Este artigo resulta de pesquisa realizada no âmbito da especialização em Psicopedagogia do Instituto de Ensino, Capacitação e Pós-Graduação.
Resumo
Este artigo resulta de pesquisa realizada no âmbito da especialização em Psicopedagogia do Instituto de Ensino, Capacitação e Pós-Graduação. O objetivo geral que resultou neste texto consiste em: contribuir para a produção da história da Psicopedagogia no Brasil e os objetivos específicos consistem em: contribuir para a compreensão da bibliografia sobre Psicopedagogia no Brasil; elaborar um instrumento de pesquisa sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil; analisar as referências de textos contidas no instrumento de pesquisa conforme o método da análise da configuração textual e subsidiar o desenvolvimento de pesquisas correlatas. Para isso, mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio dos procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de referências de textos, elaborou-se um instrumento de pesquisa em que se verificou que a primeira década dos anos 2000, houve maior publicação de textos sobre o tema e que dentre os temas relacionados à produção bibliográfica sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia, os mais recorrentes estão relacionados com a escola e os aspectos sistematizados nesse espaço, apesar disso, os relacionados aos pedagogos estão entre os menos recorrentes.
Palavras-chave: Psicopedagogia. Formação do Psicopedagogo. História da Psicopedagogia.
1. Introdução
Este artigo é resultado de pesquisa realizada no âmbito do curso de especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica do Instituto de Ensino, Capacitação e Pós-Graduação (INDEP) da cidade de Marília/SP. O objetivo geral desta pesquisa consiste em: contribuir para a produção da história da Psicopedagogia no Brasil e os específicos consistem em: contribuir para a compreensão da bibliografia sobre Psicopedagogia no Brasil; elaborar um instrumento de pesquisa sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil; analisar as referências de textos contidas no instrumento de pesquisa conforme o método da análise da configuração textual e subsidiar o desenvolvimento de pesquisas correlatas.
Com base na análise preliminar das referências de textos que integram o instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b) e que se referem ao período de 1942 e 2013 (ano do texto mais antigo localizado e ano do texto mais recente) formulou-se o seguinte problema de investigação: quais as características da produção bibliográfica sobre formação do psicopedagogo e sobre Psicopedagogia no Brasil?
A partir disso, têm-se as seguintes questões norteadoras: quais e quantos são os tipos de textos localizados? Quais são os temas dos textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia? Quem são os autores dos textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia? Quais desses autores são responsáveis por mais de uma publicação? Qual é a formação acadêmica e qual a profissão desses autores? Em que momento histórico esses textos foram publicados? Quais são os locais de produção e publicação desses textos?
A hipótese preliminar que conduziu as reflexões é que há poucos textos sobre formação dos psicopedagogos e os textos sobre Psicopedagogia referem-se na sua maioria a trabalhos acadêmicos, principalmente dissertações. Além disso, a hipótese é que a maioria desses textos foram publicados no estado de São Paulo.
A justificativa para o desenvolvimento da pesquisa se baseia na importância de pesquisas relacionadas a esse tema, compreendendo que é importante a realização de estudos históricos na área da Psicopedagogia, pois com isso, se conhece o passado, enfrenta o presente e constrói um futuro desejado (MORTATTI, 1999). Portanto, os resultados desta pesquisa apresentados neste texto, poderão subsidiar pesquisadores, profissionais na área da Psicopedagogia, da educação, historiadores e estudantes.
2. Material e método
Este artigo foi desenvolvido mediante abordagem histórica centrada em pesquisa documental e bibliográfica, a partir dos procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção, ordenação e análise das referências de textos localizados sobre o tema.
Para a elaboração e desenvolvimento da pesquisa que resultou este texto, foram realizadas leituras de textos que contribuíram para o aprofundamento das reflexões sobre aspectos relativos à pesquisa com abordagem histórica, aspectos relativos à Psicopedagogia Institucional e Clínica e métodos de pesquisa, a saber: Visca (1991), Fagali e Vale (1993), Bossa (2000), Vieira, Peixoto & Khoury (2005), Coutinho (2008), Oliver (2007) e Nascimento et al. (2007).
Além disso, para o desenvolvimento também foi lida e estudada bibliografia de apoio teórico, a fim de compreender os principais conceitos que serão mencionados frequentemente e que fundamentam a pesquisa desenvolvida, esses conceitos são: “pesquisa histórica”, “instrumento de pesquisa”, “Psicopedagogia” e “configuração textual”.
Dessa forma, “Pesquisa histórica” será utilizada no seguinte sentido:
[…] um tipo de pesquisa científica, cuja especificidade consiste, do ponto de vista teórico-metodológico, na abordagem histórica – no tempo – do fenômeno educativo em suas diferentes facetas. Para tanto, demanda a recuperação, reunião, seleção e análise de fontes documentais como mediadoras na produção do objeto de investigação (MORTATTI, 1999, p. 73).
O conceito de “instrumento de pesquisa” será aqui utilizado como essencial à pesquisa histórica, pois os “[…] instrumentos de pesquisa constituem-se em vias de acesso do historiador ao documento, sendo a chave da utilização dos arquivos como fontes primárias da História” (BELLOTTO, 1979, p. 1).
“Configuração textual” é utilizado como propõe Mortatti (2000, p. 31),
[…] conjunto de aspectos constitutivos de determinado texto, os quais se referem: às opções temático-conteudísticas (o quê?) e estruturais formais (como?), projetadas por um determinado sujeito (quem?), que se apresenta como autor de um discurso produzido de determinado ponto de vista e lugar social (de onde?) e momento histórico (quando?), movido por certas necessidades (por quê?) e propósitos (para quê?), visando a determinado efeito em determinado tipo de leitor (para quem?) e logrando determinado tipo de circulação, utilização e repercussão.
Concomitantemente as leituras dos textos elaborou-se um instrumento de pesquisa que está diretamente relacionado à bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil, nesse instrumento de pesquisa há uma relação de referências bibliográficas sobre o tema formação do psicopedagogo e psicopedagogia no Brasil entre 1946-2013. O instrumento de pesquisa consiste em uma etapa da pesquisa que poderá abreviar etapas do trabalho de outros pesquisadores, auxiliar na tomada de decisões para o encaminhamento da pesquisa e ainda contribuir para visualizar o conjunto das produções mais recorrentes sobre o tema pesquisado.
Para a elaboração desse instrumento de pesquisa, foram utilizados os procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de referências sobre psicopedagogia. Na primeira etapa da pesquisa, foram consultadas bases de dados disponíveis on-line e sites, dentre esses foram localizadas informações na base de dados da Universidade Estadual Paulista (UNESP) “Catálogo Athena”, na base de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), na base de dados da Universidade de Marília (UNIMAR) e no site do Grupo de estudos em pesquisas em Psicopedagogia.
Ressalta-se que ao consultar a base de dados da UNESP- “Catálogo Athena”¹, utilizou-se o “Campo²”: “título” e a “Base”³: “Coletivo UEP 01” e foram digitadas as palavras –chave “Formação do psicopedagogo”, pois inicialmente o objetivo do instrumento consistia em localizar títulos sobre esse tema. Porém como não foram localizados títulos, digitou-se a palavra-chave “Psicopedagogia” e com essa palavra-chave localizou-se grande quantidade de referências, das quais foram selecionadas as com título em português e as referências em que havia Psicopedagogia no título, assim, foram recuperadas 100 referências de textos.
