Conhecimentos e práticas sobre prevenção em AIDS
Esse artigo visa apreender as crenças sobre preservativo e Aids de homens que fazem sexo com homens, residentes na microrregião de Suape/PE. A amostra foi composta por 200 homens que se autorreferiam como HSH, com média de idade de 26 anos.
Resumo
Esse artigo visa apreender as crenças sobre preservativo e Aids de homens que fazem sexo com homens, residentes na microrregião de Suape/PE. A amostra foi composta por 200 homens que se autorreferiam como HSH, com média de idade de 26 anos. O instrumento utilizado foi um roteiro estruturado em módulos temáticos, que variavam em número de perguntas. Os dados foram analisados através de estatística descritiva e processados no Software SPSS (Versão 18). Quando perguntados se consideravam o preservativo eficiente 82% concordou, quando perguntados se o preservativo era seguro 44% concordaram enquanto que 39% discordaram, ao serem questionados se eram capazes de usar o preservativo com todos os parceiros sexuais 85,5% afirmou que sim, que se sentia capaz. Perguntamos também qual era a chance deles de contrair Aids, 29,3% afirmaram ter pouca chance, 27,3% disseram ter muita chance de contrair AIDS, 24,7% disseram não ter nenhuma chance e 18,6% média. Ao serem questionados se alguma vez sentiram que poderiam ter sido infectados, 55,1% disseram ter sentido essa sensação poucas vezes, 37,2% disse que não, 5,6% muitas vezes e 2% apenas disse sentir-se assim sempre.O que se pode concluir a partir dos resultados apresentados é que existe uma certa contradição entre as crenças a cerca da eficiência e segurança do preservativo bem como um sentimento de invulnerabilidade. Por este motivo, considera-se relevante continuar investindo no desenvolvimento de formas diferenciadas e inovadoras de abordar essa população e construção de políticas públicas e intervenções mais adequadas, que abarque a sua diversidade em todos os níveis.
Palavras-chave:Preservativo, Aids, homens que fazem sexo com homens
Introdução
A Aids surge no Brasil e no mundo como uma epidemia de grande impacto, não apenas pelas estatísticas alarmantes, mas por sua dimensão político-cultural, constituindo-se num fenômeno social, despertando o interesse tanto de cientistas como da população em geral.
Um jornal francês (Le Figaro) destacou, por exemplo, em uma matéria publicada em 30 de outubro de 1985, que “A Aids é a primeira doença da mídia”, aludindo a um dos aspectos mais marcantes da epidemia da Aids − sua ampla difusão no mundo pelos meios de comunicação de massa − e sua construção como um fenômeno social. Para além de uma doença ou de uma epidemia, a Aids tornou-se um fenômeno social marcado por avanço tecnológico no campo das pesquisas médicas, pelo ativismo social e por uma impressionante dimensão midiática (SPINK, MEDRADO, MENEGON, LYRA, LIMA, 2001).
Nas palavras de Claudine Herzlich e Janine Pierret (1992):
(…) a imprensa fez com que a Aids circulasse entre diversos grupos sociais que pouco a pouco se consideraram afetados e se mobilizaram; ela polarizou as relações que se teciam a seu respeito. Através dela, a doença tornou-se objeto de tomadas de posição, de enfrentamentos, de clivagens coletivas (p. 9).
Assim, para além de uma enfermidade biomédica, a Aids se configurou, assim, como um dispositivo, a partir do qual foi possível abrir um amplo e público debate sobre sexualidade e direitos.
Em seu início, a epidemia de AIDS foi considerada “peste gay”, por atingir principalmente homens que fazem sexo com homens (HSH),[1] o que ocasionou (ou ampliou) uma grande onda de preconceito e discriminação contra este seguimento (PARKER, 2000).
Passadas mais de três década, a associação entre Aids e homossexualidade ainda é muito forte (TERTO JR, 2002). Todavia, segundo estudo recente (BRASIL, 2010), a população de HSH (que inclui tanto os que se definem como homossexuais como aqueles que mantém práticas sexuais com outros homens, mas não se definem como homossexuais) está entre as que mais praticam o sexo seguro e possuem maior informação sobre DST/Aids, o que tem colaborado para a estabilização do número de infectados nesta população em relação aos heterossexuais. Segundo Terto Junior (2002), o que estudos como este nos mostram é que a transmissão heterossexual nos últimos anos tem apontado um aumento considerável no número de casos, ao mesmo tempo em que apontam para uma tendência à diminuição do número de casos entre os homossexuais.
Segundo o Ministério da Saúde (2010), de acordo com os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a epidemia de Aids no país é concentrada. Enquanto a taxa de prevalência do HIV na população geral é estimada em 0,6%, as estimativas de prevalência nos grupos de HSH, profissionais do sexo e usuários de drogas ultrapassam é de 5%.
