessário nas universidades, pois ele será capaz de fornecer subsídios para atender de maneira integral os indivíduos, promovendo bem-estar para os membros da instituição e uma qualidade educacional.
Referências
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Autores
Camila Fernanda de Lima Costa: Graduanda em Psicologia- Centro Universitário Salesiano de São Paulo- U.E. Lorena. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Beatriz Cândida Bustamante: Graduanda em Psicologia- Centro Universitário Salesiano de São Paulo- U.E. Lorena. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Larianne Krisley Prado da Silva: Graduanda em Psicologia- Centro Universitário Salesiano de São Paulo- U.E. Lorena. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Angélica Müller Soares: Graduanda em Psicologia- Centro Universitário Salesiano de São Paulo- U.E. Lorena. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Soraya Viana da Silva Costa: Formada em Letras pelo Centro Universitário de Lavras- MG. Pós-graduada na área da Educação pela Universidade de Nova Iguaçu-RJ. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Antonia Cristina Peluso de Azevedo: Doutora em Psicologia Escolar pela Pontifícia Universidade Católicas de Campinas. Coordenadora do Serviço de Psicologia Aplicada do Centro UNISAL – U.E. de Lorena. Criadora e responsável geral pelo Núcleo Psicopedagógico de Diagnóstico e Intervenção e pela brinquedoteca Psicopedagógica do Serviço de Psicologia Aplicada do curso de Psicologia, Centro Unisal de Lorena. Professora titular do Centro Unisal de Lorena.