A partir disso, consultou-se a base dados CAPES4, para isso, utilizou-se o campo “assunto”; a busca simples e selecionou-se a opção “português”. Digitou-se as palavras-chave “Formação do psicopedagogo” e localizou-se quatro títulos, em seguida, digitou-se a palavra-chave “Psicopedagogia” e localizou-se dois títulos. Por fim, na base de dados em questão buscou-se em “periódicos” e para isso, selecionou-se somente os artigos em português e com isso, localizou-se 95 títulos. Apesar da seleção de referências em português, localizou-se títulos em espanhol, os quais foram considerados, pelo fato de haver nessa base uma seleção específica para a língua brasileira. Em seguida, consultou-se a base de dados da UNIMAR5 e localizou-se 79 títulos de textos sobre Psicopedagogia e não localizou-se títulos sobre formação do psicopedagogo.
Após ter localizado, recuperado e reunido às referências de textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil, realizou-se a seleção e ordenação de cada referência e organizou-se de acordo com quatro tipos de textos localizados: “Livros”, “Teses”, “Dissertações”, e “Artigos”. Há também uma seção denominada “Dissertação, tese e artigos sobre formação do psicopedagogo” em que foram inseridas referências que tratavam do tema formação do psicopedagogo, a fim de possibilitar maior visualização para o tema em questão, apesar disso, destaca-se que as referências contidas nessa seção também podem ser localizadas nas seções “Dissertações”, “Teses” e “Artigos”.
Na etapa de ordenação das referências, não foram consideradas as referências idênticas de textos e foram mantidas as referências em que apenas as edições eram diferentes. Todas as referências localizadas, recuperadas e reunidas foram elaboradas de acordo com a Norma Brasileira de Referência (NBR) – 6023 (2002), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essa atividade de normalização das referências foi difícil, pois muitas vezes faltaram informações para elaborar as referências.
Em cada seção as referências estão ordenadas por ordem alfabética e com relação ao ordenamento das referências de textos de um mesmo autor, optou-se por inseri-las de acordo com a ordem cronológica das publicações, da mais antiga para a mais recente.
Ressalta-se que na base de dados que foram buscadas, localizou-se duas vezes o texto Psicopedagogia de la afectividad adolescente: investigación en grupos escolares, porém em uma localização o texto está referenciado como Crespo Osvaldo e na outra como Victor Crespo, por esse motivo, inseriu-se a referência duas vezes na seção “Livros”. Esse fato também ocorreu com o livro Introdução a psicopedagogia: guia metodológico, exercícios sistema teórico de referência, pois na base de dados buscada, localizou-se duas vezes esse texto, em uma o texto está referenciado como Roger Deldime e no outro como Deldime Roger, por esse motivo, também inseriu-se as referências duas vezes na seção “Livros”.
Dessa forma, o instrumento em questão contêm 197 referências de textos relacionadas à bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil. Esse instrumento está no apêndice do TCC realizado no âmbito do INDEP e intitula-se: Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil (1946- 2013): um instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b). Após a elaboração do instrumento de pesquisa, foi iniciada a análise da configuração textual da relação de referências de textos sobre educação.
Portanto, para a concretização dos objetivos de pesquisa de que resultou este artigo, utilizou-se os seguintes procedimentos metodológicos: leitura da bibliografia de apoio teórico; localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de referências sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil; normalização das referências de textos de acordo com a Norma Brasileira de Referências NBR- 6023 (2002), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); elaboração do instrumento de pesquisa contendo relação das referências de textos localizadas, recuperadas, reunidas, selecionadas, normalizadas e ordenadas por tipo de texto e análise da configuração textual da relação de referências de textos sobre educação, reunidas no instrumento de pesquisa.
3. Resultados
3.1 Leitura de textos
No livro Psicopedagogia: novas contribuições, Visca (1991), a partir de pesquisa bibliográfica e de observações em clínica, apresenta seis artigos que enfocam a Psicopedagogia segundo a Epistemologia Convergente, concepção descritiva e explicativa criada pelo autor que “[…] procura articular as contribuições da Psicanálise, da Psicologia Genética e da Psicologia Social, centradas no aparecimento e no estabelecimentos de condutas, a que chamo de processo de aprendizagem” (VISCA, 1991, p. 89).
Assim, o autor apresenta seis modelos que integram a psicanálise e os aportes teóricos piagetianos em relação à aprendizagem, esses modelos são: “esquema evolutivo da aprendizagem”, “modelo nosográfico”, “matriz do pensamento diagnóstico”, “processo diagnóstico”, “entrevista operativa centrada na aprendizagem” e “processo corretor”.
Em relação à matriz, o autor defende que deve ser organizada em “Diagnóstico”, “Prognóstico” e “Indicações”. O diagnóstico “[…] consiste na série de passos por cujo intermédio se realizam o reconhecimento, o prognóstico e as indicações” (VISCA, 1991, p. 36), o prognóstico consiste em “[…] ‘uma hipótese sobre o estado, ou estados que o sintoma e suas causas a-históricas adotarão futuramente” (VISCA, 1991, p. 34-35) e as indicações consistem em ações diretas ou indiretas.
O autor defende que na clínica se realize a entrevista operativa centrada na aprendizagem que abrange:
[….] uma consigna inicial e intervenções do entrevistador. A consigna inicial –“eu gostaria que você me mostrasse o que aprendeu, o que lhe ensinaram, o que você sabe fazer” – tem por finalidade delimitar o campo sem estruturá-lo a partir do entrevistador; o que dispõe de materiais escolares sobre a mesa (papel, lápis, borracha, apontador, régua, compasso, esquadro, lápis de cor, tesoura, cola, um texto). As intervenções do entrevistador são de três classes: a) as que tendem a facilitar a transição de uma atividade a outra, b) as que se dirigem particularmente aos aspectos energéticos e c) as que consideram, predominantemente, os aspectos estruturais e funcionais (VISCA, 1991, p. 38, grifo do autor).
Essa entrevista é importante a fim de que o psicopedagogo centre sua atenção na aprendizagem do paciente, que segundo o autor essa aprendizagem “[…] se dá invariavelmente como resultante da afetividade e das funções cognitivas, ou seja, pela utilização de um esquema de ação que possua dois aspectos não-dissociáveis” (VISCA, 1991, p. 72). Contudo os problemas de aprendizagem estão relacionados com: a interação do sujeito com o meio, às condições patogênicas ou patológicas e as precondições do sujeito.
No livro Psicopedagogia Institucional aplicada Fagali e Vale (1993), apresentam aspectos relacionados à Psicopedagogia institucional inclusive situações práticas. Para isso, utilizam pesquisa bibliográfica, apresentam projetos psicopedagógicos sobre o tema mencionando e apresentam também as falas dos alunos durante a participação no desenvolvimento dos projetos, dentre esses, há projetos que foram aplicados em escola com alunos adolescentes.
As autoras iniciam o livro relatando que “[…] a aprendizagem humana é um processo contínuo de transformação e que o educador colabora para o desenvolvimento dos seres humanos que vivem num mundo de mudanças intensas e rápidas” (FAGALI; VALE, 1993, p. 7). Segundo as autoras, a Psicopedagogia surgiu como uma necessidade de compreender os problemas de aprendizagem:
[…] refletindo sobre questões relacionadas ao desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo, implícitas nas situações de aprendizagem. A reflexão psicopedagógica ampliou as abordagens e atuações sobre diagnóstico e interferências na aprendizagem à luz do desenvolvimento da criança, contando principalmente com as contribuições oferecidas pela epistemologia genética e psicologia do desenvolvimento afetivo (FAGALI; VALE, 1993, p. 9).