Nesse contexto, estudar subgrupos populacionais, tal como de HSH, torna-se necessário para compreender a dinâmica da epidemia no Brasil e, consequentemente, desenvolver estratégias de prevenção mais adequadas para esses grupos populacionais, especialmente no que se refere à qualidade da assistência em saúde.
Como adverte Marques (2003), a noção de “grupos de risco” foi utilizada inicialmente por não se ter tanto conhecimento da forma de infecção. Esse desconhecimento culminou na (re)produção de estereótipos e preconceitos frente aos subgrupos populacionais que se infectaram em maior escala nos primeiros anos. No entanto ao se trabalhar com essa noção de “grupos de risco”, acabou-se por criar na população geral um sentimento de invulnerabilidade, ou seja, criou-se uma falsa segurança de que se não fizesse parte dos grupos ditos de risco não existiria a possibilidade de infecção pelo vírus (MARQUES, 2003).
Como supracitado, com o advento da Aids a população de HSH foi uma das mais diretamente “afetadas” (tomando “afeto” num amplo sentido) , tanto por ter sido um dos primeiros grupos a se infectar, como pelo estigma e preconceito potencializados por essas primeiras notificações de infecção por HIV. Dessa forma, acabou por constituir-se num grupo vulnerável. Por outro lado, estes foram também os primeiros a se movimentarem, a fim de criar formas de combate à epidemia a partir da criação de organizações não-governamentais e também dos primeiros manuais de prevenção e outros produtos e estratégias socio-educativas, com vista ao estímulo de medidas preventivas e à redução de vulnerabilidades (TERTO JR, 2002).
Segundo Barbosa Jr. et. al. (2009), talvez esse engajamento seja o responsável por num primeiro momento ter-se um crescente aumento na incidência nessa população e posteriormente, tendência de ligeiro declínio, embora permanecendo mais elevada do que da população geral. Esse declínio pode estar associado à maior adesão à prática de sexo mais seguro entre os HSH, quando comparada a da população masculina em geral.
Essa tendência à diminuição do número de casos entre os HSH e o aumento na população heterossexual, acabou por deslocar as políticas públicas específicas do grupo de HSH, já que este deixou de ser foco, no começo dos anos 2000. Na segunda metade desta década, o tema volta a assumir lugar de destaque, especialmente com em 2007 com a publicação do Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de Aids e outras DST entre gays, HSH e Travestis pelo Programa Nacional de DST – Aids (BELOQUI, 2008).
Já para Andrade et. al (2007) mesmo com o elevado grau de informações que os HSH tem sobre a doença e sobre os modos de transmissão, existe uma defasagem entre o conhecimento e a adoção do sexo seguro, que viria a repercutir na manutenção das elevadas taxas de notificação de casos de Aids nesse grupo. Em sua pesquisa constatou que mesmo 73% dos entrevistados não se considerarem como expostos ao risco de contrair HIV, 35% afirmaram não fazer uso do preservativo em todas as relações sexuais. Isso vem a por a prova até que ponto a autoproteção relacionando-se com a vulnerabilidade percebida são suficientes na redução dos novos casos de Aids.
Para Santos (2011) a vulnerabilidade individual é composta por uma dimensão cognitiva e uma comportamental. Os fatores cognitivos estariam ligados ao acesso as informações necessárias sobre HIV/Aids e sexualidade, assim como à rede de serviços disponível para a redução da vulnerabilidade à infecção pelo HIV, enquanto que os fatores comportamentais estariam assentados em características pessoais, como desenvolvimento emocional, percepção de risco e atitudes em relação a este risco, assim como habilidades/capacidades pessoais, como de negociação do sexo seguro e uso correto do preservativo. No entanto o mesmo ressalta que essa vulnerabilidade se dá também no plano relacional e programático que envolve as políticas públicas que vise reduzir essa vulnerabilidade individual.
Os homens que fazem sexo com homens (HSH) nos números sobre a Epidemia
Em Pernambuco, nesse mesmo período, foram notificados 21.443 casos com taxa de incidência de 18,8 por 100.000 habitantes, figurando como o 13º estado da federação em 2011 e 8º em 2010 com uma taxa de incidência de 19,5 no número de casos de AIDS, sendo o 1º da região Nordeste no ano de 2011. Quanto as capitais, Recife figura em 8º em 2011 com uma taxa de 35,5 e 7º em 2010 com taxa de 39,3 (BRASIL, 2012).
No que diz respeito ao “ranking” da taxa de incidência de casos de AIDS dos 20 Municípios com mais de 50 mil habitantes por região de residência, os municípios que integram a Microrregião de Suape, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, figuram nos primeiros lugares nos dois últimos anos quanto aos municípios da região Nordeste.
A taxa de incidência do Cabo de Santo Agostinho em 2011 foi de 37,9 figurando na segunda posição no ranking, em 2010 foi 4º com taxa de 33, em 2009 ficou na 2ª posição com uma taxa de 40,2 e em 2008 foi 5º com taxa de 30,9.
Ipojuca foi 3º no ano de 2011 com uma taxa de 37,7, 3º também em 2010 com taxa de 33, 9º em 2009 com taxa de 25,2 e 1º em 2008 com taxa de 41,9. O município de Recife também esteve em os 4 primeiros lugares no período de 2008 a 2011, sendo o 1º do ranking em 2010 com taxa de 39,3.
Entre os 20 municípios do Nordeste com maiores taxas de incidência nove deles estão localizados em Pernambuco e 8 deles compõem a Região Metropolitana do Recife, são eles: Recife, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Paulista, Igarassu, Olinda, Abreu e Lima e Jaboatão dos Guararapes. Escada é o único da lista que não faz parte da Grande Recife (BRASIL, 2012).
Alguns indicadores sociais da região
Entre 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Cabo de Santo Agostinho cresceu 12,22%, passando de 0,630 para 0,707. Não obstante, ainda que a renda per capita média do município tenha crescido 31,96% e a pobreza diminuído 10,23% (passando de 56,4%, em 1991, para 50,7%, em 2000) a desigualdade cresceu: o Índice de Gini passou de 0,51, em 1991, para 0,57, em 2000 (PNUD, 2003).
Entre 1991 e 2000, o hiato de desenvolvimento humano do Cabo foi reduzido em 20,8%. Conforme o Atlas, se mantiver esta taxa de crescimento do IDH-M, o município do Cabo levaria 19,7 anos para alcançar São Caetano do Sul (SP), o município com o melhor IDH-M do Brasil (0,919) em 2000. Segundo a classificação do PNUD, o município está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8), ocupando a 2869ª posição entre os municípios do Brasil. Em relação aos outros municípios do Estado, Cabo de Santo Agostinho ocupa a 16ª posição (PNUD, 2003).
Certamente a melhoria da qualidade de vida revelada nos indicadores deve-se aos investimentos no âmbito das políticas sociais públicas realizadas nos municípios. Vale lembrar que a Constituição de 1988, redesenhou o papel do município e deu densidade a sua escolha no campo das políticas sociais, definindo o espaço municipal como central na definição das políticas públicas. Portanto, ao exigir uma nova postura no campo propositivo, os municípios têm ensaiado formas de trabalhar com as problemáticas sociais.
Porém, no caso dos municípios, em especial, novas e significativas problemáticas sociais serão adensadas às já existentes como resultantes dos impactos sociais decorrentes do desenvolvimento industrial na região.
Por exemplo, pesquisa coordenada por Lilia Schraiber (2001) comparou a realidade de São Paulo e da Zona da Mata Pernambucana referente à violência de gênero. Segundo esta pesquisa, 27% das mulheres de São Paulo que responderam à pesquisa afirmaram que foram vítimas da violência em casa, sendo que 10% foram obrigadas a manter relações sexuais. Na Zona da Mata Pernambucana, os índices chegaram a 34% e 14%, respectivamente.
O grande desafio que se faz presente é o de como conciliar o crescimento econômico com o desenvolvimento social da região, pois além de empregos e geração de renda para a população local, investimentos desta natureza podem contribuir para a melhoria de vida das pessoas, mas podem também agravar problemas remanescentes.
Para ilustrar, em curto e médio prazo, destacamos a necessidade de alojar uma força de trabalho temporária, que mobilizará até o final das obras de infra-estrutura e montagem, mais de 50.000 homens. O aumento da força de trabalho masculina e da migração e deslocamento das populações circunvizinhas, favorece em grande medida, o recrudescimento da exploração e abuso sexual na região, principalmente no entorno das praias mais frequentadas, como Gaibu no Cabo de Santo Agostinho. Aliada a essa situação, é perceptível o agravamento da violência urbana no Cabo, que figura entre os municípios mais violentos de Pernambuco, segundo a Secretaria de Defesa Social – SDS. A criminalidade tem se intensificado pela ação criminosa de grupos de extermínio, tráfico de drogas, especialmente o crack, assaltos a mão armada, latrocínios entre outras.
Assim, um dos aspectos, que merece atenção são as possíveis tensões e conflitos entre a população que já existe na região e esses operários (expressiva maioria de homens) que chegarão atraídos pela promessa de emprego e melhoria de vida. Esse encontro será certamente marcado por uma série de construções sociais de gênero, sexualidade, classe, raça, escolaridade, idade, poder econômico e territorialidade/regionalidade.
Em linhas gerais, partimos do pressuposto que, para propor ações estruturais de desenvolvimento social, neste contexto, é de fundamental importância identificar conhecimentos e práticas sobre prevenção de AIDS das populações locais mais vulneráveis, entre elas a população de Homens que fazem sexo com Homens.
Método
Tipo de estudo
A presente pesquisa, de natureza quantitativa, pode ser definida como um estudo epidemiológico descritivo, do tipo transversal, estratégia metodológica geralmente recomendada para descrever características das populações no que diz respeito a determinadas variáveis e os seus padrões de distribuição.