As autoras mencionam que atualmente, além de estar relacionada com os problemas de aprendizagem, a Psicopedagogia também está relacionada com a prevenção, assim, há duas vertentes de trabalho: Psicopedagogia preventiva e a Psicopedagogia terapêutica ou curativa “[…] para alunos que apresentam dificuldades na escola […] o objetivo é integrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula” (FAGALI; VALE, 1993, P. 10).
A Psicopedagogia preventiva, “[…] tem como meta refletir e desenvolver projetos pedagógico-educacionais, enriquecendo aos procedimentos em sala de aula, as avaliações e planejamentos na educação sistemática e assistemática” (FAGALI; VALE, 1993, p. 9).
Há também a Psicopedagogia Institucional, onde o psicopedagogo deve trabalhar no sentido de responsabilizar a instituição:
[…] diante da problemática da aprendizagem escolar e instrumentalizando a equipe docente […] [é um] tipo de trabalho [que] refere-se à assessoria junto a pedagogos, orientadores e Professores. Tem como objetivo trabalhar questões pertinentes às relações vinculares Professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e cognitivo através da aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento (FAGALI; VALE, 1993, p. 10).
Para intervir, o psicopedagogo institucional poderá: realizar a releitura e reelaboração do currículo, articulando os aspectos afetivo-cognitivos; analisar os conceitos desenvolvidos nas atividades e ampliar as maneiras de trabalhar com os conteúdos, treinando e desenvolvendo projetos com os Professores e criando materiais para que o aluno utilize. Considerando que:
Ao contrário das posturas tradicionais, a proposta psicopedagógica parte do autoconhecimento e do desenvolvimento emocional do educando, passa pelo conhecimento do mundo, das relações interpessoais, integrando-as ao cognitivo na situação de aprendizagem, diretamente ligada à aquisição dos conteúdos (FAGALI; VALE, 1993, p. 13).
As autoras destacam que “[…] o papel da Psicopedagogia na formação e postura dos pedagogos que atuam diretamente com o aluno tem sido tímido e insuficiente devido a questões educacionais estruturais” (Fagali; Vale, 1993, p. 14). Assim, o trabalho do psicopedagogo deve ser com a sensibilização do aluno para a construção do conhecimento e com a transformação interna do Professor que deve possibilitar a autonomia do educando e não exigir mais do que ele possa dar (FAGALI; VALE, 1993).
As autoras destacam que as orientações do psicopedagogo devem ser constantes e devem ser sobre os seguintes temas: relações, conteúdos, atuações dos alunos, formas de avaliação e reações dos pais. O Professor deve ser instrumentalizado nos seguintes aspectos: informações voltadas para o desejo e interesse do aluno; articulação do pensamento; conteúdos programáticos e objetivos desses conteúdos entre outros aspectos (FAGALI; VALE, 1993), para isso, as autoras mencionam que se pode trabalhar com dinâmicas, das quais o Professor concretiza a metodologia integradora e adquire a segurança necessária para aplicá-la (FAGALI; VALE, 1993).
Desse modo, as autoras defendem a utilização da abordagem integrativo-interdisciplinar considerando que as referências teóricas que fundamentam são: construtivismo, enfoque de Pichon sobre o aprender, abordagens gestáltico-pedagógicas e as funções de Jung. Verifica-se que o procedimento para a aplicação do projeto requer realização de vivências junto aos Professores para garantir o aprendizado em uma vivência interdisciplinar, integrando sensações-sentimentos-pensamentos-intuições no desenvolvimento (FAGALI; VALE, 1993).
Com os alunos, as autoras defendem que o psicopedagogo poderá utilizar a metodologia integrativa da sensibilização aos conteúdos programáticos escolares. Nessa metodologia, também se trabalha com projetos e na primeira etapa, a partir do diálogo com Professores-alunos, é escolhido um tema integrador, em seguida, articula-se o tema com interesses dos alunos, de maneira interdisciplinar, para posteriormente sensibilizar – trabalhar a percepção – e associar o tema com a vida e com os diversos conteúdos (FAGALI; VALE, 1993).
Para isso, o psicopedagogo poderá aplicar textos e em seguida, desenvolver os conteúdos através das artes e sistematizar as informações de maneira criativa – utilizando diferentes formas – (FAGALI; VALE, 1993). Dentre os exemplos de projetos com essa vertente, as autoras apresentam um em que o objetivo consiste na compreensão dos alunos sobre as diversas realidades proporcionadas pelas condições financeiras.
Com isso, inicialmente as autoras apresentam diversas imagens para os adolescentes perceberem as expressões dos personagens. Em seguida, elaboram perguntas sobre as imagens a fim de que os alunos compreendam as diferenças envolvidas e porque há tais diferenças, em um momento posterior, entregam frases para que os alunos associem com as imagens e após isso, solicitam que os alunos indiquem quando vivenciam situações semelhantes com as discutidas (FAGALI; VALE, 1993).
Portanto, no livro apresentado acima, é abrangido o olhar do que é Psicopedagogia, principalmente Psicopedagogia institucional e relata situações práticas, apresentando métodos e conteúdos trabalhados.
No texto A Psicopedagogia no Brasil a autora (Bossa, 2000) busca elucidar o termo Psicopedagogia, para isso, a autora aponta que o termo por si não apresenta clareza e inicialmente nos remete (erroneamente) a junção de Psicologia com Pedagogia. Para a autora, Psicopedagogia historicamente relaciona-se com a busca da compreensão do processo de aprendizagem e não apenas a junção de duas áreas.
É importante considerar que:
Historicamente, a Psicopedagogia nasceu para atender a patologia da aprendizagem, mas ela tem se voltado mais para uma ação preventiva, acreditando que muitas dificuldades de aprendizagem se devem à inadequada Pedagogia Institucional e familiar. A proposta da Psicopedagogia, numa ação preventiva, é adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, numa concepção mais totalizante, visando propor novas alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas (BOSSA, 2000, p. 31).
No desenvolvimento do texto a autora cita autores que buscaram definir Psicopedagogia e destaca que:
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda o problema da aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática. (BOSSA, 2000, p. 21).
Conforme a autora apresenta, o psicopedagogo poderá trabalhar na instituição de maneira preventiva considerando que: a “[…] instituição, enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem é objeto de estudo da Psicopedagogia, uma vez que são avaliados os processos didático-meto-dológicos e a dinâmica institucional que interferem no processo de aprendizagem.” (BOSSA, 2000, p. 22).
Ainda sobre o trabalho preventivo do psicopedagogo, Bossa (2000), relata diferentes níveis de prevenção e o primeiro desses níveis consiste na busca da diminuição dos problemas relacionados à aprendizagem e:
[…] incide nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de Professores, além de fazer aconselhamento aos pais. No segundo nível o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico da realidade institucional e elabora-se planos de intervenção baseados nesse diagnóstico, a partir do qual procura-se avaliar os currículos com os Professores, para que não se repitam tais transtornos. No terceiro nível, o objetivo é eliminar os transtornos já instalados, num procedimento clínico com todas as suas implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros (BOSSA, 2000, p. 22-23, grifo do autor).
Em relação ao trabalho clínico, considera-se que o psicopedagogo buscará compreender o motivo que está atrapalhando o sujeito de aprender. Por isso, é importante o psicopedagogo compreender a constituição do sujeito “[…] como este se transforma em suas diversas etapas de vida, quais recursos de conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende” (BOSSA, 2000, p. 23).