Lócus da pesquisa
Como dito anteriormente, a pesquisa situou-se em Cabo de Santo Agostinho, um dos municípios que fazem parte da microrregião de Suape, na Região Metropolitana do Recife, com população estimada em cerca de 185.123 habitantes, conforme os dados do Censo 2010 (IBGE, 2010).
Em relação à epidemia de Aids no município do Cabo, produzimos o gráfico a seguir a partir de tabulação de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde[2]
Gráfico 01: Frequência de casos de Aids na cidade de Cabo de Santo Agostinho (1980-2012) segundo sexo e ano de diagnóstico.
Conforme ilustra este gráfico, os primeiros dois casos de Aids foram notificados em 1991 e, desde então, esta curva tem crescido, mantendo-se em geral uma incidência e prevalência maior entre homens.
Não identificamos números específicos relativos à população de HSH, porém, em termos de forma de infecção, por via sexual homossexual, produzimos o gráfico a seguir, a partir do qual é possível identificar um crescimento expressivo do número de casos de Aids notificados, entre 2009 e 2011, período que corresponde ao momento de intensificação das grandes obras na Região e que marca inclusive uma redução do número de casos de Aids entre homossexuais na Região Metropolitana.
Gráfico 02: Frequência de casos de Aids entre homossexuais, na cidade de Cabo de Santo Agostinho, segundo ano de diagnóstico (1980-2012).
Procedimentos
Instrumento
O roteiro que orientou a realização das entrevistas (ver Apêndice 01) foi elaborado a partir de diferentes instrumentos, de modo a incluir as seguintes informações:
- características sócio-demográficas dos participantes: itens que permitam obter informações gerais sobre os entrevistados, como por exemplo: idade, raça-etnia, escolaridade, status conjugal, tipo de arranjo domiciliar, origem, trabalho, renda familiar, religiosidade, dentre outros.
- informações sobre Práticas Sexuais e Vulnerabilidade à Aids: Elaborado a partir de instrumento de Antunes (2005), que contem 35 itens, incluindo informações sobre: 1. Prática Sexual (número de parceiros fixos e casuais, uso de preservativo, frequência de práticas sexuais); 2. Negociação de sexo mais seguro (dificuldades em negociar); 3. Motivos para não utilizar o preservativo (motivos para interromper o uso, dificuldades em utilizar o preservativo, motivos da não utilização); 4. Percepção de risco pessoal de contrair Aids; 5. Crença na Eficácia das medidas de prevenção (percepção de eficácia do preservativo); 6.Auto-eficácia: auto-percepção de que e capaz de proteger-se, manutenção de praticas mais seguras); 7. Drogas (uso de drogas antes ou durante a relação sexual; 8. Realização do Teste HIV; 9. Canais de informação sobre a Aids.
Espaços de realização da coleta de dados
Antes da coleta de dados propriamente dita, fomos ao município de Cabo de Santo Agostinho afim de identificar os locais de lazer e sociabilidade, denominados de “concentração” de homens que fazem sexo com outros homens na região. Estes locais foram indicados por lideranças do movimento LGBT de Recife, que integram o Fórum LGBT de Pernambuco e que moram e/ou frequentam aquela região. A partir dessas informações, identificamos dois espaços que nos pareceram estratégicos: os bares que ficam ao lado do “Mercadão” (Figura 01 a seguir e Número 3 no mapa ilustrado na próxima página) localizado na região central do Cabo de Santo Agostinho e a praça da paria de Gaibu (Figura 02 a seguir e Número 1 no mapa ilustrado na próxima página) distrito que faz parte do Cabo de santo Agostinho.


Porém com o início da coleta percebeu-se que na verdade esses ambientes eram de “concentração” de HSH, no entanto não eram considerados e/ou exclusivos da referida população. Dessa forma, observamos que esses homens considerados HSH circulavam por vários ambientes, o que culminou no aparecimento de mais alguns lugares, nos quais a realização das entrevistas tornou-se possível. São eles a rua principal próxima a praça na praia de Gaibu, um “Pagodão” localizado nessa rua principal (Número 2 no mapa) o Festival Regional de Quadrilhas Juninas (Número 4 no mapa) que estava acontecendo no período da coleta em Cabo de Santo Agostinho e que foi indicado pelos entrevistados como lugar com uma grande concentração de HSH.
Figura 03: Localização aproximada dos lugares onde foi realizada a Pesquisa de campo ( 1 = Praça de Gaibu, 2 = “Pagodão”, 3 = “Mercadão” e 4 = Parque das quadrilhas).
Seleção definitiva da amostra
Foram considerados aptos a participar da pesquisa como foi dito anteriormente homens que se auto referiam como homens que fazem sexo com outros homens,[3] que tivesse tido relação sexual e/ou afetiva, de preferência nos últimos seis meses, com idade acima de 18 anos e que morassem, trabalhassem ou circulassem pela região do Cabo de Santo Agostinho, com frequência. Atendendo a estas especificidades foi realizado um total de 200 entrevistas.
Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de um roteiro estruturado com 74 questões, divididos em 5 blocos temáticos: 1) dados sócio-demográficos; 2) sexo, orientação sexual, sexualidade e conjugalidade; 3) práticas sexuais e preventivas; 4) acesso aos serviços de saúde e 5) violência. Os participantes foram abordados nos locais citados anteriormente, e perguntados se adequavam-se aos requisitos necessários para participar da pesquisa e se teriam disponibilidade para responder.
Por se tratar de uma pesquisa em locais de lazer e sociabilidade optou-se por realizar as entrevistas nos finais de semana, iniciando nas sextas, à noite e indo até o domingo, pela manhã. A maioria das entrevistas foi realizada entre 20 e 24 horas.
Procedimentos de análise
As entrevistas realizadas foram inicialmente revisadas pelo supervisor de campo, para verificar se o preenchimento estava correto e se os participantes poderiam ser realmente incluídos na amostra definitiva. A base de dados foi, então, gerada usando o software SPSS for Windows (versão 18). Em seguida, deu-se início à digitação dos dados, os quais foram digitados pelo próprio supervisor de campo e autor deste estudo.
Os dados sócio-demográficos foram analisados através de estatística descritiva, com a utilização de medidas de posição (Média, Mediana) e de variabilidade (Desvio Padrão), incluindo-se a descrição da população estudada e distribuição de frequências das variáveis.
Considerações éticas
Este projeto integra uma pesquisa mais ampla, que aborda o tema “homens, gênero e práticas de saúde” e integra o Programa de Pesquisas “Diálogos para o Desenvolvimento Social de Suape”, coordenado pelos Dr. Luis Felipe Rios do Nascimento e Dr. Benedito Medrado, do Departamento de Psicologia e Dra. Juliane Feix Peruzzo do Departamento de Serviço Social da UFPE, o qual foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com seres humanos, sediado na UFPE.
Nossa pesquisa constituiu-se como elemento importante de um dos componente de ação do projeto, motivado pelas primeiras aproximações ao cotidiano das empresas e a recorrente referência tanto a práticas homossexuais como a manifestações homofóbicas entre os funcionários das empresas, gerando a necessidade de conhecermos mais essa população com a qual os operários poderiam se relacionar.
Seguindo padrão geral da pesquisa mais ampla, os participantes foram informados, previamente, a respeito dos objetivos e procedimentos da pesquisa, bem como, da confiabilidade dos dados e do anonimato da sua colaboração. Portanto, foram solicitados aos participantes que lessem e assinassem um Termo de Consentimento Informado, cujo modelo foi elaborado de acordo com a Resolução n°196/96 sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Brasil, 1996).
Resultados
Características sóciodemográficas
Nossa amostra contou com 200 homens, com média de idade de 26 anos e desvio padrão de 7,26. As idades variaram entre 18 e 54 anos. A faixa etária predominante foi entre 18 e 25 anos, correspondendo a 53% dos sujeitos.
Em relação à residência, 88% dos entrevistados informaram residir na cidade do Cabo de Santo Agostinho e 12% em Ipojuca. No que diz respeito à cidade de nascimento, 37,5% disseram ter nascido no Cabo de Santo Agostinho, 21,5% em Recife e 41% em outras cidades, tanto do estado de Pernambuco (25,5%) como de outros estados do Brasil (15,5%). Essa primeira informação indica, de antemão, que embora residam na região de Suape, a maioria dos entrevistados (62,5%) não nasceu naquela região.
Outra importante característica da população de HSH, bem como em outros estudos sobre a situação de saúde da população em geral, é a categoria de raça/cor. Apenas recentemente essa informação foi contemplada na ficha de notificação de casos de AIDS. Sabe-se que há inúmeras variações quando essa informação é obtida através da auto-definição, da mesma forma quando a definição é realizada pelos entrevistadores. Pois, além das questões subjetivas que influenciam essas definições, deve-se considerar também a grande miscigenação de raças do Brasil. Qualquer tentativa de classificação não está isenta de problemas e possíveis questionamentos.
Em relação a sua cor/raça, 44% dos entrevistados se autodefiniram como pardos, 25,5% como brancos, 20,5% como pretos, 4,5% como indígenas e 2,5% como amarelos. Seguindo o padrão de classificação do IBGE, essa amostra apresenta um percentual de negros (pretos + pardos) de 64,5%. Vale ressaltar que, em nossa amostra, os “pretos” (20,5%) representaram um número percentual notavelmente maior do que o encontrado pelo Censo-2010 para a cidade de Cabo de Santo Agostinho (8,89%).
Ao analisar os resultados encontrados nesse quesito, observa-se que a soma das categorias de raça/cor parda e preta representa mais da metade amostra (64,5%), diferentemente do estudo realizado no Sudeste do País, no qual a grande maioria (85%) se classificou como branco (ANTUNES, 2005). As divergências podem estar relacionadas, em parte, pelas diferenças das condições socioeconômicas encontradas na região Sudeste e Nordeste, mas também não se pode deixar de considerar aspectos relativos à colonização com diferentes padrões de imigrantes nas duas regiões, desde o século XVI.
No que diz respeito à religião na qual foram criados a maioria disse ter sido criado nas religiões católica (60%) e evangélica (25%). No entanto, quando questionados sobre a religião que frequentam atualmente, a maioria (51,5%) disse não estar frequentando nenhuma. Já quanto ao nível de religiosidade a maioria (47%) se disse moderadamente religiosos. Em relação à população masculina que reside no Cabo de Santo Agostinho, os dados do Censo 2010 vão na mesma direção apontando que a maioria dos homens residentes professam as religiões católica (39,41%) e evangélica (31,33%) e da mesma forma um número expressivo (25,89%) afirmaram não possuir religião.
Quanto ao nível de instrução, 56% já concluíram o ensino médio e 13,5% estão cursando o nível superior e 10,5% já concluíram o ensino superior. 72,5% deles disse estar exercendo algum tipo de atividade remunerada, e com renda média de R$ 2.124,00. Em relação à co-habitação, mais da metade (59,5%) disse estar morando com familiares e apenas 17,5% disseram morar sozinhos. Essas informações podem ser melhor observadas no quadro a seguir:
Quadro 1: Características sócio-demográficos dos homens que fazem sexo com homens, entrevistados em espaços de homossociabilidade e lazer, no Municípios do Cabo do Santo Agostinho.
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(*) Os números percentuais relacionados as respostas “outros” e “Não Respondeu/Não Sabe” não aparecem na tabela, por não atingirem o índice mínimo de 5% das respostas válidas.
No que se refere às características sócio-demográficas, sabendo das limitações na construção de amostras com a população HSH, acredita-se que foi possível obter uma diversidade razoável, embora algumas tendências e padrões sejam percebidos. Em relação à idade, por exemplo, os resultados obtidos indicam que os HSH mais jovens estão mais representados na amostra, dado semelhante ao encontrado em outras pesquisas com o mesmo recorte populacional (PARKER, 1998; GONDIM, KERR-PONTES, 2000; ANTUNES, 2005; BRIGNOL, 2008; KERR-PONTES, 2009).
As pesquisas realizadas com HSH apontam a dificuldade de muitas vezes acessar pessoas com maior idade para serem entrevistadas. Nesse caminho, Parker (1994) levanta a hipótese de que os HSH nascidos entre as décadas de 1950 e 1960 fizeram parte de um momento histórico de maior repressão, anterior ao surgimento das políticas para homossexuais e das lutas políticas pela visibilidade pública, para além dos assim considerados “guetos”.
Assim, possivelmente, os valores e aspectos socioculturais que marcam/inscrevem a vulnerabilidade dessa população, podem ter interferido na maneira como estes assumem a identidade em relação à sexualidade e consequentemente no acesso a esses indivíduos.
Ainda em relação às características sócio-demográficas, há uma representação expressiva de pessoas mais escolarizadas. Tal aspecto se assemelha a resultados encontrados em vários estudos realizados em grandes centros do Brasil (PARKER, 1998; ANTUNES, 2005; VIEIRA, 2006; BRASIL, 2010).
No que se refere à renda e situação laboral, como dito anteriormente, percebe-se que a maioria das pessoas entrevistadas encontra-se empregada e com uma renda média acima do salário mínimo, porém contando com uma variação grande dentro da amostram, sendo a menor renda de R$ 250,00 e a maior de R$ 15.000,00 (informante que disse ser proprietário de estabelecimento comercial). Essa variabilidade pode ser observada também no estudo de Antunes (2005). Essa renda elevada também pode estar relacionada com o fato da grande maioria dos entrevistados (59,5%) afirmar residir com familiares, pois, ao perguntarmos sobre renda, nos referimos à renda familiar.
No que diz respeito à religião e religiosidade, observou-se uma diferenciação entre a religião na qual os entrevistados foram criados e a que professam, com quedas entre aqueles que foram educados dentro de padrões católicos indo de 60% para 20%, evangélicos de 25% para 19% e aumento nas religiões de matriz afrobrasileira (umbanda e candomblé) de 2% para 8% nas religiões espírita/kardecista (de 3% para 5%). Porém, o que está mais expressivo é o grande aumento de pessoas que dizem não frequentar, no período da entrevista, nenhuma religião (indo de 9% para 51%), o mesmo padrão nos resultados pode ser observado em pesquisa realizada no Rio de Janeiro (CARRARA, 2005), bem como na pesquisa realizada em Recife (CARRARA et all, 2007).
Gráfico 03: Variação da frequência de respostas dos entrevistados em relação, comparando aquela para a qual foram criados e qual a que professam atualmente.