Desse modo, o objeto de estudo da Psicopedagogia pode ser abordado de maneira clínica, preventiva e teórica e no trabalho psicopedagógico é importante utilizar conhecimentos de outras áreas além da psicopedagógica, dentre essas, tem-se: filosofia, neurologia, sociologia, linguística e a psicanálise. Compreendendo que após diagnosticar o motivo que bloqueia a aprendizagem, o psicopedagogo, iniciará intervenções a fim de melhorar o desempenho (BOSSA, 2000).
No livro A pesquisa em História, Vieira, Peixoto e Khoury (2005) apresentam uma concepção de história e considerações sobre o ofício do historiador. Como procedimento metodológico, as pesquisadoras iniciam um relato histórico (a partir dos fins do século XIX), sobre os registros utilizados pelos historiadores e as concepções de documentos e, em seguida, elas informam aspectos básicos da pesquisa histórica.
As autoras concluem que não há sentido único na pesquisa com abordagem histórica, como também não há uma única verdade, pois a história é feita permanentemente, e realizar pesquisa em história é recuperar ações problematizando-as. As autoras findam a conclusão compreendendo que: “[…] está muito presente para nós o significado político do trabalho historiográfico, da nossa experiência profissional, assim como dessa reflexão” (VIEIRA; PEIXOTO; KHOURY, 2005, p. 73).
Na tese A emergência da Psicopedagogia no Brasil Coutinho (2008), a partir dos estudos de Focault, problematiza as condições que tornaram possível a emergência da Psicopedagogia no país. Para isso, utiliza textos e práticas clínicas sobre o tema. Inicialmente, o autor descreve como se interessou pela Psicopedagogia e como lançou um olhar genealógico sobre a construção da Psicopedagogia.
No decorrer do texto, a autora descreve que em 1980, foi criada a Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo, hoje, atual Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). A profissão psicopedagogo foi regulamentada em 1997, ano em que também foi criado o Conselho Regional e os Conselhos Federais de Psicopedagogia (COUTINHO, 2008).
Em 2000, um Projeto de lei estabelece a implantação de assistência psicológica e psicopedagógica nos estabelecimentos de ensino do Estado de São Paulo. Em 2001, essa assistência é autorizada em todos os estabelecimentos de ensino básico públicos e em 2002, cria-se um documento que sugere os conteúdos a serem estudados para a prática da Psicopedagogia no país (COUTINHO, 2008).
Em seguida, Coutinho (2008) relata sobre “A emergência da Psicopedagogia” e baseada no autor Noguera-Ramírez, apresenta três movimentos relacionadas à tradição pedagógica. O primeiro movimento é denominado de a “virada instrucional” que teria ocorrido na passagem da idade média para a idade moderna, a preocupação nesse momento era com o ensino, ou seja, com a instrução. O segundo movimento é denominado como “virada pedagógica”, e ocorreu na passagem da primeira para a segunda modernidade, nesse momento a preocupação era com a formação e com a educação. Por fim, o terceiro movimento é denominado “virada psicopedagógica” e ocorreu na passagem da segunda para a terceira modernidade, nesse momento a preocupação era com a aprendizagem, objeto de estudo da Psicopedagogia.
A fim de discutir a emergência da Psicopedagogia no Brasil, a autora selecionou
[…] como duas importantes portas de entrada da Psicopedagogia no Brasil a Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Minas Gerais e o Instituto de Educação no Rio de Janeiro, na medida em que essas instituições […] foram responsáveis, no Brasil, pela produção de uma série de outras idéias sobre o par Psicologia-Pedagogia, claramente embasadas no pensamento escolanovista europeu e americano. (COUTINHO, 2008, p. 93).
Ambas as instituições estavam envolvidas com os pressupostos da Escola Nova6, e ambas formavam Professores. Dessa forma, Coutinho (2008), compreende que ao se envolver com a Escola Nova, abre-se no Brasil a porta para a Psicopedagogia.
A autora conclui que no Brasil, a Psicopedagogia emergiu inicialmente pela relação entre Pedagogia e Psicopedagogia, que iniciou a partir do surgimento da concepção de infância, com isso, a pesquisadora relaciona infância, pedagogia e Psicopedagogia considerando que:
[…] com relação ao elo entre Psicologia e Pedagogia – dispondo as primeiras possibilidades para a construção do solo psicopedagógico -, pode-se dizer que ele foi constituído na própria emergência dos chamados estudos das crianças, que posicionaram a infância no centro das discussões da ciência, da moral, da religião, da família […] Nesse sentido a própria Pedagogia nasceu no interior da noção de uma sequência normalizadora do desenvolvimento infantil – característica dos estudos psicológicos -, ajudando a produzir a criança como objeto do seu olhar. (COUTINHO, 2008, p. 61).
Também é defendido por Coutinho (2008), que a escolarização dos “anormais”, termo utilizado pela autora, possibilitou a emergência da Psicopedagogia e as ideias da Escola Nova. Atualmente, os problemas da aprendizagem constitui o objeto de investigação da Psicopedagogia e tais problemas foram disseminados principalmente por Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Anísio Teixeira, Helena Antipoff, Jean Piaget entre outros (COUTINHO, 2008).
Constata-se que a Psicopedagogia definiu-se a partir dos discursos sobre as pessoas que não configuravam determinado padrão tido como “normal” para a época. Além disso, a Psicopedagogia também passou a existir a partir dos pioneiros da Escola Nova, pois com esse movimento, no processo de aprendizagem, a criança passou a ser o centro e com isso, modificou-se o centro que antes era na instrução (COUTINHO, 2008).
No livro Psicopedagogia e arteterapia: teoria e prática na aplicação em clínicas e escolas, Oliver (2007), a partir de pesquisa bibliográfica e da prática em consultório piscopedagógico apresenta aspectos relacionados à arteterapia e a Psicopedagogia. Dentre os temas apresentados destacam-se a Psicopedagogia Clínica e a Psicopedagogia Educacional.
Oliver (2007) defende que antes de iniciar as sessões com o paciente, devem-se entrevistar os responsáveis para obter informações sobre a identificação completa dos pais e da criança (escola, Professores entre outros), motivo da consulta, atendimento anterior, expectativa da família, esclarecimento sobre o trabalho psicopedagógico, definição das datas e horários para realizar as sessões. A entrevista inicial poderá ocorrer com a presença do paciente (desde que não seja muito pequeno).
Em seguida, a autora discorre sobre a Psicopedagogia Clínica conceituando o “Diagnóstico Psicopedagógico” que “[…] é um processo, envolvendo testes, questionários e outros recursos que permitem ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias […]” (OLIVER, 2007, p. 83). Oliver (2007) apresenta que é necessário aplicar provas e testes na definição do diagnóstico, a fim de que ele seja conciso.
O processo diagnóstico ocorre em dez sessões duas vezes por semana com duração de 40 a 50 minutos. Nessas sessões, podem-se utilizar jogos, brinquedos e outros recursos, além de verificar o material escolar do paciente (OLIVER, 2007).
No tratamento clínico psicopedagógico também há a anamnese que “[…] busca informações do passado e do presente do sujeito e as Influências do meio. São observados vários pontos, desde afetos e desafetos até a visão da família sobre os problemas que a criança demonstra no aprendizado” (OLIVER, 2007, p. 89).
Após a anamnese realizam-se as provas operatórias que consistem em “provas de conservação”, “provas de classificação”, “provas de seriação” e “provas para operatórias para o pensamento formal”. Além desses testes a autora também defende que se realizem os testes de reprodução de traçados e os testes ABC de Lourenço Filho, todavia é importante considerar que atualmente na área da pedagogia os testes ABC foram superados.
A partir disso, o psicopedagogo elabora o informe que consiste na “Imagem do sujeito (irreptível), esse informe articula a aprendizagem com os aspectos energéticos e estruturais e históricos que a condicionam” (Oliver, 2007, p. 91).