Dos 200 HSH entrevistados, todos se disseram do sexo masculino ao nascer e, quando perguntados sobre sua orientação sexual/identidade sexual, foram produzidas respostas diversas: 65,5% se definiram como gays (36%) ou homossexuais (29,5%), 16% como bissexuais enquanto que 4,5% se definiram como heterossexuais, conforme ilustra o gráfico a seguir:
Gráfico 04: Orientação/ identidade sexual auto-referida pelos entrevistados
Podemos perceber uma pluralidade de nomeações assumidas no que se refere à identidade/orientação sexual dos homens entrevistados. Partindo de uma noção de comunidade estabelecida por meio da afinidades em que as diferenças são reconhecidas, a identificação nestes espaços de homossociabilidade parece ocorrer muito mais no âmbito do compartilhamento da diversidade, inserido no campo do desejo (RIOS, 2004).
Sobre práticas sexuais e de prevenção
Em relação ao uso de preservativos, quando perguntados se consideravam a camisinha eficiente 82% concordou, ou seja, que o preservativo é uma medida de prevenção adequada, porém ao serem questionados sobre se a camisinha estoura com facilidade 44% concordaram.
Além disso, ao serem questionados se eram capazes de usar a camisinha com todos os parceiros sexuais 14,5% afirmou que não, que se sentia incapaz. Desse total, a maioria (64,3%) se definiram como gays e/ou homossexuais, 17,9% como bissexuais, 10,7% como travestis e 7,1% como entendidos. A faixa-etária com maior predominância foi a de 18 a 25 anos (57,1%). Não houve casos na faixa que vai dos 42 anos acima. A maioria (57,2%) estava em algum tipo de relacionamento (ficando, namorando ou casado), enquanto que 42,9% se disseram solteiros. 53,3% disseram estar em um relacionamento a menos de um ano.
Quando questionados se sempre usaram camisinha no sexo anal nos últimos seis meses a maioria, 31% disse que não. Desse total, as causas mais recorrentes foram “por conhecer/confiar no parceiro” (58,3%), “por estar com muito tesão” (50%), “pelo parceiro parecer saudável” (40%). Esses dados podem ser melhor observados no gráfico abaixo, além das outras respostas apresentadas:
Gráfico 05: Situações em que não se usou a camisinha
Além disso, ao serem perguntados se paravam de usar camisinha com parceiro após algum tempo, 42,1% disseram sim, sendo o motivo mais recorrente a “confiança no parceiro” (73,8%), outra resposta mais recorrente foi a realização do teste HIV (17,8%) estas respostas também foram as mais recorrentes no estudo de Antunes (2005). Dos entrevistados que disseram não parar de usar preservativo em suas práticas sexuais, a despeito do tempo de relação, 53,2% disseram não frequentar nenhuma religião atualmente (apenas 16,5% se disseram católicos e 11% evangélicos), no que diz respeito à faixa-etária o maior número de respondentes concentrou-se na que vai de 18 a 25 anos, 53,2%. Quanto na escolaridade 59,6% deles têm o ensino médio completo. Entre esses que disseram não parar de usar a camisinha 36,7% se disseram gays, 26,6% homossexuais, 17,4% bissexuais, 5,5% entendidos, 5,5% heterossexuais, 3,7% transexuais e 2,8% travestis.
Também foi perguntado se estes carregavam camisinha consigo no momento da entrevista, 49,5% disse estar portando camisinha e 50,5% disse que não. Os motivos dos que disseram não estar carregando camisinhas foram: sem intenção de fazer sexo (42%), esquecimento (15%), por estar num relacionamento (11%) e não usar (2%). Os motivos alegados pelos que disseram estar portando camisinha foram prevenção (61%), habito (7,79%), “ganhou” (10,4%) e porque ia encontrar o parceiro (6,49%). Dos que haviam dito sempre usar camisinha no sexo anal 42,8% deles não estavam portando camisinha na hora em que foram entrevistados. Dentre os que disseram estar portando camisinha à média de camisinhas por respondente foi de 3,55 com desvio padrão de 2,89. Vale ressaltar que 2,5% disse nunca ter usado camisinha nas suas relações sexuais.
Quando perguntados se já haviam feito o teste HIV, 35,8% disse já ter feito pelo menos uma vez, 25,4% afirmaram fazer periodicamente e 20,7% disse ter feito apenas uma vez. 17,6% dos HSH entrevistados disseram nunca ter feito o teste (11,9% disse ter vontade de fazer e 5,7% por não ter vontade). Apenas uma pessoa não respondeu ou não sabia. A média de tempo do último teste foi de aproximadamente um ano com desvio padrão de 20 meses, o mínimo foi um mês e o máximo de 120 meses. Em relação ao teste para HIV, os resultados indicam que a população estudada se testa muito, semelhantemente aos achados de outros estudos (FERRAZ, 2003; LIMA et. al, 2008; SILVA, 2004; COSTA, 2007). Essa informação provoca questionamentos em torno da possibilidade da testagem está sendo utilizada como uma forma de prevenção e negociação entre os parceiros sexuais. Mesmo tendo encontrado alguns indícios de que isto esteja ocorrendo não se pode afirmar por não ser esta uma amostra que possibilite generalização.