Em suma, o apresentado acima consiste em um método de consulta psicopedagógica criado por Oliver (2007) e como mencionado abrange: entrevista inicial, que poderá ocorrer com a presença da criança, anamnese , que considera aspectos da gravidez e é condicional para um prognóstico que consiste em um “[…] parecer, uma sugestão do que pode estar dificultando a aprendizagem e este prognóstico poderá (ou não) ser confirmado no diagnóstico […]” (OLIVER, 2007, p. 97).
Após isso, tem-se a conclusão do diagnóstico que deve ser informado aos responsáveis e consiste em uma conversa de aproximadamente meia hora. Nessa conversa, trata-se da conclusão do diagnóstico, a previsão das sessões e o encaminhamento do paciente (OLIVER, 2007).
A autora alerta que em relação à Psicopedagogia Educacional, há duas maneiras de atuação do psicopedagogo: “Como clínico e consultor” e como “Consultor”, no primeiro caso o psicopedagogo terá uma sala dentro da escola e:
Estará sempre ao dispor de Professores que precisam de assessoraria ou de alunos que necessitem de avaliação e tratamento. Em paralelo também ajudará os Professores a elaborarem suas aulas e recreações e irá assessorar a coordenadoria pedagógica e/ou a direção em todo o processo de projetos pedagógicos, recreações, elaboração de provas, testes, entre outros (OLIVER, 2007, p. 101).
Em relação ao trabalho como consultor, o psicopedagogo orientará os Professores “[…] sobre a melhor forma de ensinar os alunos com problemas de aprendizagem; ajudará também a elaborar um bom plano de aula, que atenda às necessidades de aprendizagem da classe como um todo; irá também assessorar a coordenadoria pedagógica e/ou direção […]” (OLIVER, 2007, p. 101).
Apesar de não estar diretamente relacionado com o tema da pesquisa, realizaram-se leituras que contribuíram para a reflexão sobre a pesquisa científica, especificamente os métodos de pesquisa, dentre essas leituras, destacam-se “Técnicas de Coletas de dados utilizadas em artigos científicos da área da saúde” (Nascimento et al., 2007). Nesse texto, as autoras objetivam compreender as técnicas de coletas de dados utilizadas em artigos científicos especificamente os artigos na área da saúde.
Para isso, as autoras selecionaram os “Cadernos de Saúde Pública” localizados na base de dados denominada Scientific Eletroniic Library On line (SCIELO) e recuperaram 150 artigos publicados em 2005.
As autoras apresentam que dentre as técnicas de coletas de dados de pesquisa mais recorrentes nas diversas áreas há: entrevista, questionário e a observação. Considerando que a entrevista consiste em uma conversa em que se objetiva compreender o pensamento e opinião do entrevistado, é importante destacar que os comportamentos do entrevistado durante a entrevista também contribuem para a análise das informações coletadas, o questionário é composto por questões que podem ser abertas ou fechadas, enquanto que a observação está relacionada com “[…] coletar dados referentes ao comportamento e ao ambiente, além da relação existente entre eles” (NASCIMENTO ET AL., 2007, p. 45),
Entretanto, as autoras concluíram que dentre os artigos da área da saúde que selecionaram para análise, as técnicas de coletas de dados utilizadas nesses artigos consistiram em7: entrevista, questionário, pesquisa em base de dados, pesquisa em documentos, exame clínico, exame laboratorial e observação. Portanto, constata-se que a entrevista e o questionário foram às técnicas de coletas de dados mais utilizadas (NASCIMENTO, 2007).
A partir dos textos lidos e sintetizados acima, foi possível compreender a conceituação de Psicopedagogia, suas vertentes e o desenvolvimento da Psicopedagogia no Brasil. Compreendeu-se também os principais aspectos relacionados à Psicopedagogia Institucional e Clínica, a importância do desenvolvimento de pesquisa com abordagem histórica na área e os métodos de pesquisa científica.
3.2 Quantidades de referências de textos por tipo de texto
A partir das referências de textos reunidas no instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b), elaborou-se o Quadro 1, com as informações nele contidas é possível observar a quantidade total de referências localizadas, por tipo de texto.
Quadro 1 – Quantidade de referências relacionadas à bibliografia sobre Psicopedagogia
Tipo de texto
|
Quantidade de referências
|
Dissertação, tese e artigos sobre formação do psicopedagogo
|
4
|
Livros
|
112
|
Teses
|
20
|
Dissertações
|
33
|
Artigos
|
28
|
TOTAL
|
197
|
Fonte: Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil (1946- 2013): um instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b).
Com base na análise dos dados apresentados no Quadro 1, é possível constatar que, dentre as referências de textos localizadas e reunidas nesse instrumento de pesquisa, a seção “Livros” é a que reúne a maior quantidade de referências de textos sobre Psicopedagogia. O número de referências reunidas nessa seção (112) corresponde a 56,9 % da publicação total sobre o tema (Conceição, 2015b).
Como se pode observar, ainda, no Quadro 1, a seção “Dissertação, tese e artigos sobre formação do psicopedagogo” é a que reúne o menor número de referências (4), correspondendo a 2,03 % da publicação total sobre o tema.
3.3 Aspectos dos temas das referências de textos sobre formação do psicopedagogo e psicopedagogia no Brasil
Dentre as informações que serão apresentadas neste texto, optou-se por apresentar os aspectos relacionados aos temas das referências de textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia reunidas no instrumento de pesquisa. Destaca-se que foram analisadas as referências de textos e não os textos assim, para essa análise utilizou-se os títulos das referências, como consta no quadro abaixo:
Quadro 2 – Temas das referências relacionadas a bibliografia sobre Psicopedagogia
SEÇÕES TEMAS
|
Dissertação, Tese e artigos sobre form. do Psicopedagogo
|
Livros
|
Teses
|
Dissert.
|
Artigos
|
TOTAL
|
Contexto escolar
|
1
|
14
|
1
|
3
|
–
|
19
|
Formação
|
1
|
1
|
1
|
–
|
1
|
4
|
Diagnóstico
|
1
|
–
|
–
|
1
|
1
|
3
|
Dificuldade ou distúrbios de aprendizagem/ fracasso escolar/ Problema de aprendizagem
|
1
|
4
|
5
|
2
|
3
|
15
|
Criatividade
|
–
|
1
|
1
|
–
|
1
|
3
|
Educação/ educador
|
–
|
3
|
–
|
1
|
1
|
5
|
Leitura
|
–
|
1
|
–
|
–
|
3
|
4
|
Competências e habilidades
|
–
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Psicopedagogia
|
–
|
20
|
1
|
2
|
2
|
25
|
Aprendizagem / saber/ ensino/ inteligência/ cognitivo
|
–
|
12
|
4
|
3
|
–
|
19
|
Jogo/ lúdico
|
–
|
1
|
3
|
6
|
2
|
12
|
Psicologia educacional ou escolar
|
–
|
1
|
–
|
–
|
2
|
3
|
Criança/ infância
|
–
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
Psicopedagogia clínica
|
–
|
5
|
–
|
–
|
1
|
6
|
Psicomotricidade
|
–
|
3
|
–
|
–
|
–
|
3
|
Sexualidade
|
–
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
Afetividade
|
–
|
4
|
–
|
–
|
–
|
4
|
Inclusão
|
–
|
7
|
–
|
2
|
1
|
10
|
Psicologia
|
–
|
1
|
–
|
1
|
–
|
2
|
Psicopedagogia Institucional
|
–
|
3
|
–
|
–
|
–
|
3
|
Psicodrama
|
–
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Atenção
|
–
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Conto
|
–
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Música
|
–
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
Interesse
|
–
|
3
|
–
|
–
|
–
|
3
|
Adulto
|
–
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Semiologia
|
–
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Assessoramento
|
–
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Didática
|
–
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Avaliação psicomotora
|
–
|
3
|
–
|
–
|
–
|
3
|
Informática / tecnologia
|
–
|
1
|
–
|
–
|
1
|
2
|
Família
|
–
|
1
|
–
|
1
|
1
|
3
|
Língua oral e linguagem escrita/ raciocínio verbal
|
–
|
8
|
–
|
1
|
1
|
10
|
Psicopatologia
|
–
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Cooperação
|
–
|
–
|
3
|
–
|
–
|
3
|
Números
|
–
|
–
|
1
|
–
|
–
|
1
|
Pedagogos
|
–
|
–
|
–
|
1
|
–
|
1
|
Adolescência
|
–
|
–
|
–
|
3
|
–
|
3
|
Professores universitários
|
–
|
–
|
–
|
1
|
–
|
1
|
Indisciplina
|
–
|
–
|
–
|
1
|
–
|
1
|
Desvio no desenvolvimento neuromotor
|
–
|
–
|
–
|
1
|
–
|
1
|
Hospitalar
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
2
|
Psicopedagogia perceptiva
|
–
|
–
|
–
|
2
|
–
|
2
|
Desempenho escolar
|
–
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Arte
|
–
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Estímulos
|
–
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Cursos
|
–
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Aritmética
|
–
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Escrita
|
–
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
TOTAL
|
4
|
112
|
20
|
33
|
28
|
197
|
Fonte: Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil (1946- 2013): um instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b).
Apesar de todos os temas acima estarem relacionados com a Psicopedagogia, no Quadro 2, o tema “Psicopedagogia” (25), corresponde aos títulos em que havia mais menção. O segundo tema mais recorrente corresponde a “Contexto escolar” (19), juntamente com “Aprendizagem / saber/ ensino/ inteligência/ cognitivo” (19).
Em seguida, tem-se “Dificuldade ou distúrbios de aprendizagem/ fracasso escolar/ Problema de aprendizagem” (15), novamente temas relacionados com a escola. Seguido desse tema mais recorrente, tem-se “Jogo/ lúdico” (12), aspectos atuais, considerados na busca do ensino eficiente da criança como afirma Lino; Petty e Passos (2007, p. 24), com a utilização do lúdico:
Crianças com dificuldade de aprendizagem vão gradativamente modificando a imagem negativa (seja porque assustadora aborrecida ou frustrante) do ato de conhecer, tendo uma experiência em que aprender é uma atividade interessante e desafiadora.
Por fim, dentre os temas mais recorrentes, tem-se “Língua oral e linguagem escrita/ raciocínio verbal” (10) e “inclusão” (10), o primeiro também consiste em um tema sistematizado na escola, enquanto o segundo consiste no anseio atual da educação, na busca de uma educação para todos e de qualidade.
Entretanto, apesar dos temas mais recorrentes estarem relacionados com a educação, os títulos que tratam do “Pedagogo” (3), profissional que diariamente trabalha na escola com ensino e aprendizagem, está entre os menos recorrentes.
Verifica-se que dentre os temas relacionados à produção bibliográfica sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia, os mais recorrentes estão relacionados com a escola e os aspectos sistematizados nesse espaço – aprendizagem -.
3.4 Aspectos referentes aos autores que mais produziram sobre formação do psicopedagogo e psicopedagogia no Brasil
Neste tópico, foi optado por apresentar os aspectos referentes aos autores que mais produziram textos sobre Psicopedagogia, conforme o conjunto das referências reunidas no instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b). Consideraram-se como autores mais recorrentes aqueles que tiveram a partir de duas referências de textos sobre o tema, conforme as referências reunidas no instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b).
Apresenta-se, no Quadro 3, em ordem de quantidade de textos publicados e cujas referências localizou-se os nomes desses autores:
Quadro 3 – Autores mais recorrentes e a quantidade de textos produzidos, ordenados por tipo de texto
TIPO DE TEXTO
AUTOR (ES)
|
FORMAÇÃO INICIAL DOS AUTORES MAIS RECORRENTES
|
LIVROS
|
TESES
|
BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK J. A.;
|
Psicologia e filosofia
|
2
|
–
|
BOSSA, Nadia Aparecida
|
Pedagogia
|
2
|
–
|
COSTA, Auredite Cardoso
|
Psicologia
|
2
|
–
|
CRESPO, Osvaldo
|
–
|
2
|
–
|
CUNHA, Antônio Eugênio
|
Comunicação Social
|
2
|
–
|
DELDIME, Roger
|
–
|
2
|
–
|
FERNÁNDEZ, Alicia.
|
Psicologia
|
4
|
–
|
GUGLIELMI, Jean.
|
–
|
3
|
–
|
HERNANDEZ Ruiz, Santiago
|
Ensino
|
2
|
–
|
LAJONQUIERE, Leandro de.
|
Psicologia
|
8
|
–
|
MENEZES, Isolda Bezerra de
|
Letras
|
2
|
–
|
MIALARET, Gaston
|
Pedagogia
|
3
|
–
|
MORAIS, Antonio Manuel Pamplona
|
Psicologia
|
3
|
–
|
OLIVEIRA, Gislene de Campos
|
–
|
4
|
–
|
PAÍN, Sara
|
Psicologia
|
4
|
–
|
ROGER, Deldime
|
|
2
|
–
|
SCOZ, Beatriz Judith Lima.
|
Pedagogia
|
3
|
–
|
SISTO, F.F.
|
Pedagogia
|
6
|
–
|
TEBEROSKY, Ana
|
–
|
7
|
–
|
WEISS, Maria Lucia Lemme
|
Psicologia
|
3
|
–
|
GARCIA, Heloisa Helena Genovese de Oliveira.
|
Psicologia
|
–
|
2
|
Fonte: Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil (1946- 2013): um instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b).
Por meio da análise dos dados apresentados no Quadro 3, constata-se que Leandro Lajonquiere foi o autor que mais produziu textos sobre o tema. Além disso, é possível observar que os tipos de textos que tiveram autores mais recorrentes foram os livros e as teses.
A fim de explorar mais os aspectos das informações apresentadas no Quadro 3, abaixo, serão abordados aspectos da formação e atuação profissional dos autores mais recorrentes, destacam-se que não foram localizadas informações sobre Osvaldo Crespo, Roger Deldime, Deldime Roger e Jean Guglielmi
3.4.1 Aspectos da formação e atuação profissional dos autores mais recorrentes
Com o objetivo de contribuir para compreensão de quem são os autores que mais produzem sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil, considerou-se pertinente e também relevante apresentar de forma mais detalhada, aspectos relativos à formação e atuação profissional dos autores mencionados no Quadro 3. Para isso, foi consultada a Plataforma Lattes8 e o Currículo Lattes9 de cada autor, entretanto houve autores que não foi possível localizar informações nessa plataforma e por esse motivo consultou-see o site de busca Google10.
Analisando aspectos da formação e atuação dos autores apresentados é possível constatar que dentre os principais aspectos relacionados à atuação profissional dos autores da Psicopedagogia, a maioria consiste em Professores de universidades. As principais universidades mencionadas são: Universidade Estadual de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas, Universidade Estadual de Londrina, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Universidade Paulista, Universidade Salgado de Oliveira e Universidade Federal Fluminense.