Perguntamos também qual era a chance deles de contrair Aids, 29,3% afirmaram ter pouca chance, 27,3% disseram ter muita chance de contrair AIDS, 24,7% disseram não ter nenhuma chance e 18,6% média. Ao serem questionados se alguma vez sentiram que poderiam ter sido infectados, 55,1% disseram ter sentido essa sensação poucas vezes, 37,2% disse que não, 5,6% muitas vezes e 2% apenas disse sentir-se assim sempre. Entre os que disseram poucas vezes terem sentido que poderiam ser infectados 20,4% disseram não ter chance de contrair Aids e a mesma porcentagem disse tem muita chance de contrair Aids, entre os que disseram não haver possibilidade de contágio 49,3% afirmarem não ter chance de infecção e 13,7% disse ser moderada a possibilidade de contágio. O mesmo pode ser observado em estudos como o de Brignol (2008) no qual a maioria dos participantes declarou sentir-se com pouco risco de contrair o HIV. Esse tipo de resposta pode estar atrelada a um sentimento de invulnerabilidade.
Pensando nos locais de encontro e homossociabilidade foi perguntado quanto à dificuldade em usar a camisinha nesses lugares. Dos que disseram usar 14,5% disse achar difícil o uso da camisinha na praia/cachoeira/campo, 12% na rua, 9,5% na própria casa, 9% em motéis/hotéis, 9% na casa de familiares, 8,5% no carro, 8,5% em parques, 8% na casa do parceiro, 5,5% na sauna, 4,5% em banheiros públicos e 4,5% no dark-room. No entanto, em todos os lugares citados, o percentual de pessoas que responderam “não usar o local” foi superior ao de respostas “mais fácil” e “mais difícil”. De acordo com estudos anteriores (RIOS, 2003; PARKER, 2004), os espaços de “pegação” geralmente são os locais em que se encontram os parceiros anônimos. Pelas situações de exposição e transgressão em que acontecem os encontros, possivelmente o não uso de preservativo pode ser mais uma atitude de transgressão valorizada eroticamente, no entanto não é o que se observa, pois lugares que não assumem essas características tiveram uma percentagem alta de dificuldade de uso, denotando que há várias configurações e reconfigurações quanto aos usos do preservativo que podem estar ligado há vários determinantes.
Conclusão
O que se pode concluir a partir dos resultados apresentados é que existe uma certa contradição entre as crenças acerca da eficiência e segurança do preservativo bem como um sentimento de invulnerabilidade. Esperamos que tais resultados, balizados a partir de suas limitações metodológicas e considerando a ausência de pesquisas desta natureza na região, tornam-se potenciais subsídios para o desenvolvimento de estratégias públicas de enfrentamento da homofobia, em suas diferentes expressões, bem como a revisão de estratégias de promoção à saúde, especialmente no campo da sexualidade.
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Autores
Celestino José Mendes Galvão Neto – Doutorando em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. Email: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. – http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4484363A3
Benedito Medrado – Pós-doutor e Professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Peernambuco. Email: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. – http://lattes.cnpq.br/3188365001747186
Elís Amanda Atanásio da Silva – Doutoranda em Psicologia Social, Universidade Federal da Paraíba. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4278287U6
Isabelle Tavares Amorim – Mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco e Professora do Departamento de Psicologia da Faculdade Maurício de Nassau – Email: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. – http://lattes.cnpq.br/6712433902405817
[1] “Homens que fazem sexo com homens” (HSH) é uma expressão empregada para se referir aos homens que mantém práticas sexuais com outros homens. Isso inclui tanto aqueles que se definem como homossexuais como aqueles que optam por não aceitar identidades sociais de homossexuais ou bissexuais. O termo foi criado na década de 1990 por epidemiologistas, a fim de estudar a propagação de doenças (especialmente a Aids) entre este subgrupo populacional. Há, por parte de alguns segmentos do movimento LGBT resistência ao uso desta expressão, porém, para efeitos deste trabalho utilizaremos esta expressão de modo a nos aproximar das discussões públicas sobre acesso a serviços de saúde e infecção por HIV, em cujos contextos a expressão HSH é estratégica.
[2] http://www2.Aids.gov.br/cgi/tabcgi.exe?tabnet/pe.def
[3] Vale salientar que a pergunta a partir da qual abordávamos os entrevistados era: “Estamos fazendo uma pesquisa aqui no Cabo com homens que fazem sexo com outros homens. Você gostaria de participar?” No final, sempre perguntávamos também se o entrevistado conhecia outro homem que poderia participar da pesquisa.