Destaca-se que as principais áreas de atuação desses autores estão relacionadas com: aprendizagem, dificuldades de aprendizagem, psicanálise, psicologia social, formação de professores, aquisição do sistema de escrita, construtivismo, jogos, escola e família.
É possível verificar também que além de Professores tem-se psicopedagogos, trabalhadores da UNESCO, supervisora das atividades psicopedagógicas em hospitais, conselheira do Centro de Estudos de Trabalho e Assessoria e Voluntária e profissional liberal de Consultório Particular.
Em relação à graduação, formação inicial desses autores, contata-se que as principais graduações foram: em Psicologia, em Filosofia, em Pedagogia, em Comunicação Social, em Ciências da Educação e em Letras. Na formação de vários autores foi possível constatar que embora a graduação não estivesse relacionada com a Psicopedagogia, a Pós-graduação estava relacionada com Psicologia.
3.5 Momento histórico da produção bibliográfica sobre formação do psicopedagogo e psicopedagogia
A fim de também compreender aspectos dos momentos da produção e publicação dos textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil, apresenta-se, no Quadro 4, a quantidade da produção ordenada por tipo de texto, conforme o momento histórico em que foram publicadas. Na seção “Livros”, havia seis referências de textos em que não se tinha o ano completo, ou seja, havia somente os primeiros dois algarismos e por esse motivo optou-se por não inseri-las abaixo:
Quadro 4- Quantidade de textos por ano de publicação de cada tipo de texto
|
ANO
|
TIPO DE TEXTO
|
|
|
LIVROS
|
TESES
|
DISSERTAÇÕES
|
ARTIGOS
|
TOTAL
|
|
|
1946
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1948
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1960
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
|
|
1963
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1966
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
|
|
1968
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1969
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1971
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1972
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
|
|
1973
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
|
|
1975
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1977
|
4
|
–
|
–
|
–
|
4
|
|
|
1979
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1981
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
|
|
1982
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1983
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
|
|
1987
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
|
|
1988
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
|
|
1989
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
|
|
1990
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
|
|
1991
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1992
|
5
|
–
|
1
|
–
|
6
|
|
|
1993
|
4
|
1
|
–
|
–
|
5
|
|
|
1994
|
3
|
–
|
–
|
–
|
3
|
|
|
1995
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
|
|
1996
|
6
|
1
|
1
|
–
|
8
|
|
|
1997
|
7
|
–
|
2
|
–
|
9
|
|
|
1998
|
1
|
–
|
3
|
–
|
4
|
|
|
1999
|
5
|
–
|
2
|
–
|
7
|
|
|
2000
|
2
|
1
|
–
|
1
|
4
|
|
|
2001
|
7
|
1
|
2
|
–
|
10
|
|
|
2002
|
2
|
1
|
2
|
–
|
5
|
|
|
2003
|
4
|
1
|
3
|
2
|
10
|
|
|
2004
|
4
|
2
|
1
|
–
|
7
|
|
|
2005
|
1
|
1
|
1
|
2
|
5
|
|
|
2006
|
–
|
–
|
1
|
7
|
8
|
|
|
2007
|
5
|
1
|
2
|
2
|
10
|
|
|
2008
|
4
|
3
|
2
|
1
|
10
|
|
|
2009
|
4
|
–
|
2
|
4
|
10
|
|
|
2010
|
4
|
4
|
3
|
1
|
12
|
|
|
2011
|
5
|
3
|
4
|
2
|
14
|
|
|
2012
|
2
|
1
|
2
|
3
|
8
|
|
|
2013
|
–
|
–
|
–
|
3
|
3
|
|
|
Total
|
106
|
21
|
34
|
30
|
191
|
|
Fonte: Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil (1946- 2013): um instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b).
|
No Quadro 4, é possível observar que 2010 e 2011, foram os anos com maiores publicações (12 referências e 14 referências) verifica-se esse aumento a partir de 1996, ou seja, constata-se que no século XXI, houve maior publicação de textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil. Destaca-se que nos primeiros anos do quadro, havia publicação apenas da seção “Livros.” De acordo com o Quadro 4, é possível verificar que a partir de 2000, houve um aumento significativo em todas as seções mencionadas no quadro.
1996, ano do aumento da publicação de textos sobre o tema, também foi o ano em que foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), o ante-projeto dessa lei, foi encaminhado em 1948 (FREITAS, 2009).
Freitas (2009), afirma que na década de 1990, houve eventos que repercutiram fortemente entre aqueles que se sensibilizavam pela questão inclusão-exclusão. O autor destaca que nessa década, fomos (o Brasil) signatários de acordos internacionais voltados para inclusão e combate da exclusão, enquanto empreendíamos reformas no aparato da administração do estado pouco disponível para o tema da desigualdade social.
A partir disso, considera-se que um importante aspecto a ser observado, refere-se às décadas mencionadas e em qual década houve maior publicação de textos. A fim de visualizar melhor as décadas de publicação dos textos, no quadro abaixo, foram elaborados os momentos históricos – separados pelas décadas – e por tipo de texto.
Quadro 5 – Quantidade da produção de texto sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia, ordenada por tipo de texto e momento histórico de produção e publicação
Tipo de Texto
Momento Histórico
|
Livros
|
Teses
|
Dissertações
|
Artigos
|
Total de produção e publicação por momento histórico
|
1946-1949
|
2
|
–
|
–
|
–
|
2
|
1950-1959
|
–
|
–
|
–
|
–
|
0
|
1960-1969
|
7
|
–
|
–
|
–
|
7
|
1970-1979
|
11
|
–
|
–
|
–
|
11
|
1980-1989
|
7
|
–
|
–
|
2
|
10
|
1990-1999
|
35
|
2
|
9
|
–
|
46
|
2000-2009
|
33
|
11
|
16
|
19
|
80
|
2010-2013
|
11
|
8
|
9
|
9
|
37
|
Total de produção e publicação por seção
|
106
|
21
|
34
|
30
|
191
|
Fonte: Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil (1946- 2013): um instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015B).
Com base no Quadro 5, é possível constatar que na década de 50, não houve publicações de textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia. E na primeira década dos anos 2000, houve maior publicação de textos sobre o tema. Entretanto, na segunda década dos anos 2000, houve uma queda nas publicações sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia.
Na década anterior, ou seja, 1990, década de segunda maior publicação sobre o tema em questão, apenas 19% da população ostentava o ensino fundamental completo, nesse mesmo ano, ocorreu a Conferência Mundial sobre educação para todos, destaque na área da inclusão (FREITAS, 2009).
Em 1997, ano seguinte à promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996), em Hamburgo ocorreu a V Conferência Internacional de Adultos, em que foi reafirmado o direito de todos à educação (FREITAS, 2009). Esse fato pode justificar o crescimento de pesquisas relacionadas à área da Psicopedagogia, pois como a área está relacionada com as dificuldades de aprendizagem, na busca de que todos tivessem acesso à educação incluíam-se as pessoas com deficiências e transtornos, ou seja, pessoas com dificuldades de aprendizagem. E nessa inclusão pode-se ter havido a necessidade da busca do conhecimento relacionado à área da Psicopedagogia.
Em 2001, elaborou-se o Plano Nacional da Educação em que se voltava para a educação da população pouco escolarizada, novamente a busca pela educação para todos. No século XXI, Freitas (2009) aponta que estamos celebrando a universalização do acesso a Educação Básica, porém essa educação não é de qualidade, como aponta as taxas de analfabetismo. Fato que justifica a busca pela qualidade e pela educação daqueles que também têm dificuldades, o que contribui para o crescimento de pesquisas na área da Psicopedagogia.
3.6 Local das produções de livros, teses, dissertações e artigos
A fim de visualizar as regiões brasileiras em que se tem produzido e publicado sobre o tema Psicopedagogia e formação do psicopedagogo apresenta-se, no Quadro 6, a quantidade da produção, ordenada por tipo de texto e local de publicação, entretanto destacam-se que no instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b), havia seis referências de livros e quatro referências de artigos em que não foi mencionado o local.
As referências estão ordenadas por ordem de localização das cidades contidas no instrumento de pesquisa (CONCEIÇÃO, 2015b) e em seguida, têm-se os estados, seguidos dos países.
Quadro 6 – Quantidade, por tipo de texto, sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia, por local
|
Tipo de texto
Local
|
Livros
|
Teses
|
Disserta.
|
Artigos
|
Total de produção
|
Cidades brasileiras
|
Campinas/SP
|
1
|
10
|
16
|
2
|
29
|
São Leopoldo/ RS
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Curitiba/PR
|
6
|
–
|
–
|
–
|
6
|
Petrópolis/RJ
|
31
|
–
|
–
|
–
|
31
|
Porto Alegre/RS
|
14
|
4
|
1
|
3
|
22
|
Araraquara/SP
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Brasília/GO
|
–
|
2
|
1
|
1
|
4
|
Fortaleza/CE
|
–
|
–
|
1
|
–
|
1
|
Belo horizonte/MG
|
–
|
–
|
1
|
–
|
1
|
Santa Maria/ RS
|
–
|
–
|
–
|
3
|
3
|
Niterói/RJ
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Caicó/RN
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Canoas/RS
|
–
|
–
|
–
|
2
|
2
|
Juiz de Fora/ MG
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Natal/RN
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Estados brasileiros
|
São Paulo
|
32
|
5
|
8
|
5
|
50
|
Rio de Janeiro
|
6
|
–
|
1
|
2
|
3
|
Rio Grande do Sul
|
–
|
–
|
2
|
–
|
2
|
Cidades de outros países e/ou outros países
|
Porto- Portugal
|
–
|
–
|
2
|
2
|
2
|
Buenos Aires- Argentina
|
6
|
–
|
–
|
–
|
6
|
Lisboa- Portugal
|
4
|
–
|
1
|
–
|
5
|
México
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Madrid- Espanha
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Santiago- Chile
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Barcelona- Espanha
|
1
|
–
|
–
|
–
|
1
|
Bogotá- Colômbia
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Zaragoza- Espanha
|
–
|
–
|
–
|
1
|
1
|
Total
|
106
|
21
|
34
|
26
|
187
|
Fonte: Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil (1946- 2013): um instrumento de pesquisa (Conceição, 2015b).
A partir das informações do quadro acima é possível constatar que a maior publicação de textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia ocorreu em São Paulo/SP, seguido de Petrópolis/RJ e Campinas/SP.
Esse fato pode ser explicado porque a região Sudeste, é a região em que há mais Instituições com curso de Psicopedagogia. Enquanto que na região norte é a região em que há menos cursos em questão (COUTINHO, 2008).
4. Conclusão
A análise da configuração textual do instrumento de pesquisa que foi elaborado e analisado possibilitou a compreensão dos aspectos dos textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil o que contribuiu (singelamente) para a produção da história da Psicopedagogia no país.
Em síntese, os resultados possibilitaram compreender que dentre os temas relacionados à produção bibliográfica sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia, os mais recorrentes estão relacionados com a escola e os aspectos sistematizados nesse espaço, apesar disso, os temas relacionados aos pedagogos estão entre os menos recorrentes. Possibilitou compreender também que os tipos de textos publicados consistiram em: “Livros”, “Teses”, “Dissertações” e “Artigos”. A seção “Livros” é a que reúne a maior quantidade de referências de textos sobre Psicopedagogia.
Também foi possível compreender que Leandro Lajonquiere foi o autor que mais produziu textos sobre o tema e os tipos de textos que tiveram autores mais recorrentes foram os livros e teses. Dentre os principais aspectos relacionados à atuação profissional dos autores da Psicopedagogia, a maioria consiste em Professores de universidades. Na formação desses, foi possível constatar que embora a graduação não estivesse relacionada com a Psicopedagogia, a Pós-graduação estava relacionada com Psicologia.
É importante que também se tenha profissionais da área da Pedagogia escrevendo sobre a Psicopedagogia, pois a área trata dos problemas relacionados à aprendizagem, problemas apontados recorrentemente pelos professores.
Verificou-se que a maior publicação de textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia ocorreu em São Paulo/SP, seguido de Petrópolis/RJ e Campinas/SP. Além disso, foi possível constatar que na década de 50, não houve publicações de textos sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia e a partir de 1996, ocorreu um aumento das publicações, constituindo a primeira década dos anos 2000, como a década em que houve maior publicação de textos sobre o tema. Entretanto, na segunda década dos anos 2000, houve uma queda nas publicações sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia.
É importante ressaltar que apesar de não ter sido possível realizar a análise de todos os aspectos apresentados no instrumento de pesquisa, este trabalho contribui para estudos históricos posteriores sobre o tema. Considerando que há muito para fazer na área da Psicopedagogia, principalmente sobre a história da formação do psicopedagogo no Brasil e este trabalho constitui apenas uma pequena parcela em meio à escassez de textos sobre o tema.
Portanto, é necessário que haja continuidade deste trabalho, ou seja, de trabalhos com abordagem histórica sobre o tema, a fim de termos consciência do que ocorreu na área da Psicopedagogia, para construirmos o futuro desejado. Esses trabalhos posteriores competem principalmente aos Professores que diariamente trabalham com a aprendizagem e enfrentam as diversas dificuldades relacionadas a esse processo.
Referências
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BELLOTTO, H.L. Os instrumentos de pesquisa no processo historiográfico. In: Congresso Brasileiro de Arquivologia, 4, 1979, Anais…, p. 133-147.
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BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
______. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Diretoria de Educação Básica Presencial – DEB. Edital n. 02/2009 – CAPES/ DEB: Programa Institucional de Bolsa de iniciação à docência – PIBID: detalhadamento do projeto institucional. São Paulo, 2010.
CONCEIÇÃO, A. de N. Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e psicopedagogia no Brasil (1946-2013). 2015. f. 53-70. Trabalho De Conclusão de Curso (Especialização em Psicopedagogia) – Instituto de Ensino Capacitação e Pós-Graduação (INDEP), Marília, 2015a (Digitado).
CONCEIÇÃO, A. de N. Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e Psicopedagogia no Brasil (1946- 2013): um instrumento de pesquisa. In:______. Bibliografia sobre formação do psicopedagogo e psicopedagogia no Brasil (1946-2013). 2015. f. 53-70. Trabalho De Conclusão de Curso (Especialização em Psicopedagogia) – Instituto de Ensino Capacitação e Pós-Graduação (INDEP), Marília, 2015b (Digitado).
COUTINHO, K. D. A emergência da Psicopedagogia no Brasil. 2008. 219 f. Tese (Doutorado em Educação) –Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/14847/000669970.pdf?sequence=1> Acesso em: 31 jul. 2014.
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Autor:
Aline de Novaes Conceição é Mestranda em Educação pela UNESP Campus de Marília/SP; especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela Faculdade Iguaçu- Instituto de Ensino Capacitação e Pós-Graduação (INDEP) unidade de Marília/SP; Pedagoga pela UNESP campus de Marília/SP. Contato- telefone: (14) 996086618 /e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./ endereço: Rua Theodoro M. Pinto, nº 126, Bairro Palmital, Marília/SP.